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por Brizola Neto

Os dados divulgados agora de manhã pelo IBGE são uma decepção para a turma do Brasil da “Roda Presa”

O Brasil cresceu 1,3% no primeiro trimestre de 2011, em relação ao último trimestre de 2010, ligeiramente acima do que era esperado pelos analistas de economia.  E subiu  4,2% em relação ao primeiro trimestre daquele ano. A taxa de crescimento nos últimos 12 meses foi de 6,2 %.
O crescimento, desta vez, ocorre com mais força no investimento – que avançou 1,2%, quando no trimestre anterior havia crescido 0,4% – do que no consumo, que cresceu 0,6%, contra uma alta anterior de 2,3%. Já os gastos do Governo aumentaram em proporção bem inferior à expansão do PIB: 0,8%.
Ou seja, não foram estes gastos que puxaram a expansão da economia.
A massa salarial real, nos últimos 12 meses, cresceu  5,9%, em valores reais.
O pessoal da “Roda Presa” vai ter de esperar até agosto, quando saem os resultados do 2º trimestre para comemorar a redução do crescimento – ou talvez até uma ligeira retração – na comparação com o trimestre anterior. É o resultado esperado das medidas tomadas para segurar o corcoveio inflacionário com que o “mercado” testou o Governo Dilma na área econômica. Mas não no acumulado do ano, porque não há qualquer sinal de que não vão se confirmar as taxas de crescimento anuais entre 4 e 5%.
Coloco aí ao lado um quadro elaborado pelo IBGE com os números já divulgados sobre a expansão econômica no mundo, considerando os dados do primeiro trimestre de 2011. Só a Alemanha, que está “bombando” em meio à uma cambaleante Europa supera a taxa brasileira. Mas, repare, no gráfico não está ainda o crescimento da China, que foi de 2,3 no trimestre. Não tenho os números da Índia, com quem dividimos o núcleo dos “Brics”, mas não devem ter sido superiores aos brasileiros, já que houve uma ligeira desaceleração da economia daquele país, basicamente causada pela decisão de proteger seu setor mineral da exportação predatória.

Tomadas as rédeas de uma inflação forçada pelo crédito – mas também pelas pressões políticas – o Brasil tem tudo para ter um segundo semestre de crescimento significativo.
E que não é exagerado, se a gente pensar que o Brasil cresce mais porque, na verdade, está “tirando o atraso”  de duas décadas em que aquele pessoal, o da “Roda Presa” estagnou a economia brasileira e nos fez patinar no desenvolvimento.

Acordo para o desenvolvimento

[...] Uma nação só é forte quando obtém acordo entre empresários, servidores e trabalhadores

Há sinais de que está se formando no Brasil uma coalizão política desenvolvimentista constituída por empresários industriais, trabalhadores e profissionais do setor público. Um acordo político dessa natureza é fundamental para o desenvolvimento econômico, porque este implica sempre a transferência de mão de obra para setores com valor adicionado per capita cada vez maior.

O tema central de meus estudos foi sempre o desenvolvimento ou o progresso; foi a busca pelas sociedades modernas dos grandes objetivos políticos que elas definiram historicamente para si próprias: segurança, bem-estar econômico, liberdade, igualdade e proteção do ambiente.

Esses objetivos nem sempre são coerentes uns com os outros, mas existe uma sinergia básica entre eles que faz com que os países mais desenvolvidos economicamente -aqueles que garantem a seu povo maior bem-estar econômico- tendam a ser também os que mais se aproximam dos outros quatro objetivos. Há exceções, mas países do norte da Europa são a melhor comprovação desse fato.

O desenvolvimento econômico não é, portanto, o único objetivo político das sociedades modernas, mas é seu objetivo mais estratégico.

Nesses estudos aprendi também que o fator político fundamental por trás de todos os países que se desenvolvem vigorosamente e realizam o “catching up”, ou alcançamento, é uma nação forte ou coesa, que se mostre capaz de constituir um Estado capaz e um mercado eficiente: um Estado que lhe sirva de instrumento principal na busca de seus cinco objetivos políticos e um mercado livre e bem regulado, que premie as inovações dos empresários e os esforços dos trabalhadores e dos profissionais.

Ora, uma nação só é forte quando é capaz de tecer um grande acordo social entre empresários industriais, profissionais públicos e os trabalhadores.

Um acordo que defina de maneira informal uma estratégia nacional de desenvolvimento. E que crie oportunidades de investimento lucrativo para os empresários, ao mesmo tempo em que promove no médio prazo o aumento dos salários. Porque é o aumento do investimento, e, em consequência, da poupança que promove o crescimento.

Para que esse pacto político faça sentido, há um pressuposto e duas condições. 

O pressuposto é o de que o investimento será tanto maior quanto maiores forem as oportunidades de investimento lucrativas, que, por sua vez, serão tanto maiores quanto mais o país conseguir neutralizar a tendência à sobreapreciação cíclica da taxa de câmbio e exportar bens manufaturados.

A primeira condição é “externa”: que essa coalizão política derrote politicamente a coalizão alternativa formada principalmente por rentistas e pelos interesses estrangeiros, para que parte de suas rendas possam ser transferidas para os lucros das empresas produtivas. A segunda é “interna”: que os trabalhadores aceitem uma redução provisória de seus salários, porque a necessária desvalorização inicial do câmbio tem essa consequência.

A notícia de que a Fiesp, duas centrais sindicais e os dois grandes sindicatos estão em fase adiantada de negociação de um grande acordo pró-indústria (”Valor Econômico”, 20.mai.2011) é uma indicação de que, afinal, uma grande coalizão desenvolvimentista está se constituindo no Brasil. Resta saber se esta coalizão terá apoio político na sociedade, serão criadas mais oportunidades de investimento e o país voltará a crescer aceleradamente como o fez entre 1930 e 1980, ou se nós continuaremos reféns do rentismo e dos conselhos vindos do Norte.
Luiz Bresser Pereira

Pré-sal

[...] é para dar mais emprego aos brasileiros



O curso de oficial da Marinha Mercante dura 4 anos, um deles embarcado
Em matéria paga na página 13 da edição de O Globo, os sindicatos das empresas de navegação e de armadores usam o pré-sal como “bandeira” para a queda de braço que estão travando com o Sindicato dos Oficiais de Marinha Mercante.
Os empresários querem a suspensão da Resolução Normativa nº 72 do Ministério do Trabalho, que fixa regras na participação de oficiais, marinheiros e técnicos em embarcações que operem de maneira continuada em águas brasileiras.
Pela resolução, embarcações que operem por mais de três meses, deverão ter um terço de brasileiros na tripulação; a partir se seis meses, 50% e, por mais de um ano, dois terços dos embarcados deverão ser nacionais.
Os sindicatos patronais diz que não há profissionais suficientes para operar as embarcações que estão sendo construídas para a exploração do pré-sal.
Já o sindicato dos trabalhadores fala que existem profissionais e alega que, por trás do interesse em revogar a norma, ” está a contratação de mão de obra sem a necessidade de pagar os encargos trabalhistas inerentes ao trabalhador brasileiro. Assim, aumentam os lucros dos armadores, com a abertura irrestrita de nosso mercado de trabalho à mão de obra estrangeira”.
A Marinha dobrou a capacidade de formação de oficiais de marinha mercante em suas duas escolas, no Rio e no Pará, reconhecem os patrões.
Jáos empregados dizem que o número é suficiente e é preciso melhorar salários -para evitar a evasãode profissionais – e pagar horas-extras ao pessoal embarcado.
O fato é que brasileiros estão deixando de ter bons empregos  – em 2010, foram concedidas 3.715 autorizações para profissionais estrangeiros trabalharem em navios de outras bandeiras no Brasil,  54% a mais que em 2009.
O Governo precisa intervir neste impasse. Precisa, porque diz respeito ao interesse nacional. Sei que a Petrobras está fazendo sua parte e destinou R$ 90 milhões para a formação de oficiais mercantes. E a Transpetro, sua frota, abriu concurso com 728 vagas para contratar oficiais, suboficiais e guarnição de marinha mercante. Ela tem hoje 2.232 marítimos e prevê contratar outros 1.700 até 2013.
Existe carência de pessoal? Não poderiaser diferente, com a explosão do setor.
Mas certamente há muita marola neste assunto,  envolvendo puro interesse em lucro.

Economia

...o império do efêmero

VINICIUS TORRES FREIRE – FOLHA SP

“Bossa nova” no BC apaga outra das ideias econômicas dos anos da breve e estranha regência liberal no Brasil
A novidade do governo Dilma Rousseff apareceu no governo paralelo do país, de quase qualquer país, o Banco Central. Entre dezembro de 2010 e agora, março, o BC foi dizendo ao público de modo cada vez mais incisivo que mudou a maneira de fazer política monetária.

Associada à implementação acidental de algo que por apreço à brevidade se chama de “desenvolvimentismo”, tal mudança coloca mais uns pregos no caixão da regência provisória do “neoliberalismo”.

Ensaio liberal aliás muito imperfeito, para não dizer paradoxal. De 1991 (Collor) a 2002 (fim de FHC), a carga tributária aumentou 32,5% (como fatia do PIB); o desmonte do estatismo deu início à criação do grande oligopólio moderno no país (teles, elétricas, minérios, bancos).

Voltando aos miúdos, o BC “sob nova administração” diz que: 
1) Os instrumentos do BC para combater a inflação vão além da taxa de juros; 
2) Não é preciso fazer a inflação regredir rapidamente à meta.

Essa flexibilidade, digamos, não é invenção nacional. Não por boniteza, mas por precisão, foi adotada pelos BCs pelo mundo afora, dada a situação anormal da economia no pós-crise e devido à desmoralização das ideias na prática dominantes sobre finanças, as quais levaram o mundo à breca a partir de 2007.

Acidentes políticos do governo Lula, folga nas contas externas, capital sobrante no mundo e a própria crise de 2008 abriram caminho para o avanço dos bancos públicos.

Ao final de 2007, os empréstimos (estoque de crédito) do BNDES equivaliam a 39% dos empréstimos da banca privada nacional; em janeiro de 2010, a 51,3%. O BNDES sozinho tem 21% do estoque de crédito do país (contra 17% em 2007); no conjunto dos bancos públicos, a evolução foi de 34% para 42%.

A “rede de proteção social” devia “focar” em apenas miseráveis, de acordo com o ideário da regência liberal. No Estado de Bem-Estar Tropical, os benefícios sociais estatais foram muito além. Considerem-se o gasto e a coordenação estatal em coisas como capilarização da rede de saúde, educação, benefícios para pobres e miseráveis, aposentadoria, programas de eletrificação, agricultura familiar, habitação subsidiada ou financiada pela banca pública e, em breve, internet.

Não são meros meios de redução de desigualdade e pobreza, mas combustível da economia de regiões inteiras. O Estado de Bem-Estar Tropical criou tanto o que a esquerda chama de “mercado de massas” como um pacto político. No futuro próximo, vai ser difícil ver algum governo ter coragem de mexer nisso.

Na propriedade do capital, o petismo-lulismo criou conglomerados com fundos públicos e associações com estatais, em especial em energia e na agroindústria. Além do mais, reestatizou, a sua maneira, parte do setor de petróleo e criou normas de nacionalização para a indústria de fornecedores do setor que vai fazer grossa parte do PIB.

Quando premiê de Lula, Dilma foi uma inspiradora-mor desse modelo. Ainda não apareceu com outras intervenções e até se diz que pretende privatizar parte da infraestrutura.
Mas está evidente que o Estado coordena a associação, o crescimento e a propriedade do capital, o desenvolvimento econômico de regiões atrasadas; que até no BC a “linha dura liberal” recua; que os partidos da regência liberal definham.

vinit@uol.com.br

Fontes alternativas de energia



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Em declarações feitas ontem, o presidente americano, Barack Obama, disse que, em meio à crise em países no norte da África e no Oriente Médio, os Estados Unidos pretendem fortalecer as relações com outras nações produtoras de petróleo, e este será um dos temas discutidos em sua visita ao Brasil, na próxima semana. 

"No que diz respeito à importação de petróleo, nós estamos fortalecendo nossas relações-chave com outras nações produtoras. Isso é algo que vou discutir com a presidente Dilma Rousseff", afirmou.

Toda e qualquer discussão sobre petróleo é bem vinda, particularmente com um parceiro como os Estados Unidos, mas na política energética brasileira, apesar da importância da Petrobras e do pré-sal, o etanol e o biodiesel ocupam um lugar prioritário, na busca de fontes alternativas de energia.

Assim, discutir energia com Barack Obama, para além de fontes seguras de abastecimento para os Estados Unidos, é principalmente discutir como derrubar as barreiras ao nosso etanol no mercado dos Estados Unidos (nossa balança comercial é cada vez mais deficitária), e como encontrar, juntos, via pesquisas de novas tecnologias, novas fontes limpas de energia. Nesse campo os Estados Unidos e o Brasil têm muito o que cooperar, já que são as duas nações em melhores condições de desenvolver novas fontes de energia.

O futuro nos trilhos

O governo do presidente Lula Foi marcado por grandes obras. São obras físicas, mas também são iniciativas de profundo humanismo. Elas estão em todos os setores da vida nacional e, especialmente, no dia-a-dia de dezenas de milhões de brasileiros. São os que passaram da situação de miserabilidade para a classe média, comendo três vezes ao dia, readquirindo os direitos usurpados pelo Brasil do passado, da fome, da segregação social, dos governos descomprometidos com a cidadania e os destinos do país. São os brasileiros afro-descendentes e indígenas, são os filhos do povo, que adentraram os campus de nossas universidades em busca de um futuro profissional por obra do Pro-Uni. São milhões de trabalhadores, homens e mulheres, que não mais vagam em busca de um posto de trabalho e nem sofrem com o flagelo já banido do desemprego, trabalhando pela grandeza do país e assegurando dignidade e conforto às suas famílias.
As obras físicas do governo do presidente Lula são muitas e de notável importância. Elas foram impulsionadas pelo PAC, o Programa de Aceleração do Crescimento, o maior elenco de realizações da União desde o vitorioso governo do presidente JK. E a presidenta Dilma já deixou claro o seu comprometimento com a continuidade de uma política desenvolvimentista, tocando grandes e fundamentais obras de infra-estrutura que se fazem absolutamente necessárias para um país que vive momento extraordinário de sua história.
Chegamos a uma situação singular: o presidente Lula conseguiu reverter o quadro caótico em todos os setores da vida nacional, a “herança maldita” recebida dos tucanos em 2003, e, com seu espírito visionário fez um governo comprometido com a grande massa do povo brasileiro e com políticas públicas voltadas para o crescimento econômico e a redenção social dos brasileiros. Teve pleno sucesso, deixando para a presidenta eleita, Dilma Rousseff, um país diverso daquele Brasil derrotado, desmoralizado e aparentemente sem futuro, fruto de um governo neo-liberal e sem compromissos para com a Nação e seu povo.
Considero que o governo Lula deu três importantes passos em setor fundamental para o desenvolvimento econômico, com larga penetração em nossa vida social: a séria retomada do sistema ferroviário, com o avanço das obras da Ferrovia Norte-Sul, fundamental para o agronegócio e para o progresso das regiões centro-oeste e norte; a iniciativa da construção do trem de alta velocidade entre o Rio de Janeiro e São Paulo, cortando o sul fluminense, o Vale do Paraíba e se estendendo até a importantíssima cidade de Campinas e, por fim, a decisão de iniciar as obras da Ferrovia Oeste-Leste, que nasce no litoral sul da Bahia, passa pelo São Francisco, corta o oeste baiano e chega ao coração do Tocantins, beneficiando uma das mais futurosas regiões agrícolas do país.
O Brasil volta seus olhos, novamente, para uma modalidade de transporte vitoriosa em todo o mundo: econômica, sustentável e de comprovada eficiência logística. Não poderíamos fazer escolha melhor. Ainda hoje pagamos a conta de um erro grave, o de se abandonar a ferrovia em benefício das estradas, de prescindir do trem em favor do transporte rodoviário. Os altos custos e os imprevistos a que estamos sujeitos na dependência do caminhão como peça-central do escoamento das produções agrícola e industrial, além de distribuidor e abastecedor dos centros consumidores, são prova de que o transporte ferroviário precisa voltar a ser forte integrante de nossa economia.
A Ferrovia Oeste-Leste (FIOL) terá suas obras iniciadas em 2011, já no governo da presidenta Dilma Rousseff. É um dos principais projetos do PAC e seus trilhos cortarão 1.490 km do sertão brasileiro, gerando mais de 30 mil empregos e sendo um investimento da ordem de R$ 4,2 bilhões. Sua malha irá beneficiar diretamente o Estado da Bahia e toda a atividade econômica do Tocantins, com grande influência, ainda, nos Estados do Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Rondônia e Goiás, além do Distrito Federal e norte de Minas Gerais.
A conexão da Oeste-Leste com a Ferrovia Norte-Sul, em Figueirópolis (TO), oferece ao Brasil central uma saída para o mar, possibilitando que o Porto de Ihéus se torne em muito pouco tempo um dos mais importantes de nossa infraestrutura portuária. São milhares de empresas que já se preparam para, dentro de poucos anos, utilizar os trilhos da nova ferrovia para o escoamento de suas produções. Da histórica cidade baiana de Caetité, por exemplo, serão escoados pela FIOL mais de 19 milhões de toneladas de minério de ferro anualmente, partindo do porto de Ilhéus para mercados internacionais em todos os continentes. A soja plantada em toda a fértil região oeste da Bahia, no além São Francisco, chegará aos portos de todo o mundo com custos muito menores de escoamento a cada safra. Tal operação já se iniciará em 2013, com uma geração de empregos, arrecadação de impostos, mais divisas e uma onda de desenvolvimento para toda a região abrangida pela ferrovia, com grandes e positivas transformações em seu espectro social e econômico.
Já a implantação do chamado “trem-bala” ligando nossos dois maiores centros urbanos, recupera o tempo perdido pelo Brasil em um setor onde países como a Espanha estão operando há mais de quatro décadas. A participação de consórcios europeus e orientais na disputa pela construção da obra mostra sua grandiosidade e importância, assegurando grandes investimentos, geração de empregos e inequívocos benefícios para a mais rica região do nosso país.
Ainda nos debatemos com problemas graves em nossa estrutura social, com questões delicadas a serem resolvidas nas áreas da saúde, da habitação, da segurança pública e da educação. E desconhecê-los ou minimizá-los é um erro que o governo de Lula não cometeu e, seguramente, o de Dilma não o fará. Mas, ao mesmo tempo em que nos defrontamos com tais questões, já temos outra agenda extremamente positiva, não vista em nossa vida institucional há muitas décadas. Podemos, com a segurança de um presente de acertos e a confiança em políticas que estão mudando o Brasil para muito melhor, tratar das questões do desenvolvimento sustentável e da infraestrutura que irá amparar o notável crescimento que nos espera logo ali, num futuro que já está chegando pelas mãos, pelo esforço e pelo mérito de um povo invulgar e vitorioso. O futuro vem pelas trilhos de nossas novas ferrovias.
Delúbio Soares 

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Conferência do Desenvolvimento




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A via brasileira

Havia dois horizontes para as elites brasileiras: o Estado de bem estar social europeu ou o dinamismo e a afluência ao consumo dos EUA. O primeiro estava identificado com civilização e com estabilidade. O segundo, com dinamismo e modernização.


O getulismo tinha sido nosso modelo de bem estar social, com o Estado assumindo responsabilidade sobre o desenvolvimento econômico e os direitos dos trabalhadores. Foi sempre repudiado pelas elites que, mesmo beneficiadas pela expansão industrial propiciada pelos governos, manteve sempre repúdio a Getúlio, por não se considerar representada politicamente nele. O modelo de aliança de classes que Getúlio representava, com expansão do mercado interno e base popular de apoio, nunca foi digerido nem sequer pela burguesia industrial.

Mesmo JK - claramente mais moderado no estilo de liderança política -, além da hegemonia econômica que passou a estar em mãos do capital estrangeiro, com a instalação do parque automobilístico, nunca foi de agrado, por exemplo do grande empresariado paulista. (JK ficou em terceiro lugar nas eleições de 1955, atrás de Adhemar de Barros e do candidato udenista, Juarez Távora.)

O governo Jango já se instalou quando o impulso econômico apresentava sinais de esgotamento, com uma grande pugna redistributiva entre trabalhadores e grande empresariado tomando conta do cenário político e refletindo-se em brote inflacionário. A resolução do conflito se deu pela via violenta (“A burguesia prefere um fim com violência do que uma violência sem fim”, dizia Marx no XVIII Brumário.). O modelo instalado cortou bruscamente o processo de distribuição de renda com expansão do mercado internacional, favorecendo a acumulação de capital centrada no consumo da alta esfera do mercado e na exportação. O arrocho salarial e a intervenção em todos os sindicatos produziu uma lua de mel para o grande capital nacional e internacional, que nunca ganhou tanto como na ditadura.

O eixo de referência da elite se unificava em torno do modelo norteamericano de livre comércio, de competição, de crescimento com exclusão social e concentração de renda, de dinamismo do capital internacionalizado. O tema do bem estar social desapareceu, o desenvolvimento foi assimilado à expansão do grande capital internacionalizado, o mercado interno de consumo popular ficou deprimido.

A redemocratização foi atropelada pela crise de 1979/1980, quando a economia deixou de crescer –praticamente pela primeira vez desde 1930 -, e a crise da dívida fez a economia funcionar em função da exportação para arrecadar recursos para pagar a divida – multiplicada pela crise. Desenvolvimento e bem estar social ficaram relegados.

A década neoliberal enterrou de vez o desenvolvimento, promovendo a estabilidade monetária a objetivo central. A democratização não trouxe nem retomada da expansão econômica, nem melhoria social da massa da população. O neoliberalismo institucionalizou essa tendência, na expectativa que o controle da inflação se refletiria nas condições sociais da população. O que foi imediatamente verdade, até que esse impulso se esgotou, a economia, por sua vez, foi jogada na maior recessão dos últimos tempos e a situação social do povo voltou a se degradar fortemente.

A social democracia tinha chegado ao governo na era da sua conversão ao neoliberalismo – a começar pela França e pela Espanha, referencias centrais dos tucanos. Não trouxe o Estado de bem estar social, mas o modelo mais mercantilista que tínhamos conhecido.

Com o governo Lula, a superação da crise foi feita mediante um novo modelo, que foi sendo construído aos poucos. Que incorporou o consenso nacional de controle da inflação, mas não fez dele o centro do modelo, apenas uma de suas dimensões. A especificidade do novo modelo foi a retomada do crescimento econômico estruturalmente articulado com a expansão do mercado interno do consumo de massas, requerendo portanto políticas sociais e papel indutor do crescimento e da garantia dos direitos sociais pelo Estado. O Brasil vai construindo assim seu próprio caminho de desenvolvimento histórico.

 por Emir Sader 

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Desemprego em Fortaleza é o menor desde 1992

A taxa de desemprego caiu em outubro para 10,8% [ante 11,4% em setembro] da população economicamente ativa nas regiões pesquisadas pela Seade - Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados - e pelo Dieese - Departamento Intersindical de Estatística e Estudos -. É a menor taxa desde janeiro de 1992.
O total estimado de desempregados foi de 2,4 milhões de pessoas nas sete regiões pesquisadas (Distrito Federal, Salvador, Recife, Porto Alegre, Belo Horizonte, Fortaleza e São Paulo). Em setembro o número registrado era de 116 mil desempregados a mais.
A queda mais expressiva, de -9,2, foi constatada em Fortaleza, onde a taxa de desemprego passou de 8,7% para 7,9%.
Criadas 223 mil vagas
O nível de ocupação cresceu 1,1%, com a criação de 223 mil vagas em outubro. No período, 107 mil pessoas ingressaram no mercado de trabalho. Nos últimos 12 meses foram criados 531 mil empregos no conjunto das sete regiões.
O setor de serviços continua sendo o maior gerador de postos com 153 mil novas vagas, alta de 1,4% em relação a setembro; seguido pela indústria com 33 mil, aumento de 1,1%; construção civil [30 mil], crescimento de 2,4%; e comércio [12 mil], 0,4% a mais do que o volume registrado no mês anterior.

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Brasil nos trilhos

O trem bala e o eixo Rio [São Paulo] Campinas 

No próximo dia 29 – a 30 dias do fim do governo – deve ocorrer a maior licitação da Era Lula: 33 bilhões de reais é o preço mínimo da licitação do trem-bala entre Rio e São Paulo.

Eu disse entre Rio e São Paulo? Esse é um erro comum. Mas a verdade é outra: no projeto do moderno trem, São Paulo é “apenas” passagem. O velho eixo Rio/SP já não dá conta da diversidade do Brasil. É simbólico que o traçado do novo trem seja Rio-Campinas, com paradas no Vale do Paraíba e na capital paulista.

Símbolo, eu diria, de um país que avança para o interior. Durante 4 séculos, incluindo os trezentos anos de colonização portuguesa, as principais cidades brasileiras ficavam – todas elas – na nossa imensa costa atlântica. Só no limiar do século XX é que o Brasil – já republicano – veria sua primeira metrópole longe (mas nem tão longe) do litoral: São Paulo. Depois, viriam Belo Horizonte e  – graças ao planejamento dos anos JK – Brasília. Durante a ditadura, nova metrópole longe do litoral: Manaus, cidade encravada no meio da Floresta Amazônica. Até hoje me surpreendo quando chego de avião à capital amazonense. É espantoso ver a dimensão daquela cidade (cheia de problemas, diga-se) que os brasileiros foram capazes de construir.

O traçado do trem-bala é o reconhecimento desse Brasil que caminha – a passos lentos, mas sem retorno - para o interior. O trem ajuda a estruturar e a ampliar esse eixo que já foi Rio-SP, mas hoje avançou cem quilômetros rumo ao interior paulista.

Um eixo que terá, numa das pontas, o atrativo do turismo carioca e da fortíssima indústria do petróleo (a restaurar, espera-se,  o vigor da economia fluminense). E, na outra ponta, o agronegócio, a indústria e os centros de inovação do interior paulista (Campinas, lembremos, é polo de conhecimento e inovação – com a  Unicamp).

Por fim, é bom não esquecer, o Vale do Paraíba, onde o trem deve parar, é sede da indústria de aviação brasileira (e também um território de inovação e conhecimento, com o ITA).

Simbólico que o trem passe por uma área que já foi tomada pelos cafezais no século XIX. Os morros valeparaibanos sem vegetação (a mata foi derrubada pra ceder lugar ao café) são testemunho daquela época. Sobraram os pastos e algumas belas fazendas – históricas – que vale a pena conhecer, tanto do lado fluminense como do lado paulista.

Dali partia o café que sustentou a República Velha e que forneceria os capitais para a incipiente industrialização paulista no entre-guerras do século XX. Agora, esse pode ser o eixo da nova economia do século XXI.

E a capital paulista? Virou passagem. Cidade de serviços (mais do que indústria) São Paulo vai mediar os contatos entre Rio e Campinas. São Paulo seguirá importante. Mas é simbólico – também – que o projeto do trem-bala Rio-Campinas seja obra de um governo (de Dilma) que deve ser o primeiro em 16 anos a afastar a centralidade paulista do poder.

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A desconstrução do preconceito

O voto do nordestino pró-Dilma, não resulta do Bolsa Família
Para entender melhor o resultado do primeiro turno da eleição presidencial e projetar o resultado final do confronto entre Dilma e Serra, no dia 31 de outubro, é preciso falar do velho preconceito contra o Nordeste plantado nos corações e mentes de parte da elite das regiões Sul e Sudeste. O “Sul Maravilha”, conforme batismo do cartunista Henfil, um ícone do petismo aguerrido e ortodoxo.
Para esse pessoal, o voto no Nordeste foi comprado pelo Bolsa Família. Ninguém oferece uma contribuição melhor para a compreensão dessa questão do que a professora Tânia Bacelar, da Universidade Federal de Pernambuco.

Os argumentos dela não se sustentam no compromisso político. Ela mostra que os beneficiários do Bolsa Família “não são suficientemente numerosos para responder pelos porcentuais elevados obtidos por Dilma no primeiro turno: mais de dois terços dos votos no Maranhão, Piauí e Ceará e mais de 50% nos demais estados e cerca de 60% do total”.
Há fatos gerados pela administração Lula que explicam os votos: essa região, assim como o Norte, liderou as vendas do comércio varejista no Brasil entre 2003 e 2009. A consequência, segundo Tânia Bacelar, foi o dinamismo do consumo que “atraiu investimentos para a região”.

“Redes de supermercados, grandes magazines e indústrias alimentares e de bebidas, entre outros, expandiram sua presença no Nordeste ao mesmo tempo que as pequenas e médias empresas locais ampliavam sua produção”, explica.

O longo e importante braço da Petrobras influiu na dinâmica da economia nordestina. Houve investimento em novas refinarias e o resgate da indústria naval, que levou para aquela região vários estaleiros.

Tânia Bacelar fala, também, da “ampliação dos investimentos em infraestrutura, promovida pelo PAC com recursos que, somados, têm peso no total dos investimentos previstos superior à participação do Nordeste na economia nacional”.
Lula, segundo ela, quebrou o mito de que “a agricultura familiar era inviável”. 

Entre 2002 e 2010, o Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar [Pronaf] sextuplicou os investimentos e, somado a outros instrumentos [Seguro-Safra e Programa de Compra de Alimentos, entre outros], passou a gerar três em cada quatro empregos rurais do País. O Nordeste abriga 43% da população economicamente ativa do setor agrícola brasileiro.

O resultado disso é registrado pela professora Tânia: 

“O Nordeste liderou o crescimento do emprego formal no País com 5,9% ao ano entre 2003 e 2009, taxa superior à de 5,4% registrada para o Brasil como um todo, e aos 5,2% do Sudeste, segundo dados da Rais”. E é no Nordeste onde houve também a maior redução da pobreza extrema.

Dilma obteve média de 65% dos votos nos nove estados nordestinos no primeiro turno. Esse porcentual nas pesquisas do segundo turno subiu para 71%. Sondagem do Ibope realizada no glorioso estado do Piauí retrata isso. No primeiro turno, a candidata petista alcançou um pouco mais de 60% dos votos. Agora deu um salto. No dia 15 de outubro, o Ibope registrou 70% das intenções de voto nela entre os piauienses. Isso pode prenunciar um massacre eleitoral.

“Esse não é o voto da submissão, da desinformação ou da ignorância. É o voto da autoconfiança recuperada e da esperança na consolidação dos avanços alcançados”, afirma Bacelar.

O Nordeste não trocou o voto por miolo de pão.
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Porto Alegre, Belo Horizonte e Rio de Janeiro atingem pleno emprego

O candidato Serra promete mudar completamente a política econômica. O resultado deve ser o contrário de hoje. Quero dizer: Se estamos alcançando o pleno emprego, iriamos com a política dele alcançar o desemprego pleno. É, coerente. Nos tempos bicudos de FHC era assim...

Em 3 das 6 maiores regiões metropolitanas do país, a taxa de desemprego declinou a um nível considerado como de pleno emprego -ou seja, quando a demanda se aproxima da oferta.

São elas: Porto Alegre, Belo Horizonte e Rio de Janeiro, onde as taxas ficaram, respectivamente, em 4,1%, 4,9% e 5,3% em setembro.

“Essas regiões atingiram taxas muito baixas, parecidas com a dos EUA antes da crise, que vivia uma condição de pleno emprego”, disse Cimar Azeredo Pereira.

Foi a primeira vez que Belo Horizonte ficou abaixo dos 5%. Em Porto Alegre, a taxa é inferior a esse percentual desde maio. Já o Rio teve a sua mais baixa marca da série histórica do IBGE, iniciada em março de 2002.

Não há uma definição padrão, mas muitos economistas consideram que taxas próximas a 5% significam pleno emprego. Isso porque sempre existe o chamado desemprego natural.
É que persiste uma assimetria do mercado, pela qual as vagas oferecidas nem sempre se encaixam ao perfil de quem as procura. Além disso, há pessoas que estão buscando o emprego ideal e não se ocupam até encontrá-lo.

Porto Alegre já vivia uma realidade melhor há mais tempo -em setembro, a ocupação cresceu 1% ante agosto, enquanto o número de desempregados caiu 8%.

Rio e Belo Horizonte avançaram mais recentemente e não registraram indicadores tão bons em setembro.

No Rio, o total de empregados caiu 0,4% em relação a agosto. Já o de desocupados teve queda maior: 8%. Em Belo Horizonte, a ocupação subiu 0,2%, ao passo que o contingente de desempregados recuou 7,7%.

Para Fábio Romão, economista da LCA, o conceito de pleno emprego é controverso, ainda mais no Brasil. “Há uma disparidade de renda muito grande no país e alta informalidade.”
Na média, porém, o desemprego caiu graças a São Paulo, onde a ocupação cresceu 0,7% de agosto para setembro e o número de desempregados cedeu 7,4%.
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As bases do Brasil que nasce

Na primeira metade do século passado o presidente Getúlio Vargas lançou as bases sólidas para o desenvolvimento nacional. Começou com a garantia dos direitos trabalhistas e sociais para nossos trabalhadores. Em seguida, iniciou a construção da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), em Volta Redonda, dotando o país de uma indústria de base fundamental para o nosso progresso. Finalizou seu ciclo virtuoso com a criação da Petrobrás e o indispensável monopólio estatal do petróleo. Em seguida, JK realizaria um brilhante governo com a “marcha para o oeste”, a construção de Brasília e os “50 anos em 5”.
Dos anos 60 até hoje, com o advento do golpe militar de 64, o “Brasil grande” nos anos de chumbo do “ame-o ou deixe-o”, o experimento neoliberal do governo FHC com a privatização danosa de muitas de nossas maiores empresas, os brasileiros viveram de salto em sobressalto, assistindo ora o sucateamento de sua infra-estrutura nacional, ora o afunilamento de seu processo produtivo por falta de uma infra-estrutura maior e mais adequada.
Agora, após os anos vitoriosos do governo Lula, o país deu importantes passos na consolidação de um processo indispensável e vigoroso, qual seja o de dotar-se dos instrumentos necessários para fazer frente à realidade social e econômica que agora vivemos.
Nossos aeroportos estão a cada dia menores, já não atendendo as necessidades de uma sociedade que passou a voar mais, muito mais, lotando aviões e abrigando novas empresas aéreas, por conta da melhor distribuição de renda e de nova realidade salarial, com o acesso das classes “D” e “E” ao transporte aéreo. Sem esquecer-nos dos terminais cargueiros, que já estão a um passo de não dar conta do imenso fluxo de carga tanto nacional quanto internacional que abarrota nosso sistema aeroportuário. Cidades do interior como Maringá, Ribeirão Preto, Juazeiro do Norte ou Uberlândia, passaram a ter movimento aéreo igual a de muitas capitais, fomentando o turismo, as viagens de negócio e o transporte de carga. São vários os aeroportos regionais que se preparam para sediar rotas internacionais. Cidades como Goiânia, capital da sétima economia nacional, carecem urgentemente de solução na questão aeroportuária, com movimento crescente de novos vôos a cada dia e milhares de novos passageiros incorporados ao transporte aéreo. O Brasil corre atrás de suprir tais necessidades, fazendo frente à utilização crescente de nossos terminais de passageiros e de cargas, com a reforma e ampliação dos aeroportos existentes e a construção de novos por todo o território nacional.
Nos portos a situação não é diferente. De Rio Grande, no extremo sul do país, até os terminais de Itaqui, no Maranhão, e nos portos fluviais do Pará e do Amazonas, nunca nossos terminais marítimos jamais tiveram tanta utilização ou experimentaram movimentação de produtos semelhante. Mesmo portos expressivos e bem aparelhados como os de Santos, Paranaguá e os vários terminais de Vitória, no Espírito Santo, experimentam filas de espera de navios, algumas excepcionalmente longas, demonstrando tanto a pujança de nossa economia quanto a necessidade de ampliação da capacidade de nossos portos. Não tenho nenhuma dúvida de que toda e qualquer ampliação, remodelação ou construção na área portuária, será sempre uma solução para tempo relativamente curto, já que o crescimento econômico – aí medido tanto pelas exportações quanto pelas importações – irá sempre determinar mais obras e alentadas realizações.
O governo Lula recuperou a maior parte de nossa malha rodoviária, absolutamente acabada nos anos do governo passado, quando milhares de vidas foram ceifadas em nossas rodovias federais, nossas safras experimentaram perdas, nossos produtores purgaram imensos prejuízos e o transporte de passageiros havia se transformado em algo lento e caro. Ao contrário dos governos do PSDB, que buscam resolver tão delicada equação com a pura e simples privatização das estradas, com a penalização dos usuários com os pedágios mais caros do mundo, o governo Lula preferiu investir na reconstrução de nossas rodovias, melhorando sua segurança, dotando-as de condições de tráfego e as modernizando. Tem sido um trabalho duro e custoso, mas seus primeiros resultados já podem ser sentidos em todo o território nacional. Bem diferente do governo passado, onde famílias choraram seus entes mortos em acidentes pavorosos e a economia amargou perdas imensas por culpa de estradas que não ofereciam a menor condição de tráfego pesado ou escoamento da produção.
Estamos vivendo um país que se defronta com a imensa necessidade de prover o seu crescimento com uma base estrutural que vai desde as estradas aos aeroportos, passando por nossos portos e pela reativação de nossas ferrovias. E nesse item, particularmente, o governo Lula tem sido dos mais vigilantes, com o avanço da ferrovia Norte-Sul e o início das obras da Leste-Oeste, cruzando o território nacional desde o litoral baiano até o interior do meu Estado de Goiás, sem falar nas obras da Transnordestina, cujo traçado rasgará o sertão, disseminando o progresso e criando um novo eixo produtivo numa das regiões mais beneficiadas ao longo dos dois mandatos vitoriosos do presidente Lula.
O trem-bala, ligando o Rio de Janeiro à Campinas, com passagem pelo interior fluminense, Vale do Paraíba e a capital paulistana, será a consolidação do transporte ferroviário como nova opção de transporte em nosso país. O projeto, as fontes de financiamento, os consórcios que se formam para disputar sua construção e operação, são fruto de decisão política e da clarividência do governo Lula e de sua gestão econômica, equilibrada e vitoriosa.
O Brasil que o presidente Lula deixará para a presidenta Dilma é o oposto do Brasil que ele recebeu de FHC. É um país ganhador, confiante, determinado a vencer as poucas barreiras que ainda o separam do primeiro mundo. As bases para o Brasil do futuro, que Getúlio lançou nos anos 40 e 50, Lula as reformulou e concretizou mais de meio século depois. Caberá à Dilma Roussef, gestora competente e visionária, a tarefa de dar o salto qualitativo que experimentamos nos anos douradores do inesquecível JK.

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