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Cônica de Luiz Fernando Verissimo

Não é mais pecado

Na sua “Divina Comédia” Dante coloca os sodomitas, os blasfemadores e os usurários no mesmo círculo do Inferno.
As praticas das três categorias eram igualmente antinaturais. A Igreja condenava a usura e só absolvia os usurários arrependidos se eles devolvessem todo o lucro obtido com juros, que não era fruto do trabalho e portanto contra as leis de Deus. Aos usurários renitentes era negado enterro cristão.
Já os blasfemadores e sodomitas não podiam esperar nenhuma remissão: iam direto para o Inferno. Pelo menos para o Inferno do Dante.
Nos 7 séculos desde a “Divina Comédia”, aos poucos e cada uma por sua vez, as três classes se livraram da danação que as estigmatizava. Relações homossexuais hoje são aceitas sem muito escândalo. Blasfemadores não precisam mais temer as fogueiras da Inquisição, ou qualquer coisa parecida, por negarem a religião. E os usurários mandam no mundo.
Pode-se, com alguma imaginação, comparar a regulação dos bancos que existia até pouco tempo com o controle que a Igreja tentava manter sobre a atividade financeira no fim da Idade Média, e a desregulação dos bancos que deu na crise que vivemos agora com a conclusão da Igreja que estava perdendo grandes negócios, combatendo a usura, e sua decisão de aderir.
Os banqueiros passaram de excomungados a abençoados, e pelo século 18 a própria Igreja já era um dos maiores manipuladores financeiros do planeta.
No caso dos bancos modernos, liberados para fazerem qualquer negócio pelo lucro imediato, inclusive destruir economias inteiras, a mensagem da desregulação foi a mesma que a Igreja deu aos usurários séculos atrás: não é mais pecado, gente!
Seria possível especular sobre quem Dante colocaria hoje no mesmo nicho, no sétimo circulo do Inferno? Nada parece muito antinatural, ultimamente. Bom, talvez a pizza com abacaxi. Mas nem isto merece ser jogado no fogo eterno.

“Putsch”: se houver inferno...


Na “Divina Comédia”, Dante Alighieri (1265-1321) afirma em versos que Lúcifer, ao cair, abriu uma profunda depressão em forma de cone, bem debaixo de Jerusalém, tocando o centro da terra.


Segundo o poeta, a depressão infernal é formada por nove círculos concêntricos. As almas condenadas são distribuídas nesses círculos de acordo com a gravidade de seus pecados. Quanto mais profundo o círculo, maiores os castigos e danações.


Fosse real esse inferno dantesco, meu lugar no além-tumba situar-se-ia no terceiro círculo, local reservado aos glutões. Um cão de três cabeças – Cérbero - estaria a me espreitar, evitando a minha fuga do tortuoso flagelo: uma chuva pútrida. Nada de desesperador, desde que serviam por lá um delicioso pudim.


Mas não estarei só. Muito menos na pior situação.


Quase nas profundezas do inferno, encontra-se o penúltimo círculo, contendo dez fossos. Os condenados que se abrigam nessa oitava esfera satânica são duramente castigados. Seus pecados são considerados gravíssimos. Sofrimentos mais intensos somente são impingidos para três traidores que residem junto com Lúcifer, no último círculo do inferno: Judas, Brutus e Cassius.


Dois fossos desse oitavo círculo do inferno merecem atenção. No quinto fosso foram reunidos os vendilhões. No sexto, os hipócritas.


Acaso Dante fosse um poeta contemporâneo, brasileiro da gema, teria realizado “reformas” no inferno, a tal ponto de criar mais um anel. São tantos os vendilhões do patrimônio público pátrio e a mídia corporativa desfila tanta hipocrisia, que o fosso dos vendilhões e o fosso dos hipócritas deveriam ser apresilhados, formando um novo círculo, acolhendo em apartado essa classe de “perdidos”. Seria, digamos assim, o anel dos golpistas. Sim, porque vendilhões e hipócritas são golpistas por natureza. Democracia e lei, para eles, tratam-se apenas de detalhes sem maiores conseqüências, tranqueiras a serem solenemente ignoradas.


Se o poeta florentino não agisse assim, robustecendo o inferno, certamente veríamos estradas sendo obstruídas e agências bancárias “ocupadas” pelo Movimento dos Vendilhões do Brasil e Hipócritas da Mídia Corporativa Sem Teto no Inferno, o MVH.


Estivesse Dante comigo na madrugada de sábado (19JUN2010), acompanhando programa de notícias da mídia corporativa tupiniquim (Jornal da Globo), teria imediatamente reformulado a sua “Divina Comédia”, adotando as reformas acima sugeridas.


Pois noticiou a âncora do telejornal global (Christiane Pelajo) que a grande mídia estava solidária a Guillermo Zuloaga, presidente e acionista majoritário da Globovisión, “único canal independente” da Venezuela, que havia deixado o país para não ser preso. Segundo a Rede Globo, o Judiciário venezuelano decretou a prisão de Zuloaga pelo simples fato daquele Poder ter se transformado em capacho do Executivo, leia-se Hugo Chávez.


O tribunal emitiu o mandado de prisão para Zuloaga e seu filho, mencionando acusações de detenção ilegal de 24 novos veículos utilitários esportivos da Toyota. Os veículos foram apreendidos na casa de Zuloaga em maio de 2009, sendo que a ordem de prisão foi emitida...

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