Luto
PARA A GLOBO A AMAZÔNIA AINDA NÃO FOI DESBOBERTA NEM CIVILIZADA
No Globo Repórter da semana passada foi mostrado como vive a população que habita a beira dos rios na Amazônia.
A Globo chama essa população de ribeirinha. Trata-se de um termo pejorativo e carregado de preconceito.
Ser um ribeirinho para a Globo é ser um caboclozinho matuto e analfabeto que vive ao Deus-dará, à mercê das estações do ano e do clima.
A Rede Globo de Televisão passa a imagem de que na Amazônia só existe água, cobra, jacaré e onça feroz.
Mas essa discriminação e esse tratamento diminutivo da Globo com a Amazônia não é de hoje. A programação da Globo está impregnada de desprezo e de desrespeito com a nossa Região.
Não faz muito tempo, eu vi, numa novela global no horário das oito, um personagem desejar que acontecesse todo tipo de mal a alguém, que na história, passara a odiar.
Ao invés de esperar que o avião com o seu inimigo caísse sobre o mar ou que ele descobrisse que tinha uma doença incurável, o personagem bradou: “Quero que ele desapareça do mapa, que ele vá para a Amazônia e sofra todos os tormentos!”
Para a Globo, aqui na amazônia é assim: o povo vive de tormentas, somos um bando de atormentados.
Viver no Pará, no Amazonas, no Acre ou em qualquer estado da região amazônica é um infortúnio. É falta de sorte.
Porque aqui se convive com os bichos e no meio dos bichos. O povo é quase bicho. Só come peixe e caça silvestre.
A Globo só falta dizer que somos um povo incivilizado. Que convive com cobra enrolada ao corpo, bicho preguiça na cabeça e arara no ombro.Isso é o que a Globo pensa e mostra para o mundo.
O Globo Repórter mostrou ribeirinho criando porco e boi sobre giraus e crianças jogando bola dentro dágua.
A água, na visão discriminatória da Globo é o atrazo da Amazônia.
De uma família que tinha seis filhos, um morreu afogado. Noutra família, outro adoeceu e morreu de febre.
Porque vivem em casas invadidas pela água. Porque a mãe guarda água de chuva em garrafas pet’s.
Quando o Remo jogou e ganhou do Flamengo em pleno Maracanã – é verdade que faz tempo, porque isso foi quando o Remo existia – a torcida carioca, para humilhar os jogadores remistas, gritou durante todo o primeiro: “PAPA-AÇAÍ”.
Mas foi somente no primeiro tempo que terminou 1 X 1, porque logo aos quinze minutos do segundo, o Remo fez 2 X 1 e dominou o resto da partida.
Os cariocas, os paulistas, gaúchos e o resto do Brasil, pensam, porque a Globo diz, que no Pará as pessoas só comem açaí com mapará e gurijuba. E que açaí é o símbolo da pobreza na Amazônia.
Eles tanto falaram do açaí que hoje esse rico alimento está sumindo de nossas mesas e se tornando produto de exportação, sendo consumido, inclusive, pelos ricos que frequentam Copacabana.
A Globo deveria era deixar de esconder o governador paulista, José Serra, e mostrar que as chuvas na Amazônia não matam mais pessoas em um ano do que as enchentes em São Paulo durante um mês. Lá, 69 pessoas já morreram desde oito de dezembro quando São Paulo se transformou num pântano e vive submersa. O Serra – que quer ser presidente não faz nada.
Isso a Globo não diz. Ela prefere dizer que viver na Amazônia é viver sob todos os riscos, sobretudo o de morrer afogado.
Esse risco, quem corre de verdade, é quem mora em São Paulo.
GAFE OU GENTILEZA. TANTO FAZ
E não com rara frequência os jornalistas das Américas nos dão essa certeza.
Talvez porque não tenham muito o que fazer ou por acharem que o que fazem é muito e bem feito.
Neste domingo 15, o jornal O LIBERAL, de Belém do Pará, pôs nas bancas uma idição especial comemorativa aos seus 63 anos de existência.
O LIBERAL é uma surcursal do GLOBO e, por conseguinte, membro do PIG e suas páginas são o “estatuto” do PSDB.
E o seu projeto é emplacar outra vez, um tucano no Palácio dos Depachos aqui no Pará, de preferência o ex-governador Simão Jatene, e outro no Palácio da Alvorada, e que este seja, sem dúvida, o governador de São Paulo – o Sr. Gengiva.
E revela a sua faceta de incontestável hipocrisia ao falar dos seus 63 de “compromisso firme, indestrutível, inapagável e irremovível de fazer da boa informação e da opinião plural” os ingredientes básicos que compõem um jornalismo associado aos interesses dos leitores.
Dar informação não é a mesma coisa que dá opinião.
Eu não quero e nem preciso da opinião do O LIBERAL para nada.
Nem da opinião do Globo nem da Globo e do PIG.
O jornal diz, entre outras pérolas, reconhecer que nem sempre a boa informação é uma informação boa. E insiste em misturar informação com opinião. Para misturar e confundir a cabeça dos leitores.
“A boa informação é aquela que traduz a realidade, o fato, a situação, a circunstância”, segundo o editorial de O LIBERAL. E isto é a verdade pura e cristalina – tão cristalina quanto a mentira do jornal que se autointitula o maior jornal do Norte/Nordeste do País e fala de suas próprias qualidades de forma tão desavergonhada, simples e natural como se alguém que não seja ele próprio, o fizesse.
Porque ele não é um jornal independente nem isento.
O que ele diz não traduz a verdade e seus interesses não correspondem aos interesses do povo paraense.
Porque o povo paraense, por exemplo, mandou embora os demotucanos que mandaram no Pará por doze longos anos e ajudou o Brasil a dar duas vitórias – com duas sonoras surras nos tucanos – ao Presidente Lula.
E O LIBERAL não gosta do Presidente Lula. Nem da Governadora Ana Júlia, porque ele é torneiro mecânica, ela bancária. E isso explica tudo.
Hoje o PIG demonstra novamente que adora mesmo é notícia ruim, sem importância e irrelevante.
E publica nas suas páginas a foto do Presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, se curvando diante do imperador do Japão, Akihito.
O PIG classifica o gesto de Obama como a gafe do século. O PIG da América do Norte é tão golpista, preconceituoso e conservador quanto o daqui.
O presidente dos EUA não tem o direito de se humilhar diante de ninguém. Um imperador, seja ele quem e de onde for, não é maior do que o presidente dos Estados Unidos.
Obama desgraçou os Estados Unidos diante do Mundo!
Nada do que escrevi nas últimas cinco linhas acima é fruto da minha frágil e infrutífera imaginação. É a fina tradução de uma imaginação doentia e nefasta de um jornalismo de quinta categoria que se faz presente tanto aqui quanto lá, na nação mais desenvolvida do Planeta.