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Mercosul: entrada da Venezuela no bloco tem significado histórico


A presidenta Dilma Rousseff afirmou hoje (31), no Palácio do Planalto, após a Cúpula Extraordinária do Mercosul, que o ingresso da Venezuela no bloco, oficializado nesta quinta-feira, tem significado histórico. Segundo a presidenta, a Venezuela vai fortalecer o bloco, que consolida-se como potência energética.
“Foi uma honra e uma satisfação presidir esta reunião do Mercosul, que tem significado histórico. A Venezuela torna-se o 5º Estado Parte do Bloco. Esta é a primeira ampliação de nosso bloco, desde a sua criação, em 1991. Na qualidade de presidenta Pro Tempore do Mercosul, damos as boas-vindas ao povo venezuelano, por intermédio do presidente Hugo Chávez. Há tempos desejamos um Mercosul ampliado em suas fronteiras e com capacidades acrescidas”, disse.
Segundo Dilma, o Mercosul inicia uma nova etapa com o ingresso da Venezuela, passando a contar com uma população de 270 milhões de habitantes e um PIB em torno de US$ 3 trilhões, o que representa cerca de 83% do PIB sul-americano e 70% da população da América do Sul. A presidenta disse ainda que Mercosul torna-se um dos principais produtores mundiais de alimentos e de minérios.

Dilma também comentou a situação do Paraguai, suspenso provisoriamente do Mercosul por causa do processo político que levou, em junho deste ano, ao processo de impeachment do então presidente paraguaio Fernando Lugo. A suspensão vigora até abril de 2013, quando ocorrem as eleições presidenciais naquele país. Dilma disse esperar que o Paraguai normalize sua situação.
“O governo brasileiro, assim como os demais países que integram o Mercosul, apresentamos com toda a clareza nossa visão no que se refere à situação no Paraguai. O que moveu a totalidade da América do Sul foi compromisso inequívoco com a democracia. Os países do Mercosul, assim como os da Unasul, têm agido de forma coordenada nessa questão com o sentido único de preservar e fortalecer a democracia em nossa região (…) Nossa perspectiva é que o Paraguai normalize sua situação institucional interna para que possa reaver seus direitos plenos no Mercosul”, afirmou.

10 previsões previsíveis para 2011

(*) Nelito Fernandes facilita a vida de pais de santos, cartomantes e videntes e apresenta as previsões infalíveis para o novo ano.
Época
Todo fim de ano, pais de santos, cartomantes e videntes em geral tentam, em vão, adivinhar o futuro. Mas não é tão difícil assim prever o que vem por aí. Para facilitar o trabalho dessa turma, apresento as previsões infalíveis para 2011. No ano passado eu acertei todas.

1) Uma estrela mirim ou teen americana vai entrar em clínica de reabilitação.

2) São Paulo ou Rio será alagada por um temporal e a prefeitura dirá que caiu num só dia toda a chuva prevista para os próximos seis meses.

3) Um crime hediondo chocará o Rio, o governador dirá que basta, uma multidão fará uma passeata vestida de branco e o Congresso vai aprovar leis mais duras para o tráfico.

4) O PSDB não saberá fazer oposição e não encontrará uma bandeira.

5) Ahmadinejad vai dizer que é perseguido e que seus fins são pacíficos.

6) Dado Dolabella vai dizer que é perseguido e que seus fins são pacíficos.

7) Chavez aprovará mais 10 anos de mandato "a pedido do povo".

8) A Rede TV divulgará que o Pânico marcou 4 pontos no Ibope.

9) Três ex-BBBs serão capa da Playboy. Talvez juntas.

10) As previsões para 2011 valerão para 2012. E para 2013, 2014, 2015...

* Repórter da sucursal Rio de ÉPOCA, escritor, autor teatral e redator de humor do Multishow. Nesta coluna tenta misturar humor e opinião comentando o noticiário, embora admita que na maioria das vezes é difícil manter o humor.

The Brazilian Chavez

By 50 votes to 12 against, the Legislative Assembly of Minas Gerais approved today in the second round request of Governor Antonio Anastasia (PSDB) and gave exclusive delegation to enact laws to carry out a new administrative reform in the state.


With delegation, the Legislature waived the right to participate in this reform, under protest from the opposition. The delegation is a kind of carte blanche to the governor and the executive prevents only the case of budgetary matters and the organization of other organs and powers of the state.

O Chavez brasileiro

Por 50 votos a favor e 12 contra, a Assembleia Legislativa de Minas Gerais aprovou hoje, em segundo turno  o pedido do governador Antonio Anastasia (PSDB) e lhe deu delegação para editar leis exclusivas para realizar uma nova reforma administrativa no Estado.

Com a delegação, o Legislativo renunciou ao direito de participar dessa reforma, sob protesto da oposição. A delegação é uma espécie de carta-branca ao governador e impede apenas que o Executivo trate de matéria orçamentária e da organização dos demais órgãos e Poderes do Estado. 
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SERRA, NAFTALINA E GUERRA FRIA

Venezuela vai às urnas em clima de absoluta democracia. 
Observadores internacionais atestam a lisura do pleito. 
População comparece em massa aos locais de votação.
Não há confrontos, não há incidentes políticos sérios. Chávez obtem maioria simples no Congresso; 
a oposição cresce; 
haverá mais negociação para se aprovar mudanças estratégicas na economia e na sociedade. 
É isso a 'ditadura chavista'? 
Um dia de voto e liberdade desmente centenas de páginas da mídia demotucana; 
capas e mais capas de VEJA derretem como picolé ao sol do Caribe. 
Sobretudo, porém, o pleito de ontem revela a esférica lente do anacronismo político com a qual Serra olha E interpreta a América Latina, a ponto de ter feito campanha contra o ingresso da Venezuela no Mercosul por discordar da liderança de Chávez. 
A oposição venezuelana, uma das mais extremadas da região, mostrou-se menos obtusa que o candidato do conservadorismo brasileiro; 
foi às urnas e renasceu como interlocutor político.
Entre outras razões, é por isso que Serra sai da eleição menor do que entrou. 
Na questão externa, sai como um porta-voz dos editoriais do Estadão, encharcado de naftalina e guerra fria.
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Golpismo midiático



A direita pode levar a multidão às ruas, como eu vi em Caracas
A velha imprensa brasileira e a oposição ao governo Lula  passaram anos assombrando o país com o fantasma da “venezuelização”. O risco, diziam, era Lula adotar a tática do confronto – como Hugo Chavez.
Lula manteve-se impávido. Não confrontou. E apanhou durante 8 anos.
Agora, diante da iminência da derrota, a venezuelização” ressurge. Pela direita. A velha mídia e a oposição é que passam a adotar a tática golpista da oposição venezuelana. O tom é o mesmo.
A consequência - cá, como lá –  pode ser o povo na rua. Estive duas vezes em Caracas, e vi como as provocações da direita midiática só servem para mobilizar os chavistas. É um clima ruim para o país, desagregador.  
Quem escreve sobre isso é Vinicius Wu, na  “Carta Maior”.
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Velha Mídia quer “venezuelizar” o Brasil

por Vinicius Wu 

“Ressurge a Democracia! Vive a Nação dias gloriosos“

Trecho do Editorial de “O Globo” de 1 de abril de 1964.


No sombrio despertar das ditaduras latino-americanas, ditadores jamais se apresentaram enquanto tal. Golpistas jamais aplicam “golpes”. Na pior das hipóteses adotam “medidas extremas” para salvaguardar a democracia, a liberdade e, em casos mais graves, o “sagrado” direito à propriedade. Esta foi uma das “inovações” mais bizarras das ditaduras que emergiram no contexto da guerra-fria. Não é por acaso que até hoje, nos círculos saudosistas do regime militar, o golpe que depôs o Presidente eleito João Goulart seja saudado como “Revolução Redentora”.
De acordo com esta narrativa, as prisões, as torturas, o silêncio imposto à livre manifestação do pensamento e a perseguição política não foram mais do que gestos em defesa da “liberdade”. Até aí nada de novo. Porém, deve causar inquietação entre as forças democráticas no Brasil de hoje o ressurgimento desta retórica com uma força perturbadora ao longo das ultimas semanas.
Alguns dos principais jornais do país estão, há algumas semanas, trabalhando diariamente para imputar ao Presidente Lula a pecha de “ditador” e qualificar a eventual vitoria de Dilma como uma ameaça à democracia.

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PAZ ENTRE COLOMBIA E VENEZUELA

DERROTA PARA O URIBISMO TUCANO 

Álvaro Uribe despediu-se do poder regurgitando provocações contra Chávez, que o ignorou. 
A tentativa algo desesperada de impedir que o belicismo desagregador personificado por ele virasse passado na política regional não deu certo. 
Nem bem a cadeira presidencial esfriou, seu sucessor, Juan Santos, recebeu o venezuelano para restabelecer a paz nas relações bilaterais. 
A atitude madura reforçada pela intermediação cuidadosa da Unasul, através de Nestor Kirchner, adiciona um caminhão de más notícias à candidatura do presidenciável brasileiro, José Serra. 
Esganado pela mão dupla de uma economia que bate recordes sucessivos na geração de empregos e tem um Presidente com 80% de aprovação, interessaria ao tucano vocalizar o uribismo no ambiente eleitoral brasileiro. 
Seu parceiro de chapa e idéias, Índio da Costa, e o back-vocal obsequioso da mídia demotucana, foram insuficientes, porém, para emplacar o delirante enredo que insinuava a existência de um ‘eixo do mal’ latinoamericano, formado por guerrilheiros das Farcs, tráfico, o PT e, claro, a candidatura apoiada por Lula. Era o título pronto de um filme à moda Stallone: ‘Uribe e Serra contra o Mal’: 
Eles cortam cabeças de pessoas’, disse o ex-governador de São Paulo na pré-estréia. 
O reatamento das relações entre Venezuela e Colômbia indica que o trem da paz pode incorporar uma solução política para o futuro das Farcs. 
O rápido avanço das negociações no ambiente pós-Uribe avulta a desconcertante inadequação e o esférico despreparo da dupla Serra & Índio para liderar o mais influente guarda-chuva econômico e político de uma convergencia regional assentada na paz e na cooperação: 
a chefia do Estado brasileiro.
 

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Chávez diz estar feliz com liderança de Dilma nas pesquisas


O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, elogiou neste domingo (8) as credenciais de esquerda da candidata à Presidência Dilma Rousseff (PT) e disse que está otimista com a possibilidade de vitória dela nas próximas eleições.
Chávez entende que o Brasil é um aliado essencial de seu governo e mantém bom relacionamento com o presidente Lula. "Vamos ver o que vai acontecer no Brasil em outubro, mas estamos muito otimistas", disse o venezuelano seu programa de TV semanal.
De acordo com o levantamento do Ibope divulgado nesta sexta-feira (6), Dilma tem 39% das intenções de voto, contra 34% de seu principal adversário, José Serra (PSDB).
"Dilma tem uma trajetória parecida com a de Lula, muitos anos de militância de esquerda. Ela não é apenas uma oportunista", disse o Chávez. O presidente venezuelano também elogiou o conhecimento da petista a respeito indústria petrolífera.
"Lula me trouxe informações muito positivas sobre o próximo presidente do Brasil", comentou Chávez, a respeito de uma reunião que teve com Lula nesta semana e na qual trataram da sucessão presidencial brasileira.
Chávez já havia declarado que está "torcendo" pela eleição da ex-ministra da Casa Civil.

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Hugo Chávez lamenta fim de governo Lula, mas acredita em vitória de Dilma

O presidente venezuelano, Hugo Chávez, disse nesta sexta-feira que "lamenta" o fim do mandato de seu colega brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva, mas disse acreditar na vitória da candidata Dilma Rousseff nas eleições presidenciais de outubro.
"Lamento que você esteja deixando a Presidência, apesar de saber que será substituído pela pessoa que queremos", disse Chávez a Lula em alusão a Dilma.
Durante uma visita ao Brasil em abril, Chávez já tinha expressado sua preferência por Dilma.
Segundo a pesquisa CNT/Census divulgada na quinta-feira, Dilma aparece com 41,6% das intenções de voto, contra 31,6% de José Serra.
Lula chegou nesta sexta-feira a Caracas para analisar temas de cooperação bilateral e tratar com Chávez da crise entre Venezuela e Colômbia, duas semanas depois da ruptura das relações diplomáticas entre os dois países.
Venezuela e Brasil mantêm ativas suas relações bilaterais e de cooperação em setores como energia, petróleo, alimentos e infraestrutura, entre outras áreas.

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O guizo e o gato

O tema das Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) entrou na pauta eleitoral por dois caminhos: o político e o criminal. O segundo vetor faz da guerrilha colombiana um problema relacionado à segurança pública em nosso país, pelas conexões ao narcotráfico. Já o primeiro pede uma abordagem mais no terreno das relações internacionais. Os dois elementos estão combinados, mas há situações em que um sobressai e pede tratamento imediato. 

É o que vai agora com a emergência da crise entre Bogotá e Caracas. A Colômbia diz haver contingentes das Farc estacionados em solo venezuelano. A Venezuela reagiu com nervosismo, por motivos que descrevi aqui dias atrás. Não gostaria de se abrir a uma inspeção internacional, ainda que da Unasul. Não pode negar peremptoriamente a acusação. Não pode tomar eventuais medidas militares em seu próprio território contra as Farc. 

Daí a compreensível agitação de Hugo Chávez. A ela seguiu-se uma ação coordenada entre o presidente venezuelano e seus aliados continentais, com Luiz Inácio Lula da Silva em posição de destaque. A nova palavra de ordem é “paz”. Aparentemente, a ficha caiu. Os partidos de esquerda da América do Sul, hoje largamente hegemônicos, perceberam que a estabilidade política é um ativo, pois a situação eleitoral é conjunturalmente favorável em um cenário político “normal”. 

Concluíram ainda que os Estados Unidos não lavarão as mãos diante de uma eventual tentativa de desestabilização do hoje aliado colombiano. Se havia dúvidas, depois de Honduras elas desapareceram. 

Trata-se então de dar um jeito nas Farc, o estorvo. Eis a força que hoje move de Lula a Chávez, de Evo Moráles a Cristina Kirchner, de José Mujica a Rafael Corrêa. É preciso remover o foco da guerrilha, encontrar um modus vivendi com a nova liderança de Bogotá. 

Na teoria, tudo muito bonito, mas há dificuldades práticas. Uma delas é saber quem vai colocar o guizo no pescoço do gato. 

É situação algo semelhante ao impasse entre Israel e os palestinos. O consenso pela paz só é forte quando você observa os jogadores não diretamente envolvidos. Já os contendores diretos não têm essa convicção, de que a vitória militar está fora do alcance, ainda que no longo prazo. 

As Farc desejam negociações e diálogo com o novo presidente, Juan Manuel Santos, mas para afrouxar a corda que aperta o próprio pescoço e ganhar tempo. Já Santos poderia até aceitar outro caminho que não o puramente bélico-jurídico, desde que com garantias do desfecho desejado: a total desmobilização das guerrilhas e sua extinção como vetor militar no cenário colombiano. Ou seja: a capitulação delas. 

É imensa a pressão para as Farc finalmente capitularem, mas não se notaram até agora sinais sérios disso na cúpula do grupo. Aqui, de novo alguma semelhança com o cenário da Palestina. Se Mahmoud Abbas entrar em negociações com Israel e lá na frente o resultado for pífio, ou nenhum, o líder estará em séria encrenca política. Assim como Santos corre o risco de deitar fora a herança de Uribe na frente militar. Está arriscado a aparecer aos compatriotas como inocente útil. Da guerrilha. 

Qual é um fator limitante na possibilidade de desfecho militar para o conflito? As Farc poderem, se necessário, cruzar fronteiras em direção a países amigos e assim escapar do cerco final pelo exército regular. Eis uma razão forte para a crise entre Colômbia e Venezuela. 

A dúvida é saber quanto Chávez está disposto a apertar a corda em torno do pescoço das Farc. Talvez esteja num grau antes impensável, se concluir que o pescoço alternativo é o dele próprio. 

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Mudança na campanha de Serra mostra falta de rumo

Leia, abaixo, os principais trechos da entrevista com Alberto Carlos de Almeida  Diretor do Instituto Análise e doutor em Ciência Política pelo Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro (Iuperj).

Boca de Urna – Com as críticas às ligações do PT com as Farc, com o bolivarianismo do presidente da Venezuela, Hugo Chávez, e o MST, a campanha de José Serra parece ter partido para um acirramento ideológico à direita. Essa mudança de tom pode dar certo do ponto de vista eleitoral?

Alberto Carlos de Almeida – Acho que não. O maior porém dessa estratégia é dar munição à campanha da Dilma e ao PT para mostrar que o Serra é contra o governo Lula. Há três semanas, Serra e a campanha tem feito um somatório de críticas. Não só às Farcs, mas também à construção de Belo Monte, às obras de Copa.  Para mim, isso mostra falta de rumo porque o Serra começou a campanha, dizendo que daria continuidade ao governo Lula, com o slogan “O Brasil pode mais”. No começo da campanha, a Dilma disse que o Serra agia que nem biruta de aeroporto. No final das contas,  ele está meio sem rumo mesmo. O Serra está fazendo o equivalente ao que o Lula fez em 1994 ao criticar o Plano Real.  O Lula disse que o Plano Real era o Plano Cruzado dos ricos. Quando falou aquilo, ele ajudou o Fernando Henrique. Agora é a mesma coisa. Como há uma aprovação avassaladora do governo Lula, quando mais você o critica, mais você ajuda o governo. Do ponto de vista estratégico, a campanha do Serra, no fundo, está ajudando a campanha do governo.

Boca de Urna – O Serra começou a campanha com uma estratégia de não fazer críticas ao governo Lula. Por que houve essa guinada?

Almeida – A campanha é muito difícil para o Serra por conta da elevada aprovação do governo. Em 2002, quando ele disputou pela primeira vez a Presidência, ele foi candidato do governo, mas queria se afastar do governo FHC, que era impopular. Agora, ele é um candidato de oposição que, teoricamente, para ter sucesso, teria de se aproximar do governo, numa estratégia semelhante à adotada pelo Sebastián Piñera (político de direita, que foi eleito presidente do Chile em janeiro deste ano), que se colocou como continuidade do governo da ex-presidente Michelle Bachelet (socialista). Lá, o Piñera usou grandes símbolos, como a duplicação da licença maternidade, para mostrar essa continuidade. Essa inflexão da campanha do Serra mostra um conservadorismo. É uma campanha que não vai ousar. Ousar seria se aproximar em termos simbólicos do governo. Na pré-campanha, houve uma espécie de carta de intenções de fazer uma campanha próxima do governo, mas essa intenção não está sendo realizada nessa fase atual da campanha, em que o bicho pega. Imagino que deve ter havido muitos debates internos na campanha tucana sobre o posicionamento do candidato. Deve ter vencido a tese de que não adianta tentar mudar o posicionamento, porque o campo governista já está dominado pela Dilma.

Boca de Urna – O Serra deveria continuar então a linha de forçar uma comparação com a candidata Dilma Rousseff  em termos de perfil e currículo?
Almeida -  Sim, desde que isso não fosse algo abstrato. Não adianta dizer apenas que eu sou melhor do que a Dilma, vocês vão se dar conta disso e vão votar em mim. Você é melhor para quê? Com que objetivo? Por isso, eu digo que não pode ser uma comparação biográfica em abstrato. Comparação biográfica tem de visar a um objetivo concreto, que seria dar continuidade ao Lula em um tema específico: o aumento da capacidade do poder de compra da população. Esse é um tema que não tem estado na agenda de campanha do Serra.

Boca de Urna – Esse seria um discurso capaz de atrair a nova classe média emergente?

Almeida – Não só a classe média, mas também a classe mais baixa. Esse discurso pega todo mundo que seja do meio para baixo. As pessoas são muito sensíveis ao poder do aumento de compra. Quando o Serra enfatiza a questão da segurança pública e da saúde, é uma decisão equivocada em termos de obtenção de votos. Na hora de escolher um candidato, o que mais pesa para o eleitor brasileiro é saber quem acha que irá comprar aumentar a sua capacidade de compra. Não é segurança pública, nem saúde, porque o eleitor sabe que, no sistema brasileiro, essas atribuições são mais dos Estados e municípios que do governo federal.
Guilherme Evelin

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Triturador auricular

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Tucano não, Papagaio

"No Brasil (os críticos) são pessoas que não conseguem compreender que o país tem tamanho e grandeza no cenário internacional - e falo sem nenhuma megalomania, nem exagero". O recado sem meias palavras aos críticos de plantão da política externa brasileira, foi dado pelo chanceler Celso Amorim, em entrevista à BBC-Brasil.  

Não citou nomes, nem precisava. Sua resposta tem endereço certo. Referia-se às críticas recentes à política externa do presidente Lula, sempre em pauta na mídia. E, óbvio, a resposta tem interlocutor com nome e sobrenome, o candidato da oposição José Serra (PSDB-DEM-PPS) que numa série de declarações - uma mais desastrosa que a outra - instiga a opinião pública contra a agenda internacional do atual governo.

"Na crise entre a Venezuela e a Colômbia a primeira coisa que o presidente Lula fez foi telefonar para o presidente Chávez, e também entramos em contato com os ministros colombianos. Uma coisa não interfere na outra, pelo contrário, o prestígio internacional do Brasil nos ajuda também a trabalhar na região", exemplificou nosso chanceler.
 
Vocês se lembram da forma absurda e desrespeitosa como o candidato Serra se referiu ao presidente da Bolívia, Evo Morales. Imaginem um chefe de Estado deste porte à frente do governo do Brasil! Agora, o tucano ataca novamente. Bem de acordo com a postura servil, de papagaio de pirata - neste caso aos interesses norte-americanos na região. Dessa vez, um dos principais alvos é o presidente da Venezuela, Hugo Chávez.

E, claro, Serra ataca Chávez, também para agradar a mídia. Só que dessa vez, além de criticar nossas relações com a Venezuela, Bolívia e Paraguai, ele chegou a dizer que o presidente Chávez é uma "ameaça" à paz regional. Repito: como um candidato a presidência da República faz declarações como estas?

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Uma agressão gratuita da SIP ao presidente

Um ataque grosseiro, absurdo, absolutamente gratuito, essa declaração de Alexandre Aguirre, presidente da Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP), de que o presidente Lula "não pode ser chamado de democrático", é uma ameaça a democracia e tenta aprovar no Congresso leis que limitam a liberdade de imprensa.

A Venezuela, segundo o falatório de Aguirre é o país da América Latina onde mais claramente se expressa a tendência de interferência do governo na mídia.  Já o que mais caracteriza do governo do presiente Lula, na opinião de Aguirre, é sua proximidade com os presidentes Hugo Chávez, da Venezuela, Evo Morales, da Bolívia e Cristina Kirchner, da Argentina (leia nota abaixo).

E o  pior dessa história: A Folha de S.Paulo e O Estado de S.Paulo ao darem guarida a esta declaração  (e o Estadão a leva para manchete da 1ª página) sem a contestarem e sem questionarem o autor transformam-se em verdadeiros panfletos e retratam bem sua credibilidade - zero.

Que lei o presidente Lula tentou aprovar limitadora da liberdade de imprensa que, no Brasil, é garantida pela Constituição? Aguirre quer embasar suas declarações, ainda, na forma como é usada publicidade oficial e nas relações do governo do Brasil com os da Venezuela, Bolívia e Argentina.

O que há de errado na distribuição da publicidade oficial? Que ponto em torno de seu uso pode ser levantado como exemplo de antidemocrático? Pelo contrário, a grita é porque o governo descentralizou essa publicidade, há décadas despejada só nos grandes conglomerados de comunicação e agora, no governo Lula, distribuída igualitariamente pela mídia de todo o país, inclusive a do interior.

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Frase do dia

"O império norte-americano vai apostar tudo na direita brasileira para ter, em 1º de janeiro, um governo subordinado a seu mandato. Isso seria nefasto para a união da América do Sul"
Hugo Chávez, presidente da Venezuela,
em programa de televisão. Chávez mandou "saudações" à pré-candidata do PT, Dilma Rousseff.

Todos querem ser Lula

O ano de 2009 marcou o protagonismo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva não só no Brasil, mas também no exterior. Aqui, dados recentes da pesquisa Ibope revelam que o presidente é aprovado por 83% da população brasileira, um dos maiores patamares já alcançados desde o início do Governo. No cenário internacional não foi diferente. A presença de Lula foi marcante em importantes eventos e alvo de reverência entre os grandes líderes mundiais.

O exemplo de Lula fez com que ele se tornasse o líder latino-americano mais bem avaliado no continente. A pesquisa da organização chilena Latinobarómetro revela que, na América Latina, a popularidade do brasileiro só perde para a do presidente norte-americano, Barack Obama. A imagem do Brasil potência, que conseguiu atravessar bem a crise financeira internacional, e o posicionamento de Lula como guia do continente fizeram com que ele se tornasse espelho para vários políticos.

São frequentes as declarações positivas de presidentes de países ricos e pobres acerca da política econômica, dos programas sociais e do carisma do presidente do Brasil. Além de ganhar a simpatia dos colegas, Cristina Kirchner, da Argentina, Evo Morales, da Bolívia, e Hugo Chávez, da Venezuela, por meio da assinatura de vários acordos de cooperação, Lula é exemplo para candidatos recém eleitos e presidenciáveis.

Eleito em junho, o presidente de El Salvador, Mauricio Funes, disse que, durante a campanha, buscou "os exemplos vigorosos" de Lula como prova de que "um líder renovador, em vez de ser uma ameaça, significa um caminho novo e seguro para seu povo". Segundo Funes, as políticas adotadas no Brasil por Lula representam modelos e experiências diferentes de gestão e oferecem ideias para o seu mandato.

Já o candidato da direita chilena, Sebastian Piñera, disse querer para seu país um modelo de governo mais próximo do aplicado no Brasil. De acordo com o chileno, ele tem muita coisa em comum com o presidente Lula e se eleito, quer ampliar a colaboração econômica com o Brasil na economia e em outras frentes. Piñera declarou-se, ainda, a favor do pleito brasileiro de obter uma cadeira permanente no Conselho de Segurança da ONU.

Para o professor de Direito Internacional e coordenador do Núcleo de Estudos Internacionais da Universidade de Fortaleza (Unifor), Walber Muniz, Lula e a política externa brasileira são exemplos para os países da América Latina. "Nosso presidente lidera o país economicamente mais influente do continente. Ele demonstra robusto interesse na integração brasileira com os demais países via Mercosul e Unasul,visando aproximar,cada vez mais, os países latino-americanos", avaliou.

Na atualidade, nenhum tema importante pode ser debatido sem a participação de Lula. A posição do Brasil em discussões sobre as mudanças climáticas, como ocorreu em Copenhague; o programa nuclear do Irã e a intervenção na crise de Honduras foram algumas questões que ganharam destaque no mundo e firmaram a imagem de Lula como um dos principais líderes emergentes.

"O Brasil tem se prontificado a mudar a si mesmo. Estamos nos livrando do complexo de colônia e construindo nossa própria história", avaliou Muniz.

PERSONAGEM HISTÓRICO
A construção de um mito

Após sete anos de mandato, Luiz Inácio Lula da Silva se tornou unanimidade na alta cúpula do poder mundial e garantiu, no País, um prestígio sem precedentes na história recente dos inquilinos do Planalto. De acordo com os historiadores, a origem de Lula, nascido no Nordeste brasileiro e com raízes na esquerda sindicalista, foi papel fundamental para construir o mito de um presidente que venceu as barreiras sociais e conquistou espaço no disputado território da geopolítica mundial.

Pesquisadores dizem que a popularidade de Lula só se compara, na História do Brasil, a de Getúlio Vargas e Juscelino Kubistchek. Os dois estadistas desempenharam papel importante na defesa da classe trabalhadora e projetaram o País internacionalmente.

Parte desse sucesso está ligado à informalidade do presidente brasileiro e à maneira como ele dialoga com a população mais carente. "A admiração manifestada a Lula deve-se, além de sua coragem, a sua autenticidade e capacidade de articulação, somando-se à sensibilidade do presidente quanto à percepção de oportunidades", avaliou o coordenador do NEI, Walber Muniz.

De acordo com o professor, o lado mítico do presidente brasileiro está no fato de ele inspirar esperança e conseguir trazer para o tabuleiro político parcelas do eleitorado que não tinham voz no País.

O mérito de Lula é tanto que, em meio a sérios problemas de desigualdade e corrupção ainda não resolvidos no Brasil, o presidente conseguiu atravessar investigações e críticas da mídia com sua imagem incólume.

A boa fase do presidente é aproveitada para preparar sua sucessora na presidência da República. Mesmo acusado de propaganda eleitoral antecipada, Lula deixa claro sua intenção de ter a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, como candidata ao Planalto em 2010.

Se o presidente estiver em alta até as eleições, Dilma será fortemente favorecida com a transferência de votos. Segundo dados do Ibope, quase 20% dos eleitores votam no candidato do presidente, independentemente de quem seja.

A s bandeiras de Dilma deverão seguir os mesmos programas sociais e a política externa, prometendo um avanço no Brasil nos próximos cinco anos.

"Só o tempo poderá nos deixar claro onde poderemos chegar. O crescimento do Brasil superará o dos países ricos, que terão fortes dificuldades para se recompor da recente crise", disse Muniz.

O mais popular

"Ele é o cara. É o político mais popular do mundo"

BARACK OBAMA
Presidente dos Estados Unidos

"O Brasil já não é o que era, uma espécie de subimpério, até que o companheiro Lula chegou"

HUGO CHÁVEZ
Presidente da Venezuela

"Homem íntegro, uma referência para a esquerda do continente sul-americano"

José Luiz Zapatero
Presidente da Espanha

"O companheiro Lula é o melhor presidente da América Latina no momento"

EVO MORALES
Presidente da Bolívia

"Eu sou sincero quando digo que precisamos de Lula no Conselho de Segurança"

NICOLAS SARKOZY
Presidente da França

"O presidente Lula demonstrou que é possível fazer um governo popular"

Maurício Funes
Presidente de El Salvador

OPINIÃO DO ESPECIALISTA
Ao presidente Lula o que é de Lula

A atuação do presidente Lula no cenário internacional tem sido motivo de surpresa e satisfação dos seus muitos admiradores. Tal fato está relacionado à sua contribuição à mudança da imagem do Brasil no exterior, e tem como pedra angular a recuperação e consolidação da economia do País e o desempenho desta diante dos grandes desafios porque passou e passa a economia. Neste mesmo sentido, os programas sociais desenvolvidos durante o seu governo têm chamado a atenção do mundo diante de um quadro de desigualdades extremas. Um segundo aspecto a ser ressaltado está no papel que Lula exerce na América Latina. Mesmo com todas as adversidades externas e as incompreensões internas ele soube superar e firmar sua liderança, suplantando, em parte, a desconfiança dos nossos hermanos e ultrapassando os desafios colocados pelos diferentes interesses em jogo.

Francisco Moreira
Professor de Direito da Unifor
JULIANNA SAMPAIO