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Provocações

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A primeira provocação ele não aguentou calado. Na verdade, chorou e esperneou muito. Nada demais, quase todo bebê faz assim, mesmo os que nascem em maternidade por cesariana. E não como ele, numa caverna, aparado apenas pelo chão de pedra.

Outra provocação foi perder a metade dos seus dez irmãos, por doença e falta de atendimento. Não gostou nada daquilo. Mas ficou firme. Era de boa paz.
Foram lhe provocando por toda a vida.
Não pode ir a escola porque tinha que ajudar na roça. Tudo bem, gostava da roça. Mas aí lhe tiraram a roça.
Na cidade, para aonde teve que ir com a família, era provocação de tudo que era lado. Resistiu a todas. Morar em barraco. Depois perder o barraco, que estava onde não podia estar. Ir para um barraco pior. Ficou firme.
Queria um emprego, só conseguiu um subemprego. Queria casar, conseguiu uma sub-mulher. Tiveram sub-filhos. Subnutridos. Para conseguir ajuda, só entrando em fila. E a ajuda não ajudava.
Estavam lhe provocando.
Gostava da roça. O negócio dele era a roça. Queria voltar pra roça.
Ouvira falar de uma tal reforma agrária. Não sabia bem o que era. Parece que a ideia era lhe dar uma terrinha. Se não era outra provocação, era uma boa.
Terra era o que não faltava.
Passou anos ouvindo falar em reforma agrária. Em voltar à terra. Em ter a terra que nunca tivera. Amanhã. No próximo ano. No próximo governo. Concluiu que era provocação. Mais uma.
Finalmente ouviu dizer que desta vez a reforma agrária vinha mesmo. Para valer. Garantida. Se animou. Se mobilizou. Pegou a enxada e foi brigar pelo que pudesse conseguir. Estava disposto a aceitar qualquer coisa. Só não estava mais disposto a aceitar provocação.
Aí ouviu que a reforma agrária não era bem assim. Talvez amanhã. Talvez no próximo ano… Então protestou.
Na décima milésima provocação, reagiu. E ouviu espantado, as pessoas dizerem, horrorizadas com ele:
– Violência, não! 
(Luis Fernando Veríssimo)

***

Paulo Henrique Amorim entrevista João Pedro Stedile, líder do MST


PHA:  Você poderia descrever que atividades foram feitas ontem pelo Movimento dos Sem Terra em todo o país ? 

Stédile: O MST, assim como outros movimentos da Via Campesina, diversos movimentos da Frente Brasil Popular, sindicatos da CUT e da Central de Trabalhadoras do Brasil desenvolvemos uma jornada nacional de paralisação de atividades e protestos contra a votação no Senado que deve afastar a Presidenta Dilma. É uma maneira de alertarmos a população e empresários em geral de que eles podem controlar os parlamentares, mas não controlam a produção e a sociedade em geral.

PHA: Esse movimento, você acredita, como me disse o Boulos, é apenas o começo?

Stédile: Eu acho que há um sentimento na sociedade de indignação contra essa hipocrisia do impeachment e, por enquanto, quem está se mobilizando são as parcelas organizadas da classe trabalhadora. Eu acredito que, devagar, outras parcelas se envolverão em mais mobilizações, assim que começar o governo ilegítimo do Temer, que vai implementar um programa neoliberal e vai afetar os interesses da classe trabalhadora. A classe trabalhadora ainda não se deu conta do temporal que vem por aí. Quando ela se der conta, acho que as mobilizações vão se ampliar em todo o país. Nesse sentido, o que aconteceu hoje é apenas um sinal.
 
PHA: Você diria que, com essa movimentação de hoje, houve uma unidade dessas forças políticas que pretendem contestar ou evitar que o Golpe se concretize?

Stédile: Eu acho que, nos últimos meses, houve um processo de unificação das forças populares, que estão presentes da Frente Povo Sem Medo e na Frente Brasil Popular, mas, sobretudo, houve uma unidade com setores como intelectuais, artistas, juristas, igrejas cristãs e de matriz africana. Na semana passada, entregamos ao Renan [Calheiros, presidente do Senado] e ao presidente [do STF] Ricardo Lewandowski três volumes com mais de 320 abaixo-assinados com milhões de assinaturas contra esse processo de impeachment. Eu acho que entre as forças ativas da sociedade há uma unidade grande contra o Golpe.

PHA: Como você descreveria a posição dos partidos? Como você descreve a posição do PT nesse momento?

Stédile: Acho que os partidos estão acompanhando o que as forças populares estão se manifestando. Os partidos, de maneira geral, perderam a capacidade de mobilização por si só. Eu vejo até como uma posição bastante humilde deles que reconhecem que as únicas forças capazes de fazer frente ao Golpe são as mobilizações de ruas, já que, nos últimos anos, os partidos priorizaram apenas as eleições e o Parlamento. Não resta outro caminho aos partidos a não ser se somarem às forças populares.

PHA: O senador João Capiberibe, o PCdoB e o senador Requião encaminharam a proposta de novas eleições. Seja através de um plebiscito para convocar eleições ou convocar eleição já. Qual a posição do MST?

Hipismo

[...] para O Globo, pobre merece menos que cavalo 

É simplesmente nojenta a matéria de capa e manchete da página 10 de hoje de O Globo.

Faz um escândalo  com o fato de o Governo da Bahia (leia-se Jacques Wagner) mandar dar comida aos mais de três mil pobres do MST que, pedindo um pedacinho de terra, ocuparam pacificamente a Secretaria de Agricultura e Reforma Agrária do Estado.
Comida, arroz, feijão e  o pior,  carne. Menos de 200 gramas por dia para cada pessoa, mas é um absurdo!
E banheiros químicos, vejam que despautério, para que eles façam suas necessidades.
Ah, e chuveiros e água, para tomarem banho.
É, como diz o jornal, “uma colônia de férias”. Vocêr pode ver na foto uma atividade de lazer: fazer carne de sol, para guardar um pouco para ter o que comer amanhã, que luxo!
A matéria é tão abjeta que nem mesmo encarregaram um repórter do jornal de fazê-la. Encomendaram-na de um graduado do jornal A Tarde, de Salvador, conhecido pelas ligações que diz não ter com o carlismo.
Carne para os sem-terra comerem, que escândalo. Um abuso, uma fartura, um exagero. Ora, nem os cavalos do Haras da família Marinho “comem carne, onde já se viu! Segundo a Folha, só ração e feno trazido do sul, além de linhaça. “Sem frescura”, diz o jornal. Tomam banho com xampú neutro, enquanto os sem-terra esbanjam com sabão de côco.
Os cavalos do Haras Marinho só custam, além disso, mais R$ 3.600 por mês ou mais R$ 1.000, quando vão para um SPA. Preços de 2009, está na Folha.
Ah, a elite brasileira e sua mídia “Maria Antonieta”… Acho que a opção “www.brioches.com” aí da pesquisa sobre o nome do site de Figueiredo Henrique Cardoso vai ganhar uns votinhos…

por Carlos Chagas


APOIO INDISCUTÍVEL, PROBLEMAS INSOLÚVEIS

Nem tudo são flores no governo Dilma Rousseff. Apesar de sua popularidade indiscutível, revelada nas primeiras pesquisas divulgadas após sua posse, existem problemas aos montes diante dela. Todos exigem pronta resposta, mesmo que as soluções demorem, estendendo-se pelo seu mandato. Vale alinhar alguns, sem ordem de premência ou prioridade.

O MST é um deles. Apesar de sucessivos pedidos de audiência, a presidente não marcou data para receber seus líderes. Passados cem dias de governo, João Pedro Stédile, Gilmar Mauro e outros comandantes do movimento decidiram desencadear o “abril vermelho”, programando cem invasões de terras, aliás, já iniciadas na Bahia. Fará o quê, o governo federal,  se de uma dessas aventuras resultarem vítimas? Já aconteceu no passado e ainda que pela Constituição  a preservação da ordem fique por conta dos governos estaduais, será impossível lavar as mãos. Em especial se acontecerem invasões e depredações de prédios públicos urbanos. Agilizar a reforma agrária sem recursos suficientes valerá po


Os militares também constituem dificuldades. Até agora Dilma agiu com mão de ferro, levando o chefe do Gabinete de Segurança  Institucional, general José Elito,  a desmentir-se logo nos primeiros dias de governo, bem como instruindo o ministro da Defesa, Nelson Jobim, a proibir conferência do general Augusto Heleno, de exaltação ao movimento de 1964. A instalação da chamada Comissão da Verdade, no Congresso, representará outro obstáculo para o bom relacionamento do palácio do Planalto com as forças armadas. A presidente já se pronunciou favorável  à apuração de responsabilidades nos atos de tortura praticados à sombra do regime militar, mas silencia diante da reivindicação castrense, de que se for para apurar, mesmo sem punir, que se apurem os crimes cometidos pelos terroristas e subversivos da época. Não parece confortável a situação do ministro da Defesa, mas muito mais difícil será encontrar-lhe um substituto.

A impunidade diante de atos de corrupção praticados à sombra dos últimos oito anos é outro problema. Ainda agora surgem novas peças no processo que se arrasta contra os mensaleiros,  no Supremo Tribunal Federal. Pior do que uma eventual punição de companheiros do PT envolvidos na roubalheira e formação de quadrilha será a absolvição deles. Para a opinião pública, o Executivo  não terá como ficar de fora das decisões do Judiciário. Acresce ser a impunidade um estado de espírito nacional, ressaltando-se que até hoje, desde a posse da presidente, nenhuma denúncia surgiu,  de implicação de seus ministros e auxiliares.  Mas pela própria natureza humana, será questão de tempo, aguardando-se então sua reação.  Estará mais para Itamar Franco, inflexível na demissão de acusados, ou para Lula, complacente com a sua turma?

No PMDB e no Congresso situam-se previsões nada confortáveis para Dilma. Apesar de suas declarações de que só nomearia gente capaz e ilibada para o ministério e o segundo escalão, precisou ceder às pressões  partidárias,  com ênfase também para o PT. Evitando  o constrangimento de fulanizações, salta aos olhos a presença de alguns ministros que nada tem a ver com os ministérios que exercem. Aliados derrotados nas eleições passadas tem sido aquinhoados com postos na administração federal, não obstante a relutância com que a presidente atende às indicações. O difícil será, atendendo uns, desatender outros, se as exigências vem acompanhadas de ameaças quanto às votações no Congresso. Existem pelo menos seis ministros, dos 37, que até hoje não foram recebidos em audiência por Dilma, coincidentemente aqueles de indicações partidárias.

Dificuldades são previstas caso a reforma política se desenvolva, da mesma forma como surgiriam no caso de seu congelamento. Irá a presidente adotar a tendência majoritária do PT,pela adoção de voto em lista fechada nas eleições para a deputado federal e estadual? Não seria uma castração do direito do eleitor de escolher o seu candidato? Como justificar a concordância de Dilma com essa proposta impopular? Tem mais: num período de ampla contenção de despesas públicas, estaria o governo disposto a endossar o financiamento público das campanhas?

Na política externa situa-se outro nó a desatar pela presidente. Apesar de haver adotado posições diversas daquelas seguidas pelo Lula, como no caso do Irã e dos direitos humanos, a presidente  frustrou-se com o diálogo verificado com o presidente Barack Obama. Nenhuma de nossas reivindicações mereceu a devida atenção, como a diminuição das barreiras alfandegárias aos  produtos brasileiros  de exportação. Há quem, julgue que se sobrevierem resultados concretos  da visita de Dilma à China, a iniciar-se sexta-feira, surpresas poderão acontecer em termos de política externa.

A reforma tributária dá a impressão de haver sido acometida de poliomielite. Se o ministro Guido Mantega trabalha nela,  assim como a “Conceição”, ninguém sabe, ninguém viu, apesar de ter-se constituído numa das promessas de campanha, lembrada até mesmo no discurso de posse. As elites financeiras puxam de um lado, a equipe econômica de outro, mas se vencer a proposta de aumento de impostos, em especial para a classe média e para   os menos favorecidos, é certo que cairão sólidos percentuais nos índices de popularidade da presidente. Os governadores também mantém-se na expectativa: poderão criar dificuldades na hipótese de perderem receita ou se tiverem contrariados seus interesses regionais.

O combate à miséria e à pobreza permanece o grande objetivo do governo Dilma, mas ela já declarou tratar-se de tarefa capaz de ultrapassar os limites de seu governo. Muito mais fácil foi prometer do que está sendo cumprir. O desemprego diminui, conforme as estatísticas oficiais, mas o número de crianças sem escola aumenta, assim como o analfabetismo mantém-se  em constrangedor patamar.  Na área da saúde pública multiplicam-se as filas nos hospitais, faltam remédios e há carência de médicos e pessoal técnico, até por conta do congelamento de  recursos para o  setor.

Enfim, são grandes e agudos os problemas da presidente da República, mesmo em  meio ao apoio  recebido da população, porque  muitas outras pedras no caminho dele não vem sendo removidas. Pelo contrário, avolumam-se.

MST

[...] programa cem invasões
Silvia Amorim, O Globo
Com o objetivo de aumentar a pressão sobre o governo Dilma Rousseff, o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) programa para este mês cerca de cem invasões de propriedades por todo o país.
A Jornada Nacional de Lutas por Reforma Agrária, popularmente apelidada de "Abril Vermelho", começou no fim de semana, tendo a Bahia como foco. No sul do estado, três fazendas foram invadidas entre sexta-feira e ontem. 
Sem diálogo com o governo Dilma nesses primeiros três meses de gestão, o movimento cobra para este mês a abertura de negociações.

— Já fizemos pedido de reunião com a presidente, mas não houve nenhuma resposta. Esperamos ser recebidos, ao menos, por ministros agora — afirma um dos integrantes da direção nacional do MST, Gilmar Mauro.
Além de invasões de terra, o MST promete para abril ocupações e protestos em órgãos públicos e marchas de trabalhadores em alguns estados. As ações estão sendo articuladas pelas coordenações regionais da entidade.
— Desde o fim da eleição, o tema reforma agrária sumiu da pauta, e precisamos que ele seja retomado. Garantimos que a pressão social vai aumentar— afirmou Mauro.
O auge do "Abril Vermelho" está previsto para o dia 17, quando o massacre de sem-terra de Eldorado dos Carajás (PA) completa 15 anos. O episódio entrou para a História como um dos mais sangrentos embates pela posse de terra no país. Dezoito sem-terra foram assassinados por policiais no confronto.
A pauta de reivindicações do movimento é ambiciosa. Os sem-terra exigem o assentamento de cem mil famílias em 2011. Também é exigido aumento dos recursos para obtenção de terras.
Segundo Mauro, o corte no orçamento deste ano fez cair de R$ 600 milhões para R$ 380 milhões os recursos para esse fim. Outra demanda é a melhoria dos assentamentos já realizados pelo governo. O MST diz que muitos deles estão em situação precária e sem infraestrutura básica.

O Pig não manchetou

CPMI do MST é encerrada; nada foi encontrado

CPMI do MST é encerrada; nada foi encontrado

Foi formalmente encerrada a CPMI - Comissão Parlamentar Mista de Inquérito - do MST -  Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra -. 

A instância criada pelos ruralistas para vasculhar as contas do movimento foi coberta com uma pá de cal no último dia 31 de janeiro, sem que o relatório final fosse submetido à votação dos membros da comissão.

Manifesto de entidades socias pró-Dilma

Vamos eleger Dilma presidente do Brasil!
No início do processo eleitoral deste ano, os movimentos sociais e a Via Campesina Brasil tomaram a decisão política de empenhar esforços para eleger o maior número possível de parlamentares e governadores identificados com as bandeiras populares da classe trabalhadora, com o aprofundamento da democracia e soberania brasileira e com políticas que combatam a concentração da propriedade e da renda em nosso país.
Quanto à eleição presidencial, as organizações populares que compõem a Via Campesina decidiram lutar para que não houvesse a vitória eleitoral de uma proposta neoliberal, representando pela candidatura do tucano José Serra.
Passando o primeiro turno dessa campanha eleitoral, realizado em 3 de outubro, queremos, com este comunicado ao povo brasileiro, manifestar nossa decisão política frente às eleições deste ano.
Avaliação do 1º turno
As renovações que aconteceram nas Assembleias estaduais, na Câmara dos Deputados, no Senado Federal, além da eleição e reeleição de governadores progressistas, são alvissareiras. No Senado Federal, especialmente, fomos vitoriosos com a eleição de companheiros e companheiras identificadas com as nossas lutas e com a não eleição de senadores que se notabilizaram pela perseguição aos movimentos sociais, identificados com os interesses do agronegócio.
Destacamos como vitória a derrota eleitoral do governo tucano de Yeda Crusius, no Rio Grande do Sul, que se notabilizou, juntamente com o governo tucano de São Paulo, pelo controle da mídia, criminalização dos movimentos sociais e repressão à luta pela Reforma Agrária, aos movimentos de moradia e ao movimento dos professores da rede pública estadual.
Em relação às campanhas presidenciais, não transcorreram debates em torno de projetos políticos e dos problemas principais que afetam a população brasileira. A campanha de Dilma Rousseff (PT) buscou apenas, de forma pragmática, divulgar o desenvolvimento econômico e as políticas sociais do governo Lula, apoiando-se na popularidade e nos enorme índices de aprovação do atual governo. Com essa estratégia, obteve quase 47% dos votos, que foram insuficientes para vencer no primeiro turno.
A candidatura de José Serra (PSDB) nos surpreendeu, não por sua identificação com as políticas neoliberais, e sim pelo baixo nível da sua campanha presidencial. Foi agressivo e perseguiu jornalistas em entrevistas, tentou interferir em julgamentos do Supremo Tribunal Federal (STF), espalhou mentiras e acusações infundadas.
Chegou a usar a própria esposa, que percorreu as ruas de Niterói (RJ) dizendo que Dilma Rousseff "é a favor de matar as criancinhas". Somente uma candidatura sem nenhum compromisso com a ética e com a verdade, contando com o total controle sobre a mídia, pode desenvolver uma campanha de tão baixo nível. A biografia do candidato já é a maior derrotada nestas eleições.
A candidatura de Marina Silva (PV) cumpriu o objetivo a que se propôs: provocar o segundo turno nesta campanha eleitoral. O tempo dirá se o seu êxito serviu para fortalecer a democracia ou simplesmente foi utilizada pelas forças conservadoras, para que retornassem ao governo.
Já as candidaturas identificadas com os partidos de esquerda, que utilizaram o espaço eleitoral para defender os interesses da classe trabalhadora, infelizmente tiveram uma votação inexpressiva.
O descenso social que temos há duas décadas em nosso país, a fragmentação das organizações da classe trabalhadora e a fragilidade da política de comunicação com a sociedade certamente influíram no resultado eleitoral. Cabe uma auto-crítica aos partidos políticos que se limitam apenas às campanhas eleitorais para dialogar com a sociedade. E que não falte daqui pra frente trabalho de base e a formação política permanente.
As eleições deste ano demonstraram o poder nefasto e antidemocrático da mídia. Mas, por outro lado, foi potencializada uma rede de comunicadores independentes, comprometidos com a liberdade de expressão e com o direito à informação, e que enfrentam aguerridamente o monopólio dos meios de comunicação em nosso país. São avanços rumo à democratização da informação e na construção de uma comunicação democrática e plural, com a participação da sociedade.
O 2º Turno
Nós reafirmamos nosso compromisso em defesa das bandeiras de lutas da classe trabalhadora e na construção de um país democrático, socialmente justo e soberano. Independentemente do governo eleito, seja ele qual for, iremos lutar de forma intransigente pela expansão das liberdades e dos direitos democráticos oprimidos.
Vamos lutar também por mudanças nas instituições e serviços públicos, em benefício da ampla maioria da população; combater aos monopólios para o desenvolvimento com soberania e distribuição de renda; defender as conquistas trabalhistas, a redução da jornada de trabalho, o direito de greve para os servidores públicos; a Previdência Social pública, de boa qualidade, pelo fim do fator previdenciário.
Defendemos também a realização de uma reforma urbana, com moradia, saneamento básico, transporte público e segurança; a construção de serviços de saúde universal e de boa qualidade; reformas na educação pública e promoção da cultura nacional-popular com caráter universal; o fim do latifúndio, limite do capital estrangeiro sobre os nossos recursos naturais e a realização de uma Reforma Agrária anti-latifundiária; a implantação de novas relações da sociedade com o meio ambiente e efetivação uma política externa de autodeterminação, solidariedade aos povos e que priorize a integração dos povos do continente latino-americano e do Caribe.
Infelizmente, os avanços do governo Lula em direção a essas bandeiras democrático-populares foram insuficientes, em em que pese o acerto de sua política externa. Também nos preocupa constatar que, no arco de alianças da candidatura de Dilma Rousseff, há forças políticas que se contrapõem a essas demandas sociais.
Porém, temos uma certeza: José Serra, por sua campanha, pelo seu governo no Estado de São Paulo e pelos oito anos de governo FHC, tornou-se o inimigo dessas bandeiras de lutas. Pelo caráter anti-democrático e anti-popular dos partidos que compõem sua aliança eleitoral e por sua personalidade autoritária, estamos convictos que uma possível vitória sua significará um retrocesso para os movimentos sociais e populares em nosso país, para as conquistas democráticas em nosso continente e uma maior subordinação ao império dos Estados Unidos. Esse retrocesso não queremos que aconteça.
Nossa posição nessa conjuntura
Assim, os movimentos sociais e a Via Campesina Brasil afirmam o seu apoio e compromisso de lutar para eleger a candidata Dilma Rousseff para o cargo de presidenta do Brasil. Queremos nos juntar aos movimentos sindicais, populares, estudantis, religiosos e progressistas para promover debates com a sociedade, desmascarar a propaganda enganosa dos neoliberais e autoritários e exigir avanços na democracia, nas políticas públicas que favoreçam a população, no combate aos corruptos e corruptores e na democratização do poder em nosso país.
Precisamos derrotar a candidatura Serra, que representa as forças direitistas e fascistas do país. Devemos seguir organizando o povo para que lute por seus direitos e mudanças sociais, mantendo sempre nossa autonomia política frente aos governos.
Conclamamos a militância de todos os movimentos sociais, os lutadores e lutadoras do povo brasileiro, para se engajarem nessa luta, que é importantíssima para a classe trabalhadora.
Vamos à luta!! Vamos eleger Dilma Rousseff presidenta do Brasil.
Via Campesina Brasil
Movimento dos Atingidos por Barragens- MAB
Movimento das Mulheres Camponesas- MMC
Movimento dos Pequenos Agricultores - MPA
Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra- MST
Federação dos Estudantes de Agronomia do Brasil- FEAB
Assembléia Popular- PE
Centro de Estudos Barão de Itararé
Fórum Brasileiro de Economia Solidária
Marcha Mundial das Mulheres- MMM
Movimento Camponês Popular- MCP
Rede Brasileira de Integração dos Povos- REBRIP
Rede de Educação Cidadã Sudeste- RECID
Sindicato dos Engenheiros do Paraná- Senge-PR
Uniao de Estudantes Afrodescendentes-UNEAFRO "
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Lula responde

Ademilson Viana, 41 anos, fotógrafo de São Mateus (ES) - Presidente, quando é que a reforma agrária acontecerá efetivamente no Brasil sem a necessidade de o Movimento Sem Terra ocupar terras?

Lula - A reforma agrária já está ocorrendo efetivamente no Brasil. Veja que, no meu governo, o Incra assentou 580 mil famílias, em uma área de 47 milhões de hectares. São quase 60% de todos os assentados e 55% do total de terras destinadas à reforma agrária em 40 anos de existência do Incra. O orçamento geral do Incra cresceu 200% entre 2003 e 2009, passando de R$ 1,5 bilhão para R$ 4,6 bilhões. Com isso, foi possível atender, neste período, 742 mil famílias assentadas com estradas, energia elétrica e abastecimento de água e com a construção e reforma de 382 mil moradias. No mesmo período, o Incra destinou R$ 665 milhões para orientação técnica da produção agrícola de assentamentos por meio do serviço de Assistência Técnica, Social e Ambiental (Ates), em parceria com entidades públicas e privadas. Em 2003, este serviço atendeu 95 mil famílias, em 2009, foram 270 mil e, para este ano, já temos contratos que ampliam o atendimento para 328 mil famílias. Esse processo tem como base o diálogo com os movimentos sociais, o que se traduz em redução das ocupações e das mortes decorrentes de conflitos agrários, que vêm caindo em torno de 30% ao ano nos últimos três anos, conforme dados da Comissão Pastoral da Terra (CPT) e da Ouvidoria Nacional do Incra.

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Mudança na campanha de Serra mostra falta de rumo

Leia, abaixo, os principais trechos da entrevista com Alberto Carlos de Almeida  Diretor do Instituto Análise e doutor em Ciência Política pelo Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro (Iuperj).

Boca de Urna – Com as críticas às ligações do PT com as Farc, com o bolivarianismo do presidente da Venezuela, Hugo Chávez, e o MST, a campanha de José Serra parece ter partido para um acirramento ideológico à direita. Essa mudança de tom pode dar certo do ponto de vista eleitoral?

Alberto Carlos de Almeida – Acho que não. O maior porém dessa estratégia é dar munição à campanha da Dilma e ao PT para mostrar que o Serra é contra o governo Lula. Há três semanas, Serra e a campanha tem feito um somatório de críticas. Não só às Farcs, mas também à construção de Belo Monte, às obras de Copa.  Para mim, isso mostra falta de rumo porque o Serra começou a campanha, dizendo que daria continuidade ao governo Lula, com o slogan “O Brasil pode mais”. No começo da campanha, a Dilma disse que o Serra agia que nem biruta de aeroporto. No final das contas,  ele está meio sem rumo mesmo. O Serra está fazendo o equivalente ao que o Lula fez em 1994 ao criticar o Plano Real.  O Lula disse que o Plano Real era o Plano Cruzado dos ricos. Quando falou aquilo, ele ajudou o Fernando Henrique. Agora é a mesma coisa. Como há uma aprovação avassaladora do governo Lula, quando mais você o critica, mais você ajuda o governo. Do ponto de vista estratégico, a campanha do Serra, no fundo, está ajudando a campanha do governo.

Boca de Urna – O Serra começou a campanha com uma estratégia de não fazer críticas ao governo Lula. Por que houve essa guinada?

Almeida – A campanha é muito difícil para o Serra por conta da elevada aprovação do governo. Em 2002, quando ele disputou pela primeira vez a Presidência, ele foi candidato do governo, mas queria se afastar do governo FHC, que era impopular. Agora, ele é um candidato de oposição que, teoricamente, para ter sucesso, teria de se aproximar do governo, numa estratégia semelhante à adotada pelo Sebastián Piñera (político de direita, que foi eleito presidente do Chile em janeiro deste ano), que se colocou como continuidade do governo da ex-presidente Michelle Bachelet (socialista). Lá, o Piñera usou grandes símbolos, como a duplicação da licença maternidade, para mostrar essa continuidade. Essa inflexão da campanha do Serra mostra um conservadorismo. É uma campanha que não vai ousar. Ousar seria se aproximar em termos simbólicos do governo. Na pré-campanha, houve uma espécie de carta de intenções de fazer uma campanha próxima do governo, mas essa intenção não está sendo realizada nessa fase atual da campanha, em que o bicho pega. Imagino que deve ter havido muitos debates internos na campanha tucana sobre o posicionamento do candidato. Deve ter vencido a tese de que não adianta tentar mudar o posicionamento, porque o campo governista já está dominado pela Dilma.

Boca de Urna – O Serra deveria continuar então a linha de forçar uma comparação com a candidata Dilma Rousseff  em termos de perfil e currículo?
Almeida -  Sim, desde que isso não fosse algo abstrato. Não adianta dizer apenas que eu sou melhor do que a Dilma, vocês vão se dar conta disso e vão votar em mim. Você é melhor para quê? Com que objetivo? Por isso, eu digo que não pode ser uma comparação biográfica em abstrato. Comparação biográfica tem de visar a um objetivo concreto, que seria dar continuidade ao Lula em um tema específico: o aumento da capacidade do poder de compra da população. Esse é um tema que não tem estado na agenda de campanha do Serra.

Boca de Urna – Esse seria um discurso capaz de atrair a nova classe média emergente?

Almeida – Não só a classe média, mas também a classe mais baixa. Esse discurso pega todo mundo que seja do meio para baixo. As pessoas são muito sensíveis ao poder do aumento de compra. Quando o Serra enfatiza a questão da segurança pública e da saúde, é uma decisão equivocada em termos de obtenção de votos. Na hora de escolher um candidato, o que mais pesa para o eleitor brasileiro é saber quem acha que irá comprar aumentar a sua capacidade de compra. Não é segurança pública, nem saúde, porque o eleitor sabe que, no sistema brasileiro, essas atribuições são mais dos Estados e municípios que do governo federal.
Guilherme Evelin

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De acordo no essencial

As ruidosas diferenças entre PT e PSDB sobre o tratamento a dar ao MST e outras organizações da luta rural encobrem uma concordância básica: para ambos, a reforma agrária deixou de fazer sentido no atual estágio de desenvolvimento capitalista brasileiro.

O diagnóstico comum não surpreende quem acompanhou a formação das duas correntes políticas. Já nos anos 1970 era a posição dos teóricos e militantes dos grupos que estão nas raízes do peessedebismo e do petismo. Que aliás remetem à antiga Ação Popular, organização da esquerda católica nos anos 1960. 

A derrota do PC do B na guerrilha do Araguaia talvez reste para a História como o marco simbólico dessa transição de conceitos. Saía silenciosamente de cena a luta pela distribuição de terra, entrava o combate dos trabalhadores rurais pela carteira assinada, condições dignas de trabalho, etc.

Nas últimas décadas, a reforma agrária persistiu no noticiário, e mesmo em políticas compensatórias de governos. Alguma terra foi distribuída, algum dinheiro foi dado. Os movimentos sociais passaram a ser recebidos em palácio. E só. 

Qualquer um que conversa a sério com Luiz Inácio Lula da Silva sobre o assunto pode informar sobre a opinião dele: a reforma agrária deveria ter sido feita lá atrás; como não foi, agora o quadro é outro. 

Aos movimentos sociais, recursos e discursos em doses suficientes para aplacar as tensões. Já a política agrária para valer é feita com os grandes parceiros empresariais.

Dos transgênicos ao álcool combustível, passando pela luta em defesa do boi e da soja na fronteira agrícola, nenhum presidente conseguiria ser mais “ruralista” que Lula foi.

A oposição que Lula sofre no assim chamado agronegócio é fundamentalmente ideológica, consequência das dúvidas ainda existentes sobre a transformação radical nos compromissos estratégicos do PT. 

O business rural preferiria um câmbio menos apreciado? Sim, desde que o governo também desse um jeito de impedir o encarecimento dos insumos e maquinaria importados. 

E se Lula é o campeão do real valorizado, o vice-campeão foi Fernando Henrique Cardoso. Antes e agora a agricultura tem sido vista como mecanismo eficaz de controle inflacionário, numa transferência maciça de renda do campo para a cidade. 

O que não chegaria a ser problema, se essa renda estivesse sendo usada para promover um crescimento industrial acelerado. Em vez de um pedaço de terra, um bom emprego. Talvez menos seguro, mas ainda assim atraente. Especialmente porque a tendência dos jovens rurais — irrefreável — é ir para cidade. Por razões óbvias. 

Onde está a encrenca? No fato de a sociedade brasileira carregar com ela um viés anti-industrialista, que vem desde a colonização portuguesa. Sorte que dos três principais candidatos, pelos menos dois, Dilma Rousseff e José Serra, são em teoria “desenvolvimentistas”. 

Digo em teoria porque nenhum dos líderes da corrida pelo Palácio do Planalto disse até agora como vai fazer para criar os milhões e milhões de empregos industriais necessários para absorver a mão de obra nacional, especialmente a jovem. 

Enquanto José Serra enfatiza a dureza de tratamento a quem atenta contra o direito de propriedade, Dilma procura o contraponto relativo, ressaltando que prefere o diálogo. Sim, mas e o que fazer com a reforma agrária? Onde estão as diferenças? 

E tem mais. Quais as medidas práticas que cada candidato vai adotar, se for eleito, para desde o primeiro dia de governo reverter a tendência recente de perda de participação da indústria nas exportações? Como fazer para desconcentrar o crescimento industrial, sem prejudicar as regiões já desenvolvidas? Quais os investimentos previstos para a formação maciça de mão de obra exigida por uma nação que escolhe o rumo da industrialização acelerada? 

E, se é possível fazer, por que ainda não foi feito?

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