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Lula será um ex-presidente querido e respeitado

 Nos últimos dias, foram divulgadas três pesquisas nacionais. Realizadas pela Vox Populi, o Ibope e o Datafolha, cada uma enfatizou determinado conjunto de temas, e usou metodologia e amostra diferentes.

Todas, no entanto, chegaram a um mesmo resultado: Lula encerra o ano e seus dois mandatos como presidente com a popularidade em ascensão. Os resultados que ele alcançou em dezembro são os melhores desde o início de 2003, na série de cada instituto.

Tomemos os números daquele de que as oposições mais gostam, conforme revelaram durante a campanha. Segundo o Datafolha, o governo Lula foi avaliado como “ótimo” ou “bom” por 83% dos entrevistados, sendo que 13% afirmaram que é “regular”. Os restantes 4% disseram que é “ruim” ou “péssimo”.
É um resultado extraordinário, por, pelo menos, duas razões. Em primeiro lugar, mostra que a avaliação positiva que Lula atinge na saída é quase o dobro da que obtinha na entrada, pois, em março de 2003, “apenas” 43% das pessoas, de acordo com o mesmo instituto, faziam juízo positivo do governo.
Note-se que esses números eram consensualmente considerados muito bons pelos analistas políticos: representavam o triplo da aprovação que Fernando Henrique tinha no encerramento de seu período e mostravam como eram favoráveis (e elevadas) as expectativas da sociedade brasileira em relação a Lula e à chegada do PT ao poder.

Seria possível dizer que quem somente torcia por Lula naquele começo de governo hoje confirma as expectativas positivas que tinha. Oito anos mais tarde, essas pessoas devem se sentir satisfeitas quando chegam à conclusão que o governo deu certo.

Quase todas as 40% que o avaliavam como regular, ao que parece, se converteram ao “lulismo de resultados”, assim como os 7% que não sabiam o que dizer. Os 10% que, naquele distante março de 2003, achavam o governo ruim ou péssimo minguaram para os 4% de agora.

O segundo motivo para afirmar que as pesquisas de dezembro são extraordinárias é a contínua tendência de melhora da popularidade presidencial. Ou seja, não apenas os números de Lula são elevados, como tenderam a subir constantemente.

Olhando a série de todos os institutos, verifica-se que a popularidade cresceu na campanha de 2006 (recuperando-se da crise do mensalão) e se manteve estável ao longo de 2007. De 2008 em diante, no entanto, ela só aumentou, batendo recorde após recorde, em performance que ninguém achava que seria sustentável (pelo que consta, nem Lula acreditava que conseguiria).

Foi possível explicar essa tendência, em 2008, pelo ambiente da eleição municipal, em que ninguém se arriscou a questionar o governo, exatamente por ele ser popular. Mas esse argumento não serve para 2009 e, em especial, para 2010.

Nas eleições que acabamos de fazer, a oposição usou todos os argumentos que quis, em palanques, na propaganda eleitoral e em debates, e contou com a ajuda sempre obsequiosa da chamada “grande imprensa”. Quem analisou a cobertura dos “grandes jornais” (impressos e televisivos) de São Paulo e do Rio, já mostrou quão desfavorável foi a Lula e ao governo (e a Dilma, naturalmente).

Não seria, em função disso, surpreendente que a popularidade caísse. Mas ela não apenas não caiu, como subiu ainda mais.

Chegam a ser engraçadas algumas especulações sobre o futuro de Lula. Parte de nossos observadores não sabe o que dizer de um personagem como ele e teima em enquadrá-lo no figurino de seus antecessores. Esquecem-se, porém, que todos saíram do governo com alto nível de desgaste (salvo Itamar, mas seu período foi tão excepcional que é difícil compará-lo). Em outras palavras: ex-presidentes que a vasta maioria do país queria ver pelas costas.

Daqui a dez dias, Lula será algo que não tivemos em nossa história, um ex-presidente querido e respeitado por quase todo mundo. Parecido com ele, o único é Juscelino.

A diferença é que JK só chegou a esse ponto depois de morrer, quando já era tarde. Lula está vivinho da silva e tem um largo caminho pela frente.

Marcos Coimbra é sociólogo e presidente do Instituto Vox Populi

"A gente acaba" se BNDES não financiar grandes empresas, diz Conceição Tavares

A economista Maria da Conceição Tavares defendeu ontem o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) das críticas que vem recebendo por subsidiar empréstimos a grandes grupos com dinheiro do Tesouro. Segundo ela, o banco age assim para que as empresas se tornem competitivas na etapa atual de internacionalização do capital. "Senão, a gente acaba", disse a economista, homenageada pelo Centro Internacional Celso Furtado de Políticas para o Desenvolvimento pela passagem do seu 80º aniversário. Conceição Tavares começou sua vida profissional no BNDES, com a elaboração do Plano de Metas do governo Juscelino Kubitschek. 
Luciano Coutinho, presidente da instituição, reforçou a defesa do banco e considerou a homenagem à economista um momento especial e oportuno, já que na ocasião também estava sendo lançado um livro sobre a história do BNDES, coordenado por Conceição e intitulado "Os anos dourados do desenvolvimento - 1952 a 1980".

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Razão e emoção

Por Carlos Chagas

Juscelino Kubitschek havia assumido pouco antes a presidência da Republica. A capital era no Rio e a União Nacional dos Estudantes iniciou mais uma de suas badernas ideológicas, protestando contra a permanência de Roberto Campos no BNDE, contra o aumento nas passagens dos bondes, contra a derrota do Flamengo para o Madureira e até contra o abandono dos gatos cegos na Praça da República. Claro que estamos exagerando, mas o espírito libertário da juventude explodia, encontrando a maior receptividade no novo governo.

A sede da UNE funcionava na praia do Flamengo, a poucas quadras de distância do Catete, sede do Poder Executivo. Os jovens saíram em passeata, numa gritaria dos diabos. Foram entrando, a ponto de ocuparem os jardins do palácio. JK desceu de seu gabinete para ouvir os protestos. Oradores aos montes, diante dele, desancavam o governo, os Estados Unidos, a Humanidade e quem sabe o Universo.
Um deles era estudante de Direito, Sepúlveda Pertence, hoje ministro aposentado do Supremo Tribunal Federal. Se ainda agora elogiamos seus dotes oratórios, imagine-se como era o seu arrebatamento verbal, há mais de cinquenta anos.
Quanto o jovem terminou sua saraivada de diatribes, o presidente, ao lado, quis saber o seu nome. E logo depois o desarmou perguntando: “você não é filho do José Pertence, lá de Belo Horizonte? Como você é desaforado, meu filho!”
Daquela singular confraternização saiu a decisão do presidente da República de dialogar com os estudantes, propondo uma visita à UNE para explicar o seu governo, marcada para poucos dias depois.
Na manhã aprazada, Juscelino chegou de carro. A calçada estava coalhada de jovens, que começaram a manifestar-se antes mesmo que ele pisasse o chão. Vaias ensurdecedoras, que o acompanharam no saguão do primeiro andar, na escadaria, e, em especial, no auditório lotado. Posta uma pequena mesa no palco, o presidente não sentou. De pé, recebia os protestos sem demonstrar irritação nem surpresa.
Como tudo na vida passa, as vaias também passaram. JK, então, num amplo gesto, arregaçou a manga do paletó, consultou o relógio de pulso e falou:
“Bendito o país em que os seus estudantes podem vaiar o seu presidente da República durante quatro minutos, na certeza de que nada lhes acontecerá.”
Seguiram-se cinco minutos de aplausos muito mais entusiasmados, depois dos quais, como mascate do desenvolvimento, Juscelino detalhou planos, programas e metas que vinha executando. No final, diante de anteriores críticas da imprensa de que só pensava em obras, descuidando do ser humano, completou:
“Para quem estamos fazendo tudo isso? Para os fenícios?”
Na volta ao palácio do Catete, os estudantes acompanharam o carro presidencial entre gritos de alegria e de entusiasmo.
Essa historinha se conta por quem foi sua testemunha, numa evidência de que quando emoção e razão conseguem acoplar-se, conclui-se que nem tudo está perdido...