O pagador de promessas


Pagador de promessas ganha adaptação para os quadrinhos. Graphic novel fica devendo às demais encarnações da obra de Dias Gomes. Leia mais aqui

As vantagens do novo, por que mudar?

Leio exaltadas exprobações de colunistas amestrados contra a presença do presidente José Sarney na presidência do Senado por ser representante do velho, do passado. Lembro de quando ele terminava o governo, a campanha exaltada dos meios de comunicação era a favor do jovem, da renovação, representada por Fernando Collor que, logo, logo, estes mesmos veículos que o endeusaram, o jogaram na sarjeta, alegando corrupção.

Há alguns meses era decisiva para a democracia brasileira a saída de Renan Calheiros da presidência do Senado. Ele se afastou por pressão da mídia e em nada o Senado melhorou. Por que a Câmara Alta não escolhe um presidente tucano que encaminhe a casa no rumo da oposição e readmita a filha de FHC em seu emprego de sete mil reais, sem necessidade de aparecer, nem para assinar o ponto?
Lustosa da Costa

Esquerda é melancolica. Direita é cinica!

1. O vício da esquerda é a melancolia e o da direita é o cinismo. Em geral, a esquerda espera muito da política, mais que a direita. Exige à política resultados, não só liberdade, mas igualdade. A direita se contenta com a política manter as regras do jogo. É mais procedimental, e se dá por satisfeita que a política garanta marcos e possibilidades, pois o resultado concreto não é o mais importante. Claro que ambas aspiram defender a liberdade e a igualdade. Ninguém tem o monopólio dos valores, mas a ênfase de cada uma explica suas distintas culturas políticas.


2. A diferença radicaria em que a esquerda, na medida em que espera muito da política, também tem um maior potencial de decepção. Por isso, o vício da esquerda é a decepção e o da direita é o cinismo. A esquerda aprende em ciclos longos, e só consegue se recuperar através de certa revisão doutrinária. A direita tem mais incorporada a flexibilidade, e é menos doutrinária, mais eclética, incorporando com maior agilidade elementos de outras tradições políticas.

3. Por isso, a esquerda só pode ganhar se há um clima no qual as ideias joguem um papel importante e há um alto nível de exigências que se dirijam à política. Quando isso falta, quando não há ideias em geral e as aspirações da cidadania em relação à política são planas, a direita é a preferida dos eleitores. A esquerda deveria politizar, frente a uma direita, que isso não interessa.

4. A direita vitoriosa na Europa é uma direita que promove direta ou indiretamente a despolitização e se move melhor com outros valores (eficácia, ordem, flexibilidade, saber técnico...). O que a esquerda deveria fazer é lutar em todos os níveis para recuperar a centralidade política. Hoje, o verdadeiro combate se dá em um campo de jogo que está dividido: os que desejam que o mundo tenha um formato político e outros que não lhes importaria que a política resultasse insignificante.

5. Por isso, a defesa da política é a tarefa fundamental da esquerda. A direita está comodamente instalada na política reduzida a sua mínima expressão. Para a esquerda, que o espaço público tenha qualidade democrática, é um assunto crucial, onde joga sua própria sobrevivência. A atual socialdemocracia europeia não tem nem ideias nem projetos, ou os tem em medida claramente insuficiente.


Trechos do artigo de Daniel Innerarity (professor de filosofia),Ideias para a Esquerda. (El País)

Robin e Batman


A tucademopiganalha quer a cadeira da presidência do senado para o menino prodígio Marconi Perillo.

Uma criancinha inocente, alvo de apenas 4 inquéritos no STF.

Acusado de corrupção passiva(?), roubo em licitação e formação de quadrilha.

O menino tem futuro!!!

Os mams

Eu me divirto lendo o que os piguistas escrevem sobre Sarney e o Senado. Quem não sabe pensa que ele representa a minoria, foi eleito porque tirou menos votos que o seu adversário na disputa rsss.

Os MAMs - miquinhos amestrados da mídia - querem fazer crer que a maioria do senado é representada pelos tucademos.

Se isso é verdade, por que então não elegeram um candidato deles?

Querem que Sarney renuncie para o menino prodígio Marconi Perillo assumir?

Se fosse para renunciar... que toda a mesa diretora renuncie, e seja feita nova eleição.

Garanto que a tucademopiganalha perde de novo, outra vez, novamente.

Tenho dito.

Boi de piranha

Suplente não manda.
Chega de fazer o suplente de boi de piranha.
Enquanto ele é roído pelos jornalistas, a boiada dos titulares espertos atravessa sorridente sem ser importunada... continue lendo aqui

O charme do humorismo

A crise no Senado é uma corrida entre fatos assombrosos numa raia e explicações assombrosas na outra. Difícil é saber quem vai ganhar. Você achava que já tinha visto de tudo? Pois a profusão de atos secretos (esqueci, eles não são secretos: só não foram divulgados) para nomear apaniguados é a prova de que mesmo os mais veteranos no jornalismo sempre têm algo inteiramente novo para descobrir.

Se os fatos levam a vantagem da materialidade, as explicações têm o charme do humorismo.

O senador José Sarney (PMDB-AP), por exemplo, nunca soube que determinadas decisões não eram publicadas. Não ficou sabendo nem quando foi para nomear ou demitir pessoas próximas dele. Próximas mesmo. Tem muita gente distraída em volta do presidente Sarney, inclusive ele próprio. Ou talvez falte a Sarney experiência administrativa.

Quem já andou pelo serviço público sabe a importância dada à publicação de nomeações e demissões. Mas a turma de Sarney, pelo jeito, não estava nem aí para essas bobagens.

Até porque os servidores decidiam tudo por conta própria. Você é um graduado funcionário do Senado Federal e cai na sua mesa um ofício nomeando Fulano, ligado ao senador Sicrano, para um cargo. Por que importunar o senador com questiúnculas? Você mesmo decide se publica ou não, se manda para a gráfica ou se guarda na gaveta.

E o incrível é que nunca nenhum senador reclamou de não ter visto publicados atos do interesse dele!

Isso mesmo. Foram mais de seiscentas medidas ocultadas, mas não se conhece um único caso de senador que na época tenha se preocupado com o porquê da não publicação. Contem outra. Senadores e deputados costumam acompanhar essas coisas (nomeações, demissões) com lupa. É uma parte vital da função política, pois funciona como medida de poder. Mas aqui foi diferente. Ninguém quis saber. Será?

É graças a essas (e outras) que não cola tentar limitar a crise do Senado à esfera administrativa. O problema não é administrativo. É político. Convém aos senadores a versão de que eles, distraídos, não perceberam a bagunça que rolava nos subterrâneos da Casa. Só que a versão fica frágil quando se olha para um ato secreto e se nota nele a marca do interesse de sua excelência.

Daí que deva ser vista com reserva a proposta do PT e do PSDB de instalar uma comissão de “alto nível” para conduzir as providências gerenciais no Senado. Aliás, está na hora de descartar essa separação entre políticos de diferentes níveis. Todas as figuras senatoriais metidas na confusão são titulares, detentores de sólida carreira política e acostumados a receber belas votações.

Tem muito suplente no Senado? Tem. Mas eles não mandam. Chega de fazer o suplente de boi de piranha. Enquanto ele é roído pelos jornalistas, a boiada dos espertos titulares atravessa sorridente sem ser importunada.