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Dança dos famosos

A qualidade dos profissionais da Rede Globo já foi bem melhor. Quem imaginaria que na Dança dos famosos o ritmo que escolhessem fosse o forró e colocassem para dupla dançar um baião?
Com certeza para os técnicos do programa forró, baião, xote etc seja a mesma coisa.


Túnel do tempo


Uma relíquia das bandas de Exu - Pernambuco. Em época de São João, o mestre Januário, pai de Luiz Gonzaga - o Rei do Baião -, puxando seu fole de oito baixo num arrasta pé mais que tradicional. Entre os dançantes o Gonzagão
Pinçado do facebook de Josiel Galvão
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O Centenário de Humberto Teixeira

Por Mara L. Baraúna





Humberto Cavalcanti Teixeira (Iguatu, CE, 5 de janeiro de 1915 — Rio de Janeiro, 3 de outubro de 1979) 

Filho de João Euclides Teixeira e Lucíola Cavalcante Teixeira. Desde cedo apresentava aptidões para a música; aos seis anos aprendeu a tocar musette, versão francesa da gaita de foles. Aprendeu também flauta e bandolim. O seu tio Lafaiete Teixeira, foi o responsável pelos seus primeiros ensinamentos musicais, era maestro e tocava vários instrumentos.

Aos 13 anos, depois de ter editado sua composição Miss Hermengarda, tocava flauta na orquestra que musicava os filmes mudos no Cine Majestic de Fortaleza. Aos 15 anos radicou-se no Rio de Janeiro onde, aos 18 anos, em 1934, foi premiado com Meu Pecadinho pela revista O Malho num concurso de música carnavalesca.

Iniciou a carreira artística tocando como flautista-aluno na Orquestra Iracema, regida pelo maestro Antônio Moreira. Em 1931 mudou-se para o Rio de Janeiro. Em 1934, foi um dos vencedores do concurso de músicas carnavalescas promovido pela revista "O Malho".

Ao lado de músicas de Ary Barroso, Cândido das Neves, José Maria de Abreu e Ari Kerner, classificou sua composição "Meu pedacinho". Mesmo assim, não conseguiu gravar, e seguiu compondo valsas, toadas, modas e canções, que eram editadas para piano pela casa A Guitarra de Prata. 

Em 1943, formou-se em Ciências Jurídicas e Sociais pela Faculdade Nacional de Direito da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e passou a trabalhar em um escritório na Avenida Calógeras. Nesta época já tinha composto sambas, marchas, xotes, sambas-canções e toadas e tentava lançar o ritmo nordestino "balance" ou "balanceio" tocado pelo parceiro Lauro Maia (com quem compôs "Deus me perdoe" e "Vamos balancear"). Em 1944, tinha gravado a primeira música, em parceria com Lírio Panicalli, o samba apoteótico Sinfonia do Café, cantado por Deo. Em 1945, Orlando Silva gravou os sambas "Só uma louca não vê" e "Samba da roça", ambos de parceria com Lauro Maia.

Numa tarde em agosto de 1945, conheceu aquele que se tornou seu grande parceiro de inúmeros sucessos, Luiz Gonzaga. Da parceria dos dois surgiu o baião, numa batida uniforme feita para dançar. Substituíram os instrumentos originais, viola, pandeiro, botijão e rabeca, por acordeom, triângulo e zabumba. O novo ritmo fez uma revolução na música brasileira, que oscilava na época entre o samba-canção e os ritmos importados, e via-se diante de algo completamente novo e que entrou direto no gosto popular, o baião. A dupla com Luiz Gonzaga rendeu inúmeros sucessos, dentre os quais os maiores foram: "Mangaratiba", "Juazeiro", "Paraíba", "Qui nem jiló", "Xanduzinha",  "Baião", "Asa branca", "Lorota boa", "Assum preto", "Estrada de Canindé", "Respeita Januário" e "Meu pé de serra".

Em 1950, a dupla se desfez, com a ida de Luiz Gonzaga para a Sbacem. Ainda em 1950 teve a música "Meu brotinho", cantada por Francisco Carlos no filme "Carnaval no fogo". O referido cantor tornou-se conhecido pelo público a partir deste sucesso. No mesmo ano, Humberto Teixeira elegeu-se deputado federal pelo Ceará, com maciça votação. Em 1951 teve "Bate o bumbo" interpretada por Eliana no filme "Aviso aos navegantes". No mesmo ano, dois sambas de sua autoria foram gravados: "Desci o morro", em parceria com Lauro Maia, gravado por Os Boêmios, e "Martírio", em parceria com Oldemar Magalhães, gravado por Helena de Lima.  Ainda em 1951 teve  grande êxito com a composição "Sinfonia do café", feita especialmente para o espetáculo "Muiraquitação", encenado no Teatro Municipal e gravado por Déo e Coro dos Apiacás, pela Continental. A mesma Helena de Lima gravou "Baião de Salvador", da parceria com  Sivuca.

Foi eleito o "melhor compositor nacional" pela Revista do Rádio nos anos de 1950, 1951 e 1952, sendo recebido pelo presidente Getúlio Vargas.

Em 1952, teve a "Marcha do sapinho", parceria com Norte Victor,  cantada por Oscarito e Maria Antonieta Pons, no filme "Carnaval Atlântida". Em 1956, juntamente com o compositor João de Barro fundou a Academia Brasileira de Música Popular. Além de Luiz Gonzaga, teve como um dos seus principais parceiros o cunhado Lauro Maia com quem compôs, entre outras, "Mariposa", marcha gravada por Orlando Silva em 1946, e "Pecador", samba gravado em 1949 por 4 Ases e 1 Coringa. Fez também diversas composições com Felícia de Godoy, entre as quais "Antes que eu enlouqueça" e "Vou-me embora".

Suas composições foram gravadas por diversos intérpretes, entre os quais Carmélia Alves, com a marcha rancho "Jardineira de ilusões", Odete Amaral, com a marcha "Bem vi", Jamelão, com "Pirarucu", Cyro Monteiro com "Agradece a Deus", Ivon Curi, com "A beleza da Chuiquinha" e Emilinha Borba com "Tá fartando coisa em mim". Posterirormente, Geraldo Vandré, Caetano Veloso e Alceu Valença entre outros  gravaram "Asa branca" e Gal Costa gravou "Assum preto", além de  outros artistas contemporâneos que gravaram composições de sua autoria.

Em 1958, conseguiu aprovar no Congresso Nacional a Lei Humberto Teixeira para a formação de caravanas de artistas para divulgar a música brasileira no exterior. A primeira dessas caravanas foi formada no mesmo ano, contando com a participação dos artistas Abel Ferreira, Sivuca, Pernambuco, Dimas, Trio Iraquitã e Maestro Guio de Morais, tendo percorrido diversos países. Sempre sob a direção de  Humberto Teixeira, essas caravanas aconteceram até 1964.

Em 1971, foi eleito vice-diretor da UBC, dando prosseguimento a sua luta pelos direitos autorais. Com mais de 400 composições gravadas,  tornou-se um compositor reconhecido internacionalmente, com composições gravadas em diversos idiomas.  A partir do ano 2000, sua filha, a atriz Denise Dumont, residente em Nova York, encarregou-se de resgatar suas memórias, promovendo shows e artigos em jornais e revistas sobre a importância de sua obra. Em 2001, teve a música "baião" (c/ Luiz Gonzaga) gravada por Targino Gondim, no CD "Dance Forró Mais eu".  

Em 2002 foi homenageado por ocasião da entrega do Primeiro Prêmio Rival BR de Música / Troféu Humberto Teixeira, na noite de 27 de agosto daquele ano, com a realização de um show-tributo,  com a participação de Elba Ramalho, Fagner, Gilberto Gil, Lenine, Rita Ribeiro, Sivuca, Cordel de Fogo Encantado, Carmélia Alves e Zeca Pagodinho, que interpretaram, entre outras, " Adeus Maria Fulô", parceria com Sivuca, "Juazeiro", "Assum preto", "Qui nem jiló" e "Estrada do Canindé", todas em parceria com Luiz Gonzaga.

O show, que fez parte do documentário sobre o compositor, produzido por Ana Lontra e pela filha do artista, Denise Dummont,  foi lançado em CD em 2003, pelo selo Biscoito Fino o CD com o título "O Doutor do Baião. Além do registro ao vivo do show, o disco apresenta nas quatro primeiras faixas, gravadas em estúdio, Maria Bethânia, exortando o lirismo sertanejo em "Asa Branca; Caetano Veloso em "Baião de Dois", Sivuca acompanha Gal Costa em "Adeus Maria Fulô" e Chico Buarque interpreta "Kalu", em cuja letra se pode ver exemplo de como Humberto Teixeira soube transitar  entre a erudição e as licenças poéticas, trazendo versos como: "Tira o verde desses óio de riba d"eu". Também faz parte do projeto a revitalização de "Juazeiro", por Gilberto Gil e, na última faixa, todos cantam "Asa Branca".

Em 2004,  "Asa Branca", composta com Luiz Gonzaga, foi apontada como uma das mais executadas, em diversas apresentações de palco, além de execuções no rádio, segundo dados da Ecad (Escritório Central de Arrecadação e Distribuição).

Em 2006, ocorreu, pela Jobim Music e Good Ju-Ju,  a publicação do livro "Cancioneiro - Humberto Teixeira", um compêndio de 2 volumes em homenagem ao compositor. O volume 1- "Biografia" e o segundo volume, "Obras escolhidas", contendo as partituras e letras de uma seleção de obras, sob os cuidados da atriz Denise Dummont, filha de Humberto Teixeira. O projeto, que teve concepção da Jobim Music, foi realizado com curadoria de Denise e Ana Lontra Jobim, tendo, os dois volumes,  texto biográfico, em oito capítulos, de Ricardo Cravo Albin, apresentação de Sérgio Cabral e prefácio de Tárik de Souza. Os arranjos, das partituras foram assinados por Wagner Tiso e o desenho gráfico por Gringo Cardia. O volume "Biografia" também contou com breve declaração de Roberto Smith, presidente da BNB.

Em 2008 Lirio Ferreira dirigiu o documentário O Homem que engarrafava nuvens

Em 2009, teve as suas músicas "Orélia"; "Juazeiro" (c/ Luiz Gonzaga); e "Estrada de Canindé" (c/ Luiz Gonzaga), gravadas no CD "Canções de Luiz", do cantor e sanfoneiro Targino Gondim.

Seu clássico "Asa branca", parceria com Luiz Gonzaga, é uma das músicas mais conhecidas e gravadas do cancioneiro popular brasileiro, tendo recebido gravações de cantores consagrados como João Mossoró, Gilberto Gil, Dominguinhos, Lulu Santos, Fagner, Caetano Veloso, Elis Regina, Tom Zé, Chitãozinho e Xororó, Ney Matogrosso, Badi Assad, Maria Bethânia, Hermeto Pascoal, Quinteto Violado, Xangai e Raul Seixas, que gravou a canção em uma versão em inglês, além do original em português, fazendo um mix com a música "Blue Moon of Kentucky", do norte-americano Bill Moroe. A composição continua sendo revitalizada com interpretações em shows e gravações de cantores e duplas mais jovens do universo sertanejo. 

Em maio de 2010, o cantor e compositor Zé Ramalho lançou, pelo selo Descobertas, o CD "Zé Ramalho canta Luiz Gonzaga", marcando 20 anos de ausência do Rei do Baião. Neste disco, produzido por Marcelo Fróes, Zé Ramalho incluiu 7 faixas de autoria de Humberto Teixeira e Luiz Gonzaga, que fizeram sucesso com este último: "Baião", "O xote das meninas", "Asa Branca", "No meu pé de serra", "Qui nem jiló", "Paraíba" e "Assum preto".

Em 2011, foi lançada pelo selo Discobertas, em convênio com o ICCA - Instituto Cultural Cravo Albin, a caixa "100 anos de música popular brasileira", com a reedição, em 4 CDs duplos, dos oito LPs que continham as gravações dos programas realizados pelo radialista e produtor Ricardo Cravo Albin, na Rádio MEC-RJ, em 1974 e 1975. Nesses CDs estão incluídos os baiões "Dezessete e setecentos", com Miguel Lima; "Baião", "Paraíba", "Juazeiro", "Magaratiba", "Qui nem jiló" e "Asa branca", todas com Luiz Gonzaga, na interpretação do "Rei do Baião".

Em sua homenagem e reconhecimento, foi batizada com seu nome a Rodovia CE-021 (que liga Iguatu a Fortaleza), a Agência do Banco do Nordeste do Brasil de Iguatu e o Centro Cultural Iguatuense.

Humberto Teixeira na Wikipédia 

Humberto Teixeira no Dicionário Cravo Albin 

BNB, Jobim Music e Good Ju-Ju lançam o Cancioneiro Humberto Teixeira, por Luciano Sá

Espaço divulga acervo de Humberto Teixeira, por Honório Barbosa

O Homem que Engarrafava Nuvens, por Paulo Yokota

Humberto Teixeira fala da sua parceria com Luiz Gonzaga em entrevista concedida a Nirez, em 1977, por Euriques Fernandes Carneiro

Inácio propõe homenagens no centenário de Humberto Teixeira

Momento Três faz homenagem aos 100 anos Humberto Teixeira




Parabéns Gonzagão!!!

do seu fã número 1 - Clauber Monteiro

1912
Dia 13 de dezembro, sexta-feira. Nasce LUIZ GONZAGA DO NASCIMENTO, na Fazenda Caiçara, em Exu, situada junto a Serra do Araripe, Pernambuco. Segundo dos nove filhos do casal Januário José dos Santos, o Mestre Januário, sanfoneiro de 8 baixos afamado na região, e Ana Batista de Jesus, conhecida por Santana.

1920
O filho do Mestre Januário recebe seu primeiro cachê ao tocar substituindo o sanfoneiro em festa tradicional na fazenda: 20$000 (vinte mil réis). Ainda adolescente, torna-se conhecido em boa parte das regiões vizinhas.
1926

Aos treze anos, Luiz Gonzaga compra sua primeira sanfona, na cidade de Ouricuri, graças ao empréstimo concedido pelo coronel Manoel Ayres de Alencar: um 8 Baixos, Koch, marca veado, igual ao do Mestre Januário, ao preço de 120 mil réis. Quando saldou sua dívida, anunciou ao coronel Ayres que não iria mais trabalhar com ele, pois a partir de então, seria sanfoneiro profissional.
1929

Participa de um grupo de escoteiros e conhece Nazarena, por quem se apaixona e com quem namora às escondidas. Rejeitado pelo pai da moça, de família importante, aproveita o dia da feira e vai tirar satisfações da desfeita armado com uma faquinha, após uns goles de cana. Leva uma surra de Santana e foge de casa para o Crato, no Ceará, onde vende sua sanfoninha de 8 baixos.
1930

Luiz Gonzaga aumenta sua idade para sentar praça no Exército, na cidade de Fortaleza. Com o advento da Revolução de 30 segue em missão militar pelo Brasil como soldado Nascimento. Mestre Januário consegue reaver a sanfona vendida no Crato por 80 mil réis, através de um amigo, o Sr. José Lindolfo.
1931

Após o término do tempo legal de serviço militar, o soldado Nascimento escolhe continuar servindo no Exército, instituição que representou o papel de uma grande e importante escola. Nas horas vagas acompanhava, pelos programas de rádio, os sucessos musicais da época.
1933
Por não conhecer a escala musical, é reprovado num concurso para músico numa unidade do exército, em Minas Gerais. Vira tambor-corneteiro e ganha o apelido de “bico de aço”.

1936
Gonzaga aprende a tocar sanfona de 120 baixos em Minas Gerais, com um soldado de polícia chamado Domingos Ambrósio. Para treinar, adquire uma sanfona de 48 baixos e aproveita as folgas da caserna para tocar em festas.

1938
Gonzaga é ludibriado por um caixeiro-viajante, a quem paga 500 mil réis em prestações mensais para adquirir uma sanfona branca, Honner, de 80 baixos. Foge do quartel, em Ouro Fino (MG), para ir buscar a sanfona em São Paulo. Lá chegando, descobre que não vendiam sanfona no endereço que o caixeiro lhe dera. Ao retornar ao hotel onde se hospedara, acaba comprando uma sanfona igualzinha à que tinha ido buscar, pelo valor das prestações que faltavam pagar, 700 mil réis, e que ele havia arrecadado com a venda da sanfona de 48 baixos.

1939
Luiz Gonzaga dá baixa das Forças Armadas, impulsionado por um decreto que proibia para os soldados um engajamento superior a dez anos no Exército. Desembarca no Rio com bilhetes comprados para Recife, de navio, e Exu, de trem. Enquanto aguardava a chegada do navio que o levaria ao Recife, resolve conhecer o Mangue, o bairro boêmio vizinho. E lá, com sua sanfona Honner branca, faz sucesso tocando valsas, tangos, choros, foxtrotes e outros ritmos da época. Através de um músico amigo, o baiano Xavier Pinheiro, casado com uma portuguesa, Gonzaga vai morar no morro de São Carlos, à época tranqüilo reduto português no Rio.

1940
Luiz Gonzaga modifica o seu repertório, pressionado por estudantes cearenses, e consegue tirar nota máxima no programa Calouros em desfile, de Ary Barroso, na Rádio Tupi, executando a música Vira e Mexe, um “xamego” (chorinho) lá do seu pé-de-serra. Pouco tempo depois vai trabalhar com Zé do Norte no programa A hora sertaneja, na Rádio Transmissora. Chega ao Rio seu irmão José Januário Gonzaga, fugindo da seca devastadora e trazendo um pedido de ajuda por parte de Santana. Zé Gonzaga passa a morar com o irmão.

1941
5 de março. Data da primeira participação de Luiz Gonzaga numa gravação da Victor, atuando como sanfoneiro da dupla Genésio Arruda e Januário França, na “cena cômica” A viagem de Genésio. Seu talento chama a atenção de Ernesto Augusto Matos, chefe do setor de vendas da Victor. E no dia 14 de março Luiz Gonzaga grava, assinando pela primeira vez como artista principal, e exclusivo da Victor, quatro músicas que são lançadas em dois 78 rotações. É publicada a primeira reportagem sobre Luiz Gonzaga na revista carioca Vitrine, com o título Luiz Gonzaga, o virtuoso do acordeom. Ainda em 41, Gonzaga grava mais dois 78 rotações. O sucesso havia chegado, e Gonzaga já era chamado como “o maior sanfoneiro do nordeste, e até do Brasil”.

1944
O apelido “Lua”, invenção de Dino 7 Cordas pelo rosto arredondado de Gonzaga, é divulgado pelo radialista Paulo Gracindo na Rádio Nacional.

1945
11 de abril. Luiz Gonzaga grava o 25º disco de sua carreira como sanfoneiro, e o primeiro como cantor, com as músicas Dança Mariquinha, mazurca de sua autoria com letra de Miguel Lima, e Impertinente, polca também de sua autoria, instrumental. Mas a afirmação como intérprete só chega com o 31º disco, lançado em novembro, pelo sucesso estrondoso da mazurca Cortando o pano, uma parceria com Miguel Lima e Jeová Portella. Em 22 de setembro nasce Luiz Gonzaga do Nascimento Júnior, Gonzaguinha, fruto de um relacionamento com a cantora Odaléia Guedes. Desejoso de encontrar o parceiro certo para expressar sua musicalidade sertaneja, Luiz Gonzaga procura o cearense Lauro Maia. Este apresenta-lhe o cunhado, também cearense, advogado e poeta, Humberto Teixeira. Era o mês de agosto. Esse primeiro encontro rendeu a primeira parceria, No meu pé de serra, xote que só seria gravado em novembro do ano seguinte.

1946
No mês de outubro o conjunto Quatro Ases e um Coringa, da Odeon, acompanhado pela sanfona de Luiz Gonzaga, grava a segunda parceria de Gonzaga e Humberto Teixeira, a música Baião, sucesso em todo país. Depois de receber a visita de Santana, Gonzaga volta à sua terra, Exu, após 16 anos ausente. No retorno para o Rio, passa pela primeira vez no Recife, participando de vários programas de rádio e muitas festas. Nesse momento conhece Sivuca, Nelson Ferreira, Capiba e Zédantas, estudante de medicina, músico por vocação, apaixonado pela cultura nordestina.

1947
Luiz Gonzaga grava em março o 78 rpm que se tornaria um clássico da música brasileira: a toada Asa Branca, sua terceira parceria com Humberto Teixeira, inspirado no repertório de tradição oral nordestino. A partir desse ano, Luiz Gonzaga adota o chapéu de couro semelhante ao usado por Lampião, a quem tinha verdadeira admiração, à sua apresentação artística, – embora a Rádio Nacional ainda não o permitisse apresentar-se ‘como cangaceiro’ nos seus programas – assumindo, ao mesmo tempo em que também plasmava, a identidade nordestina no cenário nacional. Num domingo de julho, Gonzaga conhece na Rádio Nacional, a contadora Helena das Neves Cavalcanti, e a contrata para ser sua secretária. Rapidamente o namoro acontece, e Gonzaga pensa em casar.

1948
No dia 16 de junho Luiz Gonzaga e Helena casam-se no Rio de Janeiro, e passam a morar, juntamente com a mãe de Helena, dona Marieta, no bairro de Cachambi.

1949
Aproveitando uma folga entre as gravações, Luiz Gonzaga leva a esposa e sogra para conhecerem o Araripe, e sua terra Exu. Porém, interrompem a viagem quando estavam no Crato, por causa das desavenças e mortes entre os Sampaio e os Alencar. A grande violência que marcava a disputa entre os clãs rivais ameaçava sua família, ligada aos Alencar. Preocupado, Gonzaga aluga uma casa no Crato, para onde leva seus pais e irmãos, enquanto preparava a mudança de sua família para o Rio de Janeiro, o que ocorreu ainda em 49.

1950
Em janeiro, o médico formando Zédantas chega ao Rio, a fim de prestar residência no Hospital dos Servidores, para alegria de Gonzaga, que vai esperá -lo na plataforma da estação de trem. Nesse ano, Luiz Gonzaga lançou, gravando ou cedendo para outros intérpretes, mais de vinte músicas inéditas, a maioria parcerias com Humberto Teixeira e Zédantas que se tornariam clássicos da MPB. Em junho lança a música A dança da moda, parceria com Zédantas que retratava a febre nacional pelo baião.

1951
Luiz Gonzaga já era o consagrado ‘Rei do Baião’, e o advogado Humberto Teixeira o ‘Doutor do Baião’! Em maio Luiz Gonzaga sofre um grave acidente de carro, junto com seus músicos: João André Gomes, apelidado Catamilho, do zabumba, e Zequinha, do triângulo. Humberto Teixeira candidata-se a Deputado Federal, e recebe o apoio do parceiro. Durante todo o ano de 51 Gonzaga foi convidado permanente da série No Mundo do Baião, produzido por Zédantas, parte das atrações do Departamento de Música Brasileira da Rádio Nacional, cuja direção era de Humberto Teixeira. Gonzaga havia aproximado os dois parceiros, mas essa convivência era difícil e durou pouco tempo. Foi No Mundo do Baião que Luiz Gonzaga coroou, com chapéu de couro, Carmélia Alves como Rainha do Baião. Ela interpretava o baião com acompanhamento de orquestra, e levava a música do Rei para as boates e ambientes da elite. Luiz Gonzaga e Helena adotam uma menina: Rosa Maria.

1952
Outubro de 1952, data do 71º disco da carreira de Gonzaga, o último 78 rpm com Humberto Teixeira, músicas já lançadas em anos anteriores. Hervê Cordovil é apresentado à Gonzaga por Carmélia Alves, e tornam-se parceiros.

1953
Catamilho é afastado por Gonzaga do seu conjunto, e Zequinha o acompanha. Gonzaga contrata Jurai Nunes, o Cacau, para tocar zabumba, e Oswaldo Nunes Pereira, o Xaxado para o triângulo. Mais tarde, por causa de sua baixa estatura, Xaxado seria apelidado de Salário Mínimo.

1954
Luiz Gonzaga conhece Neném, mais tarde Dominguinhos, aos 14 anos, na cidade de Garanhuns. Nesse mesmo ano seu primo, o vaqueiro Raimundo Jacó, é assassinado na região do Araripe.
1955

1955 Luiz Gonzaga apresenta o trio formado por Marinês, Abdias e Chiquinho, que ficou conhecido como Patrulha de Choque Luiz Gonzaga.
1956
Marinês é coroada Rainha do Xaxado na Rádio Mayrink Veiga. A cantora japonesa Keiko Ikuta grava as músicas Baião de Dois e Paraíba.

1960
11 de junho: morre Santana, vitimada pela doença de Chagas, no Rio de Janeiro. 05 de novembro: Januário, aos 71 anos, casa-se com Maria Raimunda de Jesus, 32 anos, no Exu. Gonzaga participa, gratuitamente, da campanha de Jânio Quadros à Presidência da República.

1961
Gonzaguinha vai morar com o pai em Cocotá, Rio de Janeiro. Luiz Gonzaga torna-se maçom, e sofre outro acidente de carro que lhe desfigura o lado direito do rosto, ferindo gravemente o seu olho.

1962
11 de março: morre Zédantas, aos 41 anos. Luiz Gonzaga conhece João Silva.

1963
Luiz Gonzaga teve sua sanfona Universal, preta, roubada. Antenógenes Silva, seu amigo e afinador, lhe empresta uma sanfona branca. A partir de então, adota a cor branca para suas sanfonas, e a inscrição “É do povo” em todos os seus instrumentos. Luiz Gonzaga conhece o poeta cearense Patativa do Assaré.

1964
Gonzaga compra terrenos em Exu, onde irá construir o Parque Asa Branca.

1968
Carlos Imperial, apresentador de programas de rádio e televisão, espalha o boato de que The Beatles gravara a toada Asa Branca. Luiz Gonzaga conhece Edelzuíta Rabelo, advogada, numa festa junina em Caruaru.

1971
A Missa do Vaqueiro é celebrada pela primeira vez, em memória de Raimundo Jacó. Desde então passa a ser anualmente celebrada, tornando-se evento tradicional em Pernambuco.

1972
Gonzaga apresenta o espetáculo Luiz Gonzaga volta para curtir, no Teatro Tereza Rachel, no Rio, produzido por Capinam, para uma platéia formada maciçamente por estudantes. Nesse ano, rompe o contrato de 32 anos com a RCA.

1973
Gonzaga é levado para a EMI-Odeon por Fernando Lobo, onde permanece por dois anos. Recebe o título de Cidadão Paulista, e inicia a reforma dos imóveis que havia comprado na entrada da cidade de Exu.

1975
Luiz Gonzaga reencontra Edelzuíta, o grande amor da fase final de sua vida.

1976
Luiz Gonzaga assina novamente contrato com a RCA Victor.

1978
11 de junho: morre o Mestre Januário.

1979
No mês de outubro morre Humberto Teixeira.

1980
Luiz Gonzaga canta para o Papa João Paulo II na capital cearense. Inicia, em parceria com Gonzaguinha, a turnê do show Vida do Viajante, que percorre várias cidades brasileiras, estendendo-se até o ano seguinte, quando é lançado o álbum duplo da gravação do show, ao vivo.

1982
Luiz Gonzaga viaja para Paris, onde se apresenta na casa de espetáculos Bobino, na noite de 16 de maio, a convite da cantora amazonense Nazaré Pereira. A partir desse ano, Luiz Gonzaga passa a assinar como Gonzagão quase todos os seus disco, forma como havia sido chamado por ocasião de sua turnê com Gonzaguinha.

1984
Gonzaga recebe o primeiro disco de Ouro com o LP Danado de Bom, no qual tinha João Silva por principal parceiro, e que receberia um segundo Disco de Ouro em seguida. João Silva seria seu grande parceiro, a partir de então. Morre Jackson do Pandeiro. Gonzaga recebe o Prêmio Shell.

1985
Gonzaga recebe o prêmio Nipper de Ouro, homenagem internacional da RCA a um artista de seu quadro. Luiz Gonzaga recebe dois discos de ouro para o LP Sanfoneiro Macho.

1986
Luiz Gonzaga participa do festival de música brasileira na França, Couleurs Brésil, evento que inaugura o programa dos anos Brasil-França 86-88. O Rei do Baião apresentou-se na Grande Halle de La Villette no show de encerramento, junto com outros artistas brasileiros, para um público aproximado de 15 mil pessoas. O LP Forró de Cabo a Rabo, deu a Luiz Gonzaga dois discos de ouro e um de platina.

1988
Em junho pede o desquite, separa-se de Helena, e assume o relacionamento com Edelzuíta Rabelo. Neste ano também desliga-se definitivamente da RCA.

1989
Luiz Gonzaga grava pela Copacabana Records seus últimos discos. 21 de junho: é internado no Hospital Santa Joana, no Recife. 02 de agosto: morre Luiz Gonzaga, aos 76 anos de idade.

Briguilinks>>>

Recordações - Rita Célia Faheina

A este sentimento que nos faz chorar sem que seja de dor, de sofrimento, deram o nome de saudade.


"Eu vou, vou pro Ceará 
Eu vou, vou ver meu bem. 

Meu povo tá chorando, 
Vou lá chorar também. 

Eu vou dizer pro mar 
Que "arespeite" ao menos 
A casa do meu bem... 

A praia de Iracema 
Foi sempre o meu amor 
Não leve o meu coqueiro 
Deixe em paz meu bangalô". 

Humberto Teixeira nem lembrava mais da letra quando dona *Marlene Teixeira cantarolou pra ele a música de sua autoria em um dos últimos encontros que os dois tiveram, na década de 70. Prima e quase irmã, devido a grande convivência que tinham, ela guarda em sua casa, em Iguatu, na Região Centro-Sul do Ceará, várias recordações como troféus, fotos e recortes de entrevistas do "doutor do baião", título que ganhou de Luiz Gonzaga, de quem foi um grande parceiro e amigo. 

"Éramos muito unidos e quando ele foi embora da cidade (Iguatu) para o Rio de Janeiro, sempre nos correspondíamos, mandávamos cartões, cartas e ainda hoje me correspondo e falo, por telefone, frequentemente, com a Denise e sua mãe (a atriz Denise Dumont, filha única de Humberto e Margarida Teixeira que mora em Nova Iorque, EUA)". A ex-mulher do compositor é tradutora e pianista. 

Marlene, que diz estar com uns "70 e poucos anos", recorda que o primo não gostava de aparecer, por isso tem tão pouca coisa sobre ele, como reportagens e gravações de entrevistas. Relembra de uma das últimas entrevistas que Humberto concedeu no Ceará e ela assistiu. "Consta do acervo do pesquisador Miguel Ângelo de Azevedo, o Nirez", informa. 

A mãe de dona Marlene, **Alice era a maior amiga de Lucíola Teixeira, mãe de Humberto. Em Iguatu, sempre moraram próximas. "Tia Lucíola era muito enérgica com os filhos. A casa que eles moravam era grande e tinha um sótão. Os meninos e meninas - além de Humberto, Joacir, Ivan, Juarez, Luzanira, Djanira (esposa do compositor Lauro Maia), Glaura e Ivanira - tinham de estudar e cumprir as tarefas, antes de brincar. Mas eram todos muito bons e inteligentes". 

Marlene aponta para a foto do tio, o maestro Lafaiete Teixeira, que dependurou na parede da sala de visitas, e recorda que foi ele quem iniciou Humberto na música. "Tio Lafaiete, irmão de papai (***Joel Leônidas Teixeira) e de tia Lucíola foi quem o ensinou a tocar gaita, e depois ele aprendeu flauta e bandolim. Com 12 anos, Humberto foi para o Rio de Janeiro, mas nunca esqueceu Iguatu. Sempre que podia vinha fazer uma visita aos familiares". 

Ela relembra da época em que ele se candidatou a deputado federal, na década de 50, quando foi a Iguatu fazer campanha ao lado de Luiz Gonzaga. "Quando assumiu, criou a Lei Humberto Teixeira, um projeto que incentivava a divulgação da música brasileira no Exterior. Ele escrevia e falava muito bem, porém cantar era uma negação. Lembro ainda que, na adolescência, tinha uma loucura por piano, mas o pai dele não deixava porque dizia que era coisa de mulher", recorda. 

Nos anos 60 e 70, Marlene foi visitar o primo no Rio de Janeiro e ficou se comunicando assiduamente com a mulher do compositor, Margarida e a filha Denise, atriz que foi casada com o ator Cláudio Marzo de quem tem um filho, Diogo. "No Rio, Humberto mesmo projetou sua casa e ali viveu com a família até sua morte, em 1979". 

Dona Marlene lembra que todos sentiram muito a morte do "doutor do baião" porque era muito presente na família e gostava de sempre estar junto dos parentes. Na semana passada, Marlene teve uma surpresa agradável: recebeu da Jobim Music a biografia, as músicas e partituras do primo. "Soube que Denise esteve no Rio de Janeiro e vou me comunicar com ela para contar sobre o presente. Fiquei muito feliz, porque é um reconhecimento de tudo o quanto o Humberto foi e continua sendo para a Música Popular Brasileira". 

* Tialena
** Vovó Alice
***Vovô Joel
“...Não vale a pena chorar/não vale a pena maldizer, o melhor é sorrir, sorrir e esquecer...” trecho da canção "Insensatez " de autoria de Tialena.

Jovens coreanos homenageiam o rei do baião



Asa Branca interpretada pelos jovens coreanos da banda Coreyah (via Studio Lovo)
 Luiz Gonzaga é lembrado hoje de forma especial (completaria 100 anos) por todo canto, por toda gente, inclusive por jovens do outro lado do planeta numa língua que ele nunca sonhou ver sua Asa Branca voar. Ou sonhou?
Abaixo, três minutos com o rei do baião falando sobre Lampião e Padre

O Brasil que Luiz Gonzaga percorreu e cantou no século 20 não é mais o mesmo

[...] Cresceu e apareceu para o mundo: virou potência econômica. Mas olhado por dentro, como fez o sanfoneiro a partir dos anos 1940, o país continua desigual, com grandes prejuízos a cada adversidade climática. 

"A seca compromete a produção agrícola e pecuária, que tem um peso grande no PIB (Produto Interno Bruto) dos pequenos municípios. Comas estiagens prolongadas, há uma grande perda da capacidade de renda das famílias desses lugares ", avalia o economista Geraldo Antonio Reis, professor da Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes). 

Embora esteja no Sudeste, a região mais rica do país, o Norte de Minas, juntamente como Vale do Jequitinhonha, padece da mesma forma que o sertão nordestino. Mas por que a falta de água ainda mata o gado e provoca tamanha judiação? É o que os repórteres Paulo Henrique Lobato, Luiz Ribeiro e Alexandre Guzanshe respondem a partir de hoje, quatro dias antes dos 100 anos do Rei do Baião, na série de reportagens "O Brasil de Gonzaga".

Asa branca (Luiz Gonzaga/Humberto Teixeira, 1947)

Crateús: Escola resgata história do Rei do Baião


Crateús Durante dois dias a Escola de Ensino Fundamental e Médio Lions Club, neste município, resgata a sua história e a de Luiz Gonzaga, por meio da III Amostra Científica e Cultural. O evento comemora este ano os 45 anos da escola e traz como tema "Danado de Bom", enfocando o centenário do Rei do Baião. Núcleo gestor, professores e alunos se mobilizaram ao longo do ano em torno dos temas e na amostra apresentam a culminância das pesquisas e dos trabalhos construídos no período.

"Tudo o que apresentamos nestes dois dias são frutos de tarefas e estudos realizados pelos alunos no decorrer do ano, com o auxílio dos nossos professores. Todos na escola se envolveram para comemorar a data e homenagear Luiz Gonzaga em seu centenário", destaca a diretora, Adriane Macedo.

Do portão de entrada da instituição ao auditório, passando por pátio, salas de aula e de jogos se vê a homenagem ao Rei Luiz Gonzaga. Banners, cartazes, faixas, símbolos e desenhos recordam a vida dele. Sanfonas, chapéus, roupas, músicas e acessórios remontam à história de vida daquele que mostrou o Nordeste ao restante do País e ao mundo. Leia mais>>>

Luiz Gonzaga: Sinônimo de Baião

Antecipando as comemorações dos 100 anos de nascimento de Luiz Gonzaga - o Rei do Baião - a prefeitura de Fortaleza instituiu o dia municipal do forró.

Há 99 anos, neste mesmo dia, nascia no pequeno município de Exu, interior de Pernambuco, um dos maiores artistas que o País já produziu. Filho de Januário com a cabocla Santana, Luiz Gonzaga Nascimento foi responsável não apenas por redesenhar o gênero do forró, mas por fortalecer de maneira decisiva sua difusão para além das fronteiras do Nordeste.

Frente à aproximação do centenário do Rei do Baião (falecido em agosto de 1989), a Prefeitura de Fortaleza decidiu antecipar as comemorações, ao instituir a data de seu aniversário como o Dia Municipal Forró, inserido no calendário oficial de eventos culturais da cidade.

A ocasião, claro, terá festa, como manda o figurino. Ao todo, 20 atrações reúnem-se hoje à noite no Polo Luiz Gonzaga, no Conjunto Ceará. Cada artista ou banda interpreta duas músicas: uma própria e outra em homenagem ao Mestre Lua (decidida por sorteio). A iniciativa é da Associação Cearense do Forró (ACF), com o patrocínio da Secretaria de Cultura de Fortaleza (Secultfor).

Integram ainda a programação, a Orquestra Sanfonas do Ceará e o Balé Folclórico Arte Popular. "Queremos que esse evento se torne uma tradição", explica Walter Medeiros, presidente da ACF e membro do Conselho Municipal de Política Cultural de Fortaleza.

"Selecionamos artistas que fazem parte da nossa história musical e engajados na luta por esse movimento do forró de qualidade", complementa Medeiros. A lista inclui nomes como Adelson Viana, Netinho do Ceará, Oswaldinho do Ceará, Diassis Martins, Estrela do Norte, Messias Holanda, Neo Pi Neo, Os Januários, entre outros.

Para Messias Holanda, por exemplo, o forró deve ser alvo de ações de proteção. "Tem de ser aguado que nem planta, pros mais novinhos passarem a conhecer e não esquecerem. O nosso forró é muito sofredor, empurra pra lá, empurra pra cá, e ele ainda resiste", avalia.

Hoje à noite, ele interpreta "Ovo de Codorna", de Gonzagão, e o sucesso "Pra tirar coco", de sua autoria. "Pra onde eu vou, esse pé de coco se espalha. É automático", brinca.

Já José Alderir Alves da Costa, mais conhecido pelo nome artístico Estrela do Norte, não é cearense, mas escolheu o Estado para investir no que chama de "forró de verdade", título que também dá nome a seu último CD. "Sou de Mãe do Rio, no Pará, mas meus pais são cearenses. Dos 13 anos que estou em Fortaleza, há 11 venho me dedicando ao forró", explica.

O artista iniciou a carreira com a música "Xote Ecológico", composição de Luiz Gonzaga em homenagem a Chico Mendes. Por isso, só tem o que comemorar com a criação da data. "Esse dia é uma conquista ímpar para a associação", vibra. Hoje ele apresenta "A sorte é cega", de Gonzaga, e "Feliz da Vida", de Flávio Leandro.

Homenagem
Mas quem deve estar mais animado com o evento é Diassis Martins, cuja admiração por Luiz Gonzaga levou-o a idealizar um CD tributo, "Diassis Martins cantando Gonzagão", apenas com regravações de músicas do ídolo. O novo trabalho será lançado com um show no dia 13 de janeiro. "Sempre quis gravar um disco homenageando Gonzagão, mas é algo difícil por conta da liberação dos direitos autorais. Sai muito caro", explica. "Mas consegui uma gravadora que abraçou o projeto, a DM Music. Eles me contrataram e assumiram todas as despesas".

Durante a seleção de músicas, Diassis guardou espaço para algumas menos divulgadas do Mestre Lua, que nunca haviam sido regravadas. "´A triste partida´, por exemplo, tem nove minutos, não roda nas rádios. Também regravei ´Obrigado João Paulo´, homenagem de Gonzaga ao Papa João Paulo II".

Obviamente, grandes sucesso não poderiam ficar de fora. "Tem ´Numa sala de reboco´, ´Sabiá´, ´A volta da asa branca´, além de um pout-pourri com as marchas juninas, a exemplo de ´Pagode russo´, ´Fogo sem fuzil´ e ´Olha pro céu´", enumera.

O projeto demorou quatro meses para ficar pronto, desde a pesquisa e elaboração de repertório até o envio do material para fabricação da matriz do CD nos EUA. Para acompanhá-lo, convidou vários músicos cearenses.

Hoje, ele relembra Gonzaga com "A Vida do Viajante", além de "10 mandamentos do amor", de Jeovah de Carvalho e Dadá di Moreno. Sobre a criação do Dia Municipal do Forró, Diassis acredita ser uma iniciativa importante para preservar a memória do gênero. "Isso veio fortalecer o forró na cidade, ainda mais na data de nascimento de Gonzagão. Reconheço que a administração atual de Fortaleza preza muito por apresentar a música local de qualidade".

Início da carreira
Luiz Gonzaga foi o segundo dos nove filhos do casal Januário José dos Santos e Ana Batista de Jesus. Com apenas oito anos de idade, substituiu um sanfoneiro em festa na fazenda Caiçara (onde nasceu, no sopé da serra do Araripe, em Exu), a pedido de amigos do pai. Cantou, tocou e, pela primeira vez, recebeu um "cachê" (vinte mil réis). A partir daí, os convites para se apresentar tornam-se frequentes. Antes de completar 16 anos, já era conhecido em toda a região. Após fugir de casa, servir ao exército em Fortaleza e em Minas Gerais, termina no Rio de Janeiro, onde começa a se apresentar.
por ADRIANA MARTINS
REPÓRTER

Humberto Teixeira

O Homem Que Engarrafava Nuvens
 Este filme documentário foi apresentado nesta noite de sábado na TV Brasil, infelizmente não pude assistir. Mas vale pelos relatos:
 Folha de São Paulo – por Marcus Preto. 
Em tempos em que o samba se mantém entronado como fundamental matéria-prima na produção de música do país, um filme como “O Homem que engarrafava nuvens” (2010) pode valer como uma iluminação.
Dirigido por Lírio Ferreira, o documentário entrega até mais do que promete, a princípio, vender.
Promete uma biografia do cearense Humberto Teixeira (1915-1979), compositor, advogado, político e criador das leis de direito autoral no Brasil. Mais que isso. Parceiro de Luiz Gonzaga em clássicos como “Asa Branca” e “Assum Preto”.
Entrega um poema visual que, abarrotado de  informações, depoimentos e imagens históricas, se expandem para além do personagem.. E busca recolocar o Baião como o gênero fundamental da nossa tradição musical.
Vídeos: 
Veja o vídeo