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Fernanda Torres: perdidos no espaço



Enfim, foi um mês extraordinário. Faltam mil quatrocentos e poucos dias para colocar o Brasil nos "eixos". É manter o leme firme, os milicianos ativos e não perder o foco

Fernanda Torres - atriz, roteirista e escritora de "Fim" e "A Glória e seu desfile de horrores"
Vida que segue...

Fouché, por Fernanda Torres

Radicalismos recíprocos, mágoas políticas, pobres versus ricos, morte à burguesia, arrocho financeiro, convocações, marchas, seca, escândalos, delações, a coisa tá preta.

Em meio à intempérie, dois livros têm me servido de guia: as biografias de Napoleão Bonaparte, a de Alan Schom e a de Andrew Roberts.

Sou artista e burguesa, mas não defendo o impeachment.

Os franceses deceparam a cabeça de Luís 16, enfrentaram uma década de horror e acabaram nas mãos de um general que se auto coroou imperador. Quem nos garante um futuro melhor?

Dilma está longe de ser Luís 16, mas a insatisfação popular, o isolamento, a corrupção, o revertério climático e a ruína de sua base partidária guardam paralelo com as desventuras que levaram o rei à guilhotina.

Napoleão surgiu no vácuo da turbulência que se seguiu à queda da Bastilha. Cabeças rolaram em série, primeiro a do monarca, depois a dos nobres, dos ricos, dos católicos, dos moderados girondinos e, por fim, dos extremados jacobinos.

É curioso notar o quão rápido o "em nome do povo" se transforma no "em nome dos meus". Povo é um termo genérico, palavra retórica, usada de maneira indiscriminada pelos que almejam (ou detêm) o poder.

A campanha eleitoral que levou Dilma à reeleição é, hoje, seu maior inimigo. O feijão voando do prato dos menos favorecidos, a garantia de que não elevaria os juros e nem deixaria o trabalhador pagar pelo desajuste econômico vêm, agora, cobrar o preço da propaganda.

Existe, de fato, um erro de comunicação por parte do governo, mas ele não está no abandono da militância nas redes, como afirma estudo recente, mas, sim, no fato da reeleição ter obrigado o Planalto a adiar ajustes que deveriam ter sido feitos ao longo dos últimos anos.

Hélio de La Peña diz que a elite branca de todas as cores e ricos de todas as classes sociais foram às ruas no dia 15.

A oposição estava lá, não há dúvida, e também uma direita saudosa da ditadura, cujo crescimento preocupa não apenas no Brasil.

Se Dilma não resistir, a quem estaremos entregues?

A Revolução Francesa tem coadjuvantes tão, ou mais, interessantes do que Luís 16, Danton, Robespierre e Napoleão.

Dentre todos os que sobreviveram às mudanças abruptas da virada do século 18, Tayllerand, Sieyès, destaco aquele que entrou para a história como o Judas da Revolução.

Joseph Fouché era um plebeu, filho de marinheiros e comerciantes bem-sucedidos.

Formado em física e matemática no seminário dos Oratorianos, esteve perto de se ordenar padre, mas preferiu o magistério. Teve alunos influentes e desenvolveu estreitos laços com Robespierre --homens que, mais tarde, o ajudariam na sua ascensão política.



Prometendo lutar pela liberdade e pela igualdade, ou morrer defendendo-as, Fouché se tornou um jacobino fervoroso.

Votou a favor da decapitação de Luís 16 e promoveu a execração pública da Igreja que o formou e da nobreza que ajudou a formar.

Transmutou-se num homem do povo, laico, defensor do terror salutar. Em missão no interior do país, ainda relutante quanto às benesses da Revolução, aterrorizou Lyon, ordenando a invasão de 1.600 residências e a execução de 1.905 cidadãos, na sua maioria nobres e cultos.

Quando os jacobinos se transformaram em ameaça para o Diretório, o camaleão assumiu o cargo de ministro da Polícia, censurou jornais, prendeu jornalistas e perseguiu os radicais que, um dia, foram seus aliados.

Em seguida, tramaria com o general Bonaparte, recém-chegado do Egito, o bem-sucedido golpe de estado do "18 Brumário", que daria cabo do Diretório, colocando um ponto final na Revolução Francesa.

Napoleão se tornaria primeiro cônsul e, numa eleição forjada, imperador. O temido Fouché preservaria o cargo de ministro da Polícia, com poder suficiente para investigar todo e qualquer cidadão, a família Bonaparte incluída.

Numa discussão acalorada, Napoleão pergunta ao ministro que atitude tomaria, caso o império caísse em desgraça.

Calmo, Fouché responde que faria tudo para apagar seu histórico bonapartista, procurando servir àquele que alcançasse o poder.

"É assim que se faz política!", conclui Napoleão, com um sorriso admirado.

Pedir a cabeça Dilma é fácil, difícil é se livrar dos Fouchés.



10 biografias

Que não estavam no scripit de 2010

1. Geisy Arruda
Vestida para causar, de Fabiano Rampazzo, conta como a estudante paulista fez de um quase linchamento o trampolim para a fama. Depois de ser expulsa em 2009 da faculdade por ter ido à aula de minissaia, ela posou nua, virou estrela de TV – e, segundo seu biógrafo, símbolo do feminismo.

2. Lady Gaga
Apesar do êxito, a vida pessoal de Lady Gaga permanece nebulosa. Lady Gaga – A revolução do pop tenta esclarecer mistérios sobre a cantora e explicar sua corrida ao estrelato.

3. Susan Boyle
A cantora que virou estrela pop mesmo perdendo um concurso na televisão ganhou neste ano três biografias, além de duas autobiografias, com a ajuda de redatores ventríloquos.

4. Fernando Torres
No livro Torres, el niño: my story, só editado no Reino Unido, o jogador de 26 anos narra um triunfo às avessas: antes da Copa do Mundo, era a esperança da seleção espanhola. Foi campeão, o.k., mas no banco de reservas.

5. Kim Kardashian
Kardashian konfidential conta a ascensão da modelo e de suas irmãs Kourtney e Khloe. As três são estrelas de um reality show. Kim virou símbolo da empresária astuta, pronta para derrotar as beldades concorrentes.

6. Justin Bieber
A biografia do astro de 16 anos não traz grandes revelações – talvez por falta de material. Além de descrever sua trajetória, o livro traz revelações “vitais”, como seu filme preferido e a importância da mãe em sua carreira.

7. Barack Obama
O jornalista David Remnick escreveu em menos de seis meses as 720 páginas de A ponte: vida e ascensão de Barack Obama. Isso com o presidente americano na metade do mandato. Cedo demais? “A história dirá”, disse Remnick a ÉPOCA.

8. Narciza Tamborindeguy
A socialite carioca conta em Ai, que absurdo! episódios recentes e surreais de sua vida: como um amigo rico lhe roubou um iPhone e o que fez para se livrar de uma goteira em sua cobertura.

9. Cleópatra
A historiadora Stacy Shiff virou best-seller com Cleopatra: a life. O livro retrata a rainha egípcia como a única mulher a ter um papel político fundamental na Antiguidade.

10. José Alencar
A jornalista Eliane Cantanhêde assina José Alencar, a saga de um brasileiro. Conta a trajetória do empresário mineiro que se tornou vice-presidente da República e luta há anos contra o câncer.