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Vila Nova de Milfontes

Localizada no concelho de Odemira, na margem norte da foz do Rio Mira. Tem cerca de 5'000 habitantes.
Esta localidade está ligada ao grande feito da aviação portuguesa que foi a primeira travessia área entre Portugal e Macau, realizada por Brito Paes e Sarmento Beires. Foi a 7 de Abril de 1924 que os pilotos partiram de Milfontes, rumo ao Oriente. Foi erguido na Praça da Barbacã, junto ao forte, um monumento que recorda a heróica viagem...Leia mais>>>

Economia: é apenas um museu de novas crises

O texto abaixo foi escrito em 1872, por Eça de Queirós

"Nós estamos num estado comparável apenas à Grécia: a mesma pobreza, a mesma indignidade política, a mesma trapalhada económica, a mesmo baixeza de carácter, a mesma decadência de espírito. Nos livros estrangeiros, nas revistas quando se fala num país caótico e que pela sua decadência progressiva, poderá vir a ser riscado do mapa da Europa, citam-se em paralelo, a Grécia e Portugal"
(em As Farpas)

Portugal e a crise econômica na Europa

Os títulos da dívida pública de Portugal foram rebaixados para a categoria “junk”. Em bom português (de aquém ou além-mar), não resta dúvida: a dívida portuguesa virou lixo!
O anúncio – feito pela Moody´s (uma daquelas agências de “classificação de risco” que se desmoralizaram ao deixar de prever os riscos no mercado de hipotecas dos EUA antes de 2008) – acrescenta mais um toque de dramaticidade à crise européia.
Fukuyama e o fim da história: o que ele diria da crise européia?
Portugal é um mercado pequeno. Assim como a Grécia e a Irlanda - que também passam por dificuldades gigantescas. Mas se a dívida desses países virar pó, a crise pode se expandir para Alemanha e França – já que bancos franceses e alemães detêm boa parte da dívida grega e portuguesa.


O desespero leva muita gente a pregar que Portugal e Grécia saiam agora do euro, e voltem a ter moeda própria. Moeda própria permitiria a esses países defenderem suas economias, favorecendo exportações e reativando a produção. Mas a dívida antiga, em euro, cresceria exponencialmente. A não que se pronuncie uma palavra que economistas bem comportados costumam evitar: calote!


O euro, ressalte-se, é moeda “sui generis”, é moeda sem Estado. É moeda “única” de estados múltiplos. Por isso, a crise nos pequenos Portugal e Grécia é uma crise européia. Sem falar na Espanha – economia bem maior, onde o desemprego avança para impressionantes 20%.


O tremor financeiro faz ressurgir o discurso nacionalista na Alemanha – país que segue a crescer em meio à turbulência. Na terra de Angela Merkel, conservadores já falam em criar uma nova zona do euro, mais enxuta, reunindo Alemanha, Áustria e países nórdicos. Um novo euro, o  “euro forte”,  ficaria restrito a esse pequeno grupo de países – que assim não se deixariam “contaminar” pela instabilidade que vem do sul. Nacionalismo e Alemanha são termos que costumam provocar arrepios quando aparecem juntos.   
A crise do euro é, por isso, também uma crise política.
Qual a saída?


Gregos, portugueses e espanhóis já estão nas ruas a mostrar que a velha receita do FMI sofrerá oposição gigantesca. A própria decisão da Moody´s sinaliza que os pacotes sucessivos não surtirão efeito: FMI e União Européia oferecem recursos em troca de cortes no setor público. Cada pacote faz com que o “mercado” enxergue essas economias com mais desconfiança, cobrando um preço cada vez mais alto para refinanciar a dívida pública.
Portugal prometeu vender ativos, reduzir aposentadorias, cortar empregos públicos. Qual o resultado? A dívida virou lixo!


O caminho desses países pode ser o da Argentina. Calote! 
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Agiotagem


RESISTIR É PRECISO

A presidente Dilma Rousseff chega hoje a Portugal para participar da homenagem da Universidade de Coimbra ao ex-presidente Lula. Terá tempo para examinar o que acontece naquele país. Com certeza trará lições sobre o que não fazer no Brasil, exatamente o que o governo português vem tentando. Demitiu-se o primeiro-ministro José Sócrates, ainda que deva permanecer no cargo por dois meses, por conta das resistências na Assembléia Nacional ao seu plano de “recuperação econômica”.


Assim como a Grécia, a Irlanda, a Espanha, a França  e outras nações européias, Portugal quer sair do sufoco às custas do trabalhador. Para manter felizes as elites financeiras, na verdade as  causadoras da crise econômica, os dirigentes portugueses estão propondo aumento de impostos, redução de direitos, a começar pelas aposentadorias, demissões em massa, interrupção nos investimentos sociais, cortes nos gastos públicos  e outras fórmulas clássicas do neoliberalismo.

Os protestos  já se fazem sentir em Lisboa e no Porto. Os sindicatos  estão na rua, mobilizando contingentes  de prováveis vítimas da sanha do chamado mercado. Os trabalhadores não aceitam iniciativas capazes de tornar ainda pior a vida deles, mas, pelo  jeito não vai adiantar muito a sua reação. Não tem adiantado em situações similares no Velho Mundo. Lá, a prevalência continua sendo das elites, na hora das decisões. São elas a base da maioria dos governos europeus.

Ao retornar, Dilma precisará meditar para prevenir. Não há iminência de crise, entre nós. A economia mantém-se estável, continuamos crescendo, novos empregos tem sido criados e, mais importante ainda, o governo atual não surgiu das elites e nem parece prisioneiro delas, ainda que continuem tentando dominá-lo. Mas já se falou em aumento de impostos,   no caso, a volta da CPMF.  Registra-se a contenção de gastos públicos, na ordem de 50 bilhões, apesar das promessas da presidente pela preservação das obras do PAC. Mesmo assim, ressurge a ameaça de modificações no sistema de aposentadorias.

Dificuldades são inerentes a qualquer administração. Tudo indica o modelo europeu longe de aportar por aqui, mas prevenir e prestar atenção será sempre bom. Numa palavra,  resistir.
Carlos Chagas

Os terroristas financeiros


Como era previsível, as piranhas do mercado financeiro sentiram o gosto de sangue, na forma do pacote de ajuda à Grécia, até agora o maior da história, e passaram imediatamente a buscar outra presa. Surgiu, nos mercados, um boato (entre as centenas que os operadores financeiros espalham diariamente) de que estava em preparação uma ajuda ainda mais portentosa, desta vez para a Espanha, no valor de 280 bilhões de euros, mais de duas vezes e meia o que foi prometido à Grécia.


"É uma absoluta loucura", reagiu o presidente do governo espanhol, José Luis Rodríguez Zapatero, forçado, justamente pela "loucura", a passar todo o tempo de uma entrevista coletiva a defender a solvência de seu país.


Não adianta: o rumor mais o fato (real) de que as economias europeias estão excessivamente endividadas mais a notícia de que a produção industrial chinesa estava aumentando no menor ritmo em seis meses - tudo isso levou a um desastre nas bolsas da Europa. Na Espanha, houve uma queda formidável (5,41%), a segunda pior jornada do ano, levando o índice ao nível mais baixo desde meados de julho passado.


Na Grécia, como é óbvio, o tombo foi maior (6,6%), mas não escaparam Paris, Londres, Frankfurt, Milão.


Não adianta Zapatero esbravejar e dizer que "não podemos estar continuamente pendentes das especulações". São elas que marcam a pauta, goste-se ou não.


Tanto que o dado sobre a produção chinesa seria pouco significativo em outro ambiente. Afinal, não houve queda, mas crescimento menor --e em um período de apenas seis meses, que é reduzido para decretar que a economia chinesa, motor do mundo, vai desacelerar, que a China vai comprar menos commodities (o Brasil seria uma vítima, nessa hipótese) e por aí vai.


O fato é que os mercados estão praticando atos seguidos de terrorismo financeiro, sem que os governos consigam reagir à altura e em tempo.
Clóvis Rossi é repórter especial e membro do Conselho Editorial da Folha, ganhador dos prêmios Maria Moors Cabot (EUA) e da Fundación por un Nuevo Periodismo Iberoamericano. Assina coluna às quintas e domingos na página 2 da Folha e, aos sábados, no caderno Mundo. É autor, entre outras obras, de "Enviado Especial: 25 Anos ao Redor do Mundo e "O Que é Jornalismo".

Efeito Grécia/Portugal é limitado no Brasil e nos emergentes

O impacto da crise da dívida dos países do sul da Europa sobre os emergentes, por enquanto, foi limitado. Mesmo ontem, com o rebaixamento da nota de crédito da Grécia - para níveis inferiores ao grau de investimento - e de Portugal, o risco Brasil subiu pouco, 11,49 pontos (9,77%), para 129,04 pontos. 


O risco da Grécia teve alta de 114 pontos, para 824 pontos. De 1º de setembro de 2009 até agora, o risco da Grécia subiu 631,44% e o de Portugal, 584%, enquanto o risco Brasil caiu 10%.

Por irônico que pareça, países emergentes como o Brasil, tão acostumados com crises de dívida, estão hoje em situação fiscal mais confortável e seus títulos são vistos como "porto seguro" em um mundo com países ricos com déficits públicos grandes e em crescimento. 



As previsões do Barclays são de que a dívida bruta da Grécia passe dos atuais 113% do Produto Interno Bruto (PIB) para 140% no fim de 2012. 


O banco acredita que a relação dívida bruta/PIB do Brasil vai ficar estável: 66% no fim do ano, crescendo para 70% em 2011. 


As reservas internacionais elevadas e o crescimento econômico robusto - superior a 6% - , impulsionado pela demanda interna, ajudam a tornar o país resistente às intempéries. 

Há 36 anos, a Revolução dos Cravos

ImageHá 36 anos - completados ontem, 25.04 - eu estava com insônia em Havana e buscava sintonizar rádios mundo afora para ouvir, sem deixar de lado as do Brasil, Pequim e Moscou. De repente sintonizo uma emissora portuguesa e me dou conta de que havia um levante militar e popular contra a ditadura de Antônio Oliveira Salazar, já então com o poder sob a batuta do 1º ministro Marcelo Caetano. Liguei para um amigo do Partido Comunista Cubano (PCC) e contei-lhe o que acabara de descobrir. Resposta dele: "você está sonhando". Não estava.