Um homem pobre e analfabeto trabalhava na igreja de uma pequena cidade do interior do Ceará. Seu trabalho era limpar a igreja e tocar o sino quando precisava.
Porém, as coisas mudaram: o bispo da região resolveu exigir que todos os funcionários das suas paróquias tivessem no mínimo o curso primário. Pensava desta maneira que estava estimulando a educação pública; mas para o velho sineiro, que era analfabeto, aquilo foi o fim do seu trabalho.
Recebeu uma pequena indenização, os agradecimentos de sempre, e uma carta dando por encerrada suas atividades na igreja.
Na manhã seguinte, sentou-se no banco da praça para preparar seu cigarro de palha - e notou que o fumo estava no fim. Pediu um pouco emprestado aos amigos aposentados que se encontravam por ali, mas todos estavam com o mesmo problema: era preciso ir até a cidade vizinha comprar mais fumo.
"Você tem tempo de sobra" - disse um dos amigos. "vá comprá, e lhe daremos uma gratificação".
O ex-sineiro passou a fazer isso regularmente, com o tempo viu que faltavam muitas outras coisas em sua pequena cidade, e começou a trazer isqueiros, jornais, etc. Então resolveu montar uma pequena loja, para vender de tudo.
Como era um homem interessado na satisfação dos seus clientes, a loja prosperou, ele ampliou seus negócios, e terminou se transformando em um dos mais rico comerciante da região.
Lidava com muito dinheiro, e foi necessário abrir uma conta bancária.
O gerente recebeu-o de braços abertos, o velho retirou um saco repleto de notas de alto valor, sua ficha foi preenchida, e no final pediram sua assinatura.
- Desculpe - disse ele. - Mas sou analfabeto.
- Então o senhor conseguiu tudo isso sendo analfabeto?
- Consegui com trabalho, esforço e dedicação.
- Meus parabéns! E tudo sem frequentar a escola! Imagine o que seria de sua vida se tivesse conseguido estudar! O velho sorriu:
- Imagino muito bem. Se eu tivesse estudado, ainda estaria tocando sinos naquela pequena igreja que o senhor pode ver desta janela.