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Luto

“O Pará está de luto”
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A declaração é da deputada estadual Bernadete Ten Caten (PT-PA) e resume a dor que cobriu o Pará, nesta terça-feira, quando os líderes ambientais José Cláudio Ribeiro da Silva e Maria do Espírito Santo da Silva, foram assassinatos em Maçaranduba, no Sudoeste do Estado.


Ambos faziam parte de uma lista da Pastoral da Terra de ativistas da região que já foram ameaçados de morte em função do seu envolvimento em movimentos sociais e em atividades na defesa do meio ambiente. O velório foi hoje em Marabá, sob forte comoção da comunidade.

Deputada, como está o clima hoje no Pará?
 
[ Bernadete Ten Caten ] O Pará está de luto. Estamos todos revoltados e indignados com o assassinato de José Cláudio e da Maria do Espírito Santo. A emboscada foi armada a 12 Km do lote em que eles moravam, a 70Km de Marabá. Eles passavam por uma estrada vicinal de bastante risco, que exige a parada dos motoristas, quando os pistoleiros disparam em José Cláudio e, em seguida, deram um tiro no rosto da Maria do Espírito Santos.  
 
Nós éramos amigos, somos do PT e sempre acompanhei a trajetória do casal. A Maria havia acabado de se formar em Pedagogia da Terra e o José Cláudio estava na faculdade. Além de ambientalistas e ardorosos defensores da floresta, eles lideravam o Projeto Agroextrativista Praialta-Piranheira, que agrega mais de 100 famílias. No Pará, há mais de 480 projetos de assentamento. Mas o deles é o único que não tem produção de agricultura familiar e pecuária. O foco é o agroextrativismo, na linha da economia solidária e da preservação ambiental.

Eles estavam jurados de morte?
 
[ Bernadete ] Sim. A Comissão Pastoral da Terra (CPT) acolheu depoimentos de várias pessoas que vêm sofrendo ameaças de mortes. Eles estavam entre estes nomes, ao lado de mais duas pessoas do assentamento. As ameaças começaram há cinco anos, quando passaram a denunciar a extração irregular da madeira. Como deputada estadual, eu reforcei esta denúncia.Eles preservavam o único lugar em que ainda existem grandes castanheiras em pé na região.
 
Como você avalia a determinação da presidenta Dilma para que a Polícia Federal investigue a autoria dos assassinatos? 
 
[ Bernadete] A iniciativa da presidenta repercutiu de forma positiva. As investigações começam com força. A Polícia Federal já está ouvindo as testemunhas na Delegacia de Conflitos Agrários de Marabá (DECA). A Comissão Pastoral da Terra e a Ouvidoria Agrária Nacional da Secretaria Pública do Estado, entre outras entidades, acompanham os processos. Na realidade, o ideal é que governo federal e o estadual atuem juntos para apurar os fatos.
 
Como explicar a grande incidência de mortes no Pará? 
 
[ Bernadete] Nos últimos anos, a incidência de mortes violentas resultantes de conflitos fundiários tem sido menor. Tivemos entre as décadas 80 e 90 um contingente grande de assassinatos, mas houve uma drástica redução, salvo o caso da Irmã Doroty. Ninguém esperava as mortes de José Cláudio e Maria do Espírito Santo, apesar das ameaças e de eles estarem na lista da CPT.

PARA A GLOBO A AMAZÔNIA AINDA NÃO FOI DESBOBERTA NEM CIVILIZADA


No Globo Repórter da semana passada foi mostrado como vive a população que habita a beira dos rios na Amazônia.
A Globo chama essa população de ribeirinha. Trata-se de um termo pejorativo e carregado de preconceito.
Ser um ribeirinho para a Globo é ser um caboclozinho matuto e analfabeto que vive ao Deus-dará, à mercê das estações do ano e do clima.
A Rede Globo de Televisão passa a imagem de que na Amazônia só existe água, cobra, jacaré e onça feroz.

Mas essa discriminação e esse tratamento diminutivo da Globo com a Amazônia não é de hoje. A programação da Globo está impregnada de desprezo e de desrespeito com a nossa Região.

Não faz muito tempo, eu vi, numa novela global no horário das oito, um personagem desejar que acontecesse todo tipo de mal a alguém, que na história, passara a odiar.
Ao invés de esperar que o avião com o seu inimigo caísse sobre o mar ou que ele descobrisse que tinha uma doença incurável, o personagem bradou: “Quero que ele desapareça do mapa, que ele vá para a Amazônia e sofra todos os tormentos!”
Para a Globo, aqui na amazônia é assim: o povo vive de tormentas, somos um bando de atormentados.

Viver no Pará, no Amazonas, no Acre ou em qualquer estado da região amazônica é um infortúnio. É falta de sorte.
Porque aqui se convive com os bichos e no meio dos bichos. O povo é quase bicho. Só come peixe e caça silvestre.
A Globo só falta dizer que somos um povo incivilizado. Que convive com cobra enrolada ao corpo, bicho preguiça na cabeça e arara no ombro.Isso é o que a Globo pensa e mostra para o mundo.
O Globo Repórter mostrou ribeirinho criando porco e boi sobre giraus e crianças jogando bola dentro dágua.

A água, na visão discriminatória da Globo é o atrazo da Amazônia.
De uma família que tinha seis filhos, um morreu afogado. Noutra família, outro adoeceu e morreu de febre.
Porque vivem em casas invadidas pela água. Porque a mãe guarda água de chuva em garrafas pet’s.

Quando o Remo jogou e ganhou do Flamengo em pleno Maracanã – é verdade que faz tempo, porque isso foi quando o Remo existia – a torcida carioca, para humilhar os jogadores remistas, gritou durante todo o primeiro: “PAPA-AÇAÍ”.
Mas foi somente no primeiro tempo que terminou 1 X 1, porque logo aos quinze minutos do segundo, o Remo fez 2 X 1 e dominou o resto da partida.
Os cariocas, os paulistas, gaúchos e o resto do Brasil, pensam, porque a Globo diz, que no Pará as pessoas só comem açaí com mapará e gurijuba. E que açaí é o símbolo da pobreza na Amazônia.

Eles tanto falaram do açaí que hoje esse rico alimento está sumindo de nossas mesas e se tornando produto de exportação, sendo consumido, inclusive, pelos ricos que frequentam Copacabana.

A Globo deveria era deixar de esconder o governador paulista, José Serra, e mostrar que as chuvas na Amazônia não matam mais pessoas em um ano do que as enchentes em São Paulo durante um mês. Lá, 69 pessoas já morreram desde oito de dezembro quando São Paulo se transformou num pântano e vive submersa. O Serra – que quer ser presidente não faz nada.
Isso a Globo não diz. Ela prefere dizer que viver na Amazônia é viver sob todos os riscos, sobretudo o de morrer afogado.
Esse risco, quem corre de verdade, é quem mora em São Paulo.

GAFE OU GENTILEZA. TANTO FAZ


Não raramente tem-se a impressão de que o jornalismo de 5ª categoria disseminou-se pelos cinco continentes, mas tem raízes fortes e profundas no americano.
E não com rara frequência os jornalistas das Américas nos dão essa certeza.
Talvez porque não tenham muito o que fazer ou por acharem que o que fazem é muito e bem feito.
Neste domingo 15, o jornal O LIBERAL, de Belém do Pará, pôs nas bancas uma idição especial comemorativa aos seus 63 anos de existência.
O LIBERAL é uma surcursal do GLOBO e, por conseguinte, membro do PIG e suas páginas são o “estatuto” do PSDB.

O LIBERAL é daqueles jornais que desintegram e distorcem a informação, manipulam, aumentam e inventam notícias de acordo com as suas e as conveniências tucanas no Pará e em São Paulo, uma vez que as Organizações Rômulo Maiorana (que congrega um grupo de rádios, tvs e jornais) recebiam dos demotucanos – guardadas as devidas proporções – as mesmas vantagens que recebem as Organizações Globo da tucanada em publicidade.
E o seu projeto é emplacar outra vez, um tucano no Palácio dos Depachos aqui no Pará, de preferência o ex-governador Simão Jatene, e outro no Palácio da Alvorada, e que este seja, sem dúvida, o governador de São Paulo – o Sr. Gengiva.

No seu editorial, O LIBERAL mostra com todas as letras porque é do PIG e filhote do Globo.
E revela a sua faceta de incontestável hipocrisia ao falar dos seus 63 de “compromisso firme, indestrutível, inapagável e irremovível de fazer da boa informação e da opinião plural” os ingredientes básicos que compõem um jornalismo associado aos interesses dos leitores.
Dar informação não é a mesma coisa que dá opinião.
Eu não quero e nem preciso da opinião do O LIBERAL para nada.
Nem da opinião do Globo nem da Globo e do PIG.


O jornal diz, entre outras pérolas, reconhecer que nem sempre a boa informação é uma informação boa. E insiste em misturar informação com opinião. Para misturar e confundir a cabeça dos leitores.
“A boa informação é aquela que traduz a realidade, o fato, a situação, a circunstância”, segundo o editorial de O LIBERAL. E isto é a verdade pura e cristalina – tão cristalina quanto a mentira do jornal que se autointitula o maior jornal do Norte/Nordeste do País e fala de suas próprias qualidades de forma tão desavergonhada, simples e natural como se alguém que não seja ele próprio, o fizesse.
O LIBERAL pode ser e fazer tudo. Menos o que ele se imagina que é e faz enquanto jornal.
Porque ele não é um jornal independente nem isento.
O que ele diz não traduz a verdade e seus interesses não correspondem aos interesses do povo paraense.
Porque o povo paraense, por exemplo, mandou embora os demotucanos que mandaram no Pará por doze longos anos e ajudou o Brasil a dar duas vitórias – com duas sonoras surras nos tucanos – ao Presidente Lula.
E O LIBERAL não gosta do Presidente Lula. Nem da Governadora Ana Júlia, porque ele é torneiro mecânica, ela bancária. E isso explica tudo.

Hoje o PIG demonstra novamente que adora mesmo é notícia ruim, sem importância e irrelevante.
E publica nas suas páginas a foto do Presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, se curvando diante do imperador do Japão, Akihito.
O PIG classifica o gesto de Obama como a gafe do século. O PIG da América do Norte é tão golpista, preconceituoso e conservador quanto o daqui.
O presidente dos EUA não tem o direito de se humilhar diante de ninguém. Um imperador, seja ele quem e de onde for, não é maior do que o presidente dos Estados Unidos.
Obama desgraçou os Estados Unidos diante do Mundo!

Nada do que escrevi nas últimas cinco linhas acima é fruto da minha frágil e infrutífera imaginação. É a fina tradução de uma imaginação doentia e nefasta de um jornalismo de quinta categoria que se faz presente tanto aqui quanto lá, na nação mais desenvolvida do Planeta.
Imagina o amigo navegante se o metalúrgico Luís Inácio Lula da Silva fosse Barack Obama: negro, sem um dedo da mão, lígua presa e analfabeto... apertanto a mão e se curvando – em uma atitude que pode ser uma gafe ou traduzida como um gesto de gentileza – tanto faz o que pensa o PIG – diante do imperador japonês.