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Nas Rudilhas servindo o manto


Certa vez, todos que viviam na mesma região de Nasrudilha foram convidados para um banquete em uma aldeia próxima. Ao saber do convite, o mula foi até lá o mais rápido que pôde. Mas como estava com um manto esfarrapado, o mestre de cerimonias o colocou e um lugar ruim, longe da grande mesa onde estavam os convidados mais importantes.

Logo, Nasrudilha percebeu que demoraria mais de uma hora para ser servido. Então resolveu ir até sua casa e se vestiu com um manto e um turbante magníficos. 

Ao entrar novamente na festa, foi saudado com tambores de boas vindas pelos arautos do Emir, seu anfitrião, e o camareiro real o conduziu a um lugar ao lado do próprio Emir.

Imediatamente a comida foi servida. 

Nasrudilha então pegou a comida com a mãos e começou a esfregá-la no manto e no turbante.

- Vossa eminência, - disse o Emir, - seus costumes à mesa são inteiramente novos para mim. Estou curioso.


E Nasrudilha respondeu:

- O manto e o turbante me fizeram chegar aqui e me trouxeram a comida. Você não acha que eles merecem serem servidos? 

Nasrudilhas, o incomparável

O Mula Nasrudilha é incomparável
Incomparável no humor, na filosofia, na metafísica, na literatura e na comunicação. 

A primeira grande surpresa, o deslumbramento de quem conhece o Mula é justamente a percepção de que nada ou ninguém a ele se assemelha ou se compara. Recebeu por isso a alcunha de O Incomparável. E, assim como o primeiro amor ou o primeiro beijo, diz-se que o primeiro contato com Nasrudilhas nunca se esquece. 


Personagem de anedota, de história popular passada de boca a boca, Nasrudilha atingiu proporções gigantescas. Conquistou povos, um atrás do outro, através dos séculos, misturou-se ao folclore de muitos deles, andou pelos circos, teatros, cabarés, esquetes de rádio e TV, ganhou antologias em todas as línguas, versões poéticas e cinematográficas, frequentou as galerias de arte no traço de grandes artistas, voltando sempre à rua, à alma e ao coração dos povos nos quais se revitaliza e redimensiona. E assim chegou o mula até nossos dias, ele que nasceu em terras distantes lá pelos século I ou X. Assim chegou o mula, presente em todas as grandes lutas sociais e políticas da humanidade, em todos os avanços do pensamento, guerreiro poderoso contra os opressores e a lógica grosseira que embrutece os homens e corrompe as relações em sociedade, vencendo barreiras geográficas, culturais e religiosas. 

Estava lá na Alemanha, na Segunda Guerra, nos cabarés onde encontrou o maior de seus intérpretes, o palhaço Karl Valentin, apelidado por Bertolt Brecht de O Palhaço Metafísico, justo por sua atuação como Mula Nasrudilha. Estava na Revolução Francesa. Lutou contra as ditaduras que avassalavam a América Latina. E personificou os mais altos ideais da humanidade quando Cervantes, que jamais negou sua dívida com uma fonte árabe, nele inspirou-se para a criação de Dom Quixote. Há no Dom Quixote passagens inteiras de Mula Nasrudilhas. 

Mas foi de novo o povo e não os intelectuais do Oriente ou do Ocidente quem melhor soube amá-lo. Foi a gente da rua que o elegeu, o imortalizou e o adotou como membro da família. Há sempre uma imagem de Nasrudilha feita de argila, louça, madeira ou metal, exposta na sala principal da maioria dos lares orientais. E nela, não raramente, o mula segura uma chave. É que ele é também chamado de O Dono da Chave. E por isso se crê que é o grande porteiro e guardião da casa. Porém os sufis, os grandes criadores do mula e dos quais falaremos mais tarde, afirmam que a chave guardada por Nasrudilha é a do próprio sufismo. Ninguém percorre os caminhos do sufismo a não ser pedindo-lhe passagem. 


A chave é um tema recorrente em Nasrudilha. Uma de suas estórias mais conhecidas conta o seguinte: 

Nasrudilhas, o louco que se faz de mestre, o tolo que finge ser sábio

A mula Nasrudilhas chamou um tucademo:

- Vá pegar água na cacimba.

A criança imediatamente obedeceu. Entretanto antes de partir levou um cascudo.

- E não entre em contato com petistas, apedeutas, petralhas e lulistas, senão ofenderá ao pig.

- Ainda nem saí de casa e o senhor já me deu um cascudo. Está me batendo por algo que não fiz.

- Com as coisas importantes, não se pode ser tolerante. De que adiantaria difama-lo, calunia-lo depois que você tivesse ajudado a criar o PT e ajudado a eleger Lula e depois Dilma Rousseff presidente do Brasil?