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por Luis Fernando Verissimo
Dilma está se saindo melhor do que a encomenda
Primeiramente cabe destacar que a conquista do poder por forças progressistas não tem o objetivo apenas ganhar as eleições. De nada adianta ganhá-las se o progressistas não conseguirem emplacar sua agenda (ver Obama). Ao contrário do Obama, Dilma está conseguindo impor a agenda progressista dela até à oposição conservadora! Por mais que esta queira e vá explorar o programa nas próximas eleições, a vitória da agenda é, do ponto de vista estratégico, mais importante que o embate eleitoral (e, claro, a Dilma terá mais argumentos ainda para o eleitor, pois conseguiu dobrar governos conservadores para sua agenda, e não o contrário!).
Quanto ao estilo "dilmista" de governar, ela pode irritar os "confrontistas" por aparentemente estar bajulando "ingenuamente" seus algozes (Folha, Alckmin, FHC, etc.), mas o que ela está querendo na verdade é consolidar cada vez mais as instituições democráticas, independentemente de algumas estarem na mão do bloco conservador.
A ida à Folha deve ser interpretada como uma sinalização da Presidenta de que o PT é o verdadeiro fiador das instituições democráticas. Apesar de não fazer coro às críticas contra Chavez, a direita brasileira terá cada vez mais dificuldades de acusar o governo de atentar contra as liberdades (usando instituições como o SIP, OAB e outras) como isso tem sido feito contra o governo venezuelano.
Esse reforço das instituições democráticas burguesas é mais do que um "cala-boca" para golpistas de plantão da direita: como o Lula já enfatizou várias vezes, elas são essenciais para o progresso social, sem as quais ele nunca poderia ter feito a carreira que fez. Inversamente, são os governos conservadores que primam mais pela falta de democracia, mesmo enchendo a boca com a defesa dela: a corrupção é desmedida, mas não noticiada pela imprensa, que se torna chapa-branca; a repressão contra movimentos sociais é dura, e por aí vai.
Portanto, defender as liberdades democráticas burguesas, as quais não são garantidas amplamente pelos governos da burguesia, é uma estratégica essencial para o progresso social. E quando a Dilma dá às mãos às instituições dominadas pelas forças conservadoras, ela não está entregando os pontos, pois a política dela continua cada vez mais progressista. E é a direita que fica desnorteada, pela perda de argumentos e pela adesão forçada à agenda do governo.
Por último cabe observar um outro aspecto da tática dilmista de governar: quando um ministro cai em função dos ataques da imprensa conservadora, ela vem o substituindo por uma figura alheia ao grupo de poder que se encastelava atrás do ministro substituído: assim, a queda de Jobim levou Amorim ao poder, para tristeza das viúvas da ditadura no setor militar; já a queda do Rossi, representante do agrobusiness, levou ao poder um político de fora desse mesmo bloco, para desespero dos latifundiários. Antes a direita e sua imprensa não tivessem mexido com o Rossi! Ou seja, a Dilma está fazendo a imprensa trabalhar para ela, contra a vontade desta!
Isso é um jogo sem risco? Claro que não, mas ela resolveu apostar nessa técnica. Até porque não podia continuar com a tática contemporizadora do Lula: ela não tem o carisma e o apoio popular do Lula para sobreviver aos escândalos, e não poderá governar com a corrupção andando solta, sobretudo em tempos de crise econômica e de necessidade de maior eficiência dos gastos. E o PT tem ainda de resgatar sua pretensão de honestidade, já tão desmoralizada, para continuar no poder: o rol sem fim de escândalos nos seus governos irá dificultar cada vez mais essa continuidade.
Os riscos de incentivar a imprensa a buscar cada vez mais escândalos para rachar o governo é real, até porque é essa a estratégia já patente do bloco conservador. Ou seja, a fase do "aparente consenso", sugerida pelo Nassif, acabou definitivamente: a oposição e a imprensa conservadora já encontrou sua tática de guerra.
Mas até agora Dilma comprovou saber gerenciar as crises, não deixando que elas prejudiquem as políticas públicas inovadoras. A "independência" do PR pode atrapalhar no momento. Mas quando os resultados positivos aparecerem, quero ver se eles não irão buscar seu pedacinho do sucesso.
Voltando ao ato com o Alckmin, essa capacidade fica claramente demonstrada: se o PSDB se dobra, porque o PR iria assumir o papel de oposição? Só porque o grupinho do Nascimento levou uma surra? E os outros, vão querer ficar de fora? O PV já está querendo voltar à base, vejam só...
Em suma: até agora, o Lula foi o presidente mais malandro (no bom sentido) da história nacional, superando as "imbatíveis raposas". Dilma está mostrando que pode superar o seu mestre...
por Joaquim Aragão
Estão Loucos para entregar nosso petróleo!
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Imbecilidade
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Sob o Sol
Inside job
O desemprego campeia, o país paradisíaco torna-se um pária da economia mundial.
Pouco antes de quebrar, a Islândia foi considerada AAA (a mais alta classificação das agências de risco) pela KPMG. Economistas ilustres norte-americanos escreveram teses mostrando um país sem risco, com regulação firme – depois, se soube que as teses foram financiadas por associações empresariais islandesas.
Antes da quebra, um terço dos auditores financeiros do Banco Central passou a trabalhar para os bancos. Advogados das agências reguladoras foram trabalhar em grandes escritórios de advocacia privados.
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É apenas o início da história. O restante do documentário focaliza os episódios ocorridos nos Estados Unidos e mapeia os principais personagens do golpe do século.
Pode ter sido novidade para muitos. Em meu livro "Os Cabeças de Planilha" – lançado em 2005 mas em cima de colunas publicadas nos dez anos anteriores – já tinha feito esse mapeamento, previsto a crise que viria e identificado os personagens dessa trama.
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No centro estão os gestores de recursos. Com a desregulamentação financeira, passam a gerir recursos lícitos, de grandes grupos, recursos oriundos de sonegação fiscal e recursos do crime organizado.
O meio campo com os governantes se dá através de acadêmicos cooptados e de jornalistas financeiros que se tornam porta-vozes do mercado. Tanto no Brasil quanto nos Estados Unidos são esses acadêmicos que assumem postos de comando na área econômica, apressam a desregulamentação máxima e montam a ponte entre políticos e gestores. Fornecem o discurso para os governantes (é só conferir as declarações de Bush, Clinton e demais sobre a era de prosperidade).
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Outro personagem recorrente são homens de mercado – ou de instituições públicas – que assumem postos em órgãos de regulação de olho na sua carreira posterior no próprio mercado financeiro.
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As agências de risco assumem um papel proeminente. O documentário mostra os extraordinários golpes da Standard & Poor's, concedendo notas máximas a papéis e derivativos de bancos, enquanto os próprios bancos apostavam na baixa do papel.
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No documentário, duas constatações chocantes. A primeira, de como Obama, que fez sua campanha em cima de críticas contra o sistema financeiro, acabou se cercando de consultores ligados aos sistemas – provavelmente com medo de tomar medidas que agravassem a crise.
A segunda, o fato dos golpes terem sido claramente desmascarados. E ninguém ter sido punido.
por Luis Nassif
A gangorra
Estrelas e cometas
As Estrelas permanecem. Assim como o Sol. Passam anos, milhões de anos, e as Estrelas permanecem.
Há muita gente Cometa. Gente que passa pela nossa vida apenas por instantes. Gente que não prende ninguém e a ninguém se prende. Gente sem amigos, gente que passa pela vida sem iluminar, sem aquecer, sem marcar presença.
Importante é ser Estrela. Estar junto. Ser luz, calor, ser vida.
Amigo é Estrela. Podem passar anos, podem surgir distâncias, mas a marca fica no coração.
O coração não quer enamorar-se de Cometas, aqueles que apenas atraem olhares passageiros.
Ser cometa é ser companheiro por instantes, explorar os sentimentos humanos, ser aproveitador das pessoas e das situações. Solidão é resultado de uma vida cometa. Ninguém fica, todos passam.
Há necessidade de se criar um mundo de Estrelas. Para podermos contar com elas, senti-las como luz e calor. Assim são os amigos, Estrelas na vida da gente. São aragem nos momentos de tensão e luz nos momentos de desânimo. Ser Estrela nesse mundo passageiro, nesse mundo cheio de pessoas é um desafio. Mas acima de tudo, uma recompensa. Recompensa de ter sido luz para muitos amigos, calor para muitos corações e acima de tudo, saber que nascemos e vivemos, e não somente existimos.