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Artigo do dia

 E o Lula ein?... Rep e esculhambação no "supremo com tudo"

Dizem que a elite quando não suja na entrada, suja durante e na saída. O juiz Marco Aurélio reafirmou esse ditado, e, querendo ou não, deu a senha para aumentar a histeria. No passado, já tinha dito que que “se o texto da lei é claro, ler de outro jeito é reescrever a Constituição”. Assim, fez leitura ao pé da letra e perdeu o “brilho”.

Festejado pouco antes, nas despedidas pela aposentadoria, teve minutos de glória na TV Globo. Depois virou demônio, ao soltar André do Rap que se escafedeu. Tinha tudo pronto, pois dava como certa a decisão de Marco Aurélio. Aos colegas de cela dizia que “não passaria o Natal aqui dentro” (na cadeia).

Policiais Civis revelaram à Folha de S. Paulo que em conversas monitoradas pelos serviços de inteligência, já se cogitava em agilizar o pedido de soltura, pois o ministro iria se aposentar em meados de 2021. Não citavam o nome de Marco Aurélio, mas os advogados de André certamente conheciam o perfil garantista.

O ministro Aurélio era um garantista, ou seja, ao contrário do ex-juiz Moro ou do juiz Bretas, decidia de acordo com a lei, sem inventar nada, sem fazer contorcionismos jurídicos. Coerente com o preto no branco, até “ajudou” a tirar Lula da prisão arbitrária e sem provas, pois votou contra a prisão em segunda instância.

O garantismo é imprescindível sempre. Na turbulência democrática, mais ainda, caso do Brasil que viveu um golpe em 2016, com supremo e tudo. Eis que o garantismo então decadente, parece renascendo, desta feita para garantir as falcatruas do próprio golpe. Bozo mente quando diz que a corrupção acabou.

Fux, em quem a Farsa Jato “trust” (confia), mais realista que o rei (seus pares), revogou a decisão de Marco Aurélio e mandou prender André Rap, que fugiu. Os ministros bateram boca, o STF disse que Fux não tem poderes para revogar ato dos pares, mas reafirmou ordem de prisão contra Rap.

Não se sabe o pito que decano toca na banda do golpe. O que se sabe é que num Supremo Tribunal de aparências, alguns ministros cumprem funções específicas. Como toda unanimidade é burra, um tribunal com “pluralidade de pensamentos, divergências doutrinárias” fica melhor na fita. Sob chantagem, então, nem se fala!

Marco Aurélio sabia e sabe que se quisesse poderia, dentro da lei, não ter liberado o traficante André do Rap. Ele disse que “processo não tenha capa”, mas o se o “bão e velho Aurélio” tivesse lido os autos, veria tratar-se de perigoso meliante. No mínimo pediria informações ao juiz da causa e ou ao omisso Ministério Público.

André do Rap tinha direito líquido e certo, mas as circunstâncias tornariam esse direito pastoso e incerto, seja pela gravidade de seus crimes, seja pelo risco de fuga. Desse modo, o ministro querendo ou não acabou reabrindo o debate sobre prisão em segunda instância, vedada por cláusula pétrea constitucional. Aguardem!

O caso reflete esquizofrenia no mundo jurídico. Nesse espaço foram apontadas inúmeras contradições do STF, tipo voto assim agora e mais tarde votarei de outro jeito. Sou contra, mas vou seguir o colegiado; não tem provas, mas a literatura permite; desenhando costuras e gambiarras jurídicas para a plateia.

É tanta esquizofrenia justiceira, que Deltan Dalagnol tentou emplacar um juiz de aluguel na Farsa Jato. Gravações divulgadas pelo “The Intercept” mostram DD na ativa. Não se sabe se irá chamar o perito Molina para dizer que a voz não é dele. Pior, a Associação dos Juízes Federais não achou nada demais. Dá para crer?

De todo modo, a Cruzada Moralista está em crise. Moralismo, punitivismo e garantismo estão em conflito. Todas as facções respingam no ex-presidente Lula, que é a mosca na sopa do entreguismo sabujo, da hipocrisia do mercado, e salvo exceções, dos militares traidores da Pátria – capitães do mato das elites corruptas.

O problema é que para o golpe, é preciso garantismo. Como diz um amigo, não o “garantismo científico” (de Afrânio Jardim ou Ferrajolli, por exemplo), mas sim o de ocasião. Afinal de contas, o Centrão está comprado, o dinheiro está aparecendo até dentro de cuecas. A autoria, literalmente, se prova até com exame de fezes.

Diante do conflito garantismo, moralismo, punitivismo e oportunismo, não dá pra saber se vão desenterrar a Teoria do Domínio do Fato. É possível que nessa crise esquizofrênica o moralismo perca espaço, porque para as elites e as Forças Armadas, “o mais importante é que nossa bandeira jamais será vermelha”.

A “Cruzada Moralista” colou, sem nunca contemplar o STF, mesmo que nos bastidores fosse chamado de grande balcão de negócios. Nem com Fux sentado na liminar que garantia auxílio moradia para todos os juízes, num país onde movimentos de luta por moradia são criminalizados. Boulos e Carmem Silva que o digam!

Em meio a esquizofrenia justiceira, surge o Caso da Cueca. O juiz Luís Roberto Barroso (TSE) cassou o voto popular e afastou o senador Chico Cueca (amigo do Presidente) sem ouvir o Senado.

Só para lembrar, Delcídio Amaral (PT) foi preso e depois inocentado. A Justiça já tentou afastar Renan Calheiros, que se recusou a receber a intimação e se manteve no cargo. Aécio Neves foi afastado e voltou, depois que o Senado derrubou a decisão do STF. Isso tem a ver com a separação dos poderes.

Os Três Poderes (Executivo, Legislativo e Judiciário), são independentes e harmônicos, para que um não se sobreponha aos outros. Juiz algum pode transformar sua própria vontade em lei. Assim, uma lei aprovada pelo Congresso só vale se for de acordo com a Constituição. Do contrário, o STF pode anular.

O STF e Congresso patinam entre o garantismo e a tirania. Mas é preciso garantismo para garantir fidelidade do Centrão. Há quem pense que, no pré-golpe 2016, só a Presidenta Dilma foi bisbilhotada pela CIA, que as coniventes FFAA (exceções silentes) só tenham monitorado o MST.

Só mesmo uma Corte de Justiça sob chantagem rasgaria tantas biografias. O silêncio sobre a parcialidade de Moro é sintomático. Weintraub, hoje homiziado nos Estados Unidos, disse que se dependesse dele, “botava esses vagabundos todos na cadeia, começando no STF”. A gente volta à esquizofrenia semana que vem.



O autor do artigo é o jornalista e delegado da Polícia Federal Armando Rodrigues Coelho Neto, que também foi membro da Interpol.

Artigo do dia


Brasil refém do ódio. Sem cadáver, sangue ou cinzas... a barbárie 
“Vilipendiar cadáver ou suas cinzas: Pena – detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa” (Art. 212 do Código Penal). Trato desse tema de forma imprópria por falta de dois elementos materiais e essenciais: cadáver ou cinzas. O cadáver do qual quero falar nunca foi encontrado, enquanto as cinzas correspondem a uma névoa no passado sujo de nossa história.
Sem cadáver ou cinzas, há consenso entre juristas de que a análise do crime de vilipêndio de cadáver contempla não apenas os mortos, mas, sobretudo parentes ou herdeiros – desde o direito romano! Outro consenso é que tem por objetivo a proteção de sentimento de respeito à memória dos mortos, quer sob a perspectiva do interesse individual, coletivo e ou como um valor ético-social. O tipo penal está no capítulo “Dos Crimes Contra o Sentimento Religioso e Contra o Respeito aos Mortos”. Nessa mesma linha protetiva segue o artigo 139 do Anteprojeto do Código Penal, que prevê como crime, “ofender a honra ou a memória de pessoa morta”.
Não há, portanto, cadáver ou cinzas vilipendiados, ultrajados, tripudiados para um enquadramento penal técnico. Há uma violência verborrágica de um títere que sofre de incontinência verbal, e que no passado tinha incontinência e ou obstrução intestinal. Há, entretanto valores éticos, morais a serem preservados, tanto no Código de Ética do Servidor Público quanto no Art. 37 da Constituição Federal.
Trato desse assunto em virtude do presidente da República haver desrespeitado a memória de Fernando Augusto de Santa Cruz Oliveira – estudante e militante do movimento estudantil brasileiro, ligado ao grupo político Ação Popular. Não apenas estudante, mas também servidor público concursado, com endereço certo e não tinha participação em atos de terrorismo.
O presidente atingiu de forma objetiva também os familiares, primeiramente por associá-lo ao terrorismo (sem provas), segundo por sugerir ser ele um traidor, razão pela qual teria sido assassinado por seus pares. A própria entonação da fala presidencial dá o tom jocoso e a intenção de ferir, delinquir, num flagrante desrespeito aos familiares que não tiveram o direito de enterrar um parente e que não teve o direito de conhecer o pai.
Para um país cuja grande imprensa – escrita, falada, televisionada – cultivou o ódio, tudo soa consequência natural. Normal também num país cujas instituições são controladas por pessoas forjadas dentro da corrupção (os vendedores de palestras, os corruptos em troca de cargos, os que rasgaram a Constituição Federal por decrepitude moral que o digam). Normal para um país que finge combater o que alimenta e do que sobrevive, cujo judiciário pactua de um golpe de estado e com uma eleição presidencial fraudulenta para dar aparência de legalidade. País, aliás, que desmoralizou sua própria bandeira, quando em nome dela loteia sua soberania.
De há muito me inquieto com essa derrocada. Conversando com um amigo sobre o caso de Fernando Santa Cruz, comungamos do sentimento sobre o que aprendemos a respeito das ideias de Estado e Democracia. Ainda que com imperfeições, seria o máximo que o estágio de civilizatório conseguiu atingir, para tornar os seres humanos possíveis nas suas relações mútuas. Dentro delas, a própria ideia de Direitos Humanos como forma de freio à tirania do Estado. A ideia de servidores públicos a serviço do Estado e não de governos de plantão, como forma de garantir-lhes cunho republicano.
De repente, não mais que de repente, diz meu amigo, tudo se esvaiu no ralo do ódio, do preconceito, da ganância. O estudo do Direito – diz o colega, nos reporta a diversos momentos da humanidade, e aqueles debates que pareciam ideias abstratas, que soavam como meras hipóteses se revelam concretas. O que parecia superado, digo eu, não passou e está guardado na usina do ódio. Passamos da vingança privada, Lei de Talião, até chegar ao renascimento e alcançar a reprovação da tortura, não apenas por ser método injusto, mas por que também não funcionava. Houve sinais de avanço nas relações do indivíduo- Estado. Quando se volta ao passado começa a entender a importância do constitucionalismo na prática. Mas, as conquistas que pareciam sólidas de repente parecem se esvair e caminhar para a barbárie. O que era simples debate acadêmico virou um debate prático.
O Brasil está nas mãos de arruaceiros e deslumbrados ou as duas coisas juntas. Arruaceiros que querem fechar o Supremo Tribunal Federal e o Congresso Nacional, que ameaçam e assassinam impunemente (Quem mandou matar Marielle Franco e Anderson Silva?). Na onda de libertinagem explicita vem a farra de passaportes diplomáticos, tráfico de droga em avião da comitiva presidencial, uso de aeronave para ir a festa de casamento, envolvimento com milícias, divulgação de X Vídeos, falas torpes, mentidos e desmentidos. Notícias divulgadas ontem dão conta de que, em 28 anos, o clã Bozo beneficiou 102 pessoas ligadas a 32 famílias.
Mudei de assunto? Não! Tudo acima parece normal, embora meu amigo diga que é anormal. O insulto à memória de Fernando Santa Cruz saiu da boca suja de quem desde sempre fazia apologia ao crime – a um torturador, à quadrilha de milicianos que foram até condecorados por seu filho.
Falar de memórias do Direito, Democracia e dos avanços civilizatórios serve para alertar que há meios para frear a “Mula Sem Partido que comanda a Nação”. Seja com focinheira – como sugeriu um ministro, seja com interdição – como insinuou um famoso jurista, seja apelando para todo o instrumental legal disponível. Ainda que para simples desmoralização desse próprio instrumental. Usar a Constituição como instrumento de reafirmação ou desmoralização dela mesma e, por via de consequência, desafirmar e desmoralizar o presidente da República de um Brasil refém do ódio, a caminho da barbárie.


Armando Rodrigues Coelho Neto

Artigo do dia, por Armando Coelho Rodrigues Neto


Bozo traiu a Polícia Federal e não apenas ela
“Desculpas delegados da PF! Mas, foi Dilma quem fortaleceu vocês”. Este é o título de um texto que publiquei, em 04/09/2017. Sob pena disso e daquilo, respondi a uma interpelação extrajudicial. Motivo? Puxei a orelha dos policiais federais. Grande parte deles, por ignorância ou má fé, fizeram vistas grossas para o golpe de 2016. Era como se estivesse em curso a máxima do “polícia emburrece, embrutece, entorpece”. Cegos, não viam que a Farsa Jato era aquilo mesmo: farsa. The Intercept escancarou o que sempre se soube.
Engolfados de Fórum de S. Paulo, mamadeiras de piroca, Cuba, Venezuela e embriagados do falso moralismo, no qual até ladrões eram contra a corrupção (Bozo, Aécio, Cunha não me deixam mentir) nunca souberam explicar o ódio contra Dilma/Lula/PT. Como explicar o ódio contra quem lhes ofereceu historicamente os melhores salários, recursos materiais e humanos, sem contar o instrumental legal? Emburreceram.
Mediante conluio com procuradores e juízes, usaram o instrumental jurídico aprovado na era PT para prender, ao arrepio das leis e da tradição jurídica do país, o melhor presidente da história nacional. Embruteceram.
Entorpecidos de mentiras e valores medíocres que não conseguem explicar sem recorrer ao arsenal midiático (também golpista), bajularam o Coiso. Dele conseguiram a promessa de que receberiam tratamento igual ao que o golpe pretende dar aos nossos covardes militares (as exceções continuam caladas).
Derrotados em suas pretensões na questão da Previdência, chamaram a Mula-mor de traidora, ameaçam greve e enchem de lamúrias as redes sociais.
No texto citado acima, lembrei os colegas da PF sobre os cúmplices de Hitler: “Os que se pensavam arianos e jogaram as vítimas do nazismo nos fornos foram os últimos, mas também foram incinerados”.
Gostaria muito de olhar na cara da policial que postou no Facebook: “Polícia Federal a única e real oposição ao PT”. Justo ela, que do alto do feminino, ignorou lei aprovada por Dilma Rousseff, que reduzia em cinco anos o tempo para aposentadoria da mulher policial. Junto com ela, todos que embarcaram no “somos todos” (Cunha, Aécio, Japonês da Federal, Temer e finalmente a mula sem partido). Queria muito saber onde anda a PF republicana que falava grosso com Dilma/Lula/PT, hoje “tchu-tchuca” com o Coiso e mendigando votos petistas, das esquerdas satânicas.
Quem tem “tico e teco” funcionando sabe que nem o marreco de Maringá nem o DD são santos. A Farsa Jato, de tão política e a serviço da manga chupada (Trump), queria se imiscuir até na Venezuela. Ficou desmascarado que o golpe “com supremo e tudo” era aquilo mesmo: golpe. Quebrar a Petrobrás e o Brasil como um todo fazia parte do golpe. Derrubar Dilma, demonizar Lula e prendê-lo, criminalizar a política idem.
A imprensa, os comentaristas conservadores, os setores econômicos racharam. As contradições pela falta de perspectiva após três anos de golpe estão abertas. O Judiciário já desmoralizado entrou em inferno astral sob o signo do marreco. Quem sabe, agora, com os policiais federais tratados como povo na “deforma da previdência”, se sintam como tal, e passem a lutar ao lado dele. Quem sabe descubram a diferença entre um estado com direitos e sem. Que um estado com direitos não é pejorativamente comunista e sim democrático.
Policiais são, sim, uma categoria especial e diferenciada. Mas a própria natureza do serviço público como um todo está desqualificada. Todas as prerrogativas que fazem do servidor público um instrumento republicano estão sendo tratadas como privilégios. A própria ideia de servidor (servir) está deturpada.
O trabalhador comum está abandonado. O golpe mandou dialogar com o patrão, como se pescoço fizesse acordo com guilhotina. Qualquer manifestação de resistência do trabalhador será violentamente reprimida. Por quem?

Bozo não traiu apenas a PF, mas também o Brasil. Ele usou a PF para trair o Brasil, e nossa brasilidade para entregar o Brasil. O Brazil que o diga.
Corta!
Juiz ladrão! Não sei quem disse, nem contra quem, mas gostei muito. Estou de alma lavada. Um dia me roubaram a infância, minha alegria cidadã e, injustamente, a liberdade de algumas pessoas. Roubaram até o orgulho que eu tinha da bandeira nacional… Pode ter sido um juiz.
Judiciário, o mais corrupto dos poderes. Corrompe a ideia, o ideal de Justiça

Artigo do dia


Como um bandido mequetrefe Moro negou tudo no programa do Ratinho, por Armando Rodrigues Coelho Neto
Nos presídios do Brasil é muito comum que criminosos usem telefones baratos (de poucos ‘baites’), mudem de número ou de aparelho com frequência. As mulas flagradas com droga, no Aeroporto de Guarulhos/SP, costumam negar saber que estão traficando. É comum criminosos negarem seus crimes, mesmo diante de evidências. Aconteceu com os irmãos Cravinhos (caso Richthofen), com os Nardones e com Fernandinho Beira-Mar. Todos negaram seus crimes. É comum raposas negarem que comeram as galinhas, mesmo com a boca cheia de penas. Afinal, vale a máxima do Latim: “Nemo tenetur se detegere”(o direito de não produzir prova contra si mesmo).
O marreco de Maringá nunca me enganou. Realizou a prisão ilegal de quase 300 pessoas, vazou informações sigilosas para a imprensa, permitiu que audiência fosse transmitida por celular para blogueiro simpatizante, exerceu ato de ofício em férias. Mandou prender “suspeitos” dentro de hospital, condenou pessoas fora da lei e sem prova – não raro os contrários ao seu ideário político. Leia-se, desafetos políticos. Com sensacionalismo, aconteceu e brilhou encantando pessoas sob a bandeira de combate à corrupção. Na leva, até corruptos ficaram contra a corrupção (Aécio, Cunha, família Bozo).  Mas, com a farsa político-policialesca, acabou conseguindo selo de probidade, e ai de quem criticasse seus atos.
Desse modo, o marreco virou um “Grande Homem”, de quem se espera o óbvio: grandeza. Na década de 1990, na Suécia, a então vice-primeira ministra, Mona Sahlin, renunciou quando descobriram que ela comprou uma barra de chocolates Toblerone com cartão corporativo. Sem meandros ideológicos, grandes nomes quando flagrados até se matam – seja por vergonha, vaidade, como resposta a uma grande injustiça, medo da Justiça. Há quem queira preservar qualquer coisa num último gesto… Foi assim com Hitler (Alemanha), Getúlio Vargas (Brasil), Pierre Bérégovoy (França) e mais recentemente com Alan Garcia (Peru).
Que a Farsa Jato era farsa sempre se soube, e não é hora de inventariar as provas anteriores. Os holofotes da grande mídia projetavam na parede a figura de um pássaro gigante. Veio um certo Glenn, jogou a luz por cima e revelou o tamanho real do marreco. Eis que ele surge nanico e mentindo para o Brasil, dando nós em senadores mal preparados, que com discursos longos, confusos abrem espaço para evasivas do marreco. O ex-juiz prevaricou, sim, agiu por interesses pessoais/políticos, tramou contra a defesa e condenou sem provas o ex-presidente Lula.
Cadê os grandes homens da Farsa Jato? O que se esperaria? Ah, estão pondo em dúvida nosso trabalho? Aqui estão nossos celulares, nossas contas, nosso trabalho, investiguem e apontem onde erramos. Da associação de procuradores da República e da representação dos juízes se esperaria o óbvio: primeiro, apoio aos seus pares. Segundo, pedir que se investigue. Fizeram só a primeira parte, ignorando o conteúdo criminoso das revelações. Reafirmando em síntese a infâmia: é normal o conluio de acusadores com juízes.
Bom lembrar que a TV Globo não é exemplo de ética jornalística. Filmagens e gravações clandestinas, as edições criminosas contra o ex-presidente Lula falam por si. Mas, ao constatar falha na postura de um de seus repórteres, no Caso Neymar, o afastou e emitiu nota: “Há evidências de que as atitudes dele neste caso contrariaram a expectativa da empresa sobre a conduta de seus jornalistas”. Na Operação Satiagraha, a Globo teve atitude semelhante, dando sinais de querer preservar sua imagem, mesmo suja.
Toda podridão está lançada. Em novos áudios revelados, o marreco chama de tontos os tontos do MBL. Nega gravações, mas pede desculpas pelo que supostamente “não disse”. O afastamento de uma procuradora “fraquinha”, a proteção a FHC, o “In Fux we trust”, o controle de mídia são sinais inequívocos de ação manipulada. O que falta? Mais revelações?
Durante a audiência no Senado, o marreco revelou traços psicopatas que só a Psiquiatria Forense explica.
Enquanto isso, os oficiantes da Farsa Jato se encolhem e, com embustes, fabricam álibis e teorias conspiratórias. Um dos jornalistas mais premiados do mundo é preconceituosamente desqualificado, como se estando a serviço de uma ORCRIM.
A farsa processual está mais do que nunca revelada e só mesmo um STF conivente ou sob chantagem pode mantê-la. O Supremo pode e deve resgatar sua imagem. A confissão do marreco quanto aos seus próprios crimes não está nem nos autos nem nas gravações do Telegram, mas sim na defesa pública que ele faz das provas obtidas por meios ilegais. O marreco é réu confesso. Num “pronto falei”, é de se concluir que ele e demais envolvidos na fraude processual agem, não com grandeza, mas com a pequenez moral de muitos bandidos mequetrefes em programas sensacionalistas como Ratinho. Negam tudo.
Armando Rodrigues Coelho Neto – jornalista e advogado, delegado aposentado da Polícia Federal e ex-integrante da Interpol em São Paulo.

"As vezes caio, mas me levanto e sigo em frente, nunca desisto, porque a mão que me ampara não é a do cão, é a de Cristo" 
Vida que segue...

Artigo do dia


A Jararaca está viva. O monstro também
As entrevistas concedidas pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva parecem estar abrindo os olhos do mundo. As falas Lula para a Folha de S. Paulo, El Pais, BBC de Londres e para o jornalista Glenn Greenwald estão servindo como contraponto sobre a realidade brasileira. Por coincidência, Lula recebeu carta do Papa Francisco e, quase ao mesmo tempo, foi emitida nota pela Associação Americana de Juristas (sede nos Estados Unidos), a qual reconhece o ex-presidente como preso de consciência (político).
Exageros à parte, os dois fatos coincidem com a nota da Associação dos Juristas pela Democracia. Segundo a entidade, não “compete ao Poder Judiciário fazer acordos com os demais Poderes”, nem deixar “de lado o seu papel de guardião da Constituição”. A nota foi um repúdio ao reanunciado conluio de Bozo com o STF… Ah, ah! A gente já sabia do célebre “grande acordo nacional com o supremo com tudo”. Nas entrevistas, Lula reativa a memória desse velho complô, hoje maquiado pelo Bozo, mas repudiado pela associação de juristas. Nota, aliás, que deveria partir da Ajufe, que representa juízes federais…
Bozo fez questão de reafirmar o conchavo com o Judiciário, como se fosse uma resposta às entrevistas de Lula que, com veemência, denunciou para os quatro cantos do mundo o conventículo entre os golpistas e o Judiciário. Às pressas, Bozo disse que se depender dele, Lula não sai da cadeia e, mais apressado ainda, tornou público o óbvio: o STF sempre esteve no golpe.

Preso sem provas, numa fraude processual, Lula é preso político. De dentro de uma cela localizada num prédio que ele próprio construiu, mas que as Macabéas e Moscas Azuis da PF não reconhecem, Lula mostrou sua força. Sabe o que está acontecendo no Brasil e no mundo. Do preço da cesta básica ao do barril de petróleo. Sabe de A a Z, do Donald Trump à Questão Palestina, de temas amenos às reservas nacionais, de forma a revelar sua força política e disposição de luta. Sua desenvoltura perante os repórteres realça a pobreza e a incompetência da Mula Sem Partido que o golpe levou ao poder. Com fôlego, altivez, persuasão e grandeza, Lula mostra que a jararaca está viva (Ciro Gomes que se mate!)
A jararaca está viva, mas o monstro Bozo também. A Mula-Mor Sem Partido que gere o hospício do Planalto Central ressurge como monstro da lagoa. Em pouco tempo, sob as barbas de uma Polícia Federal e um Tribunal Eleitoral omissos, Bozo reativou seus robôs e levou muita gente para as ruas. Nem fracasso nem vitória, Bozo mostrou ter força e que, apesar dos ouvidos moucos de Deus, há muitos evangélicos orando por ele.
Foi um ato menor que as manifestações pró-golpe de 2016. É possível que os antipetistas natos, ou os contaminados pelo ódio fabricado contra o PT, que outrora ajudaram a lotar as ruas, tenham ignorado o apelo do asno que ajudaram a eleger. Mas, foi um movimento de expressão, sobretudo para um “presidente” desmoralizado, cujo grande inspirador é um ser abominável cuja fala mais célebre é “toda piroca dentro do seu… se torna invisível”. Mesmo assim foi ele quem indicou o nome para a pasta da Educação.
Fracasso, desemprego, recessão, laranja, abacate, goiabeira, conge, conja, ventrículo, milícia, incompetência e esquizofrenia não pesam na balança dos bolsopatas.
O monstro Bozo está bem vivo e reativou em tempo recorde seus robozinhos financiados pelo além. A máquina do golpe mostrou uma capacidade de organização rápida que a esquerda já perdeu. Mostrou que tem dinheiro para bandeirolas, mortadela e outras “cositas más”. Provou que na hora em que quiser, pode colocar evangélicos e fascistóides nas ruas. No vácuo alienante, leva até franco-atiradores.
Apesar dessa realidade, há muita gente superdimensionando um monstro ferido, que não só levou gente pra rua, como também provou que o grande acordo nacional com supremo e tudo está intacto. Mas a dita esquerda, em especial o PT, não se deu conta do risco que corre.
A grande massa, o povão não trabalha com os dados que trabalhamos. Não faz grandes análises de nada, e, querendo ou não, precisa de interlocutores para que possa processar o que empiricamente apreende. O gás subiu? Pois é, político é tudo igual. Deus proverá… Para quem tem fome de manhã o futuro é a janta.
No dia 30 de maio estive no Largo da Batata para acompanhar a manifestação contra o corte de verbas para a educação. Por ironia, o homem que mais construiu faculdades e escolas técnicas está na prisão, e o que tem desprezo pelo saber virou “presidente” da Nação.
A expressiva passeata seguia pela pista direita da Av. Faria Lula em direção à Av. Rebouças. Segui pelo outro lado da calçada na mesma direção, exibindo minha bandeira com o dístico Lula Livre. Pedi a um amigo para filmar, querendo documentar as reações de quem vinha em sentido contrário. Só nós sabemos as caras de desprezo que vimos, os dedos médios em gestos obscenos, o torcer de bocas. Na Rebouças, o desdém de corretores de plantões, de seguranças, motoristas de taxi e de ônibus… “Os capitalistas de busão foram um show à parte”, disse um amigo… Sei que a jararaca está viva, mas o monstro também.


Armando Coelho Rodrigues Neto - jornalista, escritor e ex-delegado (aposentado) da Polícia Federal
Vida que segue

Artigo do dia


A cegueira das Macabéas da Polícia Federal ou E por falar em Venezuela...
As Macabéas da Polícia Federal sofrem de hipermetropia. Conseguem enxergar o que acontece na Venezuela, mas não enxergam o que acontece no Brasil. Sem apontar um só carcereiro petista na PF, diziam que o PT aparelhou a instituição. Pregavam honestidade, mas fizeram campanha para Collor, FHC, Serra, Aécio e, mais recentemente para o Bolsocoiso. Com salários congelados, recorreram à Justiça. As contribuições sindicais estão ameaçadas, podem ser atingidos pelo destroçamento da Previdência Social. Ignoram temas como Queiróz, Micheque Bozo, milícias, trambique Coaf/Moro, Fundação Casa de Mãe Joana/Dalagnol…
As coisas são jogadas na cara, mas as Macabéas não abandonam Globo, Veja, Jovem Pan, Estadão, Folha et caterva.
O que a Venezuela tem a ver com as Macabéas da PF? É que não sabem quem rouba atrás do prédio da PF, mas sabem tudo de Venezuela. Vivem me perguntando sobre a Venezuela e por que tantos de lá fogem para o Brasil. Um dia talvez eu responda, até porque o assunto é longo. Mas, poderia adiantar perguntando por que tantos deles querem ir embora, por que gente como eles foi para os EUA, Portugal etc. Eu poderia dizer que fome, sonho e ganância não têm limite, que a diferença entre Macabéas, venezuelanos e bolsopatas pode ser nenhuma. Mas, seria uma metáfora difícil para entenderem…
Muitas Macabáeas da PF nunca leram relatórios da OCDE, sequer o Diário Oficial para saberem quem assinou o melhor instrumental de combate à corrupção da história, quem lhes deu salários e equipamentos. Preocupação social zero, sem nada saber do Brasil, querem debater Venezuela. Cegas, são incapazes de ver que o Brasil dito petista, na verdade nunca chegou ao poder. Ganhou, via urnas, o direito de assinar papéis em nome do Brasil, e virou “PT de papeleta”. O poder ficou nas mãos dos de sempre – do capital especulativo e sob controle remoto das superpotências, sobretudo os Estados Unidos, que nos vigiavam noite e dia, bisbilhotando Petrobrás, Lula, Dilma, STF e roubando segredos de nossas empresas.
Para não fugir de meus chavões, insisto que a TV Globo é um crime contra a humanidade, mas elas assistem. Macabéas são seres humanos, tanto quanto os índios do presidente Bozo. Mas sou condescendente com os índios porque não fizeram faculdade nem que fosse para falar  conge, conja e câmera de deputados.  Precárias e chapadas, cheias de vícios elitistas maçons, são criaturas aparvoadas ao extremo, que me futucam com essa história de Venezuela.
As Macabéas da PF não sabem, fingem que não sabem ou por maldade ignoram que o Brasil é considerado “membro pleno da OCDE”, mesmo sem ser associado. Em parte porque adaptou suas leis penais aos preceitos da OCDE e não as de Cuba, Coréia do Norte ou Venezuela. Ter perdoado dívidas de países miseráveis, o que é proibido pela OCDE, é um dos motivos para o Brasil não ser membro. Mas, como qualquer evangélico bolsopata descerebrado, “O Brasil pode virar uma Venezuela”.
Esse primarismo macabéico de parte de meus colegas melhor chamar de ignorância em estado rudimentar de maledicência primata. A OCDE é formada pelos países mais ricos do mundo capitalista. Nada com socialismo, comunismo. Nos anos “papeleta do PT”, este não taxou grandes fortunas, não fez uma reforma tributária, urbana, agrária, judiciária, não tributou igrejas (sequer as que lavam dinheiro), não criou controle de mídias. Optou pelo tímido processo de inclusão social, tirando milhões de pessoas da miséria, o que fez de Lula preso político (Sejumoro e sua trupe sabem disso).
Nunca escrevi sobre Venezuela, mas as Macabéas da PF me jogam na cara esse assunto. Não escrevo nem debato por falta de estofo. Não acredito nas Organizações Globo (crime contra a humanidade), nem na mídia porca, irresponsável, vira-lata e entreguista do Brasil, que juntas apoiaram golpes contra o povo. Há uma emissora de rádio de grande alcance que faz campanha diária pró-desmonte da Previdência Social. Apresentadores de TV sentadas na bufunfa, com dinheiro até para a quinta geração, defendem o fim da previdência.
Eu não posso ser informado por essa gente, entendem? Enquanto empresas, defendem os interesses delas. Primário, não?
Se mentiram para o povo e disseminaram o ódio para ajudar o golpe no Brasil, por que falariam a verdade sobre a Venezuela? Mas, se não creio na mídia golpista nacional, nem na mídia corporativa internacional, por que iria eu acreditar messiânica e cegamente na Telesur que tem sede na Venezuela? O jogo de equilíbrio que tento fazer com essas informações é insuficiente para entender e ou debater o que se passa na Venezuela. Pelo que sei, a Venezuela é tão vítima quanto o Brasil no tabuleiro internacional, e no fundo têm os mesmos inimigos.
Mas, se querem que diga algo sobre a Venezuela, só me resta um elogio, ainda que possa ser provisório, para suas Forças Armadas. Elas sabem que o futuro do seu povo está no subsolo pátrio cheio de petróleo, de ouro e de minerais preciosos.  Elas são nacionalistas e sabem que Juan Guaidó é um Juan Guiado. Já nossos militares, exceções à parte, ignoram nosso patrimônio, honra e soberania. Tenho vergonha do nacionalismo zumbaia e capacho das Forças Armadas no Brasil, sem que as exceções gritem.
Ao me expor dessa forma, as Macabéas da PF dizem que sofri lavagem cerebral. Respondo com meu chavão: o que sei de fome e necessidade eu vivi. Não aprendi em compêndios marxistas nem em Geografia da Fome de Josué de Castro. Muito cedo aprendi que 95% da riqueza do mundo estão nas mãos de poucos bilionários. Nós (Macabéas inclusas) desfrutamos dos cinco por cento do que sobra.
Uma taxa extra de apenas 0,5% sobre a riqueza dos bilionários (1% mais rico do planeta) é o suficiente para educar 262 milhões de crianças sem escola. Salvaria mais de 3 milhões de pessoas (dados da Oxfam Brasil – uma confederação global para combate à pobreza, desigualdades e injustiças no mundo).
Portanto, lavagem cerebral é ignorar esses e outros dados. É não ver que o novo mesmo, no Brasil, foi Lula, que tentou diminuir a fome no Brasil e neutralizar o complexo de vira-lata. Lavagem cerebral é não vê Lula como preso político, é discutir estultices sobre a Venezuela sem ver o que acontece(u) no Brasil.
por Armando Rodrigues Coelho Neto
Vida que segue

Lula e o aceno proibido, por Armando Rodrigues Coelho Neto

Escrevo em estado de choque, como resultado da morte de alguém que não conheci: Arthur Lula da Silva, sete anos. O nome disso é empatia, ou seja, “a capacidade psicológica para sentir o que sentiria uma outra pessoa, caso estivesse na mesma situação vivenciada por ela. Consiste em tentar compreender sentimentos e emoções, procurando experimentar de forma objetiva e racional o que sente outro indivíduo”. Ser empático é superar o egoísmo, é se colocar quase involuntariamente no lugar do outro. É um ato de entrega humana. É o que consta em verbetes da rede mundial de computadores.
Não tenho netos legítimos, mas tenho uma coleção de falsos netos. Tenho uma belíssima relação com eles e meus amigos avôs e avós não precisam explicar muito seus vínculos com eles. Menos ainda explicar a dor que sentiriam com a morte de um deles. Daí me haver doído sobremaneira o desprezo da horda presidencial para com o neto do Lula. Do mesmo modo, o escárnio, as ironias e tripúdios impublicáveis quanto à morte daquela criança. Veio de gente até da Polícia Federal, um deles tentando responsabilizar o ex-presidente Lula com um pretenso veto de vacina contra meningite. Gente que de forma gratuita e imediata transferiu para o garoto o ódio sem nexo que sente pelo avô dele.
Mais que transferência de ódio, foi constrangedor ver pessoas considerarem a morte do garoto como pena suplementar para Lula, por conta de crimes que nem o verdugo Sejumoro conseguiu demonstrar.

Direito Penal do Lula e a sabujice do judiciário, por Armando Rodrigues Coelho Neto


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– Quando você vai parar de falar do Sejumoro? Até quando vai continuar nesse mimimi, nessa cantilena (?), perguntou um colega da Polícia Federal. Antes que ele dissesse “aceita que dói menos”, me adiantei: você pode até apoiar o golpe. Mas já não pode dizer mais que não foi golpe. Nem posso perder tempo com suas razões, sua narrativa alienante e emocional, fundada em Globo, Veja, Estadão, cantilenas rococós evangélico-maçônicas. O que você critica é sua cultura no espelho. Quando eu desqualificar seus argumentos você vai me mandar para Cuba, Venezuela ou dizer que nossa bandeira jamais será vermelha. 
Se na contabilidade de meu colega da PF só tem dois mais dois, o resultado só pode ser quatro. Se ele se recusa a ver que há mais números a serem contabilizados, fica difícil o debate. Meu colega não tem alcance para entender minha romântica fé no Direito e na Democracia como ideal. Que trabalho com a ideia de uma sociedade senão absolutamente mais justa, mas no mínimo menos injusta. Se meu eixo de pensamento é o ser humano e o coletivo, enquanto o dele é o lucro e o individualismo, em que ponto da curva iremos nos encontrar?
Não sei como acabou essa conversa. Lembro que depois disso veio o silêncio. Volto ao assunto depois da previsível condenação do ex-presidente Lula da Silva. Coincidiu com a leitura de um artigo do jurista gaúcho Lênio Streck, no qual ele faz referência a um tal de Mr. Buckley, que é ou era um juiz leigo lá das terras do Tio Sam. Como juiz leigo, o tal juizeco “consertava telefones e, nas horas vagas, atuava como juiz”, diz o articulista. Era famoso por xingar todo mundo e prender pessoas sem direito a fiança. Numa entrevista para o New York Times, ele resumiu sua truculência: “Eu sigo meu próprio bom senso, e pros diabos com o Direito”.
Ao ler sobre Mr. Bucley, lembrei de meu colega da PF, que aplaudiu todas as vezes que Sejumoro e a camarilha judicialesca atropelaram direitos do Lula. Aliás, ele sempre aplaudiu PF, MPF e Farsa Jato como um todo quando rasgavam a Constituição. Ele era fã dos capitães do mato das forças obscurantistas. Meu colega, as Macabéas e os Moscas Azuis da PF vibravam com as lambanças policialescas e ou judicialescas, como quem exercia uma vingança pessoal. Essa alegria insana explodiu em novo orgasmo, quando o ministro Dias Toffoli cassou a liminar de seu colega Marco Aurélio, que poderia beneficiar Lula. Do mesmo modo com a insólita nova condenação do Lula.
Essa mesma lascívia se fez presente quando da supressão do direito de Lula velar o irmão. É uma pena que as Macabéas e Moscas Azuis da PF não leiam esse texto. Se lerem, pena que não entendam a clareza do Art. 120 da Lei nº 7.210/1984 (Execução Penal): “Os condenados que cumprem pena em regime fechado ou semi-aberto e os presos provisórios poderão obter permissão para sair do estabelecimento, mediante escolta, quando ocorrer um dos seguintes fatos: I – falecimento ou doença grave do cônjuge, companheira, ascendente, descendente ou irmão”…
Por razões espúrias, PF, MPF e a justiça aplicaram a lei do Mr. Bucley contra  Lula e não foi a primeira vez. Sem ordem cronológica, a Lei nº 12.850/ 2013 define organização criminosa e dispõe sobre a investigação criminal, os meios de obtenção da prova, infrações penais correlatas e o procedimento criminal. No seu Art. 4º, § 6 º está patente que “O juiz não participará das negociações realizadas entre as partes para a formalização do acordo de colaboração…” No § 16, consta que “Nenhuma sentença condenatória será proferida com fundamento apenas nas declarações…”
Entretanto, pelas declarações de Tacla Duran, o juiz de Curitiba não esteve tão distante assim das colaborações premiadas. Névoas suspeitas vão além da violação específica da lei. Sugerem negociata comercial mal esclarecida e venda de delações. E o pior: o § 16 foi substituído “pelas convicções”, e Mr. Bucley entrou em ação.
De forma aleatória e pontual mostro a lei como todo e o que Mr. Bucley, quero dizer, Sejumoro, Farsa Jato, Tio Sam, sei lá (!), age ou agem fora da lei se a lei puder beneficiar Lula. No Código do Processo Penal, Art. 260 conta:  “Se o acusado não atender à intimação para o interrogatório, reconhecimento ou qualquer outro ato que, sem ele, não possa ser realizado, a autoridade poderá mandar conduzi-lo à sua presença”. Pergunta-se: foi assim com Lula? Não.
De tão flagrante a violação, mas já tendo cumprido a função política desmoralizadora de Lula, em 14/06/2018, o Supremo Tribunal Federal (STF), por 6 votos a 5, resolveu proibir a condução coercitiva. Tão tardia quanto a liminar do Tofolli para Lula ver o irmão morto.
As violações da lei contra Lula são constantes. A norma eleitoral, Lei nº 9.504/1997, no Art. 16-A prescreve: “O candidato cujo registro esteja sub judice poderá efetuar todos os atos relativos à campanha eleitoral, inclusive utilizar o horário eleitoral gratuito no rádio e na televisão e ter seu nome mantido na urna eletrônica enquanto estiver sob essa condição, ficando a validade dos votos a ele atribuídos condicionada ao deferimento de seu registro por instância superior. (Incluído pela Lei nº 12.034, de 2009)
Em 09/10/2018, o Tribunal Superior Eleitoral já tinha decidido que candidatos “sub judice”, (com recursos pendentes), poderiam fazer campanha até que os registros sejam eventualmente negados pelo plenário do TSE. Li que em todo o país, 1.066 candidatos nas condições de Lula teriam disputado a eleição.
Mr. Bucley fez escola na Farsa Jato. Desse modo, como dar credibilidade à condenação do Lula, diante das contradições ora expostas, marcadas pela sabujice judicial.

Sabujices da alfafocracia, por Armando Rodrigues Coelho Neto

Quem diria que dois anos após desejar tudo de bom e do melhor para Dona Marisa Letícia, o Coiso, hoje “presidente” da República, iria estar internado tentando resolver problemas no cérebro, digo, no intestino. Para não nivelar o debate por baixo, melhor não  desejar tudo o quanto ele almejou não só a ela, mas também a Lula da Silva e Dilma Rousseff. Mas, o fato serve para lembrar velhos ditados como vida é uma roda gigante ou quem tem com o que me pagar nada me deve. Que sirva de consolo ou paz para Dona Marisa e de alento para o seu marido seqüestrado na maior farsa jurídica do século.

Em tempos de farsa, resta ao brasileiro esperar que uma nova farsa não se esconda por detrás dessa internação. Afinal, já houve uma farsa anterior que serviu para tirar o Coiso de cena, farsa que ninguém ousa esclarecer, nem mesmo as Macabéas e Moscas Azuis da Polícia Federal, instituição que cravou para sempre o seu nome nos golpes de estado. Agora, com supremo e tudo, claro! Mas, como dito neste GGN, a bolsinha de b... do Coiso virou símbolo do Brasil de hoje...
Corta!







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A família que rouba unida permanece unida, por Armando Rodrigues Coelho Neto


Bilhete Premiado

Poucos sabem, mas eu tenho um alter ego, e muito do que escrevo é fruto de conversa com ele ou eles, a quem trato como meus botões. Numa dessas conversas lembrei:
- Aconteceu em 1983, na cidade de Ponta Porã/MS, onde trabalhei como delegado federal. Recebi a notícia de um “investimento” que rolava na cidade. As pessoas que possuíam um dinheirinho de reserva aplicavam num fundo, cujo nome não me lembro. Era uma tramoia coisa séria, como jogo do bicho, fio de bigode. Quem comprava aquele bilhete tinha um retorno garantido que banco algum pagaria. Os controladores da tramoia usavam o dinheiro para comprar droga em Pedro Juan Cabalero/Paraguai, separada de Ponta Porã (quase) por uma linha imaginária. Compravam droga barata, vendiam caro não se sabe pra quem, mas o lucro era suficiente para remunerar os “investidores”.
A notícia me chegou de forma confidencial por meio de um “corrupto de estimação”. Preservar a amizade com ele me era instrumental, era uma forma de saber bastidores da marginalidade. “Todo mundo compra o título, doutor”, dizia, SS, quase tentando me convencer a comprar também. Todos sabiam que comprar o título era financiar o tráfico. Mas, qualquer dondoca ou dondoco esclarecido criticava o tráfico, suas consequências, era destruir famílias, patati patatá. Fingiam. Em qualquer CTG (Centro de Tradição Gaucha), reunião de maçons ou churrasco de paca entre milicos, todo mundo era contra a droga, contra a corrupção, contra o contrabando. Eram contra tudo aquilo que eles próprios financiavam e que fingiam combater...
Pois bem. Até Sejumoro sabe que o ex-presidente Lula não é ladrão e o STF também. Qualquer político inteligente sabe que, corromper Lula seria matar a galinha dos ovos de ouro. Lula é patrimônio do Partido dos Trabalhadores, é também seu grande líder e arrebanhador de votos. Seria erro crasso do PT criar rabo para Lula. Eis a lógica primária que os barnabés da cortes de justiça, os falsos moralistas de plantão e a classe média (quase toda) fingem não saber. Do mesmo modo que fingem não saber que aquilo que arrogam contra Lula faz parte da cultura deles e até da dita corte suprema, seus adoradores, asseclas, acólitos e bolsopatas em geral.
Em 9/2/2017, o fotógrafo Lula Marques registrou imagem do celular do então deputado Coiso, na qual ele dizia ao filho que é deputado por São Paulo: “Mais ainda, compre merdas por aí. Não vou te visitar na Papuda” ... “Se a imprensa te descobrir aí, e o que está fazendo, vão comer seu fígado e o meu”. O que poderia levar o filho do Coiso pra Papuda? Mistério. Agora, em dias alternados e em coisa de minutos, 48 depósitos apareceram na conta do outro filho, eleito senador pelo Rio de Janeiro. O próprio Coiso deu um passeio no dinheiro que recebeu da JBS. A isso se soma o suspeito cheque em favor de sua esposa e os aparentes vínculos com um certo Queiróz (o único motorista quase rico do mundo a ganhar foro privilegiado do STF). “Carlos amava Dora, que amava Pedro, que amava ....toda a quadrilha” (Chico Buarque).
A cultura do Coiso é a cultura do Sejumoro, é a cultura da classe média. Todos sabem como ela funciona. A matéria “EXCELENTÍSSIMA FUX - Como a filha do ministro do STF se tornou desembargadora no Rio”, escrita por Malu Gaspar, ilustra bem esse fenômeno no judiciário (Revista Piauí). Os delegados federais “Mosca Azul” da PF também reforçam a tal cultura e a eles se somam os que vivem na Lei do Gerson, os compradores de “bilhetes premiados” que geram vítimas e falsas vítimas - seja de estelionatários ou vítimas de sua própria ganância. Na lista entram funcionários públicos que depositam dinheiro para ganhar verbas de ações judiciais onde nunca figuraram como partes. É a mesma cultura de quem burla o Código do Consumidor para tomar dinheiro de pobre. Qualquer semelhança com Ponta Porã...
Risível, não? Hoje, a TV Globo brinca de oposição buscando verba oficial por caminhos transversos, como se dissesse: “ou abre o caixa ou vou te detonar todos os dias”. Mas, foi ela quem abriu caminho para o Coiso, fingindo combater até sonegação que ela própria praticaria (as turmas recursais da Receita Federal que o diga). Foi ela que transformou o Coiso no “bilhete premiado” da classe média, que sabia ser falso, tinha tudo para ser falso, mas se viu nele e vislumbrou vantagem. Como diz meu alter ego, a classe média de tanto fingir, está a comer o próprio vômito chamando de caviar... 
- Armando Rodrigues Coelho Neto - jornalista, ex agente da Polícia Federal do Brasil e integrante da Interpol

Artigo do dia

Facismo e Sociedade Brasileira: uma relação de sadomasoquista, por Armando Coelho Neto
Duas mãos invisíveis estão por trás desse texto, que por circunstâncias assino sozinho. Nada estranho num país em que mãos invisíveis parecem estar por trás de tudo, no qual nada é bem o que é...
Em tom jocoso, o site "Sensacionalista" publicou matéria segundo a qual o governo federal havia criado o "Ministério do Recuo", mas teria voltado atrás.
De fato, em poucos dias no poder, a trupe circense do presidente Bozo promoveu diversas idas e vindas. As oscilações abrangem de aumentos de impostos até nomeações para órgãos oficiais, passando por decisões sobre organização administrativa e até sobre soberania. Por cinismo, incompetência ou sabe-se lá o quê, essa instabilidade estressa até a economia e torna a Sociedade Brasileira refém de permanentes tensões relacionadas a interesses, direitos e futuro.
Para os críticos, seria mesmo prova de amadorismo e despreparo. Mas cremos insuficiente tal diagnose. Chamam-nos a atenção algumas tendências e circunstâncias. Ei-las.
Em primeiro lugar, é forçoso constatar que houve um rebaixamento das expectativas. Já fomos um país que não apenas reclamava uma posição de destaque na cena política e econômica internacional, como também um lugar onde o povo se permitia ter esperança positiva no seu próprio destino.
Atualmente, estamos vivenciando uma catarse coletiva, uma espécie de hipnose pela perversidade. Nossas potencialidades como Nação foram neutralizadas e nosso horizonte foi amesquinhado por desejos punitivistas. E isso nos retirou a capacidade de sonhar, de vislumbrar um amanhã melhor, de mais liberdade, mais empregos, investimentos públicos, educação, saúde, fartura e felicidade.
Fala-se apenas em cortes, ameaças, ódios. Anunciam-se maldades a todos, enquanto blindam-se poderosos e protegem-se militares, grandes empresários e políticos.
E até as coisas "boas" que o Coiso anuncia estão indiretamente associadas a punções de agressão e morte - distribuir porte de armas de fogo indiscriminadamente, autorizar o desmatamento, mitigar regras sobre licenciamento ambiental, liberar a caça...
De alucinações sobre Jesus na goiabeira ao aniquilamento de direitos sociais, vai sendo revelado um governo de loucos, covardes, predadores entreguistas. Que, como tal, usará da força contra os menos favorecidos para humilhar o povo e fortalecer a elite. O único freio, ao que parece, são as contradições no processo de mediação de conflitos entre os próprios poderosos. Lei-se, eles contra eles, por que opositores ou resistência não há.
De certo modo, eles podem dizer e fazer o que quiserem. Vai ter base militar americana? Não mais. Mas o IOF será elevado. Só que não. E a Petrobrás e os bancos públicos? Sem dúvida serão privatizados. Ou quem sabe apenas descapitalizados. E a Previdência Pública será substituída por um sistema de capitalização privado, ou... Amanhã vemos. Mas os trabalhadores vão ter que laborar até os 67 anos. Mas pode ser que seja só até os sessenta e dois. Pensando bem, vamos fechar em sessenta e cinco...
Qual o limite para essa inconsequência?
É como um torturador que amarra a vítima, para em sequencia perturbá-la psicologicamente: "acho que vou deixa-la cair pela janela... Não, não vou mais... Mas pensando bem, vou queimá-la viva... Ou afogá-la. Oi? Não... Não quis dizer isso, depois eu penso noutra coisa..."
Não admira que o alter ego do Coiso seja Brilhante Ustra. Há um evidente prazer nesse agir inconstante. Em brincar com a soberania, a previdência, a imagem do Brasil no mundo, os direitos sociais dos trabalhadores, em suma: com os destinos da Nação.
Por que, claramente, trata-se de uma diversão psicopatológica permitida precisamente pela relação entre a passividade e impotência da vítima frente a ausência de empatia e compaixão pelo carrasco.
Não se despreza o relevante papel do humor na luta política. Contudo, para além dos mêmes lacradores da Internet urge que os democratas, os nacionalistas, as pessoas conscientes do País se organizem para reagir. Do contrário, a Sociedade Brasileira permanecerá sequestrada e vitimizada. Até a sua total destruição. Com todos os requintes de crueldade.




Armando Rodrigues Coelho Neto - jornalista, escritor, ex-delegado da Polícia Federal e ex-integrante da Interpol - Polícia Internacional -.
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