por Fernando Brito
A melhor notícia para o embate político dos últimos tempos foi a decisão de Ciro Gomes de filiar-se ao PDT.
Ciro, ao contrário de Lula, tem liberdade completa de dizer o que quiser, sem a preocupação de que as críticas que o Governo Dilma (e o PT) merecem possam ser usadas para enfraquecer o Governo.
Se Dilma e Lula têm de moderar cara palavra até que se exorcize o fantasma do golpe “institucional” de Estado, Ciro pode usar as mais duras e verdadeiras, como, por exemplo, dizer que Eduardo Cunha é “um pilantra”.
Daí a dizer-se que é candidato a Presidente em 2018, vai uma distância quilométrica.
Se ela será transposta até lá é algo que não há pitonisa capaz de prever.
Ciro já mostrou que não é alguém que, simplesmente, dissentiu do centro conservador e passou a uma posição de esquerda que não é radical, mas não é também vacilante.
Tornou-se uma espécie de exceção às meias palavras e às hipocrisias que tomaram conta da política, com todos os ônus e os bônus que isso lhe causou.
Não tive muita convivência com ele durante o período em que, em aliança, Leonel Brizola o apoiou como candidato presidencial, em 2002.
Tiveram uma excelente relação, embora na reta final tenha havido algum compreensível mal-estar – embora não uma briga – por conta de uma ponderação de Brizola para que, ali nos últimos dias, Ciro anunciasse apoio a Lula já no primeiro turno, para evitar uma segunda eleição, que Brizola, escaldado pela experiência do segundo turno entre Lula e Collor, temia.
Além disso, a presença de Ciro dentro da direção do PDT significa que haverá um contraponto – e forte – á tendência de alguns dos integrantes da bancada pedetista a cruzarem – costeando, muitos já estão, há tempos – o alambrado para os verdejantes campos de Eduardo Cunha.
Ciro não tem medo de andar na contra-mão da mídia.
Só isso já o torna uma voz essencial.
Mais ainda porque a cúpula tucana assumiu a “descida do muro” e abriu o jogo do golpismo.