Cristiane Brasil e a auto-afirmação hipócrita e cínica do aparelho repressor, por Luis Nassif
GGN - Por todos os ângulos que se procure, Cristiane Brasil é a outsider do Sistema. Ignorante, deslumbrada, sem noção, frequentadora de sites de namoro, nos quais esconde a idade, filha de um dos vilões preferenciais da República. É até possível que tenha alguma qualidade, mas tão escondida debaixo de toneladas de vulgaridade, que ninguém até hoje identificou. E, depois do vídeo com os marombados depilados, tornou-se única, mesmo naquele zoológico chamado de Câmara Federal.
Por isso mesmo é o personagem preferencial da hipocrisia fascista.
A perseguição que está sendo alvo é indecente, covarde, hipócrita. Em um governo que tem Michel Temer, Eliseu Padilha, Moreira Franco, no qual estatais torram dinheiro público contratando consultorias estrangeiras para apurar desvios inferiores ao cachê combinado com elas, Cristiane Brasil tornou-se o esporte preferido da hipocrisia repressora. É a peça que mostra que, apesar de entronizar Temer na presidência, de livrar José Serra e Aécio Neves, de livrar Aloysio e Jucá, a Justiça mostra sua face poderosa, malhando Cristiane Brasil.
O último lance foi desengavetar denúncia de 2010, no Ministério Público Estadual do Rio de Janeiro, segundo a qual ela teria pago traficantes para garantir votos em determinada região.
Se era fato grave, deveria ter sido apurado faz tempo. Desengavetá-lo apenas porque é a bola da vez demonstra a hipocrisia do sistema repressor.
Da mesma maneira, permitir que uma juíza de 1ª instância proíba o presidente da República de nomear um Ministro é uma invasão de competência injustificável. O escândalo não está na nomeação de Cristiane Brasil, mas na assunção da organização criminosa ao poder, com respaldo do Judiciário e do Ministério Público.
Agora, pensam compensar avançando em cima de um peixe pequeno, inexpressivo, pela absoluta falta de coragem de encarar os tubarões.
E isso em todos os níveis.
No mundo de Raquel Dodge, em que todos os poderes funcionam perfeitamente, o Ministério Público Federal deveria ser o fiscal das ações da Polícia Federal. O que aconteceu com os episódios das invasões da UFSC e UFMG? Nada. O que aconteceu com os esbirros diários da PF e suas conduções coercitivas? Nada.