A mídia se pergunta, atônita, como a popularidade de Lula não só não cai, com a condenação, como segue aumentando. Busca "especialistas" - já existe a especialidade de "lulólogos"-, que não conseguem explicar nada.
Montou-se contra Lula o que Sepúlveda Pertence caracteriza como a mais monstruosa campanha de perseguição política desde a que se moveu contra o Getúlio. Tratou-se de apagar tudo o que os governos do Getúlio tinham significado para o país, desde 1930, para reduzi-lo a um político corrupto, prestes a ser deposto pelo Congresso e pelos altos mandos das FFAA. Era esse o significado do processo contra o Getúlio, que o levou ao suicídio, mas não impediu que o golpe militar fosse adiado e o movimento popular pudesse, por 10 anos mais, avançar em conquistar de direitos e de soberania para o Brasil.
Contra Lula montou-se algo similar. Se quer criminalizar uma forma de fazer política, de se valer dos processos eleitorais, eleger a presidentes comprometidos com os interesses da população e do Brasil, e governar de forma radicalmente diferente do que fizeram os outros, rapinando o país, superexplorando a população, contando com o beneplácito do Judiciário, da mídia e do Congresso.
Querem dar uma lição ao povo. Nunca mais se elegerá um presidente como Lula, nunca mais se governará para todos, nunca mais o Brasil será um país soberano. Nunca mais alguém surgido do seio do povo chegará a dirigir o país.
Tudo parecia correr bem. O sucesso da desestabilização que levou ao golpe contra a Dilma parecia confirmar a eficácia da via escolhida. Aí o foco se voltou contra Lula, quando se deram conta que não bastava derrubar a Dilma.
A condução coercitiva de Lula que o Moro tentou era o passo seguinte. Prender Lula, levá-lo para Curitiba, isolá-lo, atacá-lo com tudo na mídia do fim de semana - a condução foi numa sexta de manhã - deixá-lo sem voz para defender-se.
Algum tipo de interferência interrompeu a operação. O certo é que um dos juízes da Lava Jato considerou que ali eles perderam o timing para prender Lula. Quando ainda havia mobilizações de direita nas ruas, a esquerda estava acuada, Lula isolado, a Dilma derrotada, o PT desqualificado na opinião pública.
Foi a partir daquele momento que o movimento popular começou a recuperar sua capacidade de mobilização, que Lula recomeçou suas intervenções publicas, primeiro para reagrupar e reanimar a esquerda, isolada e desmoralizada, que a correlação de forças começou a ser modificada.