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Papa Francisco: "O Bem vencerá o mal"



Carta enviada pelo Papa Francisco para o preso político Luis Inácio Lula da Silva

Vida que segue

Carta de promotores e promotoras à Lula


Ao senhor Luis Inácio Lula da Silva
Respeito
Escrevemos esta carta para manifestar a você, primeiramente, respeito. Respeito por ter nascido num local simples, vindo de uma família pobre, obrigada a batalhar duro para sobreviver. Respeito por ter se retirado, ainda muito cedo, de sua terra natal, em busca de uma vida melhor. Respeito por representar os milhões de brasileiros que, durante a história, trilharam o mesmo caminho à procura de dignidade.
Respeito por ter tido que escolher o trabalho à custa dos estudos. Por ter sacrificado parte importante da vida para angariar alguns trocados – naquele momento, imprescindíveis. Respeito por ter iniciado, ainda quando adolescente, o exercício da profissão que o acompanharia por quase toda a vida. Respeito por mostrar – para quem quer e consegue enxergar – que a meritocracia, no Brasil, é uma ideia falaciosa (quantos companheiros tiveram o mesmo sucesso que você, não é mesmo?).
Respeito por ter perdido sua primeira esposa e filho de forma trágica. Respeito por sua intensa atividade sindical. Respeito por reafirmar o fato de que direitos hoje conquistados e absorvidos por ordenamentos jurídicos de todo o mundo somente se tornaram realidade em razão de muita luta, suor, sangue e lágrimas. Respeito por mostrar que a luta é parte indissociável da evolução da humanidade.
Admiração
Expressamos também nossa admiração. Admiração por ter atuado no sindicato de um dos maiores polos industriais do Brasil. Admiração por ter sido eleito presidente da agremiação por duas vezes. Por ter participado, durante a ditadura militar, da organização de greves históricas e memoráveis. Por levar a luta a suas últimas consequências – até mesmo à prisão. Admiração por demonstrar que a prisão sempre foi e sempre será instrumento de controle social.
Admiração por ter sido um dos fundadores daquele que viria a ser o maior partido do Brasil em número de filiados, e que chegaria à presidência da República por quatro vezes consecutivas. Admiração por ter lutado pelo fim do período de exceção e integrado a frente suprapartidária formada com esse objetivo. Admiração por ter sido o deputado federal constituinte mais votado do país, e por ter feito parte do pacto constitucional que rege o Estado e a sociedade brasileira até os dias atuais – apesar dos constantes ataques contra seus princípios basilares.
Admiração por ter se tornado, apesar de todo o preconceito, o primeiro presidente da República vindo da classe operária, reelegendo-se de forma inquestionável. Admiração por ter implantado – e isso é reconhecido internacionalmente – importantes programas de distribuição de renda, de diminuição da desigualdade, de combate à fome e à pobreza (objetivos do milênio), de incentivo à educação, à cultura e ao esporte. Por ter procurado governar para todos. Por ter acreditado na paz e na união como nortes.
Solidariedade
Necessário, por fim, externar nossa solidariedade. Solidariedade por ter sido atingido pelo que entendemos serem equívocos jurídicos. Equívocos jurídicos como sua condução coercitiva ilegal e a divulgação ilegal de conversas particulares suas e de seus familiares (a ilegalidade dessas práticas foi reconhecida pelo STF). Solidariedade por ser um símbolo da injustiça que se pratica contra acusados e condenados negros e pobres do país, presos sem fundamento, em locais degradantes, sem culpa definitivamente reconhecida.
Solidariedade por ter perdido sua segunda esposa em meio à perseguição judicial e midiática levada a efeito contra sua família. Solidariedade por nos demonstrar que não podemos mais contemporizar com o processo penal do espetáculo, em que pessoas são expostas, acusadas, julgadas e condenadas sem o sagrado direito de defesa. Solidariedade por não poder estar com sua família durante o velório do seu irmão Vavá.
Solidariedade por não mais ter seu querido Arthur. Por não ter podido ficar ao seu lado em seus últimos dias de vida. Arthur partiu cedo, mas talvez tenha sido dele a missão de frear o ódio, o rancor, o ressentimento e a violência jogada em nossas faces cada vez que entramos em redes virtuais e até mesmo nas ruas. Seu sorriso marcante há de demonstrar que “a pureza da resposta das crianças” é um caminho que pode ser alcançado. E que não podemos parar de caminhar.
Subscrevem:
Afrânio Silva Jardim – Procurador de Justiça aposentado
Plínio Antonio Britto Gentil – Procurador de Justiça
Jacson Rafael Campomizzi – Procurador de Justiça
Margaret Matos de Carvalho – Procuradora Regional do Trabalho
Jacson Luiz Zilio – Promotor de Justiça
Gustavo Roberto Costa – Promotor de Justiça
Roberto Tardelli – Procurador de Justiça aposentado
Romulo de Andrade Moreira – Procurador de Justiça
Haroldo Caetano da Silva – Promotor de Justiça
Sueli de Fátima Buzo Riviera – Procuradora de Justiça aposentada
Inês do Amaral Buschel – Promotora de Justiça aposentada
Luiz Henrique Manoel da Costa – Procurador de Justiça
Walter Moraes – Promotor de Justiça
Andrea Beatriz Rodrigues de Barcelos – Promotora de Justiça
Lucia Helena Barbosa de Oliveira – Promotora de Justiça
Wagner Gonçalves – Procurador da República aposentado, ex-Sub-Procurador Geral da República, ex-Procurador Federal dos Direitos do Cidadão, ex-Presidente da Associação Nacional dos Procuradores da República
Álvaro Augusto Ribeiro da Costa – Procurador da República aposentado, ex-Sub-Procurador Geral da República, ex-Procurador Federal dos Direitos do Cidadão, ex-Presidente da Associação Nacional dos Procuradores da República, ex-Advogado-Geral da União
Vida que segue

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Carta da neta Bia para o vô Lula


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“Há 300 dias nosso pesadelo real começou. Meu avô foi preso. O biso da Analua foi sequestrado, colocado em uma sala e lá esquecido. Sim, esquecido. Somente nós da família sabemos a dor que está sendo vivenciar tudo isso. Eu, enquanto mãe da pequena grande Analua, sei a dor que é vê-la querendo falar com o “tiso” (ela o chama assim) pelo telefone, e não pode. Ela mesma já sabe o que falar de consolo para os momentos em que ela busca por ele. Nesses instantes, ela me olha, pega o telefone, finge ligar pra ele e então fala: “Alô, tiso? é a Lua. Bem? (tudo bem), ahhh tá trabalhando?” e faz cara de chateada. Automaticamente, ela olha pra mim e fala: “pouxaaaa, tiso tá trabalhando mamãe”, com bico no rosto, e então eu explico que o biso é um homem muito bom, generoso e não pode nunca deixar de trabalhar para ajudar as pessoas. Ela então bate palma e grita “êêê tiso, tiso, tiso”. 


Vocês sabem a dor que é ver uma cena dessas? Vocês sabem o que é ver sua filha querer ter contato com o bisavô dela e não poder? Sua filha abraçar e beijar todos os dias um boneco do bisavô que temos em casa, fazer carinho, falar que sente saudade?








Não desejo para ninguém ver ou sentir o que sinto quando Analua fala sobre ele ou “conversa” com ele pelo telefone. É desumano, é doloroso. Minha filha não merece isso, eu não mereço isso, minha mãe, meus tios e primos também não merecem, mas sobretudo, meu avô, o gigante Luiz Inácio, não merece ser privado desse contato e dessa troca com as pessoas que ele mais ama, com a família que ele lutou para construir.

Se eu pudesse fazer um desejo meu se realizar, certamente seria o de vê-lo livre para que juntos consigamos viver em paz, ter nossos momentos, devolver a ele tudo que ele sempre mais quis conquistar e preservou enquanto deixaram, sua liberdade. Para que ele possa conviver com quem o cerca de amor, carinho, cuidado. Não podemos mais permitir que deixem ele lá, não podemos mais permitir que privem ele do contato com a família e, principalmente, com os netos que, sem entender nada, choram de saudade, perguntam, querem ligar, mas não podem.
Por favor, libertem ele, façam justiça.”


Bia Lula neta do vô Lula
#LulaLivre
Vida que segue...

Carta de um Juiz para Lula


Carta ao Presidente Luis Inácio Lula da Silva
de Luís Carlos Valois, Juiz federal de execuções penais do Estado do Amazonas
Lula, meu caro, faz tempo que estou querendo te escrever. Esse pessoal do meio carcerário tem uma espécie de tara por proibir as coisas, então não sabia se minha carta ia chegar a ti, já que muita gente importante sequer conseguiu entrar para trocar umas palavras contigo, razão pela qual resolvi escrever por intermédio da internet mesmo, um dia tu vais ler.
Cara, eu sei que tu não és santo, nem eu sou, nem ninguém é, então todos nós temos um monte de culpa por aí, mas o crime que tu cometeste realmente ninguém sabe até agora qual foi. Bem, você sabe disso, você já disse que aceitaria a pena tranquilamente se te mostrassem provas de um crime, só estou repetindo porque a carta será publicada e porque quero ressaltar uma coisa.
Hoje em dia com tanta culpa por aí, já nem precisa de crime para se condenar uma pessoa, basta querer condenar alguém que todo mundo já acha esse alguém culpado. É como um juiz me falou certa vez, que ele não sabia porque estava condenando o cidadão, mas o cidadão sabia porque estava sendo condenado. É mais ou menos assim que estamos vivendo, e é cada um por si.
No teu caso, um recibo de pedágio, a tua visita a um apartamento, mais dois ou três presos dedos-duros loucos para ganhar a liberdade, e pronto, está formada a prova necessária para a tua condenação, mesmo que ninguém diga onde está o teu dinheiro, onde está o benefício que tu tiveste nisso tudo, ninguém diz. E ninguém quer saber.
Xará (acabei de me tocar para o fato que temos o mesmo nome…rs…), a coisa tá difícil. Não quero entrar aqui na questão política, se fizeram tudo para te tirar da eleição, se têm ódio de ti porque és nordestino, um nordestino que teria chegado onde incomoda muita gente, e feito outros tantos nordestinos incomodarem mais gente por chegarem onde chegaram, não quero falar dessas questões políticas, quero conversar contigo sobre a tua situação atual.
Tenho trabalhado com presos a vida inteira e sei o quanto é difícil, principalmente em situação de isolamento, o encarceramento. Eu queria inclusive, com esta carta, te mandar uns livros, mas também não sei se chegariam até ti, são meios subversivos, acho que tu tens que ler algumas coisas subversivas, sabe? Tu tens que conhecer o sistema a fundo para entender a tua própria situação de encarcerado.
Um dia Nilo Batista disse que todo preso é um preso político. Pena que a maioria dos presos não sabe disso. O sistema, nele incluído o sistema penal, tem uma função primordial em fazer todos acreditarem, inclusive os próprios presos, que tudo funciona na mais perfeita ordem e, se tu estás preso, é porque devias estar preso.

João Paulo Cunha: carta ao companheiro Lula


Há um mês você suporta de pé uma grande injustiça. Nesse tempo teus algozes continuam agachados e ruborizados com seus próprios atos. Eles ainda não perceberam que prenderam um homem e nasceu um mito, uma lenda! Agora, virou história. E para os mandões de togas, becas ou gravatas afrancesadas (independentemente da cor da camisa) sobraram o lixo e o rodapé de um livro qualquer, num ano do futuro.
Há coragem no entorno de seu cativeiro. Ela se mistura às flores das quaresmeiras curitibanas caídas pelas ruas da cidade e exala perfume de amor com causa e lufadas de solidariedade vindas do Brasil inteiro.
Os estampidos dos tiros (balas encharcadas de ódio) na direção da improvisada aldeia, a violência de um delegado psicopata e fascista e os gritos raivosos não impediram que um fio de lua minguante mostrasse sua cara no céu, iluminando homens e mulheres que, na escuridão azulada e com um friozinho de outono, disseram: boa noite, Presidente! Mais uma vez a esperança vence o medo.
Mas vivemos tempos que não imaginávamos viver, companheiro Lula. Não acreditávamos que a escuridão poderia sombrear nossa estrela. Que ilusão! Sombreou, mas não apagou! Ainda há luz, brilho, sonhos e projetos. Mas que luta, amigo!
Bem faz você que não olha para baixo para não deixar de ver estrelas.
Há lições a aprender: canalhas também têm coragem. Assinam sentenças, expedem mandados, publicam teses, livros, artigos e proferem palestras. E se não bastasse, são campeões em tudo: na moral, nos costumes, na honestidade, e até na fé.
Contudo, ainda há de se acreditar na Justiça. Não dos que guardam na lapela da toga o ódio de classe. Nem dos que bendizem a Bíblia para subverter o mandamento de Deus, tomando o seu santo nome em vão. Muito menos nas tintas das canetas de escribas envenenados. Esses querem a Justiça de olhos vendados.
Apesar da crueza dos tempos, você encanta o mundo e sua força anima milhões de pessoas. Mas você sofre, Lula!
Ontem à noite você apagou as luzes para conversar melhor com Deus. Coçou os olhos e assobiou quietinho no seu canto uma música de Humberto Teixeira/Luís Gonzaga, que dizia assim: “Tudo em vorta é só beleza/ Sol de abril e a mata em frô/ Mas assum preto, cego dos oio/ Num vendo a luz, ai, canta de dor”.
Certamente Deus entendeu. Os guardas entreolharam-se e você chorou.
Suas lágrimas encharcaram aquele travesseiro de fronha branca que você vem reclamando que é muito baixo, mas não havendo outro é com este mesmo que dorme. Você virou do lado, fechou os olhos para o escuro e dormiu.
Aqui de fora ficamos acordados na ilusão de te proteger. Nos sentimos impotentes, mas não desgrudaremos de você.
São trinta dias de lembranças. Às vezes ela – a lembrança - entra na cela por um fio de vento frio, característico de Curitiba, te obrigando a buscar um cobertor, se aquecer e falar: Marisa.
Nós aqui lembrando por onde você passou, o que você falou e tudo que você fez. Você sabe o que fez, para quem fez, quando e como fez. Os mais pobres e os solidários sabem e aplaudem. Os hipócritas, verdugos e preconceituosos sabem, mas não reconhecem. A inveja cega-os e o recalque cala-os.
Sabemos também da autocrítica que você não fez.
Teus companheiros disseram que estávamos numa guerra e que você era o troféu final. Você não escutou. Ah, Lula, alertamos da ilusão dos engravatados, do bom vinho oferecido, das mentiras de candidatos às vagas de ministros e dos puxa-sacos. Alguns subiram tanto, Lula, que num determinado tempo nem te reconheciam mais. Outros voltam a rondar sua estrela.
A vida é dura, companheiro! Acompanhamos seus milhares de passos até aqui. Vimos muitas terras pisadas por você. Tantas mãos apertadas. Observamos abraços confortantes e outros tantos falsos. Presenciamos brindes, regalos e acenos de mãos. Vimos também suas derrotas, seus sofrimentos e seus abatimentos. Alegramos nas suas vitórias, enxergamos felicidade e nos espantamos com sua fortaleza. Seus olhos brilharam na África. Os abraços dos parceiros da América Latina, as conversas com os amigos europeus e acima de tudo a alegria e confiança no povo brasileiro eram combustíveis para sua luta.
Agora, te acompanhamos nas caminhadas de lá para cá e de cá pra lá, realizadas em cinco metros do mundo que pensam que te prenderam: não se prendem ideias. Elas voam!
De longe vemos escorrer pelos cantos das bocas dos seus algozes um prazer meio mórbido e doentio. Sei que você sente pena, mas eles são cruéis, Lula. Jesus deu a outra face, mas ele era Deus. Você devia ter seguido o ensinamento da Dona Lindu: Luís Inácio, não bata em ninguém, mas não apanhe.

Para além do ódio eles pensam em apagar o seu tempo. Desconhecem a história e os ensinamentos. Você já escreveu com tintas de sofrimento sua parte na história. E aprendemos que aos covardes, falsos, fascistas e entreguistas – repetimos - o lugar é o lixo.
Mas Lula, o que estará acontecendo? Será uma recorrência da triste história brasileira? Getúlio, Juscelino, Tiradentes, Jango, Zumbi...
Será repetição da vida de Mandela, Peron...?
Ah! Precisamos te falar: peça cautela ao seu partido. Você é o motivo da unidade e em seu nome ninguém pode provocar a dispersão.
Agora, quando a noite chega de novo, sentimos uma bruma carregada de sentimentos positivos a embalar seus pensamentos. Você caminha até uma janela que dá para lugar nenhum. Ouve um som bem longe. Devagarinho, reparamos de novo nas quaresmeiras de maio. Elas despejam suas flores roxas nas ruas da cidade. Mandam sinais aos juízes que te condenaram, mostrando que a mentira e a hipocrisia não geram flores, nem perfume. Não cobrem as ruas e nem fazem sombras. A toga desbota com o tempo e a sentença pronunciada numa voz com ira não alcança outro outono. Vira arquivo.
Você não esperará sua morte num prédio cafona, azul desbotado, num cubículo de quinze metros! Fique firme, companheiro. Os braços do povo brasileiro te aguardam!
João Paulo Cunha, 7 de maio de 2018.

Boa noite Lula, por Nélia Lula Lins da Silva

Todas as noites, o meu último pensamento e a minha última oração são pra você. Fico imaginando um monte de anjos, bem fortes, na porta desse lugar onde você está. Peço a Deus q te dê saúde física, mental e espiritual.
Se cuida, por favor!
Te amo Lula!
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Minha carta ao Lula, por Luciana Hidalgo


Querido presidente,
O que o senhor fez no Brasil foi uma revolução. Não uma Revolução Francesa, que guilhotinou cabeças da realeza para exigir na marra liberdade, igualdade, fraternidade. Não, o senhor não cortou cabeças, nem expulsou ricos de suas propriedades privadas como a Revolução Russa, tampouco roubou a poupança das classes abastadas (como aquele presidente eleito no Brasil em 1989 roubou). O senhor manteve as elites ricas e contentes, mas foi mexendo dia após dia nos mecanismos de poder que excluíam perversamente os pobres da nossa sociedade e negavam o que todo país decente deveria garantir: sua cidadania, isto é, sua dignidade.
Por isso, de início, querido presidente, seus microgestos, sutis, pouco saíam nos jornais, mas abalavam gradativamente as5 estruturas viciosas do poder. Sou leitora de Michel Foucault e atesto que o senhor fez genial e intuitivamente, na prática, num país periférico e violento, muito do que esse célebre filósofo francês teorizou sobre micropoder. O senhor modificou, programa após programa, a microfísica do poder no Brasil.
Explico como: logo de início o senhor abriu crédito para ajudar pobres a comprar eletrodomésticos básicos; subsidiou a compra de tintas e materiais para que construíssem suas casas; criou o Banco Popular, ligado ao Banco do Brasil, permitindo que pobres tivessem conta em banco; levou iluminação elétrica aos recantos rurais mais atrasados pela escuridão (Luz para Todos); criou o Bolsa Família, tirando 36 milhões de brasileiros da miséria e obrigando seus filhos a voltar à escola; levou água para milhões de brasileiros que sofriam com a seca no interior semiárido (programa Cisternas, premiado pela ONU); inventou Minha Casa Minha Vida, distribuindo moradias Brasil afora; criou Farmácias Populares que vendiam medicamentos com descontos para a população de baixa renda; implementou cotas raciais e sociais em universidades, contribuindo para que jovens negros e/ou vindos de escolas públicas pudessem estudar e no futuro talvez escapar de serem assassinados nas ruas do Brasil; implantou o Prouni (Universidade Para Todos), oferecendo bolsas para alunos de baixa renda estudarem em faculdades particulares; aumentou o salário-mínimo acima da inflação; etc.
Não me beneficiei pessoalmente de nenhum dos seus programas sociais, querido presidente. Sou brasileira privilegiada, nascida numa classe média da zona sul carioca. Fui jornalista nas maiores redações do Rio (Jornal do Brasil, O Globo, O Dia), depois virei escritora (premiada com dois Jabuti), fiz um doutorado e dois pós-doutorados em Literatura, na Uerj e na Sorbonne. E é justamente por isso

Minha carta a Lula


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De todas as penas cabíveis ao doloroso ofício de escrever, talvez a maior delas seja a de não conseguir expressar em palavras aquilo que se sente no coração.
Se assim é na poesia, na literatura, na crônica, no conto e nas colunas, descubro agora que também o é, e de forma infinitamente mais profunda, na carta, esse instrumento tão belo e pessoal, quanto em desuso.

Não deixa de ser curioso que a injustiça imposta a você, que é também a injustiça imposta a todos nós, tenha servido também para retomarmos essa ancestral e arrebatada forma de se comunicar.
Longe, muito longe de querer romantizar essa eterna distopia nacional, o objetivo até aqui é de apenas constatar a grandeza dos homens que até no suplício inspiram aos que estão ao seu redor atos do mais incondicional amor, respeito e solidariedade.
É bem verdade, senhor presidente, que esse sentimento não só de simples empatia, mas, sobretudo, de um sincero, profundo e estreito sentimento de amizade, não foi construído tão somente nesses últimos anos em que fomos obrigados a assistir – muitas vezes incrédulos e impotentes – ao aprofundamento do massacre midiático ao qual toda a sua família foi covardemente exposta e sacrificada.
Para muito mais além do que isso, todos nós que ora nos unimos a você, somos, de diversas formas e maneiras, gratos pelo que representou para o Brasil toda a sua luta, os seus sonhos e os seus ideais numa terra em que pobres, negros, mulheres, homossexuais, índios e minorias em geral sempre foram criminalizados, injustiçados e ridicularizados.
Sei do que falo porque sou – como você – nordestino, de origem pobre e filho de agricultores que em algum momento da vida se viram obrigados a saírem do campo para tentar a vida na cidade.
Senti na infância, ainda que sem entender muito bem a angústia que isso causava, o desespero de um pai de família desempregado que precisava sustentar sua casa, sua mulher e seu filho.
Sem entender as causas políticas, sociais e econômicas que nos infligia essa indecorosa condição, como meus pares nos arrabaldes da vida, culpei em boa medida a Deus e ao Diabo.
Para nós, àquela época, era indiscutível o fato de que o nosso destino já estivesse traçado. Por uma lógica inalcançável por nós, aquilo era o que tinha de ser.
Daí, só um pouco da sua importância.
Foi com você e com a sua insistência de fazer chegar ao mais alto cargo da República um retirante do Nordeste, que descobri que a dignidade humana era possível.
Foi com você que descobri que as derrotas não podem ser maiores do que a persistência, do que a luta e do que o sonho. Foi com você que aprendi que ninguém pode se dar ao direito de ser feliz enquanto um único ser humano estiver passando fome. Foi você que me provou que um simples operário poderia calar a boca de todo o plenário da ONU.
São aprendizados, Lula, que não se aprendem na universidade. E foram esses aprendizados, inclusive, que não me permitiram desistir.
Mesmo sem o PROUNI, consegui entrar na faculdade de economia. Lembro que nesse tempo éramos recepcionados como “sobreviventes”.
Não foi, e atesto isso, questão de “meritocracia”.
Tive sorte, muita sorte. Amigos mais inteligentes e esforçados do que eu ficaram para trás. Foram abatidos pelo secular mecanismo de exploração da pobreza e da miséria.
Por isso sei, presidente, da importância das políticas de inclusão criadas no seu governo. Por isso sei da sua preocupação para que todos os brasileiros pudessem ter quatro refeições ao dia. Por isso sei que os oito anos em que permaneceu na presidência foram os mais importantes da história desse país para todos aqueles que nunca tiveram uma única chance na vida.
Por tudo isso, é cruel e desumano o que fazem por poder e ganância.
Não me atrevo, Lula, a imaginar o seu sofrimento de agora. Apenas quero que tenha a certeza de que jamais estará sozinho. Quero que saiba que lutaremos até o fim.
Sócrates, o grande filósofo grego, uma vez disse que é mil vezes melhor sofrer uma injustiça do que cometê-la. Então, não tema. Sabemos que você está sendo injustiçado e sabemos o porquê.
Nesse exato momento, o planeta assiste à criação de mais um líder mundial. Seu nome, agora já não importa o que façam, ecoará pelo tempo mostrando, mais uma vez, que não se pode matar um ideal.
Tiradentes, Zumbi dos Palmares, Mandela, Gandhi, Martin Luther King e todos aqueles que não baixaram a cabeça para o fascismo e para a intolerância, te saúdam.
Carlos Fernandes
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Carol Vergolino: minha carta para Lula


Sou branca, filha de professores universitários. Sou privilegiada, estudei em escolas em que meus amigos tinham seus nomes nos livros de história pernambucana. No fim dos anos 90, fiz pesquisa de opinião e vi muita coisa. Entrei na casa de muitas famílias em Pernambuco, antes e depois de Lula.
Não sou boa de nomes, mas sou boa de cheiro. Entrei na casa de um senhor. Ele e a casa cheiravam a fumo de rolo. Era em Afogados da Ingazeira, Sertão. Não tinha água. Não tinha nenhuma água. A pele dele era seca igualzinha ao chão da casa. De alento, ele tocava uma sanfona. Me respondeu a pesquisa inteira em poesia.

Entrei no sítio de uma moça, que não sabia a idade dela. Estava suja de sangue de apanhar do marido que bebia do lado. Ela me trouxe o saco de documento, fiz as contas, 35 anos. Formou-se uma fila. Fiz as contas da idade de vinte pessoas, crianças e adultos. A casa cheirava a álcool e à falta de identidade.
Entrei na casa de uma senhora que não tinha nada. Nem cheiro. Só tinha ela mesma e uma fome. Se o cheiro chegasse ali era de ausência.
Entrei numa casa que não tinha luz elétrica e perguntei o que ela compraria quando chegasse luz. Ela falou que já tinha e me trouxe uma lâmpada dentro de uma caixa de sapato. Essa casa cheirava à minha avó. O cheiro igual aos das bolinhas de naftalina.
Filmei em Recife pessoas que moravam dentro de uma ponte. Sim, dentro do concreto. Tinha uma escada do rio para o buraco que se chamava porta de casa e que cheirava a mofo. De vez em quando se perdia um menino mais afoito que caía no Rio Capibaribe. Chamava Vila dos Morcegos. Afinal, morar ali não era coisa de gente.
Morava no Engenho do Meio. Vi amigos de infância serem assassinados. Vi a favela de Roda de Fogo crescer e com ela a violência dos corpos no sinal. A gente ia lá ver o corpo pra saber se tínhamos estado com ele no dia anterior.
Tive mãe sequestrada. Passei horas negociando seu sequestro. Aí o cheiro do Brasil chegou pra mim. A iminência da morte cortando na minha carne. Cheiro de flores de funeral. Graças, no fim deu tudo certo e Dona Teca esta aí pra cheirar à lavanda.
Passei anos sem fazer pesquisa e depois volto a andar pelo estado pra filmar. O cenário e o cheiro são outros.
Depois do governo Lula, as coisas mudaram. E, no sertão, chegaram as cisternas. Pareciam discos voadores ao lado da casa do povo. Agora todo mundo tinha água pra beber. E pra ajeitar um roçado miúdo. As casas cheiravam à terra molhada.
Chegou o bolsa família e toda e qualquer casa agora tinha cheiro. De pelo menos um feijão cozinhando na lenha.
Começou a brotar Instituto Técnico Federal e as pessoas voltaram a estudar pra contar muito mais do que a própria idade.
Os morcegos que viviam pendurados na ponte, construíram suas próprias casas. E aprenderam a usar banheiro.
Chegou a luz elétrica. Chegou Avon, chegou moto-taxi, chegou biscoito recheado, iogurte. Chegou possibilidade, universidade, chegou ousar sonhar. Chegou tanto cheiro junto, que não dá pra diferenciar.
Seu Ze de Severino juntou três comunidades, conseguiu verba num projeto do governo Lula e fez uma rede de encanamento pra todo mundo ter água na torneira. Seu Zé nunca esperou que fizessem por ele, mas nunca seria capaz de fazer antes de Lula.
Com essas mudanças e tantas outras, aqui se viu menos corpos estirados no chão. Virou mar de rosas? Não, claro que não. Lula não fez as reformas estruturais que deveria ter feito. Isso é fato. Mas de fato mudou a vida das pessoas mais pobres que chegaram a entrar na universidade e viajar de avião. Veja que absurdo. Desde que o golpe começou, muitos desses direitos foram tirados. O retrocesso é claro. Um golpe claro de classe. Pobre não pode.
No último mês executaram Marielle e prenderam Lula. Sinto cheiro de sangue. Sinto cheiro de ternos muito bem engomados dizendo quem agora pode cheirar a qualquer coisa. Sinto também muito cheiro de desodorante vencido da luta. Sinto cheiro de pneu queimando e sinto ardor de spray de pimenta.
Já estamos sem um Estado democrático há alguns anos. Vai ter muito cheiro de luta pra voltarmos a viver numa democracia. Mas aviso aos navegantes que vou colocar meu corpo nesse cheiro de luta aí. Sou Marielle, sou Lula, sou todas essas pessoas que não lembro o nome, mas seu cheiro tá entranhado em mim.
Publicado em primeira-mão no Facebook de Carol Vergolino Lula da Silva Franco

Colaboração pelo e-mail icatu.bdblog@blogger.com A publicação é automática, sem moderação

A carta de Ricardo Kotscho para Lula


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Meu bom e velho companheiro Lula,
como não sei se as cartas enviadas para a Polícia Federal aí de Curitiba chegam ao destinatário, escrevo aqui no Balaio mesmo, que é a minha ligação com o mundo.
Também não sei se você tem acesso à internet, mas algum parente ou advogado poderia te repassar esta carta. Primeiramente, meus parabéns pelo título do teu Corinthians. Foi muito merecido, a vitória do tostão do Carille contra o milhão da porcada.
Fora isso, sem boas notícias por aqui.
Continua o troca-troca de ministros no governo e o Supremo deve se reunir de novo na quarta-feira para analisar a segunda instância, mas acho que desse mato não sai mais coelho.
Não duvido de mais nada e estou começando a não acreditar em mais nada vindo do Judiciário. É tudo jogo de cartas marcadas.
Aquela imagem do final da missa da Marisa no sábado não me sai da cabeça, e acho que nem nunca vai sair.
Você deve ter visto a foto de um menino de 18 anos, enteado do Chico, que rodou o mundo, aquele mar de gente te carregando sem você conseguir colocar os pés no chão.
Me fez lembrar os melhores momentos das nossas campanhas, das muitas caravanas, das assembleias na Vila Euclides no início desta longa travessia.
O que mais me impressionou naquela interminável sexta-feira em que você deveria se entregar em Curitiba foi a tua serenidade diante do fato consumado, ao tentar animar as pessoas que estavam chorando no sindicato e ainda encontrando tempo para brincar com os amigos, sem perder o bom humor, mesmo nos momentos de maior tensão.
Teve uma hora, lembra?, que o pessoal quis tirar uma onda do Eduardo Suplicy com aquela história de querer ir junto para a cadeia, e você cortou no ato:
“Vocês ficam falando, mas este é o único macho que tem aqui dentro. Quem mais quer ir comigo pra lá? Não liga, não, Eduardo, nós vamos ter muito tempo lá pra você me explicar esta história da Renda Mínima…”
Pena que você não pode acompanhar o que acontecia do lado de fora do sindicato, o dia inteiro com gente se revezando no caminhão de som para te prestar solidariedade, e mais gente chegando a toda hora.
Quando acabou a água no sindicato, o caminhão-tanque não conseguia passar porque as ruas estavam tomadas por militantes que vieram de várias partes do país. Reencontrei companheiros que não via há muito tempo e eles sempre lembravam de alguma passagem tua pelas cidades deles.
Para mim, o momento mais emocionante foi o ato inter-religioso no meio da tarde, bem na hora em que você já deveria estar em Curitiba.
Falaram os representantes de sete denominações religiosas, ao mesmo tempo em que três mil peões da Volks estavam chegando em passeata pela Via Anchieta. Anotei algumas falas:
“Nós, judeus, sofremos na pele e na história o que é nazismo. Aonde há arbítrio e injustiça nós estamos contra. E o Lula hoje é vitima da opressão e da injustiça”.
Logo em seguida falou um muçulmano representando os palestinos e usando quase as mesmas palavras:
“Nós estamos aqui hoje como estamos na Faixa de Gaza, lutando contra a opressão e a injustiça. E estamos aqui lutando pela liberdade de Lula”.
Depois veio um grupo de umbanda e candomblé, cantando e dançando, parecia uma festa ecumênica.
Foi muito tocante também o discurso em tua defesa feito pela nossa Luiza Erundina, firme e forte em cima do caminhão, de onde não arredou pé.
Naquela sala do sindicato onde se reuniram teus amigos mais antigos, o Djalma Bom distribuía cópia da carta que entregou com a assinatura de nove diretores do tempo em que você presidia o sindicato. Vi que vocês dois ficaram bem emocionados quando se abraçaram, lembrando outros tempos em que a polícia cercava o sindicato. Diz um trecho da carta:
“No ano de 1969, quando você começou sua militância como diretor do Sindicato dos Metalúrgicos, tudo era proibido. Era proibido participar, discordar, contestar. Vivíamos num dos momentos mais cruéis da nossa história, da ditadura militar implantada em 1964, com forte repressão política contra o movimento sindical”.
E termina assim: “Não te garantem o direito constitucional da presunção da inocência. O que querem mesmo é te prender para que você não seja novamente presidente da República pela terceira vez como indicam as pesquisas eleitorais. Lula, nós acreditamos em sua inocência e você será sempre a nossa referência na luta contra qualquer tipo de injustiça”.
De tudo que li nos últimos dias sobre você, guardei uma frase do Jeferson Miola, colunista do portal 247, que resume o que também penso: “Com sua dignidade, Lula derrotou os indignos”.
Vida que segue.
Forte abraço do Ricardo Kotscho

Minha cartinha ao presidente Lula, por Maria Inês Nassif

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Fico aqui pensando como pode estar bem um cara que passou a vida conversando, e tem vocação para ouvir, falar e ler a alma das pessoas, longe delas. Ou, quando a cela é aberta, apenas vendo algozes que não merecem um abraço, um carinho, um gesto de compreensão. Não deve ser fácil. É ruim pensar que você está sozinho em uma cela, e é um tormento imaginar que o homem que não foi abatido pela perseguição e pela peçonha de seus inimigos possa ser ferido pela solidão. E a gente torce para que você use a sua teimosia nordestina e sua força para negar a eles também isso. Eles não merecem a sua tristeza.
Tenha certeza, porém, que a sua solidão é apenas um pequeno dado da realidade, apenas a impressão de quem se vê cercado por paredes. Lula não fica sozinho, porque Lula hoje é a companhia de todas as pessoas que viram emergir um Brasil tão melhor como em nenhum outro momento, tão importante como nunca, tão inclusivo como jamais antes fora. Tá certo, a operação desmonte do golpe empurrou o país para trás com violência, ferindo-o de morte. Mas hoje sabemos onde podemos chegar e de onde deveremos partir para ir mais longe do que fomos nos governos seus e de Dilma. Você nos ensinou que não somos vira-latas. Nós vamos tirar o nosso país da UTI.
A gente também viveu em solidão até neste sábado. Desde o golpe de 2016, nos sentíamos desprotegidos. A violência contra nós e contra a democracia que nós construímos nos deu uma enorme sensação de impotência. Da mesma forma como você mudou a cara do Brasil nos seus governos, transformou o sentimento de abandono que entrou dentro da gente. Até a brava resistência no Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo (e quando voltarmos ao poder podemos fazer um Museu da Resistência lá; o Sindicato merece), e até o seu discurso de 55 minutos para a multidão que o carregou no colo, e depois opôs resistência a que se entregasse, a gente se achava ilhado pelos irados golpistas. Juntos, hoje, temos o seu tamanho, presidente. E o senhor é grande demais para ser só, ou para nos deixar sós. Nós ficamos grandes também e estamos juntos. Nós quebramos nossa solidão com a companhia um do outro, na luta pelo reconhecimento de sua inocência, pela sua liberdade e pelo nosso direito de votar em você de novo.
Os golpistas são hoje representados pelos rejeitados de suas classes (li isso em Marx, no 18 Brumário, e acho que é o que mais exprime essa matilha de ignorantes políticos, hipócritas, medíocres que dão bebida grátis, pleiteiam ministérios da Cultura sem ao menos ter capacidade de diferenciar pornografia da arte, proíbem educação ou torturam mulheres para comemorar sua prisão, são os lumpem); por uma burocracia jurídica que não consegue descolar de seu papel de office boy das classes dominantes; e por uma classe política onde prevalece a oligarquia e onde o lumpem, destituído do senso de Estado Laico, luta por espaço na máquina de favores governamentais e na definição da moral rasa da fé e de bons costumes que não obedecem em sua vida pessoal. Não sei se eles se arrependerão do comportamento vil que tiveram no impeachment da Dilma, ou nos seus julgamentos em primeira e segunda instâncias, ou no Supremo Tribunal Federal (aliás, eu me pergunto quem é a opinião pública que o ministro Barroso atende confirmando a prisão de um inocente.
Na verdade, é uma minoria composta por bandidos, uma burguesia mal intencionada, interesses estrangeiros e uma classe média idiotizada pela Globo). Talvez não. O que sei é que eles acharam que estavam ainda em 1964 e iriam dar um golpe sem qualquer tipo de reação. Hoje, quanto mais acirram o golpe, mais unem a verdadeira maioria: o povo que foi beneficiado por sua política e os patriotas que querem o Brasil de Lula, porque o Brasil de Lula é maior, melhor e mais justo que o deles.
Desculpa, presidente, ultimamente passei a falar muito, com muita indignação. Falo demais e voltei a escrever – eu havia brigado com as letrinhas nesses dois anos, achando que elas não cumpriram direito a missão de defender a democracia. Como essa sempre foi a minha profissão e minha paixão, eu me dei por incompetente e passei a olhar para os teclados sem saber o que diria, envergonhada da minha insignificância. Voltei agora e estou recuperando minha paixão pela história, pelo causo, pelo relato. 
Por hoje é isso. Agora vou levar a carta no Correio e escrever o livro que está no computador. Pedir ajuda das letrinhas para dar ao livro, cujo tema é o passado, a dimensão desses tempos presentes.
Um abraço da
Inês Nassif

Cartas para Lula



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Destinatário: Luiz Inácio Lula da Silva
- Superintendência da Polícia Federal -  Rua Professora Sandália Monzon, 210 - Santa Cândida, Curitiba/PR
CEP - 82640-040

Transmita sua força e indignação contra essa prisão arbitrária do maior líder popular da história do Brasil.
E que nossos adversários, "homens e mulheres de bem" continuem recebendo a justa homenagem do cafetão Oscar Maroni no seu puteiro de luxo.




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