Na Carta Capital
Instalado no meu observatório universal, que aqui em casa é conhecido como sofá da sala, leio no jornal a intrigante notícia de que cientistas do prestigioso King’s College London, na Inglaterra, acabam de divulgar os resultados de uma extensa pesquisa acerca do tamanho do pênis humano adulto, tópico de reiteradas piadas e profundas angústias pessoais no mundo masculino. Depois de analisarem os pênis de 15,5 mil homens caucasianos e do Oriente Médio que vivem na Inglaterra, os sábios londrinos chegaram à conclusão geral de que o comprimento médio de um pênis flácido é de 9,16 centímetros. Duro, o danado chega a 13,12 centímetros. Não posso imaginar o que Shakespeare, que escreveu a comédia Medida por Medida, diria sobre a pesquisa de seus conterrâneos. Sei é que, durante a adolescência, além do meu, só via os paus assexuados dos meus colegas de classe no vestiário da piscina da escola e no clube que eu frequentava. Via também os paus da molecada mijando em muros, postes e arbustos. Mas nunca me passou pela cabeça ir lá medir o pau de ninguém, até porque nenhum deles se mostrava duro no banho coletivo ou na micção. Não que eu me lembre, pelo menos.
Vai daí que os únicos paus duros de que tenho lembrança na puberdade eram, além do meu próprio, os dos bisonhos desenhos dos “catecismos” ou “livrinhos de foda” que me caíam nas mãos trêmulas de desejo, com destaque para os de Carlos Zéfiro, que mostravam sujeitos com membros maiores que seus fêmures. Temia que, ao crescer, meu pau não chegasse a atingir proporções tão gigantescas. Não era, em todo caso, o que o meu prezado apêndice parecia prometer. Só torcia pra ele não ficar como o do Davi de Michelangelo, que inspirou a velha (e sempre boa) piada envolvendo o lendário presidente do Corinthians, o espanhol Vicente Matheus e sua mulher Marlene, diante da famosa estátua no museu de Florença. Marlene teria exclamado: “Nossa, que pinto pequeno que os caras tinham na antiguidade!” Ao que o tosco e desbocado corintiano teria retrucado: “É que naquela época as mulhé também num tinham o bucetón que elas têm hoje”.