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Tereza Cruvinel - As ligações perigosas da Delta em São Paulo

O empresário Fernando Cavendish, dono da Delta, o bicheiro Carlinhos Cachoeira e outros “operadores” do esquema de corrupção liderado pela construtora só não estão no recesso do lar porque faltam tornozeleiras eletrônicas no mercado.  A Operação Saqueador, diferentemente da Lava Jato, não vê motivos para mantê-los presos até que firmem acordos de delação.  A operação investiga desvios de R$ 370 milhões em obras do DNIT (federais) e do Parque Aquático do Rio (estaduais).  Outra coisa que se estranha, no meio investigativo hoje tão amplo no Brasil, é que a Operação não tenha mirado também as obras realizadas pela Delta para o governo do Estado de São Paulo na era tucana, que beiram o valor de um bilhão de reais. O empresário Adir Assad, preso em São Paulo na quinta-feira, seria o operador político do braço paulista da Delta.
Entre o primeiro mandato de Alckmin e o atual, que teve pelo meio o curto governo de José Serra, que renunciou para disputar a Presidência, os contratos com a Delta somaram, em valores corrigidos,  nada menos que R$ 943 milhões.  A empreiteira de Fernando Cavendish firmou  27 contratos com o governo estadual paulista nesse período, travando relacionamento formal com gigantes estatais como a  Desenvolvimento Rodoviário S.A. (DERSA), o Departamento de Estradas de Rodagem (DER), o Departamento de Águas e Energia Elétrica (DAEE), a Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (SABESP) e a Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP).

Desse total de R$ 943 milhões em contratos, R$ 178,5 milhões foram assinados e faturados entre 2002 e 2006, no primeiro governo de Alckmin, e a partir de janeiro de 2011, quando ele assumiu novo mandato. É, com efeito, um relacionamento menor do que a empreiteira teve com o governo de São Paulo na gestão de José Serra: R$ 764,8 entre janeiro de 2007 e abril de 2010.   Cavendish teve como contraparte dos contratos com a Dersa, em certa fase, o conhecido Paulo Vieira de Souza, chamado por seus amigos tucanos de Paulo Preto, que foi intimado a depor na CPI do Cachoeira de 2012. Aquela que não deu em nada.
O maior contrato da Delta com órgãos e empresas do governo do Estado de São Paulo foi com a DERSA para executar a ampliação da marginal do rio Tietê: R$ 415 milhões  (valores corrigidos), no governo de Serra.
A conexão entre Cachoeira, Delta e Adir Assad nas obras paulistas, que a CPI ameaçou investigar mas largou de lado, viria numa segunda fase  da Operação Saqueador. E isso é que justificaria a prisão de Assad. Através de suas empresas, ele recebeu vultosos depósitos de construtoras que trabalharam em obras do estado, inclusive a Delta.  Através de caminhos tortuosos, estes recursos, que seriam propina,  teriam irrigado campanha tucanas. Mas, até agora, a Operação só mencionou obras do DNIT e do governo do Rio, onde Cavendish manteve contratos rentáveis e amizade fraterna com o ex-governador Sergio Cabral. Hoje, são praticamente rompidos.

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