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Tereza Cruvinel - As ligações perigosas da Delta em São Paulo

O empresário Fernando Cavendish, dono da Delta, o bicheiro Carlinhos Cachoeira e outros “operadores” do esquema de corrupção liderado pela construtora só não estão no recesso do lar porque faltam tornozeleiras eletrônicas no mercado.  A Operação Saqueador, diferentemente da Lava Jato, não vê motivos para mantê-los presos até que firmem acordos de delação.  A operação investiga desvios de R$ 370 milhões em obras do DNIT (federais) e do Parque Aquático do Rio (estaduais).  Outra coisa que se estranha, no meio investigativo hoje tão amplo no Brasil, é que a Operação não tenha mirado também as obras realizadas pela Delta para o governo do Estado de São Paulo na era tucana, que beiram o valor de um bilhão de reais. O empresário Adir Assad, preso em São Paulo na quinta-feira, seria o operador político do braço paulista da Delta.
Entre o primeiro mandato de Alckmin e o atual, que teve pelo meio o curto governo de José Serra, que renunciou para disputar a Presidência, os contratos com a Delta somaram, em valores corrigidos,  nada menos que R$ 943 milhões.  A empreiteira de Fernando Cavendish firmou  27 contratos com o governo estadual paulista nesse período, travando relacionamento formal com gigantes estatais como a  Desenvolvimento Rodoviário S.A. (DERSA), o Departamento de Estradas de Rodagem (DER), o Departamento de Águas e Energia Elétrica (DAEE), a Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (SABESP) e a Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP).

A lógica da Gol quando comprou a Webjet

A lógica da Gol é dupla:

1) garantir sua venda para a Delta.
A campanha de venda da Gol para Delta vem de uns dois anos. Mas dentro da própria Delta, que tem um grande interesse de operar no Brasil, há quem opine que é melhor começar do zero ou comprar uma cia nanica e dai crescer, pois a Gol carregaria uns indesejáveis vícios adquirido durante os anos. Desta forma ao comprar a Webjet ao mesmo tempo que extermina a concorrência deixa uma nanica a menos como opção de compra ao conglomerado estadunidense.
2) Como Paul Baran, Paul Sweezy e Harry Magdoff nos ilustraram nos anos 1970, agindo dentro da lógica de capitalismo monopolista. O que importa é o domínio do mercado. Menos uma concorrente. No melhor estilo Gekko. E de quebra abiscoita uns slots interessantes pois a agência reguladora não regula nada.
E não podemos deixar de tratar da Tam. Que de Tam não tem mais nada, foi comprada pelo chileno. Simples assim, só não pode dizer pois a legislação impede.
E pensar que até o início dos anos 1980 a participação das cias de bandeira brasileira no transporte aéreo internacional era de aproximadamente 40 a 60% , dependendo do ano, uma conta mais ou menos equilibrada. Hoje é menor que 20%.
E seguindo a lógica do capitalismo monopolista a passagem vai subir.
por Paulo F.

Esquema Cachoeira, Demóstenes, Veja e Delta funcionava assim


Pelas primeiras avaliações dos parlamentares que compõem a CPMI (Comissão Parlamentar Mista de Inquérito) funcionava assim a associação criminosa entre o bicheiro Carlinhos Cachoeira e a construtora Delta.
1. A Delta se habilitava a uma licitação na qual houvesse garantia de aditamento do contrato (isto é, de reajuste posterior do contrato).
2. Tendo essa garantia, apresentava um preço imbatível, muitas vezes inexequível. No caso do aeroporto de São Paulo, por exemplo, o maior lance foi de R$ 280 milhões. A Delta apresentou uma proposta de apenas R$ 80 milhões.
3. Ganhava a licitação e depois aguardava o aditivo. Enquanto isto, a empresa ficava sem caixa para bancar seus fornecedores - de peões de obra a vendedores de refeições e cimentos. Aí entrava Cachoeira garantindo o capital de giro da empresa com dinheiro clandestino, do jogo. Ou com o fornecimento de insumos, através de empresas laranjas. Estima-se que o desembolso diário do bicheiro fosse de R$ 7 milhões, mais de R$ 240 milhões por mês.
4. Quando vinha o aditivo, a Delta utilizava o recurso - legal - para quitar as dívidas com Cachoeira, através das empresas laranja. Era dessa maneira que Cachoeira conseguia legalizar o dinheiro do jogo.
Quando algum setor relutava em fazer o aditivo, Cachoeira recorria ao seu arsenal de escândalos e chantagens, valendo-se da revista Veja.
Foi assim no episódio do DNIT (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transporte). Aparentemente houve um conflito entre Cachoeira e o diretor Luiz Antonio Pagot. Providenciou-se a denúncia, destinada apenas a derrubar as resistências de Pagot. Como dizia um bom observador das cenas brasilienses, Cachoeira pretendeu assar o porquinho e acabou colocando fogo na choupana.
O que era para ser um alerta para Pagot coincidiu com a ação do governo de demitir a diretoria do DNIT.
O rastreamento das ações de Cachoeira pela CPMI se concentrará nos aditivos contratuais. E também nos pagamentos efetuados pela Delta a fornecedores. A partir daí será possível identificar o enorme laranjal que constituía o esquema Cachoeira, assim como os esquemas de corrupção nos órgãos contratantes.
Outro trabalho será identificar as reportagens da revista que serviram aos propósitos de Cachoeira. No caso da propina dos Correios, por exemplo, sabe-se que o grampo foi armado entre Cachoeira e o diretor da revista, com vistas a expulsar um esquema rival dos Correios. Detonado o esquema, o próprio Cachoeira assumiu o novo esquema, até ser desmantelado pela Polícia Federal.
Em todo esse processo, foi crucial a ligação do bicheiro com a revista. Foi graças a ela que Cachoeira conseguiu transformar seu principal operador político - senador Demóstenes Torres - em figura influente, capaz de pressionar a máquina pública em favor do bicheiro. E foi graças a ela que intimidava recalcitrantes na máquina pública.
Ontem O Globo saiu em defesa da Veja, com um editorial em que afirma que "Civita não é Murdoch". Referia-se ao magnata australiano Rupert Murdoch, cujo principal jornal, na Inglaterra, foi flagrado cometendo escutas ilegais para gerar reportagens sensacionalistas.
Em uma coisa O Globo está certo: Murdoch negociava os grampos com setores da polícia; já Roberto Civita negociou com o crime organizado.

Os contratos da Delta estão na web. E as ligações da Veja onde estão?


Quem achava – e, sobretudo, quem escrevia nos jornais – que a presidenta Dilma Rousseff estava temerosa do que a CPI do Cachoeira pudesse descobrir sobre os contratos da empreiteira Delta com o Governo Federal, vai ter de arranjar outra história para contar.

Ela mandou e o Ministério dos Transportes colocou na internet todos os contratos entre Dnit e a empresa. Que vai ser auditada até à medula dos ossos.
Enquanto isso, continuam secretos os diálogos – seriam mais de 200 – entre o padrinho da Delta, aquele que a Veja chama de “empresário de jogos” e seu editor de escândalos, Policarpo Júnior.
Em matéria de transparência, o placar é de 100 a zero.
Por mais mistificação que se faça, os fatos vão deixando claro quem tem medo que aflore toda a verdade.
E ela vai surgir, revelando a central de conspiração Veja-Cachoeira, uma associação para obter vantagens. Econômicas para o bicheiro, políticas para a revista.
Uma relação de cúmplices  que já dura quase uma década.
Agora, por mais que tente abafar, a Veja é a protagonista do escândalo. Um escândalo que vai deixar o caso Murdoch parecendo brincadeira de criança.

Zé Dirceu: omitem vídeo em que foi tramada minha saída do governo


Novamente estamos diante da mesma tentativa de veículos de comunicação - a revista Veja à frente - de desviar o foco das investigações das relações entre o crime organizado, comandado pelo grupo do contraventor Carlos Cachoeira, e governos, instituições de Estado como polícias e Ministério Público, e políticos, entre os quais se destaca o senador Demóstenes Torres (DEM até a semana passada, agora sem partido).

Com base em nota do site do Mino Pedrosa - aliado de Carlos Cachoeira -  vem a público, novamente, notícia veiculada pela Veja há um ano (09.05.2011) sobre um contrato de consultoria que minha empresa deu à empresa Delta. Como a própria reportagem da revista revela, aquela consultoria  tinha como objetivo análise de investimentos no Mercosul e na América Latina.

Por decisão exclusiva da Delta o contrato seria firmado com sua coligada Sygma. O trabalho foi realizado por dois meses e pago mediante emissão de nota fiscal da JDA Consultoria, no valor de R$ 20 mil.

Assunto velho volta a ser notícia um ano depois

Após um litígio entre as empresas citadas, um dos sócios - a quem estou processando por calúnia - depois de dizer até que desconhecia o contrato com minha consultoria, deu uma entrevista à Veja afirmando que se tratava de tráfico de influência, o que foi desmentido pela própria empresa contratante.

Como já frisei, um ano depois o assunto da matéria voltou ao noticiário ontem. Agora no Jornal Nacional da Rede Globo que, sintomaticamente, ao tratar do caso deflagrado pela operação Monte Carlo da Polícia Federal, que expôs as entranhas da ligação do crime organizado com políticos da oposição, quase esconde o principal personagem da história, o senador Demóstenes Torres.

No começo da operação Monte Carlo o noticiário distorcido, lembrando a todo momento a gravação que Carlos Cachoeira fez em 2002 com o Waldomiro Diniz, já fazia essa mesma tentativa de me vincular, mais uma vez, com o escândalo.

Omitem vídeo em que foi tramada minha saída do governo

Sintomaticamente esse noticiário não fazia referência à gravação que Cachoeira fez com o procurador da República José Roberto Santoro, pela qual fica exposto o objetivo de toda a armação: a de me tirar do governo Lula.

Mas, as provas do inquérito fizeram Demóstenes Torres, o Governo de Goiás e a ocupação do Estado pelo crime organizado virem à tona. Mais grave: jogaram luz sobre as relações de certa mídia - particularmente da revista Veja - com o crime organizado para forjar matérias políticas de interesse deste e de outros veículos de comunicação.