José Dirceu - Ao povo brasileiro
Nota da UNE
É com política que se ganha a juventude
por Alon Feuerwerker
Se é possível falar em peleguismo, é pouco razoável olhar só para um lado do problema.
O movimento político-sindical que resultaria no PT alimentou-se, na nascente, de ideias renovadoras. Uma delas ensaia ressuscitar pelas mãos da CUT: o fim do chamado imposto sindical, a doação compulsória de cada um para financiar as entidades.
Segundo a lógica do poder, não faz sentido um sindicalismo tão carente de músculo e tão escravo dos cofres públicos criar problemas para um governo que o prestigia com gestos de apreço e espaços, além das verbas.
O relato de um ex-guerrilheiro
O presidente da UNE coloca o dedo na ferida
CartaCapital
Os mesmos jornais que se horrorizam com o fato de termos recebido recursos para reunir 10 mil estudantes de todo o Brasil não parecem incomodados em receberem, eles próprios, um montante considerável de verbas publicitárias do governo federal. Em 2008, as verbas públicas destinadas para as emissoras de televisão foram de R$ 641 milhões, já os jornais receberam quase R$ 135 milhões.
Ora, por qual razão os patrocínios recebidos pela UNE corrompem nossas ideias enquanto todo este recurso em nada arranha a independência desses veículos? A UNE desafia cada um deles: declarem que de hoje em diante não aceitam um centavo em dinheiro público e faremos o mesmo! De nossa parte temos a certeza que seguiremos nossa trajetória!
Com certeza não teremos resposta. Pois não é esta a questão principal. O que os incomoda e o que eles querem ocultar: a discussão sobre o futuro do Brasil e a opinião dos estudantes.
(...) Mas, onde estavam os jornais, as TV’s, rádios e revistas para noticiar essas manifestações? Reunimos, em julho de 2007, mais de 20 mil pessoas na Esplanada dos Ministérios para pedir mudanças na política econômica do governo Lula e nenhuma nota foi publicada ou divulgada sobre isso.
(...) UNE acaba de sair do seu 51º Congresso, um dos mais importantes e o mais representativo da sua história. Mais de 2.300 instituições de ensino superior elegeram representantes a este fórum, contabilizando as impressionantes marcas de 92% das instituições envolvidas, mais de 2 milhões de votos nas eleições de base e de 4 milhões e meio de universitários representados.
Continua: http://www.cartacapital.com.
UNE coerente
51º congresso da UNE
As campanhas pré-eleitorais da chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, e do deputado Ciro Gomes (PSB-CE) dividiram nesta quinta-feira os participantes do 51o Congresso Nacional da União Nacional dos Estudantes (UNE), que contou com a presença da ministra e do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Dilma é a pré-candidata do PT para a eleição presidencial de 2010. Já o deputado é citado como possível candidato a presidente, mas está em seus planos concorrer a governador de São Paulo.
Antes da chegada das autoridades ao local do evento, uma pequena parcela dos cerca de 2.800 estudantes gritou: "Brasil para frente, Ciro presidente."
Em seguida, a maioria do auditório respondeu com vaias e palavras de ordem em defesa da ministra, como "Olê, olê, olê, olá; Dilma, Dilma".
O presidente Lula também foi saudado com um coro, mas tentou frear os estudantes.
"Vocês vieram aqui para trabalhar ou para gritar?", disse Lula, o primeiro presidente a participar de um congresso nacional da UNE desde que a entidade foi fundada, em 1937.
O presidente defendeu a ampliação do acesso ao ensino universitário e as cotas raciais, a autonomia da instituição estudantil para fazer reivindicações junto ao governo e o esclarecimento do destino dos mortos e desaparecidos pela ditadura militar.
Ao falar das realizações sociais do seu governo, Lula se emocionou.
O presidente também respondeu o pedido feito pelos estudantes por uma maior participação do Estado na Petrobras e pela nacionalização das reservas de petróleo localizadas na camada pré-sal.
Segundo Lula, Dilma lhe entregará a proposta final do novo marco regulatório do setor em 10 dias, que depois será enviado ao Congresso.
"Não quero que seja um projeto meu. Quero que seja um projeto da sociedade brasileira para que mais ninguém tente privatizar esse patrimônio nacional", afirmou Lula.
A UNE, que recebeu recursos da Petrobras e outros órgãos públicos para realizar o congresso, fará uma manifestação nesta quinta-feira em defesa da estatal e do petróleo.
"A CPI da Petrobras (instalada no Senado) não é um balizador deste ato, mas vai ser comentada na passeata. Vai haver falas contra e a favor da CPI", disse à Reuters a presidente da UNE, Lúcia Stumpf.
Em seu discurso, a representante dos estudantes pediu a Lula que o Executivo reduza a meta de superávit primário e os juros a fim de haver mais capacidade para aplicar recursos no setor.
"Precisamos alcançar a meta de 10 por cento do PIB (Produto Interno Bruto) investidos em educação."
(Reportagem de Fernando Exman)