TijoLaco: passa-fora de Doria em Bolsonaro

Chegamos a tal ponto na degradação da vida política brasileira que foi preciso que João Dória, que nunca teve nas veias a pulsão do povo brasileiro, dizer a Jair Bolsonaro que ele está agindo como um genocida indiferente à vida das pessoas.

"E agora, presidente, diante de 5 mil mortos, o senhor continua afirmando que o país está vivendo uma gripezinha? Eu convido o senhor, presidente Jair Bolsonaro, venha a São Paulo. Saia desta sua redomazinha de Brasília e venha visitar comigo o Hospital das Clínicas, ou o Hospital do M'boi Mirim, ao lado do prefeito Bruno Covas, os hospitais de campanha e venha ver a gripezinha, o resfriadozinho. Venha ver as pessoas agonizando nos leitos e a preocupação dos profissionais de Saúde, de São Paulo e de toda parte do Brasil, com aquelas pessoas que podem ir a óbito. E se não quiser visitar São Paulo, Presidente, por medo ou qualquer outra razão, vá a Manaus. Vá ver o colapso da saúde em Manaus (…) Vá ver a realidade do seu país e não a sua realidade do stand de tiros, onde o senhor foi ontem celebrar, enquanto nós choramos mortes de brasileiros. Saia de sua bolha, saia de sua fábula, deste seu mundinho de ódio…"

Claro que isso não exime João Dória de ter sido escancarado cúmplice da ascensão de Bolsonaro ao Governo e de ter se alimentado do mundinho de ódio que elevou esta pústula ao poder da República. Mas antes um arrependido que o diz do que aqueles que, cúmplices iguais, reagem com mimimi e covardia, diante das monstruosidades que estamos assistindo.

O endeusado Moro, por exemplo, maior de todos os culpados por este desastre, só atirou contra as mumunhas presidenciais para tirar-lhe poder, jamais contra o programa de extermínio que Bolsonaro patrocinou.

Não me constranjo de aplaudir a reação de Doria, de quem tenho os piores conceitos, dos quais só em um se redime: seja com segundas, terceiras ou quartas intenções, não se acovardou diante deste plano macabro.

Fernando Brito