Soa inacreditável, a quem considera Ciro Gomes um dos baluartes do combate ao golpismo no Brasil, sua entrevista à revista Carta Capital. Trechos da conversa já estão disponíveis na rede. Em alto e bom som.
Como de costume, Ciro Gomes deixa de lado meias-palavras: a candidatura Lula é uma fraude, o PT armou uma grande farsa para enganar a população, pois sabe que Lula não pode ser candidato. Qualquer pessoa medianamente informada sabe disso, conclui ele.
Estarrecedor. Tanto quanto o argumento esgrimido em seguida. Para Ciro, a culpa disso é do próprio PT, que impulsionou a aprovação da lei da ficha limpa. Agora degusta o próprio veneno.
Um porta-voz da direita feroz não faria melhor. O problema é que Ciro sempre se apresentou como soldado da fileira oposta à da quadrilha do Jaburu. Aparentemente, deu meia-volta, ou mais uma volta, embora tente manter a imagem de redentor do país.
Seus novos argumentos não param de pé, sob o ponto de vista das forças progressistas. O primeiro ponto, e de longe o mais importante, que Ciro minimiza ou simplesmente ignora: antes de se falar de ficha limpa, o fato crucial é que Lula foi condenado de modo farsesco, sem provas, sem evidências, sem documentos nem atos determinados.