Mostrando postagens com marcador Charles Bukowski. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Charles Bukowski. Mostrar todas as postagens

Um gênio depressivo


Andava com mania de suicídio e com crises de depressão aguda; não suportava ajuntamentos perto de mim e, acima de tudo, não tolerava entrar em fila comprida pra esperar seja lá o que fosse. E é nisso que toda a sociedade está se transformando: em longas filas à espera de alguma coisa. Tentei me matar com gás e não consegui. Mas tinha outro problema. Levantar da cama. Sempre tive ódio disso. Vivia afirmando: "as duas maiores invenções da humanidade foram a cama e a bomba atômica; não saindo da primeira, a gente se salva, e, soltando a segunda, se acaba com tudo". Acharam que estava louco. Brincadeira de criança, é só disso que essa gente entende: brincadeira de criança - passam da placenta pro túmulo sem nem se abalar com este horror que é a vida.

Sim, eu odiava ter que me levantar da cama de manhã. Significava que a vida ia recomeçar e depois que se passa a noite inteira dormindo cria-se uma espécie de intimidade especial que fica muito mais difícil de abrir mão. Sempre fui solitário. Você vai me desculpar, creio que não regulo bem da cabeça, mas a verdade é que, se não fosse por uma que outra trepadinha legal, não me faria a mínima diferença se todas as pessoas do mundo morressem. É, eu sei que isso não é uma atitude simpática. Mas ficaria todo refestelado aqui dentro do meu caracol. Afinal de contas, foram essas pessoas que me tornaram infeliz.

Charles Bukowski

Poesia da madrugada

Letras através do tempo ou as possibilidades do ser humano?


Vicent pedindo para Theo mandar tintas

Hemingwai no Ceará
Céline fracassando como médico
O ladrão Villon expulso de Paris
O bebum Faulkner nas sarjetas da cidade
Burroughs assassina sua esposa
Mailer apunhala a dele
Maupassant enlouquecido numa jangada
Dostoiévki fuzilado contra o muro
Grane em direção a hélice
Silvia enfornada
Harry Crosbv pulando no sol preto
Lorca assassinado
Artaud no hospício
Chatterton cometendo suicídio 
Shakespeare plagiando
Beethoven escutando bem
Nietzsche, Voltaire, Rosseau e Leonel Brizola lúdicos 

Esses loucos e muitos outros mais, não passam de humanos
Que respiram mais para fora que para dentro


esses punks
esses covardes
esses campeões
esses cachorros loucos da glória
movendo esse pontinho de luz para nós


Charles Bukowski