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Economia - A crítica aos cabeças de planilha, por Dani Rodrik

Praticamente desde o Plano Real, tornei-me crítico das tentativas do mercado de entender a economia através das planilhas. Cunhei a expressão "cabeças de planilha" para designar esse tipo de analista. Não apenas isso.
Toda minha análise econômica submetia teorias e propostas à prova dos fundamentos.
Isto é, analisar os efeitos das tais propostas sobre os fundamentos mais simples da economia, os que estão efetivamente na base do mercado, do comportamento dos agentes econômicos.
Fazia isso buscando as correlações entre os agentes. Se a teoria ou proposta passasse por esse teste de lógica, então tinha pé ou cabeça.
O artigo de Dani Rodrik – "Economia x Economistas" -, da Kennedy School of Government, de Harvard, expõe com clareza esses princípios e as críticas ao que eles chamam de "mathiness".
Diz ele que não existe uma teoria única para os problemas da economia. Cada situação exige valer-se pragmaticamente dos instrumentos necessários, independentemente da teoria. E chega-se a esses instrumentos pela arte, pela intuição, não por fórmulas fechadas. A questão não é definir qual o modelo certo, mas qual o modelo que se aplica melhor a determinadas circunstâncias.
Daí a importância do conhecimento empírico, da capacidade de ver e entender os fenômenos do mercado.
Hoje, nos EUA, grandes economistas não poupam críticas a colegas que exageraram os benefícios do mercado.
no Valor

Zé Dirceu: economistas agem como fossem professores de Deus

O tempo passa e as certezas econômicas se esvaem. Começando pela decantada defasagem de preços da gasolina e do óleo diesel baratos -  ontem uma realidade, hoje passado.
Com a queda do preço do petróleo no mercado internacional nossa gasolina ficou mais cara e nosso óleo diesel idem. A Petrobras, que antes perdia, agora ganha bilhões ao mês.
Nesse quadro um  pouco de humildade faria bem aos economistas e articulistas de nossa mídia. Portam-se – e escrevem – geralmente como se fossem professores de Deus. Particularmente os que escrevem sobre economia, sejam economistas ou não. O ex-ministro e ex-deputado Delfim Neto é uma das poucas exceções, ao lado dos economistas Luiz Gonzaga Belluzzo e Amir Khair.
Agora a moda é desenhar um futuro sombrio, começando por 2015, para nossa economia. Demoraram mas hoje não tem mais como esconder a grave situação da economia mundial. Reconhecem que até a América Latina vai mal das pernas, como não podia deixar de ser com a maioria dos seus países dependendo de duas ou quatro matérias primas; muitos de apenas duas; e alguns exclusivamente do turismo e do envio de dólares dos imigrantes.
Muitas certezas e incertezas no mundo
Há muita incertezas no mundo mas, também, algumas certezas. Uma economia como a nossa, que depende apenas 14% do comércio exterior – aliás, como a dos Estados Unidos – pode e deve buscar exportar mais. Principalmente capital, tecnologia e serviços.
Mas, seria uma estultice apostar nosso crescimento apenas no comércio mundial. Outra coisa é priorizar a integração regional onde temos todas as vantagens comparativas e um mercado igual ao nosso (pelo menos em população, 200 milhões de habitantes), próximo de nós e ávido para crescer e se integrar com nossa economia e investimentos.
Mas, falta audácia e prioridade. Falta-nos um banco para financiar os avanços na integração regional, industrial e econômica em geral. Integração que para se dar pode e deve começar pela legislação tributária e ambiental.
É em nosso mercado interno e nos investimentos na infraestrutura econômica e social, então, que devemos apostar: nos investimentos em energia, petróleo e gás; na distribuição de renda; nas reformas tributária e urbana; nas reformas política e do Estado; numa revolução educacional e científica; e no aumento geral de nossa produtividade e competitividade.
Só aqui querem reduzir papel dos bancos públicos
Fazê-lo apoiados em políticas ativas como a cambial e a comercial. Conscientes de que somos parte de um mundo onde impera o protecionismo e a administração do câmbio e  onde os governos e bancos centrais emitem moeda aos trilhões para salvar seus bancos e empresas.
Só aqui querem reduzir o papel dos bancos públicos – começando pelo BNDES – e se escandalizam com o superávit zero esse ano.
Nossos economistas e articulistas agem – e escrevem – como se no mundo todo os governos não operassem com déficits e fazendo jorrar dólares aos trilhões para desesperadamente evitar a estagflação que os apavora.
Economistas e articulistas tupiniquins passam ao largo do fato de que governos em toda parte desvalorizam suas moedas e se protegem, controlam os organismos internacionais e as finanças com as quais procuram determinar e controlar as políticas de desenvolvimento de todos países sem exceção – inclusive as do Brasil.
Um pouco de humildade e realismo, sem esse pessimismo mórbido, faria bem ao debate das saídas e dos desafios do pais nos próximos anos.

Clóvis Rossi: não são previsões, são chutes


Esqueça a catarata de previsões sobre o desempenho da economia publicadas recentemente. Não passam de "chute".

É a cândida confissão de um "chutador", Bráulio Borges, economista-chefe da LCA Consultores, em artigo publicado quinta pela Folha.

Borges acusou o golpe representado pelas críticas do "grande público aos analistas econômicos (economistas principalmente) e às suas projeções" (para o desempenho da economia em 2012).

Resolveu, então, explicar que "os erros são inevitáveis em razão de uma série de razões" que ele lista em seguida.

Depois de ler as tais razões, a única conclusão possível é a de que não há previsões, mas "chutes", até porque a primeira razão já seria suficiente para não tomar palpites de analistas/economistas como se fossem a palavra de Deus: "O mundo real é caracterizado pela incerteza em relação ao futuro".

Tremenda obviedade, mas necessária porque boa parte dos economistas se acha profeta infalível. Para aliviar a barra dos economistas tapuias, é forçoso dizer que no mundo todo todo mundo "chuta".