Mostrando postagens com marcador carlos lacerda. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador carlos lacerda. Mostrar todas as postagens

A História é caprichosa ao definir para os homens o papel a que nela irão se prestar

Carlos Lacerda e Aécio neves: o Corvo e o abutre
por Fernando Brito - Tijolaço
Como tudo aquilo que é ciclo – inclusive a espiral, que é um círculo que se desloca e avança – a História é caprichosa ao definir para os homens o papel a que nela irão se prestar.
Cresci vendo o que era o “lacerdismo”: as mal-amadas do subúrbio onde cresci, os vizinhos emproados, arrotando peru pelo frango  que comiam, os carolas – gente tão “boa de coração e cristã” que olhava e falava com nojo dos “filhos da desquitada” que ralava como uma condenada  para criá-los e se condenava à solidão por isso.
Uma, especialmente, era mulher do importantíssimo “administrador da Vila Kennedy, uma galáxia distante na Zona Oeste para onde haviam sido removida parte dos pobres que enfeavam a Zona Sul com sua “obscena” miséria.
Mas é uma, mais que todas, as marcas que trago desta gente, desconcertante.
Era um domingo ou feriado e o velho José Nogueira, meu avô, me levara a passear no Méier, bem pequeno ainda, talvez com quatro ou cinco anos.
Carlos Lacerda estava inaugurando um trecho de uma via, a Radial Oeste, na verdade um alargamento da velha Rua Hermengarda, nome então ainda comum, de gente, que saía dali para o Lins e o Engenho Novo .
Homem de pouca instrução, de muito trabalho e de grande severidade, parou por um instante junto à aglomeração e viu o homem que havia “matado” Getúlio.
E da boca onde jamais ouviria de novo um palavrão, saiu entre os dentes o “Corvo filho da…” que sobrevive nos ouvidos do guri assustado, mais de 50 anos depois.
E meio século adiante, na idade em que ele tinha então, crispo os dedos e resisto a escrever como ele murmurou, naquelas lonjuras do passado, tristemente presente hoje.
Deixo que Mauricio Dias, em ótimo texto, muito gentilmente, o faça por mim.


Aécio, Lacerda opaco

Maurício Dias
Sob alto patrocínio do PSDB, a manifestação do dia 16 de agosto, marcada para acontecer em diversas cidades do País, marchará com aquele já conhecido leque difuso de objetivos. Que ninguém se surpreenda, portanto, com a velha inscrição no estandarte, onde se apela para o retorno da ditadura militar. O movimento, composto de cidadãos que transitam do conservadorismo ao reacionarismo, será sustentado, mais uma vez, por estratos sociais do topo da pirâmide de classes.
Caso os integrantes da base dessa pirâmide, formada por uma imensa maioria de pobres e remediados, passem nas imediações do movimento, vai ver tudo com certa perplexidade. Quem sois? Há diferenças marcantes entre o Brasil de cima e o Brasil de baixo. Ao contrário dos manifestantes, os passantes ocasionais não terão ódio nos olhos. Estarão mais preocupados com a crise econômica, para eles traduzida em inflação e desemprego, precedente à crise política forjada no oportunismo. Essa marcha será um marco. Lance importante para os objetivos presidenciais de Aécio Neves. A única chance dele é a queda de Dilma. Imediatamente.
 Os movimentos sociais não se formam por combustão espontânea. Por isso ele, derrotado na eleição presidencial de 2014, tornou-se porta-voz político da marcha anunciada, parte do golpe contra Dilma camuflado pelo mecanismo do impeachment.
Nos últimos dias, na discussão desse tema teve sempre presente o senador Aécio Neves, como ocorreu no encontro realizado na casa do senador tucano Tasso Jereissati. “O clima era de conspiração”, revelou um dos presentes ao jornal O Globo, de 7 de agosto. Aécio estava lá.  Quase tudo se assemelha a uma repetição farsante do movimento civil-militar de 1964 que depôs o presidente João Goulart.
Carlos Lacerda, governador do extinto estado da Guanabara, era a expressão máxima da oposição naquela época. Há uma grande distância no tempo. A distância, porém, não supera a presença da ambição pelo poder a qualquer preço, comum a Lacerda e a Aécio.
Aécio Neves acredita que um incêndio no País pode levá-lo à Presidência da República. Pós-golpe, Lacerda, candidato antecipado à eleição para presidente, marcada para 1965, pensava o mesmo e acabou cassado. Golpes e revoluções costumam engolir seus líderes. Há também diferenças entre a composição dos dois movimentos, distantes um do outro. Os militares, atuantes em 1964, estão nos quartéis. Como convém.  No plano pessoal, existem também diferenças entre um e outro.
Lacerda era apelidado de “Corvo”. Alguém, se quiser, pode batizar Aécio de “Abutre”. Essa ave, como se sabe, sacia-se da carniça. Sobrevoa a vítima. Sangrar foi, até agora, o comportamento da oposição diante de um governo sufocado pela impopularidade. Assim, o Abutre prepara o ataque final. No plano pessoal, Lacerda emergiu como orador culto e brilhante. Aécio, ao contrário, é opaco e carece de maiores recursos intelectuais.
Aécio não irá à passeata. Acompanhará pela televisão. Vez por outra, olhará os passantes do alto da cobertura onde mora, nos limites do Leblon e Ipanema, bairros elegantes da zona sul carioca. Estará preocupado em medir o resultado da marcha. Ele não meditará sobre a fantasmagórica questão que assusta os golpistas no momento do golpe: “Sempre se sabe como começa, e nunca como termina”.
na Carta Capital



ALIANÇA CONTRA O ROUBO E O GOLPE


Por Carlos Chagas
                                                  Carlos Lacerda vivia momento alto em sua popularidade, concorrendo a deputado federal em 1954, logo após a morte do presidente Getúlio Vargas, que ajudara a derrubar. Lançou-se em nome da Aliança contra o Roubo e o Golpe, mas antes mesmo de tomar posse iniciou ampla campanha pelo estado de exceção, em nome da desintoxicação do eleitorado, para ele atingido pelo  vírus do trabalhismo. Dispunha de televisão quando quisesse, pois suas arengas davam Ibope. Certa noite perdeu a voz e o equilíbrio emocional quando, do auditório, levantou-se um jovem e indagou:  

“o senhor foi eleito contra o roubo e o golpe. Agora está pregando o golpe. Quando pregará o  roubo?”
                                                       Guardadas as proporções, a situação se repete com  Demóstenes Torres. Campeão da ética, algoz implacável dos corruptos, crítico permanente dos malfeitos praticados à sombra do governo, o senador por Goiás destacou-se na defesa da democracia, da Constituição e da lei. Vê-se agora flagrado numa série de denúncias sobre  parceria com bandidos. Seria o caso de inverter a equação e indagar quando começará a defender o golpe?...

por Carlos Chagas

Alckmin 1 x 1 Aécio 

Parar, não parou. Pelo contrário movimentou-se como nunca. Fala-se do Senado, quarta-feira, a partir do discurso de Aécio Neves. Na atual Legislatura, uma inovação. Estavam presentes quase todos os senadores, os apartes tomaram mais de quatro horas. Louve-se a tolerância do presidente José Sarney,  que descumpriu o regimento e deixou de limitar a presença do colega mineiro aos vinte minutos regulamentares.

Aécio Neves parece ter lido Proust, já que só agora saiu em busca do tempo perdido. Sem dúvida, assumiu a liderança das oposições, num discurso ético, propositivo, firme e educado. Criticou adversários, não inimigos. Não poupou o PT nem a presidente Dilma,  mas abriu perspectivas para um dialogo permanente, em termos altos.

A conclusão é de que o ex-governador de Minas acaba de empatar o jogo sucessório, com tanta antecedência praticado no ninho dos tucanos. Até seu pronunciamento, o placar indicava Geraldo Alckmin na frente, depois de haver implantado forte esquema de poder em São Paulo, preparando-se para estendê-lo aos demais estados. Além de maliciosamente ter lançado a candidatura de José Serra à prefeitura de São Paulo. Aécio Neves, a partir de agora, ocupa o mesmo patamar. Resta aguardar a réplica de Serra. Sua presença no plenário, direito concedido a todo ex-senador, faz prever que não demora muito, nesse estranho jogo de três times em campo.

PEGANDO CARONAApesar do brilho da sessão de quarta-feira, no Senado, não dá para omitir que no meio dos variados apartes solicitados a Aécio Neves, muitos pareciam inteiramente dispensáveis. Senadores tentaram pegar carona na mensagem do ex-governador, aproveitando para auto-promover-se e abordar temas em nada relacionados com o confronto entre oposição e governo. Com todo o respeito, ouviram-se montes de bobagens. Até o programa de renda mínima viu-se incluído nos debates. A situação dos índios na Amazônia, os excessos do agro-negócio, a necessidade de todas as crianças irem para a escola, as cotas para negros e  a tentativa de transformação da Petrobrás em  Petrobrax ganharam destaque.

Aécio Neves elogiou todos os que o interromperam, mas lá no fundo terá lembrado características parlamentares de Carlos Lacerda, que quando recebia apartes bobos dirigia-se ao aparteante com um contundente “retire-se do meu discurso!”

José Serra não é Carlos Lacerda. E o Gregório dele é branco e rico


Gregório Fortunato, o controverso chefe da guarda presidencial de Getúlio, morreu pobre e preso, acusado de ser o mandante do atentado da rua Tonelero.
Gregorio Preciado, o controverso parceiro de Serra nos negócios apontados como irregulares na CPI do Banestado – sepultada pelo então Senador Antero Paes de Barros, como mostrei antes, que depois de perder o mandato ganhou um emprego de Conselheiro da Sabesp, empresa de esgotos (e água) de São Paulo -, está longe da miséria que marcou o final da vida do “anjo negro” (ou devo evitar a expressão, como diz o Serra, por ser “racista”?).
Além daquelas confusões, o Gregório do Serra está metido em outras.
Ele é acusado de ter se beneficiado de uma ajuda do ex-governador baiano Paulo Souto para comprar, em condições nebulosas, a paradisíaca ilha do Urubu, ao largo de Trancoso, litoral Sul da Bahia, que você vê na foto..
Em março de 2009, o deputado Emiliano José, da Bahia, disse da tribuna da Câmara:
-De acordo com as informações fornecidas à imprensa pelo advogado César Oliveira, no Processo nº 359.983-3, ao final do seu governo, o Governador Paulo Souto doou a Ilha do Urubu aos herdeiros da família Martins, posseiros da área em questão. Quatro meses depois, os herdeiros venderam essas terras ilegalmente – teriam que preservá-las por 5 anos -, por R$1 milhão, ao empresário Gregório Marin Preciado. Segundo Oliveira, mais ou menos 1 ano depois, Gregório Preciado revendeu o terreno a um megaespeculador belga, Philippe Meeus, por R$12 milhões.
Para o advogado, no mínimo, houve leniência por parte do Estado. O terreno vale, hoje, R$50 milhões, pois se trata de uma das áreas mais valorizadas da América Latina.
Nas denúncias, César Oliveira informa ainda que “Gregório Marin Preciado, espanhol, naturalizado brasileiro, é casado com a prima de José Serra, Governador de São Paulo e pré-candidato à Presidência da República. O Sr. Gregório Marin Preciado responde a uma ação penal do Ministério Público Federal por uma dívida de R$55 milhões, que foi perdoada irregularmente pelo Banco do Brasil. Ele tomou também um empréstimo de R$5 milhões no Banco do Brasil e deu a Ilha do Urubu como garantia, enquanto litigava com a família Martins, disputando a posse da Ilha.
Serra não conseguiu chegar aos pés de Lacerda, em matéria de talento em servir à direita, como fez o “Corvo” com Vargas. Mas, em matéria de gregório, reconheçamos, saiu-se muito melhor.

Serra, o golpista!

Há horas em que a gente tem de falar as coisas sem meias palavras.
Serra e a grande imprensa estão pressionando as instituições da República para que se deflagre um golpe político-eleitoral de dimensões catastróficas.
Hoje de manhã, Serra patrocinou uma reunião com o senador Álvaro Dias para montar uma “convocação” de Dilma ao Senado para explicar. Explicar o quê? Do que ela é acusada?
As instâncias legítimas para qualquer investigação, de qualquer ato, de quem quer que seja, estão funcionando.
Tudo está sendo investigado pelas regras da legalidade democrática, mesmo as situações mais inverossímeis, como esta história de um cidadão chegar e encontrar R$ 200 mil numa gaveta como “presente” não solicitado.  Mesmo as denúncias de um receptador de carga e de carro roubado, condenado pela Justiça. Mesmo o “favorecimento” do único laboratório que produz o remédio contra a gripe suína.
Não há acobertamento de coisa alguma. Se há alguma irregularidade, alguma desonestidade, alguma prevaricação, as autoridades públicas não dão sinal algum de que isso possa ser acobertado.
Lacerda fez isso com Vargas, até levá-lo à morte.
Os métodos são os mesmos.Mas não é, agora, o Corvo, mas a Democracia que diz: nunca mais, nunca mais…
Não temos nenhuma crise, econômica, política ou institucional.
O que temos é um processo de terrorismo de mídia. Uma completa irresponsabilidade de publicar algo – não discutindo se procedente ou não – sem qualquer prova senão acusações pessoais.
Qualquer coisa vai para a primeira página. Qualquer coisa vai para o Jornal Nacional.
Nem Collor, com Míriam Cordeiro chegou ao ponto que a grande mídia chegou.
O Ministério Público, que mediu cada sílaba pronunciada por Lula em cada evento público, para ver se havia “propaganda indevida” ignora o que se faz, todos os dias, em cada banca de jornal e aparelho de tevê. Vai, é  incrível, atrás de achar favorecimentos inexistentes na única revista que não age como agente de José Serra.
O relógio, o calendário, as horas e dias passando sem que apareça uma chance à direita deste país, os açula.
Não, José Serra, você não vai transformar o Senado da República na República do Galeão. Não vai fazer ali o linchamento moral que os jornais, revistas e tevês que são, hoje, seus únicos apoios, os eleitores de um candidato que percorre ruas vazias, visita favelas cenográficas e cumprimenta populares a pedido dos cinegrafistas da Globo, fazem por você.
Somos, senhor José Serra, homens e mulheres civilizados. Queremos enfrentá-lo nas urnas. Nem mesmo queremos destruí-lo, apenas desejamos que se reduza à sua verdadeira estatura, a de um anão moral e político, de um homem a quem a sede de poder e mando encolheu, minguou, deformou até transforma-lo numa mórbida caricatura de seu passado.
O senhor, José Serra, é um cadáver insepulto, que exala os miasmas do golpismo.
As urnas o exorcizarão. O povo brasileiro poderá viver a luz do progresso. E o senhor, finalmente, descansará em paz , retornado ao pó em que sua ambição moeu um ser humano.

L3R ? 3NT40 CL1K N0 4NÚNC10 QU3 T3 1NT3R3SS4 ! 4GR4D3Ç0 !

Jango e o PIG em 1964; Lula e o PIG em 2010

Jango e a imprensa golpista em 1964; Lula e o bombardeio midiático em 2010




Releio o indispensável “O Governo João Goulart”, de Luiz Alberto Moniz Bandeira, em edição revista e ampliada – agora pela Editora Unesp. É obra impressionante, pelo volume de documentos e entrevistas que Moniz Bandeira recolheu, a reconstituir a marcha do confronto e do golpismo que abateu Jango.

Lá pelas tantas, no capítulo 10, ele conta o episódio em que Lacerda, “O Corvo”, vai ao “Los Angeles Times”, nos EUA, e anuncia que os militares brasileiros estavam avalaindo o que fazer com Jango, se seria “melhor tutelá-lo, patrociná-lo, colocá-lo sob controle até o término do seu mandato ou destrui-lo agora mesmo”.
Corria o ano de 1963. Jango e os militares “legalistas” que o apoiavam viram na declaração de Lacerda uma senha de que a direita daria o golpe, e tentaram decretar o estado de sítio. Mas o presidente não teve apoio no Congresso para tanto. A ala brizolista do PTB, diz Moniz Bandeira, não queria estado de sítio, queria um processo revolucionário mesmo. Jango prendia-se à legalidade e, sem apoio para atacar os oponentes dentro da Constituição, acabou recuando. Caminhou a passos largos para a deposição.

Ali, se os trabalhistas tivessem atacado, o golpe poderia ter sido debelado. Faltou unidade, combatividade e compreensão do que estava por vir.

A falta de limites e de escrúpulos da oposição a Lula faz-me lembrar essa história de 47 anos atrás. Os tempos são outros, eu sei. Não há Guerra Fria. E hoje a oposição golpista não teria eco em jornais dos EUA – que se derretem em elogios a Lula.
Serra vai mal no papel de Lacerda. Bem que tentou: bateu à porta do Clube da Aeronáutica, feito vivandeira. Mas falta-lhe vivacidade, falta-lhe alma e pulso.
É por isso que a imprensa assumiu o comando da oposição.  Segue o mesmo roteiro do pré-64. Os escândalos forjados e o golpismo são explícitos. Colam entre parcelas da classe média – que ainda não se animou a marchas com Deus. Ela virão? Provavelmente, não. Hoje, existem as correntes na internet, os jornalistas apedeutas de esgoto e as capas da “Veja”.

L3R ? 3NT40 CL1K N0 4NÚNC10 QU3 T3 1NT3R3SS4 ! 4GR4D3Ç0 !

Mudando de lado

Carlos Lacerda foi o mais ferrenho anticomunista que o País conheceu depois que deixou o Partido Comunista em que tinha projeção, acusado de relacionar seus militantes para uso da mídia e da Polícia. Desde então, todo adversário era por ele chamado de comunista. Ou ladrão. Ou então recebia os dois epítetos juntos. Os renegados apenas mudam a direção de seu radicalismo, como Carlos Lacerda, Fernando Gabeira e César Maia. Querem limpar o passado totalmente encampando as teses mais reacionárias.

É a mudança pela qual está passando José Serra, antigo presidente da UNE que se exilou no Chile, com receio da repressão da ditadura militar no Brasil. Ele dá a impressão de que, ao assumir a Presidência da República, ira pressionar Venezuela, Equador e Bolívia, no sentido de que se alinhem a Washington, como Fernando Henrique Cardoso no Brasil e Carlos Menem na vizinha Argentina. Este, feliz de ter sido escravizado, se gabava, publicamente, de relação carnal de Buenos Aires com a capital americana. É de surpreender que Serra lembre Lacerda no reacionarismo e reflita o que há de pior na sociedade paulista ao encarar o momento histórico que vivemos atualmente.

A direita tem candidato à Presidência da República, José Serra. Deus queira que este patrulheiro Toddy não seja vencedor e queira mover guerra aos países que não obedecem fielmente às ordens do governo americano. Principalmente se parecem com as do estilo de George W.Bush, de quem morrem de saudades.

L3R ? 3NT40 CL1K N0 4NÚNC10 QU3 T3 1NT3R3SS4 ! 4GR4D3Ç0 !

Serra fala como a UDN, mente como Carlos Lacerda e terminará isolado como Cristiano Machado

Cristiano Machado impôs a sua candidatura ao PSD nas eleições presidenciais de 1950 e foi abandonado pelo próprio partido, que acabou apoiando Getúlio Vargas. Seu nome inspirou o termo "cristianização" para designar o candidato ‘escondido’ pelos companheiros de sigla, que temem o contágio tóxico de sua impopularidade nas próprias votações. Até a semana passada a maior parte do material de campanha de Aécio Neves, candidato ao Senado por MG, e o de Anastasia, seu candidato ao governo do Estado, ainda omitia a imagem de Serra em santinhos e adesivos. O alto comando serrista busca desesperadamente formas de fazer com que a campanha demotucana encontre motor próprio em MG. Aspas para o Globo de 29-07: ‘. O candidato a presidente pelo PSDB, José Serra, terá uma estrutura independente em Minas Gerais para impulsionar sua campanha no Estado... segundo maior colégio eleitoral do país. A estratégia foi montada para fazer frente a algumas dificuldades. A decisão foi tomada após descontentamento com o ritmo da campanha no Estado, onde o ex-governador Aécio Neves, que recusou-se a ocupar a vaga de vice na chapa de Serra, é a principal liderança do PSDB...’

L3R ? 3NT40 CL1K N0 4NÚNC10 QU3 T3 1NT3R3SS4 ! 4GR4D3Ç0 !

O discurso nazista produz nazistas, mesmo incientes


Sabe aquele discurso de que Brizola favelizou o Rio, que tem favelas há um século, que deu salvo conduto aos bandidos e traficantes, embora ele tenha saído do governo há 16 anos e bandidos e traficantes só tenham aumentado em número e em poder?
Pois é, o discurso nazistóide da mídia conservadora se reproduz na classe média e, muitas vezes, pessoas comuns, bons pais e mães, pessoalmente incapazes de fazer o mal a um semelhante, repetem-no e entram numa verdadeira catarse antipobre que, sem que eles percebam, os leva para o pior tipo de discriminação social, o mais violento, o mais desumano. Que os leva a falar e a pensar com uma crueza que nem seus mestres se atrevem a usar.
Sábado, o jornal O Globo publicou uma matéria sobre a manifestação da ONG “Rio de Paz”, que montou um barraco com restos de casas desmoronadas com as chuvas na praia de Copacabana, para mostrar como aquelas pessoas viviam sem que o poder público lhes desse a atenção devida.
Foi o que bastou para uma chuva de comentários no site, dos quais reproduzo alguns para que vocês leiam. Coloquem a palavra “judeu” no lugar de pobres e de favelados e vocês verão que não há nenhuma diferença em relação ao discurso nazista. Vejam:
“Arranquem esse barraco de lá urgentemente ! Se deixar passar, daqui a pouco já terão 50 igual a célula cancerígena. Favelado não tem dignidade.”
“estas pessoas que invadem areas publicas… devem ser punidas judicialmente e arcar com as consequencias dos seus atos.”
“Tem mais é que botar fogo nessa palhoça ! Copacabana é Copacabana, não é qualquer lugar não!”
“Esses favelados deveriam se reproduzir menos. Assim iria sobrar dinheiro pra irem morar em algo melhor.”
“Antes a esterelização se faz necessário”
“Tirem logo essa joça da praia antes que os favelados gostem da idéia e comecem a invadir também as praias para fazer barracos.”
“Limpeza já no RJ quem não é natural e não trabalha volte para sua cidade de origem! vai ficar aqui fazendo o quê? só se for rico ou de ferias para gastar!”
“Em primeiro lugar, parem de espalhar filhos, que a vida de vcs poderá melhorar… aí sim, ajuda!”
“Essas crianças não deveriam nem ter nascido. Se os pais moravam nas tais “péssimas condições” por que procriaram?”.
Aí estão os sentimentos dos que se preocupam, piedosamente,  em remover os pobres das encostas pelos riscos de vida que eles correm. Aí estão os que acusam Brizola por ter colocado água e luz para os pobres. Aí estão, em seu estado puro, os intelectualóides que se pelam de medo da mídia e acham um discurso cheio de vírgulas para não dizer que esta gente está nas pirambeiras porque o sistema a colocou lá, com sua exclusão,  e que, de zero a dez, dá importãncia dez a removê-las e 0,1 a dar-lhes oportunidade de uma vida digna.
Aí estão, José Serra, seus eleitores no Rio de Janeiro.
O lacerdismo não era feito só de Lacerda, o ex-esquerdista que virou o agente  da pior direita. Era feito também de gente má, que de tão mal amada, nem sequer sabia mais amar seus semelhantes. Aliás, nem mais os aceitava como semelhantes.

Prêmio - "O Corvo do Ano" 2010

 Carlos Lacerda foi o fundador do PIG. Ex-comunista – como convém a um extremista de direita – publicou um livro denunciando o Partido Comunista. Passou a ser o principal líder golpista, renomado por ser dos que literalmente batia nas portas dos quartéis (chamados de “vivandeiras de quartel”), insuflando o golpe nos seus inflamados golpes e discursos no Congresso.

Pró norteamericano militante, anti-nacionalista, anti-getulista, frontalmente contra o movimento sindical e todos os movimentos populares, adepto militante da SIP (Sociedade Interamericana de Prensa, vetusto lugar de coordenação da imprensa mais reacionária, pró-EUA e golpista do continente, até hoje) – Lacerda tinha todo o perfil do reacionário de carteirinha.

Entre outras sandices antidemocráticas, disse: “Getúlio não dever ser candidato à presidência, se for, deve ser derrotado; se ganhar, não deve tomar posse, se tomar posse, deve ser derrubado por um golpe”. Chamava JK de “ladrão” e outras coisas mais dessa ordem, típicas de uma revista semanal, herdeira atual do Lacerda.

Foi chamado de “corvo”, pelo cheiro de carniça de tudo o que tinha a ver com ele – golpe, ditadura, massacre de mendigos no Rio, imprensa de direita, denuncismo dos “subversivos”. Acreditava que o golpe – que ele tanto pregou – tinha sido feito para tirar seus maiores adversários nas eleições programadas para 1965, JK e Brizola, deixando o campo livre para que fosse eleito ou praticamente nomeado pelos militares.

Enganou-se e terminou a vida penosamente: quando seus ideais se realizavam, com um governo em que seu companheiro de partido, a UDN, Juracy Magalhaes, primeiro ministro de Relações Exteriores da ditadura afirmava “O que é bom para os Estados Unidos é bom para o Brasil” (sic), um governo que escancarou a entrada de capitais externos, prendeu, torturou, fuzilou, desapareceu os que considerava “subversivos”, o corvo não tinha lugar. Morreu sem pena nem glória, como um “corvo”.

Hoje vários jornais e jornalistas se candidatam a ser os corvos dos tempos atuais. Vamos fazer a lista dos candidatos e no fim do ano decidiremos quem merece o prêmio, numa batalha que, desde já, sabemos que será muito dura, tantos e tão medíocres são os candidatos.

Arrisco um primeiro candidato: Otávio Frias Filho, pela “ditabranda”, pelas acusações falsas, pelo silêncio sobre o que não lhe agrada.

Indiquem vocês os outros candidatos, controlemos seus desempenhos – frenéticos em ano de campanha eleitoral – e no fim do ano decidiremos quem merece o prêmio “O corvo do ano” 2010.



São os mesmos



Os corvos tramavam contra o salário mínimo de Vargas; são os mesmo que reclamam agora de Lula 
No início de 1954, Jango (que era, então, o Ministro do Trabalho de Getúlio Vargas) propôs aumento de 100% para o salário mínimo.
 A UDN (partido da direita, forte entre as classes médias no Rio e em São Paulo) se agitou. Os militares também se agitaram: como podia um operário ganhar tanto quanto um tenente? A pressão foi tanta que Jango perdeu o cargo. Alguns meses depois, sob acusações de todos os lados, Vargas perderia a vida, metendo uma bala no peito.
Veja o que o site da FGV informa sobre o episódio do salário mínimo -http://cpdoc.fgv.br/producao/dossies/Jango/artigos/NoGovernoGV/Salario_minimo_e_saida_do_ministerio_do_trabalho:
 “Os principais lances da crise são úteis para se dimensionar o montante da articulação oposicionista, e que se concluiria com o episódio do suicídio de Vargas, em agosto do mesmo ano. O ministro da Fazenda, Oswaldo Aranhamanifestou sua total contrariedade à proposta, secundado pelos membros da "banda de música" da União Democrática Nacional (UDN) – parlamentares que faziam muito barulho no Parlamento, sempre atacando Vargas. As acusações não eram novas, mas ganhavam virulência ante o desmedido da proposta em causa. Jango era um "manipulador da classe operária", "um estimulador de greves", "um amigo dos comunistas", que tinha como plano a implantação, naturalmente com o assentimento de Vargas, de uma "república sindicalista" no Brasil. Alimentando tais ataques havia um outro. O de que Vargas mantinha conversações secretas com Juan Perón, presidente da Argentina, no sentido da formação do chamado Pacto ABC – Argentina, Brasil, Chile – com evidentes contornos anti-americanos e tendências "socializantes". Uma mistura explosiva de má condução da política interna e externa, capaz de justificar até mesmo um pedido de impedimento do presidente.

Alguma semelhança com as acusações contra Lula?
Lula – hoje - é acusado de conduzir uma política de integração com viés anti-EUA. A mesma acusação que pesava contra Vargas. Com relação ao mínimo, situação idêntica.
A UDN continua onde sempre esteve. A UDN – hoje, como há 55 anos - não quer aumento de salário mínimo:  R$ 510 é a proposta de Lula para 2010.
Ainda zonzo, depois de uma viagem de 14 horas de carro (entre São Paulo e Florianópolis), eu tomava café no hotel agora cedo, e assistia ao “Bom (?) Dia, Brasil”. Alexandre Garcia desfilava ironia (ele se acha engraçado) diante da proposta de aumento. Frisava que isso vai ocorrer em “ano eleitoral”. A UDN não quer pobre ganhando mais. Ainda mais em ano eleitoral. Isso fere os brios da UDN.
Verdade que a UDN que depende de voto (PSDB e DEM) não pode berrar contra o salário mínimo de R$ 510. Aí, sobra para o partido da imprensa.
A banda de música do Alexandre Garcia esqueceu de informar ao dileto público que a política de reajuste ao salário mínimo não depende só de “canetada” do presidente em ano eleitoral. Não. O governo Lula adotou uma política consistente (e permanente) de recuperação do mínimo. Reajuste real é concedido, sempre, com base no crescimento do PIB de dois anos antes. Lula tem meta para o mínimo. A UDN demotucana só tinha meta para inflação. Fazer o que... E ainda dizem que Lula “tem sorte”. He, He.
Não é sorte. São escolhas.
A política de Lula é muito mais consistente do que a canetada de Jango. É consistente. Isso apavora a UDN e sua banda de música na Globo.
Não é só o despeito com o pobre que ganha mais. É todo um ideário liberal que afunda.
Durante 15 anos, como repórter, cansei de entrevistar “consultores” e “economistas” que defendiam: o Brasil precisa fazer a “lição de casa”. Os anos 90 foram assim: “lição de casa”! Eu tinha engulhos a cada vez que ouvia essa expressão. Perdi a conta de quantas vezes isso foi ao ar na TV brasileira – como uma pobre metáfora de nossa subserviência...
A turma da “lição de casa” pregava: “superávit primário”, “controle dos gastos públicos”, “autonomia do Banco Central” (como se o BC fosse uma instituição acima do governo, quando ele é mantido com nossos impostos, e deve estar subordinado ao governo de turno) etc etc etc.
Isso tudo virou lixo depois da crise de 2008.
No primeiro mandato, Lula ampliou um pouco os gastos sociais (“esmola”, diziam), mas manteve a ortodoxia na economia.
No segundo mandato, livre de Paloccci, o governo ampliou sua atuação como indutor do desenvolvimento. Mantega conduz uma política livre das amarras da turma da “lição de casa”.
Hoje mesmo, véspera de Natal, Mantega está nos jornais a dizer que Banco Central não precisa ser autônomo, coisa nenhuma!
A turma da “lição de casa” não gosta disso.
A turma da “lição de casa” não gosta de Keynes. O sábio economista dizia (groso modo, perdoem minha simplificação) que a equação da economia se resolve quase sempre pela demanda, não pela oferta. Se há crise, estimule-se a demanda, e a roda volta a girar.
Foi o que Mantega fez em 2008 – com isenção fiscal para carros, linha branca etc. Lula também pediu aos pobres que seguissem comprando. E deu certo.
Deu certo porque Lula havia criado as bases de um imenso mercado interno de consumo: “bolsa-família”, salário mínimo com ganho real, reajuste para funcionalismo...
Tudo isso contraria a cartilha da “lição de casa”.
 Vejam: o governo (com Mantega, no meio da crise) adotou políticas de isenção de impostos (“populismo” berraram alguns colunistas), e ainda assim a arrecadação voltou a crescer. Número de novembro indica aumento de 26% em relação a novembro de 2008 - http://www1.folha.uol.com.br/folha/dinheiro/ult91u670008.shtml.
A turma que torce pela “deterioração das contas públicas” não deve estar entendendo nada.
Lula fingiu adotar a política fernandista. Mas superou essa política, sem alarde.  
Lula fez o que Celso Furtado e Maria da Conceição Tavares pregaram durante anos e anos! Lula construiu um mercado interno de verdade.
Serra – que não é tonto, e não é um “liberalóide” radical – sabe que não pode fazer campanha pregando “controle dos gastos públicos”. Isso servia para enganar a turma nos anos 90. O Brasil mudou. E o Serra sabe disso. Mas o Alexandre Garcia (com a turma mais tosca da UDN) não sabe.
Nem Obama mais acredita na doutrina liberal. Obama salvou a GM e alguns bancos com grana pública. Obama não fez a “lição de casa”?
Só a banda de música (na Globo e em alguns jornais) ainda segue a velha cartilha. É o passado, que se recusa a passar.
O passado será atropelado pelos fatos.
Ainda mais quando lemos que – com  o reajuste para R$ 510 – o mínimo vai atingir o maior patamar em quase 3 décadas.
Lula colocou o capitalismo brasileiro em novo patamar. Os toscos capitalistas (ou aqueles que pensam representar os capitalistas, nas telas e nos jornais) não perceberam.
Dessa vez, a UDN vai ficar falando sozinha.
O suicídio dessa vez virá do outro lado. É a UDN que vai meter uma bala no peito se continuar se recusando a enxergar a realidade.
Azar da UDN.
PTB e PSD – se tiverem juízo – seguirão juntos, isolando a direita e mantendo o Brasil na rota do crescimento. Isso apesar de todos os problemas e insuficiências do governo Lula. É preciso – sim – fazer a crítica do governo Lula, pela esquerda. Mas sempre reconhecendo seus avanços.
Tudo leva a crer que Lula não vai se igualar a Getúlio. Não. Vai é superá-lo. Sem golpe, sem bala no peito. Tudo no voto.
É demais para a UDN. Coitadinha...

Leia mais »

A direita ontem, hoje e sempre

Nos tempos de Getúlio Vargas, a direita tinha tanta força na difusão de suas calúnias contra o governo que terminou derrubado pelo suicídio do presidente da República. No momento, a situação é muito diversa pelo apoio dispensado ao governo por um partido bem organizado e pela solidariedade de 81% da população. Sem falar na globosfera que aclara tantas mentiras e desfaz tantas patranhas.

Certa feita, Carlos Lacerda concluiu artigo para seu jornal "Tribuna da Imprensa" chamando de ladrão respeitável adversário. Quando um colega indagou pelas provas de que dispunha para fazer tal afirmação, respondeu, negligentemente: "Agora, vou procurar as provas". Cinicamente afirmava aos íntimos que se publicasse, dia seguinte, cópia da carteira de identidade de um adversário e da página do catálogo telefônico contendo seus dados, podia chamá-lo de desonesto que todos acreditariam e achavam estar diante de provas cabais, conclusivas.

Hoje os tucanos agressivos, sem a mesma gramática, têm, por si, colunistas amestrados em que ninguém acredita. Por isso, a imprensa está dizendo que a próxima pesquisa de opinião pública vai provar a queda de prestígio de Lula, pelo apoio a José Sarney. É apenas mais uma mentira entre tantas que engendra e divulga. Para ver se cola.

Lustosa da Costa