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Prosopéia

Diz a lenda que Carro Véio [ o rei do elogio] ao chegar em casa, ouviu um barulho vindo do quintal. Foi averiguar e constatou haver um ladrão tentando levar sua criação de galinha. Aproximou-se vagarosamente do indivíduo e, constatando que pulava o muro com os animais, disse-lhe: 

oh, bucéfalo anácronico não o interpelo pelo valor intrínseco dos bípedes, mas sim pelo ato vil e sorrateiro de profanares o recôndito da minha habitação, levando meus ovíparos a sorrelfa e a socapa. Se fazes isso por necessidade, transijo; mas se é para zombares da minha elevada prosopopéia de cidadão digno e honrado, dar-te-ei com minha bengala, bem no alto da tua sinagoga, e o farei com tal ímpeto que te reduzirei a quinquagésima potência que o vulgo denomina nada. 

E o ladrão, totalmente baratinado, sem entender coisa alguma, pergunta:
 resumino dôto, eu levo ou dêxo as galinhas?