Sabujices da alfafocracia, por Armando Rodrigues Coelho Neto

Quem diria que dois anos após desejar tudo de bom e do melhor para Dona Marisa Letícia, o Coiso, hoje “presidente” da República, iria estar internado tentando resolver problemas no cérebro, digo, no intestino. Para não nivelar o debate por baixo, melhor não  desejar tudo o quanto ele almejou não só a ela, mas também a Lula da Silva e Dilma Rousseff. Mas, o fato serve para lembrar velhos ditados como vida é uma roda gigante ou quem tem com o que me pagar nada me deve. Que sirva de consolo ou paz para Dona Marisa e de alento para o seu marido seqüestrado na maior farsa jurídica do século.

Em tempos de farsa, resta ao brasileiro esperar que uma nova farsa não se esconda por detrás dessa internação. Afinal, já houve uma farsa anterior que serviu para tirar o Coiso de cena, farsa que ninguém ousa esclarecer, nem mesmo as Macabéas e Moscas Azuis da Polícia Federal, instituição que cravou para sempre o seu nome nos golpes de estado. Agora, com supremo e tudo, claro! Mas, como dito neste GGN, a bolsinha de b... do Coiso virou símbolo do Brasil de hoje...
Corta!







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Está tudo resolvido, até mesmo as paixões mal resolvidas. Esta frase que ouvi há anos noutro contexto, repito ora num momento em que tudo se resolve e se explica de forma simplória. Tempos atrás, Dilma Rousseff explicou tudo e ninguém aceitou a explicação. O golpe foi explicado como impeachment -  ainda que sem crime. A farsa foi explicada por Sejumoro numa palestra na Espanha: as pedaladas fiscais foram apenas desculpas, disse/insinuou. O afastamento de Dilma teria sido por outro motivo, sem qualquer ligação com ela. O repórter Joaquim de Carvalho publicou trecho da fala daquele ex-barnabé judicial - hoje cego, surdo e mudo!
Michel Temer (“precisa manter isso”) está livre leve e solto. Virou tema quase esquecido. Para que lembrar? É tudo farsa mesmo, não? Mas o impostor Temer explicou o golpe dizendo que Dilma teria sido afastada por não aceitar a tal “Ponte para o futuro”. Explica?
Aceitar as explicações é coisa subjetiva, depende de quem pede explicações e de quem explica. As do ex-presidente Lula, por exemplo, não foram aceitas e isso também se explica por que desde 2005, segundo denúncias de Onyx Lorenzoni, Sejumoro queria prender Lula quando da farsa do “Mensalão”. Aliás, no tal episódio ninguém identificou quem recebeu o quê para aprovar o quê. Nenhuma medida supostamente aprovada mediante pagamento foi anulada por vício legal ou de vontade. Mas teve explicação: Joaquinzão do STF fez uma jaboticaba jurídica (Domínio do Fato). De tão escabrosa, a ministra Rosa Weber (sem formação na área penal) disse não ter provas para condenar José Dirceu, mas a literatura lhe permitiria fazê-lo.  E o fez.
Como dito, tudo se explica e quem não aceitava explicações atualmente aceita todas. Aceita até pedido de perdão, com ou sem lágrimas de crocodilo. A sociedade decadente aceitou as explicações da quadrilha hoje empoderada. Mesmo sem saber se Sejumoro aceitou a quadrilha ou foi aceito por ela. Explica?
Nesse contexto a PF golpista tirou de Lula da Silva o direito de velar um ente querido e sabujice jurídica aceitou. Não teria sido esse o único direito dele solapado, e com a mesma cara de pau querem solapar direitos dos trabalhadores.
Está tudo resolvido e explicado: do cheque na conta da mulher do Bozo (descansa em paz Dona Marisa!) às movimentações financeiras da família dele. A multa ambiental contra o Coiso é anulada mas não é sintoma de conluio com o judiciário. Pouco importa o que Bozo pensa sobre Meio Ambiente, se é possível jogar a culpa no PT pela tragédia de Brumadinho/MG. Está explicado, vale a narrativa, vale a desexplicação da Vale. Vale descolar publicidade promovendo o turismo mórbido com salvadores israelenses. Não explicar é a explicação.
Em mais um rompante da alfafocracia, o Coaf foi seqüestrado. O mesmo Coaf e Ministério Público que antes das eleições já sabiam dos podres do candidato do golpe. Que importa que agora o Coaf possa servir para perseguir e chantagear inimigos e ou proteger os bandidos de estimação? Está tudo ok com o decreto de sigilo para ocultar informações da sociedade. Vale a transparência zero, enquanto o Brasil é declarado internacionalmente mais corrupto que antes. É o atestado de fracasso da República de Curitiba. O mundo percebeu que o moralismo que não faz o dever de casa não tem moral. O juiz prende o concorrente e vai ser ministro daquele a quem ajudou a içar ao poder...
Mais do mesmo, tudo isso é apresentado como novo. Tão novo quanto Aécio, Kassab e Dória! Mas, cá com nossos botões, novo mesmo foi tentar acabar com a fome, a miséria e sonhar com uma sociedade inclusiva.
Armando Rodrigues Coelho Neto - jornalista e advogado, delegado aposentado da Polícia Federal e ex-representante da Interpol em São Paulo
Descansa em paz, Dona Marisa
Vida que segue...


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