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por Zé Dirceu

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Não combinaram com os Russos
Paulo Bernardo
Reza a lenda que, às vésperas de um jogo da Seleção Brasileira contra os russos, em 1958, o técnico brasileiro instruiu a equipe numa elaborada estratégia em campo. Depois de uma série de dribles, Garrincha deveria passar a bola para o Vavá marcar. Ao que o mestre das pernas tortas respondeu com malícia: “Vocês já combinaram tudo isso com os russos também?”.

A história pode ser transportada para o caso da Telefônica. Apesar das exigências das autoridades para que a operadora sanasse seus problemas de panes nos serviços de banda larga no Estado de São Paulo, o Speedy, a empresa foi alvo de novo apagão neste início de semana. O assunto levou o próprio ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, a cobrar os investimentos que evitassem novas panes.

Aliás, a interrupção da 2ª. feira não foi nem a primeira, nem a segunda vez que a Telefônica interrompeu os serviços de banda larga. Em junho de 2009, um apagão no Speedy deixou boa parte dos 2,7 milhões de usuários sem Internet. Na ocasião, a operadora chegou a ser proibida pela ANATEL de comercializar os serviços entre junho e agosto de 2009, até que as falhas fossem apuradas e corrigidas.

Rotas alternativas


Para Bernardo, a empresa deve investir em rotas alternativas. Também tem de garantir uma gestão dos sistemas que evite panes semelhantes.

Segundo a empresa, o apagão do início da semana teria sido causado por dois equipamentos (roteadores) que fazem a conexão da rede brasileira com sites internacionais. Ainda assim, para Bernardo, o episódio foi “lamentável”. O ministro prometeu consultar o presidente da Agência Nacional das Telecomunicações (ANATEL), Ronaldo Sadenberg, sobre as providências que serão tomadas pela agência. "Tem que fiscalizar, tem que cobrar (...) Tem uma repercussão econômica", completou.

Segundo estimativas da consultoria Teleco, a Telefônica tem mantido os seus investimentos no Estado de São Paulo entre R$ 2,2 bilhões e R$ 2,4 bilhões por ano desde 2008. No primeiro trimestre deste ano, foram R$ 373 milhões, ou apenas 4,4% a mais que no mesmo período do ano passado. Ainda que vultosos, pelo visto, eles não têm dado conta do recado. O mercado vê a questão sob outro ponto de vista.

Falhas de procedimento

Para o presidente da consultoria, Eduardo Tude, São Paulo é um caso típico em que não apenas a rede cresce rapidamente, mas o seu uso também. “As pessoas estão dando novos usos à Internet e exigindo muito mais do serviço”, comenta. Segundo ele, panes como as da Telefônica no início da semana são causadas, não necessariamente por falta de investimentos, mas por problemas de procedimento. “Quando se expande uma rede muito rapidamente, e ela passa por sucessivos up grades, um novo equipamento que é adicionado pode ter incompatibilidade com o software e gerar uma falsa informação, que é transmitida para outros roteadores”, exemplifica.

Segundo ele, em 2009, quando a ANATEL suspendeu a venda do serviço Speedy por alguns meses, a punição levou a operadora a perder a segunda colocação em market share de acessos à banda larga para a NET. “No regime de competição, uma suspensão como a que foi aplicada, dado que a operadora apresentava falhas reincidentes, é prejuízo na certa”, comenta. O trâmite, explica o engenheiro com mestrado em telecomunicações, tem início com uma sindicância da Agência e pode chegar à suspensão da comercialização do serviço vendido pela operadora.

Com a pane desta semana, na Agência, a informação é de que seus técnicos estão analisando o ocorrido e deverão instaurar um processo administrativo. Mas, fica a pergunta: será o bastante? Por onde anda a ANATEL, que, até aqui, pouco tem se pronunciado a respeito? Já a Paulo Bernardo, todo o nosso apoio.

As Festividades no Nordeste e a Copa

O Nordeste, como todos sabemos, por sua formação, é a matriz da formação brasileira, seja no aparato burocrático que lá chegou e se montou a estrutura do que mais tarde seria o Estado brasileiro, seja na unidade na diversidade da sua formação cultural. Assim como na construção da sociedade brasileira, com seus ranços, avanços e transformações.
Pela formação étnica originária, há um senso religioso muito intenso, mas, há, também, um calendário de festas que, curiosamente, entrelaçam sagrados e profanos. Em dezembro, celebra-se o natal, não apenas em família, mas com festas em inúmeros municípios com bandas regionais e até mesmo artistas da MPB.
No Reveillon, a celebração continua. Depois, antes de iniciar o carnaval, há uma série de pré-carnavais. Quando finda-se a quaresma, seguindo a tradição originária da festa, celebra-se o carnaval, a festa pagã, como chamava nos primórdios. Quando o calendário oficial do carnaval termina, não termina no NE, pois as cidades que não fazem carnaval, comemoram as micaretas. Na verdade, a micareta era uma festa eminentemente baiana, mas ultrapassou as fronteiras da Bahia e invadiu toda a região e, hoje, vai além das fronteiras nordestinas, pois outros estados também realizam-na.
Finalmente junho chega, a celebração, neste caso, também inova e ganha vertentes. Por mais que o calendário das festividades no NE tenha sido originário do sagrado, hoje as celebrações não ganham mais tais vertentes, elas profissionalizam a cada ano e, a vocação do nordestino para gostar de festas, consagra cada vez mais bandas e artistas regionais.
Se no passado, artistas saíam da região para virem para o SE, a fim de serem conhecidos além do regional, hoje, esta realidade mudou consideravelmente. O intenso trabalho de divulgar uma região imensamente permeada de brasilidade, de aceitar a inovação, mas não abrir mão de sua identidade, permite por parte de muitos, o agradecimento destes que de lá saíram e abriram o caminho para os que, a cada ano chegam e, com talento ou não, celebram os festejos nordestinos.
Portanto, com imensas festividades, junho e meados de julho encerram o calendário intenso de festividades que acompanham a região. A tradição junina de comidas típicas, de pular fogueira, dançar quadrilha e dançar forró até o Sol raiar, assim como o carnaval, atrai multidões. Se temos o maior carnaval do mundo, em junho, temos o maior São João do mundo, ambos reconhecidos pelo Guiness.  É o Nordeste e sua vocação para a celebração, eu diria. Mas tais celebrações não existiriam com tanta intensidade se não houvesse na construção cultural comum, o celebrar.
Mas, assim como o carnaval que inova a cada ano sem sair da tradição de seus respectivos estados, no São João, também acontece a mesma coisa, temos toadas, forró tradicional, forró moderno, axé, MPB e sertanejo. É uma festa tipicamente do interior, mas as capitais também celebram. São mais de mil municípios em festa e com atrações de peso, são de São Joões badalados a são joões comuns.
O que tem a ver isto com a Copa? Ora, por ter toda a estrutura montada, será o lugar que o turista encontrará não apenas Sol para ir à praia, mas conhecerá um outro Brasil que, quando rodar o país acompanhando sua seleção, perceberá as diferenças regionais, suas formas culturais e não apenas isto, verá que todo o país celebra a vitória da seleção, mas verá uma região que tem vocação para receber e celebrar a vida com intensidade e alegria. Não que os outros não a façam, mas o costume de manter tradições no NE, fazem este diferencial, penso.
Por razões econômicas que beneficiem alguns que estão organizando a Copa, li outro dia num blog e até ouvi isto na TV, que querem tirar alguns jogos do NE e centralizarem no SE. Não há problema, isto não vai diminuir a vocação  da região e o nordestino não vai deixar de celebrar. Para que vocês compreendam o que estou a falar a acerca das festas, selecionei alguns São Joões para que conheçam nossa alegria e a forma de vivermos.
Para que possam compreender, as cidades fazem suas festas, mas onde está especificado o forró, está se referindo a festas particulares em algumas fazendas que montam estruturas e fazem uma festa com o estilo de blocos, ou seja, a pessoa compra a camisa e tem direito a entrada, comida e bebida inclusas.
Mariana Silveira

Poesia

VEM
CONVITE PARA O FIM DE SEMANA 
Deita do meu lado
E vem ver a Lua Cheia.
Joga o colchão no chão
Porque a cama é antiga e faz barulho.

Me abraça com mais força
Com os olhos cerrados de satisfação.
Joga a sua roupa no estrado
Porque corpos nus ardem com mais veemência.

Beija a minha boca de leve
E delicadamente morda os meus lábios vultosos.
Joga a responsabilidade para fora do quarto
Porque daqui você não sai tão cedo.

Nada de ducha pela manhã
Lavo o seu corpo
Com a minha saliva.

Nada de café ao amanhecer
Alimente-se com o meu corpo,
Até ficar exausta.

Olhe dentro dos meus olhos
Conte-me como foi a sua semana,
Deixe que eu entre na sua vida
Com passos curtos e silenciosos.

Mário Cardozo

A MISSÃO





Luzes e luzes se acendem lá longe no final da estrada. Caminhando calmamente, o viajante cansado e empoeirado consegue alcançar a entrada da cidade.
Cabeça baixa e quieto, senta-se num banco da praça principal e, com o coração elevado, dirige o pensamento ao Criador de todas as coisas.
Agradece esse momento de graça e, aliviado, descansa.
Quando acorda, coração e mente leves de qualquer sobrecarga, continua seu caminho à procura de alimento e abrigo. Sua jornada começa agora.
Seu trajeto é difícil. Ele prega o amor, a humildade, a caridade, a realidade.
Tarefa difícil essa, mas devagarinho alcança seu objetivo, o seu intento. Lentamente, corações endurecidos desabrocham, mentes perversas se acalmam e seu trabalho e esforço não são em vão.
Mas o melhor, em tudo isso, é que sua tarefa não está no seu falar mas sim, no seu fazer. Pouco a pouco, tudo e todos ao seu redor se transformam e então ele agradece cada minuto de seu árduo, mas gratificante trajeto.

Brasileiros contam segredos do Facebook




facebook
Stephanie Kohn

Hoje em dia, o sonho de muitos jovens é trabalhar em famosas empresas de tecnologia como o Facebook, por exemplo. Seja pela experiência, fama, salário ou por causa da infraestrutura e cultura “moderninha” da companhia, a rede social tem atraído centenas de profissionais de todas as partes do mundo.

Mas o que é preciso ser e fazer para trabalhar ao lado de Mark Zuckerberg? Além das qualidades já conhecidas e exigidas por empresas convencionais, é necessário ter agilidade e ser inovador. Danilo Resende, engenheiro de software brasileiro que trabalha desde 2009 na sede da rede social, nos Estados Unidos, conta que a empresa tem uma cultura que incentiva a inovação em ritmo acelerado e não está preocupada com as falhas que, eventualmente, aconteçam.

“O nível do trabalho desenvolvido no Facebook é bem alto, mas, apesar disso, falhas são recorrentes no dia-a-dia, já que é uma forma de deixar que os funcionários inovem e implementem novas ideias dentro da empresa”, conta Danilo, formado em Ciência da Computação pela Universidade Federal de Campina Grande (Paraíba). Sua própria contratação ocorreu de forma inusitada, já que o engenheiro de software brasileiro foi recrutado pela rede social depois que um 'olheiro' da empresa viu seu desempenho em uma maratona de programação.

Outro brasileiro contratado pelo Facebook nos Estados Unidos por conta de seu desempenho em um concurso de programação é Victor Medeiros, formado em Ciência da Computação pela Universidade Estadual Paulista. E, assim como Danilo, ele conta que é cobrado pela agilidade. “Eles preferem que você crie um produto rápido e vá acertando os detalhes depois do lançamento, do que demore mais tempo para desenvolver algo redondo”, explica o engenheiro de software, que faz parte da equipe que cuida de privacidade na rede social e que já foi convidado para trabalhar na sede do Google, mas  negou a proposta.

Outro detalhe apontado por Danilo é que o Facebook costuma dar bastante autonomia aos funcionários, para que eles desenvolvam novos produtos e cuidem de todas as etapas de implementação. “A empresa ainda é pequena e tem muita oportunidade de crescer, o que faz com que cada engenheiro trabalhe em algum projeto bem importante”, comenta o brasileiro, que está na equipe responsável por anúncios e gerenciamento de campanhas da rede social.

Para os engenheiros de software, o trabalho na rede social também se diferencia pelo fato de que, por ter uma estrutura enxuta e não estar preocupada com a hierarquia, todos os profissionais têm chances de apresentar ideias, inclusive para o principal executivo da companhia, Mark Zuckerberg. “Eu diria que ele é bem mais acessível do que outros CEOs de empresas de tecnologia. Ele ainda é o líder dentro do Facebook e está sempre disposto a ouvir críticas ou sugestões sobre o produto”, comenta Danilo. Ele conta ainda que Zuckerberg faz questão de participar das reuniões semanais com a equipe e circula o tempo todo pelos corredores da companhia.

O ambiente de trabalho também é citado como um diferencial do Facebook para reter seus talentos. Na sede da empresa existem salas de jogos, restaurantes, cafeterias e até uma lavanderia gratuita. Danilo admite, no entanto, que nem sempre tem tempo para aproveitar todos os 'mimos' que a companhia oferece aos funcionários.

A política salarial não deixa a desejar. Além de oferecer uma remuneração acima da média de mercado, a rede social faz avaliações de desempenho dos funcionários a cada seis meses e, a partir delas, concede promoções e aumentos para a equipe. “Estou satisfeito com minha remuneração, eu diria que ela é razoavelmente maior do que o que eu receberia no Brasil. O bom é que além do salário, fazemos as refeições na empresa de graça, lavamos roupa de graça e ganhamos plano de saúde”, completa Victor.

Para saber mais como é trabalhar na rede social mais famosa do mundo, clique aqui e leia uma matéria que sobre os bastidores da sede do Facebook em Palo Alto (Estados Unidos).

Leia também: A história de outros brasileiros que fazem parte de grandes empresas de tecnologia (clique aqui) e como funciona o processo seletivo da maior concorrente da rede social, o Google (clique aqui).

Oração

à Nossa Senhora Aparecida

A Sensibilidade dentária

Saiba o porque e previna-se

O sigilo eterno que encobre crimes de Estado e algema a presidente

Se Dilma sucumbir às chantagens estará oferecendo os próprios pulsos aos que têm culpa no cartório


  

Sarney age como um psicótico que tem culpa no cartório e chantageia  a presidente,  usando pretextos pueris. Collor é o bobalhão que faz seu jogo.


"Não me lembro se colocamos no Isordil, no Adelpan ou no Nifodin. Conseguimos colocar um comprimido nos remédios importados da França. Ele não poderia ser examinado por 48 horas, senão aquela substância poderia ser detectada."
Mário Neira Barreiro, um dos assassinos confessos de Jango, em entrevista gravada por João Vicente Goulart. 

Anote e confira um dia, se a sociedade puser a boca no trombone e reverter essa abominável articulação obscurantista para preservar o sigilo eterno de documentos oficiais: seu principal objetivo é encobrir os assassinatos de Estado, como os de  Juscelino Kubitschek, João Goulart, Carlos Lacerda e Tancredo Neves, bem como as verdadeiras circunstâncias da morte de Getúlio Vargas.

É isso mesmo: estou falando de assassinatos perpetrados com os conhecidos requintes que foram mais salientes no regime do apartheid, na África do Sul, e no Portugal salazarista, no tempo da PIDE - Polícia Internacional de Defesa do Estado.

Se esse cavalo de pau vingar, quando o projeto de lei que insere no Brasil nos hábitos das nações civilizadas já está pronto para ser votado 8 anos depois de apresentado, falar em Comissão da Verdade para inventariar os abusos na ditadura será uma impertinente piada de mau gosto.

A sociedade brasileira terá perdido uma grande oportunidade de conhecer tramas do arco da velha, guardadas a sete chaves por exporem as vísceras dos podres poderes ao longo de anos e séculos.

Apenas para esclarecer: o projeto que põe fim ao sigilo eterno foi encaminhado em 2003 ao Congresso pelo ex-presidente Lula. Na Câmara, foi detectada uma falha que, no fundo, preservaria os segredos para sempre, na medida em que permitia a prorrogação indefinida do sigilo dos documentos considerados ultra-secretos. Com a emenda aprovada, o maior prazo é de 50 anos, o que já não é pouco.

Três vultos da história mortos no espaço de 8 meses

No caso das minhas afirmações iniciais, basta lembrar coincidências gritantes: O ex-presidente Juscelino Kubitscheck foi "acidentado" no dia 22 de agosto de 1976; 104 dias depois, em 6 de dezembro do mesmo ano, o ex-presidente João Goulart foi envenenado em Mercedes, na Argentina, no auge frenético da "Operação Condor", que juntava em ações transnacionais de extermínio as ditaduras do Brasil, Chile, Argentina e Uruguai; 166 dias mais tarde, em 22 de maio de 1977, o ex-governador Carlos Lacerda morreu em uma clínica particular, onde fora internado com uma gripe comum.

Esses três líderes de correntes rivais haviam se unido a partir de iniciativa de Lacerda, o principal arauto do golpe de 1964, quando este descobriu, em 1966, que havia levado uma tremenda volta dos militares, que se apegaram aos poderes encantados de Brasília e implantaram o regime em que qualquer um poderia ser presidente, desde que fosse general do Exército.

Em 1966, antes de ser cassado pelos ex-concubinos na conspirata patrocinada pelos Estados Unidos, Lacerda resolveu dar o troco de maneira surpreendente: através de Renato Archer, adversário de Sarney no Maranhão, chegou a Juscelino, que estava exilado em Portugal, e valendo-se de Doutel de Andrade sensibilizou João Goulart: em 28 de outubro de 1966 a TRIBUNA DA IMPRENSA publicava o manifesto da Frente Ampla, assinado pelos três, pleiteando a volta das eleições diretas e política externa soberana, entre outros pontos.

Mesmo sob desconfiança dos parlamentares oposicionistas, que suspeitavam da metamorfose de Lacerda e da condenação de Brizola, que soltou os cachorros em cima de Jango, a frente começou a ganhar corpo até que em 5 de abril de 1968 a ditadura cassou o ex-governador e proibiu as atividades do grupo. A partir de então, suas articulações passaram para a clandestinidade e pesaram na decisão que levou ao AI-5, em 13 de dezembro de 1968.

Sarney, o pau-mandado da ditadura

Em todos esses episódios, José Sarney se comportou como um crápula de carteirinha, procurando prestar todo tipo de serviço à ditadura para consolidar o vice-reinado do Maranhão, ainda dividido, devido à força que seu ex-padrinho Vitorino Freire ainda gozava no regime, sobretudo pelas mãos dos irmãos Geisel.

Documentos secretos do governo americano, tornados públicos na década de 90, revelaram que Sarney foi o emissário dos militares junto à Embaixada norte-americana para explicar o AI-5, ato institucional ultra-ditatorial que dividia os próprios militares. O grupo de Golbery, que perdera o manuseio dos cordéis, usava seus contatos para convencer os patrões de que esse golpe dentro do golpe era uma carta branca a "linha dura" radical e poderia  trazer dores de cabeças para a Casa Branca e os trustes, tudo, naturalmente dentro do clima de intrigas e disputas pessoais entre generais, almirantes e brigadeiros que marcaram os 20 anos sórdidos, nos quais Sarney deu nó em pingo d'água para manter-se na crista da onda.

Tancredo morreu num dia, o mordomo no outro

 
No caso de Tancredo Neves, de cuja morte foi Sarney o grande beneficiário, como se tivesse ganho a Presidencia na mega-sena, há histórias cabeludas que deixaram até hoje familiares do veterano político mineiro com a pulga atrás da orelha. As suspeitas aumentaram quando o general Newton Cruz admitiu em entrevista à TV Cultura, no ano passado, informnações antecipadas sobre sua morte.

Isso levou a família do ex-presidente a cogitar de pedir abertura de investigações rigorosas. OsNeves até hoje não digeriram o caso do garçom João Rosa, escolhido para ser o mordomo do presidente eleito. Ele também teve uma morte estranha, um dia depois do falecimento de Tancredo. Rosa tinha 52 anos e morreu oficialmente em consequência de diverticulite, primeiro diagnóstico para a doença do presidente. O garçom, que era funcionário do Palácio do Planalto, chegou a trabalhar alguns dias na Granja do Riacho Fundo, residência provisória do novo presidente e onde Tancredo fazia as refeições enquanto definia o Ministério da Nova República.

Suicídio de Getúlio será que foi mesmo?

Em relação à morte do presidente Vargas, já se levantaram variadas hipóteses. Em 2007, a ex-vedete Virgínia Lane, que privou de sua intimidade, afirmou no programa de Roberto Canázio, da Rádio Globo, que estava na cama com ele quando quatro homens mascarados o mataram. Gervásio Batista, fotógrafo histórico, autor da última foto de Tancredo vivo, disse em 2008 ao site G1 que foi impedido por Gregório Fortunato de fotografar Getúlio morto, porque este "estava em trajes menores".

Especulações e doideiras à parte há especulações sobre a possibilidade de que a própria carta-testamento do ex-presidente não tenha sido escrita por ele,mas pelo ex-ministro João Neves da Fontoura, o mesmo que divulgou "correspondências secretas" entre Vargas e Perón sobre repúblicas sindicalistas, usadas no complô para derrubá-lo. Curioso: embora se conheça o documento manuscrito, a historiadora Maria Celina DAraujo fala de três vias: "Como testemunho de seu gesto Getulio deixou uma carta testamento com três cópias. Uma, na mesa de cabeceira da cama onde morreu, outra dentro do seu cofre e uma terceira entregue a Goulart, ainda durante a reunião ministerial. Getulio pedira a Jango que guardasse o documento sem lê-lo e se retirasse para o Rio Grande do Sul, pois no Rio, ele, Getulio e o próprio governo eram muito vulneráveis".

Assassinato de Jango não há como esconder
 
Falo de alguns fatos dignos de suspeita, mas a história dos assassinatos de Estado é madeira de dar em doido. Graças à tenacidade do seu filho João Vicente o Ministério Público Federal passou a investigar a morte do ex-presidente no início de 2008, quando escrevi:
O assassinato de Jango fazia parte de um sofisticado plano internacional, que incluía outras vítimas, como o ex-embaixador chileno Orlando Letelier, "explodido nos EUA", o ex-general chileno Carlos Prates, o ex-presidente boliviano Juan José Torres e dois parlamentares uruguaios - senador Zelmar Michelini e o deputado Héctor Gutiérrez Ruiz - ocorridos na Argentina, após a deposição de Isabelita Peron, em 24 de março de 1976, e a ascensão do mais sangrento bando golpista, comandada pelo general Jorge Rafael Videla, que disputou com o colega chileno Augusto Pinochet a comenda de grão-mestre da tortura e do extermínio de opositores.
 
Na ocasião, o advogado Christopher Goulart, neto do ex-presidente, declarou que a investigação levaria inevitavelmente à descoberta de outros crimes, no âmbito da "Operação Condor". A apuração já ia ser arquivada se não fosse pela insistência do seu filho. Agora em junho, a procuradora da Republica Gilda Carvalho determinou à Procuradoria do Rio Grande do Sul, que reative as investigações a respeito e exigiu rigor nos interrogatórios de quem pode esclarecer o crime.

Uma forma de algemar a presidente Dilma

Mas há muita nebulosidade sobre uma história que vem sendo sistematicamente escondida aos brasileiros num ambiente que ameaça até mesmo os governantes de hoje.

Nesse episódio, a presidente Dilma Rousseff tem o apoio de todas as correntes de opinião, inclusive as mais conservadoras, para manter o projeto como chegou ao Senado. Só quem está ensebando é quem tem culpa no cartório, no caso os bolsões da intolerância das Forças Armadas, que esperam assim sepultar a Comissão da Verdade, e traquinas da laia de Sarney e Collor, que devem estar muito mal na papelada que pretendem eternamente protegidas da luz do dia.

A matéria já devia ter sido votada no último dia 3 de maio, mas Dom Sarney e seus lacaios amestrados travaram, puseram as facas no peito da presidente e deixaram todo o país a ver navios.

Se a presidente Dilma se curvar a tamanha monstruosidade, estará oferecendo os próprios pulsos às algemas, iguais as que marcaram seu espezinhado corpo juvenil. E ficará nas mãos tintas de sangue de uma meia dúzia de psicóticos de vida pregressa impublicável.
 
 

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Google permite que usuário faça pesquisa a partir de uma foto

A busca por imagens do Google ganhará uma nova função a partir dos próximos dias: a possibilidade de buscar sites e fotos relacionadas a uma outra imagem. A novidade foi anunciada durante o evento Google Insider Search, que aconteceu ontem, quando a empresa divulgou novidades nos sistemas de busca.

Com o novo recurso, será possível colocar uma foto qualquer na barra de busca para procurar por sites similares. Por exemplo, ao colocar uma foto de um iPad no Google, o buscador mostrará resultados relacionados ao tablet da Apple. O funcionamento é similar ao Google Goggles, disponível desde 2009 para usuários da versão móvel do buscador.

Será possível arrastar uma imagem do computador do usuário, enviar uma guardada no HD ou inserir um link de uma foto diretamente pelo site de busca, assim como também serão disponibilizadas extensões para o Chrome e para o Firefox para facilitar o uso do novo recurso.

A novidade estará disponível na parte de busca por imagens do Google nos próximos dias. Quando aparecer um ícone de uma câmera na barra de busca, significa que o usuário poderá fazer uma pesquisa a partir de uma imagem.

O Google disponibilizou o video abaixo, em inglês, explicando a novidade.

do Olhar Digital

Conversa com a Presidente

Ricardo Lucas Hautequestt Filho, 21 anos, universitário de Itapemirim (ES) - As obras para a Copa do Mundo e a Olimpíada serão realizadas a tempo?

Presidente Dilma - Sem dúvida, Ricardo. Estamos trabalhando de mãos dadas com governadores e prefeitos das cidades que vão sediar os jogos. Já realizamos o primeiro encontro e vamos nos reunir a cada três meses para monitorar o cronograma das obras. Dos 12 estádios, 11 já realizaram licitações e, destes, 10 estão em obras. O 12º, de São Paulo, não terá licitação porque é privado. Ao mesmo tempo, a Infraero está em plena execução do seu programa de investimentos para ampliar a capacidade dos aeroportos e melhorar os serviços prestados. Serão investidos R$ 5,15 bilhões em recursos apenas do governo federal. As obras seriam necessárias mesmo que não houvesse Copa e Olimpíada, pois aumentou muito o movimento nos aeroportos, devido à elevação da renda dos brasileiros. Decidimos também autorizar a concessão, em parcerias de empresas privadas com a Infraero, para cuidar das novas obras e da gestão dos aeroportos de Guarulhos (SP), Viracopos (SP) e Brasília (DF). E estamos estudando o modelo a ser adotado em relação a Cofins (MG) e Galeão (RJ). Para coordenar todo esse trabalho, criamos a Secretaria Nacional de Aviação Civil, com status de ministério. Com estas e várias outras medidas, estou certa de que vamos realizar uma grande Copa e uma grande Olimpíada.

por Alon Feuerwerker

O governo pretende ter obtido novo fôlego com a mudança no núcleo político. Mudar traz novos ares, a esperança do recomeço, a renovação do otimismo.

A troca de guarda mobiliza energia para enfrentar as pressões, ganha-se um tempinho antes de novamente as promessas serem expostas à vida real.

Mas a moeda tem outro lado.

Uma derrota congressual precipitou a cirurgia no coração do Palácio do Planalto. Em linguagem futebolística, o governo tomou um gol e o técnico mexeu no time. Na teoria, o time vai melhorar.

Mas o placar continua lá, marcando 1 a 0. Além de trocar jogador, o time da presidente Dilma Rousseff precisa fazer gol. E parar de tomar gol.

Os técnicos de futebol explicam que o bom ataque começa pela boa defesa. O primeiro movimento da nova coordenação política será encontrar jeito de não cair nas armadilhas já engatilhadas no Congresso Nacional.

Entre elas a votação da Código Florestal no Senado e a tramitação de duas Propostas de Emenda Constitucional, a das verbas para a saúde e a do piso nacional para policiais militares.

Legislativo forte é sinônimo de mais gastos. É uma lei geral, da qual não se conhece exceção.

Já a administração Dilma Rousseff tem no futuro próximo preocupação oposta: precisa caprichar no ajuste fiscal, precisa produzir um superávit primário suficientemente robusto para acalmar o Banco Central, para evitar um aperto ainda maior dos juros.

A aposta fundadora deste governo para a economia foi um gradualismo que fizesse a inflação convergir suavemente para a meta no médio prazo, mas sem afetar o crescimento.

O avião começou a balançar, o piloto piscou e o BC mandou avisar que vai estender o aperto por tempo suficiente. E a desaceleração vem vindo com vontade.

É um momento delicado. Se o governo lá atrás apostou numa estratégia cujo pressuposto era tudo dar certo, todas as variáveis estarem sob controle e trabalhando pelo bem, precisa prestar atenção para não enfiar o avião na tempestade perfeita.

Que combinaria fraqueza político-congressual, vazamentos crescentes na austeridade fiscal e pressões igualmente crescentes sobre o braço monetário da política econômica.

O risco é sabido: condenar o governo Dilma à mediocridade do crescimento baixo com inflação não tão baixa assim. E à instabilidade política.

O governo tem como contornar as nuvens perigosas. Basta fazer o que qualquer um faz no começo.

Promover um aperto geral e emitir sinais aos aliados de que os mais fiéis da época de vacas magras serão devidamente contemplados na hora das vacas gordas, para usar a imagem bíblica.

Só que isso exigirá liderança da presidente. Ela talvez precise ser tão assertiva na ação cotidiana quanto foi para trocar os ministros. Sem entretanto resvalar na teimosia e na autossuficiência que carimbaram o passaporte da derrota no Código Florestal.

Cujas consequências só puderam ser avaliadas depois. Para alegria incontida dos seguidores do Conselheiro Acácio.

Não será tão difícil atravessar a turbulência, se o governo estiver bem amarrado e ajustado na política. Agora é hora de o sujeito que está no barco olhar para quem não está e se sentir feliz.

O problema é que anda difícil encontrar neste governo quem esteja feliz por fazer parte dele, com a natural exceção dos pouquíssimos prestigiados pela presidente.

Daí a dureza da tarefa da nova ministra de Relações Institucionais. Cuja missão não tem grandes segredos. Mas deveria ter sido iniciada faz pelo menos seis meses.

Conversa com a Presidente

Bruno Henrique Santos, 9 anos, estudante de Cidade Gaúcha (PR) - O que a senhora acha da educação integral do 1º ao 5º ano do ensino fundamental? Há intenção de implantá-la nas cidades brasileiras?

Presidente Dilma -
 Bruno, mais de 15 mil escolas públicas do ensino fundamental já estão oferecendo educação integral, por meio do programa Mais Educação. Desde 2007, quando o programa foi criado, o número de escolas participantes cresce sem parar - mais de um terço começou a participar este ano. Nossa meta é aumentar gradativamente até chegar a 32 mil escolas em 2014. Este programa permite que os alunos tenham atividades nos turnos em que não há aulas regulares. O Mais Educação oferece atividades organizadas em dez grandes campos: acompanhamento pedagógico; educação ambiental; esportes e lazer; direitos humanos em educação; cultura e artes; cultura digital; promoção da saúde; comunicação e uso de mídias; investigação no campo das ciências da natureza; e educação econômica. Por enquanto, as escolas participantes são de capitais e grandes cidades, de lugares atendidos pelo Programa Nacional de Segurança Pública com Cidadania (Pronasci) e de áreas de risco social. Mas o programa vai ser ampliado para mais localidades. Considero a educação integral indispensável para oferecer mais oportunidades de aprendizado aos estudantes da educação básica.

Italianos derrotam Berlusconi e TV

Parece evidente que o problema é que a direita italiana não está consciente do crescente poder da Internet. Que as novas tecnologias não são o forte de Berlusconi, pode ser observado alguns dias antes da votação, quando ele disse que alguém tinha emprestado uma "cassete" para que visse um programa que havia perdido. É possível que um primeiro-ministro e magnata da mídia do século XXI ignore que o DVD foi inventado em 1995, justo no ano em que o último referendo obteve quórum na Itália? Parece improvável, mas o fato é que o referendo foi uma derrota definitiva não só para seu governo, mas também para a TV em que Berlusconi foi um mago.
          
Nas últimas semanas, quase todos os canais públicos e privados têm ignoraram arrogantemente a ida às urnas. O principal jornal televisivo do país, a RAI 1, deu apenas uma dúzia de notícias sobre a consulta, chegando a dar datas erradas e convidando o público, a partir de informações do tempo, a fazer "uma bonita viagem"  nos dias do referendo...
          
Como se isso não bastasse, no domingo vários noticiários de televisão omitiram as imagens do presidente da República votando, fato incomum em uma eleição. Mas desta vez, a manipulação e a censura foram ineficazes. Ou contraproducentes.  A mobilização dos novos cidadãos italianos utilizou a Internet para zombar da televisão e também como motor, laboratório e amplificador de uma nova forma de exercerem a cidadania e de entrar na política.

Bom pagador

Entrou em vigor a lei instituindo o cadastro positivo, a ser empregado nas operações de crédito comercial, bancário e no controle dos pagamentos dos serviços de fornecimento de energia, telefonia fixa, água e gás. O Ministério da Justiça terá, agora, a tarefa de propor a regulamentação, por decreto, de alguns dispositivos desse novo banco de dados, de abrangência nacional, voltado para identificar os bons prestamistas, usuários e assinantes de serviços públicos essenciais. 

O cadastro positivo foi instituído com o objetivo de reduzir os juros pagos pela clientela habituada a comprar a prazo e a honrar seus compromissos nos prazos contratuais. Atualmente, em razão dos índices de inadimplência registrados pelos Serviços de Proteção ao Crédito, os juros seriam calculados com um percentual a mais para cobrir os débitos resultantes dos atrasos registrados pela parcela da clientela habituada em não quitar seus encargos.

Na economia de mercado, o crédito tem função essencial ao permitir a dinamização da cadeia de comercialização, favorecendo a indústria quando aumenta a circulação de seus produtos, e o comércio, quando promove o giro das mercadorias entre a clientela. A oportunidade da compra a prazo amplia os horizontes das operações comerciais, dinamizando a circulação dos produtos. Para o cliente, favorece as suas compras em qualquer oportunidade e sem maiores exigências.

Quanto maior for o giro da mercadoria, melhores serão os resultados, tanto para as plantas industriais como para os centros de comercialização e a clientela. Nessa cadeia operacional, todos saem ganhando quando as compras são quitadas nas datas aprazadas, daí o valor da adimplência. No giro da produção, a liquidez é essencial. Sem ela, qualquer negócio amarga o insucesso, daí a preocupação com a venda a prazo.

O projeto do cadastro positivo demorou oito anos para ser aprovado pelo Congresso Nacional, apesar de ser um instrumento de interesse da indústria, comércio, bancos, concessionárias de serviços públicos e da clientela. Das alterações promovidas no seu texto original, três dispositivos foram vetados pela presidente da República: o que impedia o cancelamento do cadastro, se houvesse alguma operação de crédito não quitada; limitava o acesso às próprias informações; e liberava o compartilhamento de dados sem autorização.

Os vetos equilibram direitos e deveres de todas as partes integradas no novo banco de dados. A adesão do consumidor ou de qualquer empresa ao cadastro positivo dependerá do seu consentimento, por escrito, sendo permitido sair a qualquer momento. Os gestores dos dados cadastrais positivos ficam responsáveis pela segurança e veracidade das informações, facultado seu compartilhamento com outros bancos de dados, desde que seja autorizado pelo cliente.

A proteção da clientela adimplente não deixa de ser uma vitória da expressiva maioria dos consumidores habituados a assumir encargos financeiros dentro dos limites de seu orçamento familiar. Assim, não haverá mais pretexto para elevação dos juros, sob o argumento da cobertura dos que deixam de honrar suas obrigações. Para eles, ficará o SPC.
Editorial do DN

por Marcos Coimbra

Quando a Pesquisa Não Mostra o Esperado

No Brasil, como em qualquer democracia contemporânea, as pesquisas de opinião são parte do dia a dia da política. Faz tempo que é assim.
É claro que isso começou depois do fim da ditadura. Entre 1964 e a redemocratização, elas foram parcimoniosamente realizadas e divulgadas. Sem eleições para o executivo, a não ser em cidades do interior, quase ninguém fazia pesquisas de intenção de voto. E, dado que a opinião pública é pouco (ou nada) relevante nos regimes autoritários, tampouco se faziam pesquisas sobre os sentimentos e avaliações da população a respeito de temas administrativos e governamentais.
Foi ao longo desses mesmos vinte anos que aumentou a importância das pesquisas mundo afora.
Enquanto elas foram se incorporando ao cotidiano dos países desenvolvidos, sendo regularmente realizadas para veículos de comunicação, governos, instituições acadêmicas, organizações da sociedade civil, entidades de representação de interesses, partidos políticos e candidatos, por aqui o ambiente lhes era hostil.
Nos atrasamos em relação a esses países, demoramos a acertar o passo, mas conseguimos. De meados da década de 1980 para cá, as pesquisas (de opinião, mas também de mercado - o que é outra história) se modernizaram e consolidaram no Brasil.
Apesar disso, nossa mídia é uma cliente cautelosa e limitada dos institutos. Ao contrário da regra nos Estados Unidos e na Europa, onde jornais, emissoras de televisão e portais de internet são consumidores vorazes de pesquisas, seus congêneres brasileiros costumam pensar na base do “quero, desde que seja de graça”.
Todos acham ótimo divulgar uma pesquisa, mas se arrepiam perante a ideia de custeá-la.
A única exceção (que, de certa forma, confirma a regra), é o Datafolha, departamento de pesquisa de um jornal, que se utiliza dele na sua política comercial.
Como nenhuma outra empresa de comunicação (acertadamente) achou que precisava ter “seu instituto”, sequer outros semelhantes existem.
Com isso, a sociedade brasileira passa meses sem saber o que pensam as pessoas sobre a conjuntura, o que sabem e consideram relevante nos acontecimentos, que percepção têm dos personagens da política e de seus atos.
Até que a mídia ganhe de presente alguns resultados, caso dos patrocinados por entidades de classe, a exemplo da CNI e da CNT.
Por alguma razão misteriosa, isso muda na véspera dos processos eleitorais, especialmente nas eleições presidenciais e de governador. Quando elas chegam, todos os veículos se sentem obrigados a ter a “sua pesquisa”. E a dedicar uma parte enorme da cobertura a discutir números, algo que costuma interessar apenas secundariamente a leitores e espectadores.
Uma das explicações desse comportamento talvez seja que as pesquisas, às vezes, não dizem o que as redações esperam. E que, sem elas, é sempre possível especular sobre a opinião pública, sem o incômodo de consultá-la.
Para que gastar dinheiro fazendo pesquisas, se vamos ignorá-las caso não mostrem o que queremos?
Tudo isso vem à mente com a divulgação da mais recente pesquisa do Datafolha sobre a popularidade da presidente e a avaliação do governo federal. Sem entrar em detalhes, o mais relevante que ela mostrou é que ambas vão bem. Na verdade, muito bem, considerando que subiram índices que já eram elevados.
Na pesquisa anterior, Dilma batia o recorde de aprovação para presidentes no começo de mandato e superou, na nova, sua própria marca.
Definitivamente, não era isso que supunham os jornais. Nos dias que antecederam a demissão de Palocci, o que vimos foram especulações sobre a “queda de Dilma nas pesquisas”, dada como tão certa que o interessante passaram a ser as consequências de seu hipotético “desgaste de imagem” na governabilidade.
Como a pesquisa não confirmou qualquer recuo, um silêncio sepulcral se abateu sobre ela. Foi quase ignorada e nem mesmo o jornal que é dono do Datafolha achou que valia a pena insistir no assunto.
Só imaginando: o que teria acontecido se, ao invés de mostrar uma subida de 2%, ela tivesse indicado uma queda, ainda que pequena, na popularidade de Dilma? De uma coisa podemos estar certos, a pesquisa seria um estrondo.

Agiotagem

Selic e dívida

Comparada à da maioria dos países, a situação fiscal brasileira pode ser avaliada como relativamente confortável, a despeito do esforço feito para manter a demanda global na crise de 2008-2009.

O crescimento nominal da dívida pública federal entre dezembro de 2008 e dezembro de 2010 foi de 21,4%, praticamente o mesmo crescimento do PIB nominal, o que deixou inalterada a relação dívida pública federal/PIB.

De acordo com a Secretaria do Tesouro Nacional (STN), o governo federal terminou 2010 com uma dívida em poder do público de R$ 1,694 trilhão, com um prazo médio de vencimento de três anos e meio. Os compromissos vincendos em 2011 somam R$ 422,9 bilhões, sendo R$ 333,6 bilhões de amortização da dívida e R$ 89,3 bilhões de juros sobre o seu estoque.

A isso devem se somar os juros dos papéis do Tesouro em poder do Banco Central, que somam R$ 41,4 bilhões, o que exigirá R$ 464,3 bilhões para seu financiamento.

Como os recursos orçamentários aprovados para honrar a dívida federal são de R$ 98,7 bilhões, a necessidade líquida de financiamento pelo mercado em 2011 será de R$ 365,6 bilhões (R$ 464,3 bilhões - R$ 98,7 bilhões).

A STN, que tem feito um ótimo trabalho, deverá administrar o acréscimo de endividamento com algumas diretrizes gerais: 1) tentar aumentar o seu prazo médio; 2) diminuir a dívida de curto prazo; 3) substituir, gradualmente, sem perturbar o mercado de títulos públicos, os papéis remunerados pela Selic por outros com rentabilidade pré-fixada ou vinculada a índices de preços; e 4) continuar a construir uma estrutura a termo das taxas de juros nos mercados interno e externo para ampliar a liquidez de seus papéis.

O grande passo para melhorar a organização do estoque da dívida pública é reduzir a participação dos papéis indexados à Selic, que representam pouco menos de 1/3 do total (qualquer coisa em torno de R$ 550 bilhões), o que aumentará a "potência" da política monetária do Banco Central (a manobra com a taxa de juros real).

A notícia mais importante do Plano Anual de Financiamento da STN para 2011 é que essa possibilidade existe, desde que se reforce a coordenação entre as políticas monetária e fiscal.

Durante o mandato da presidente Dilma Rousseff vencem 80% do estoque da dívida financiada à taxa Selic. Com aquele suporte, a STN terá musculatura para promover um lento, cuidadoso e oportunístico ajustamento na direção de reduzir substancialmente o financiamento à taxa Selic e, assim, aumentar a "potência" da manipulação dos juros reais no controle da demanda global. 
Delfim Netto

Em diário inédito, Che narra seus combates em Cuba

Foi lançado em Cuba, hoje, pela editora mexicana Ocean Sur, um diário inédito, onde o próprio Che Guevara narra os fatos desde a chegada dos rebeldes no  iate Granma, em 2 de dezembro de 1956, a Cuba até a tomada da cidade de Santa Clara, em dezembro de 1958, batalha comandada por ele e  que fez com que o regime de Fulgêncio Batista desmoronasse.
“Diario de um combatente” foi lançado, segundo a agência France-Presse, num ato comemorativo do 83º aniversário de nascimento do Che, do qual participaram sua viúva, Aleida March, e sua filha Aleida Guevara.
O Che “nos faz falta em Cuba, com sua capacidade de trabalho, de planejar, de convencer as pessoas. Lembramos que, em três anos, inaugurou mais de 30 fábricas e projetava outras 30″, disse Oscar Fernández Mell, quem o acompanhou como médico e guerrilheiro durante toda a campanha em Cuba e no Congo (1965).
Fernández Mell, de 80 anos, recordou que a época em que Che foi presidente do Banco Nacional – nos primeiros cinco anos da revolução – foi a “mais frutífera e gloriosa” da instituição.
A pesquisadora María del Carmen Ariet explicou que Guevara foi um forte crítico dos países do bloco soviético, conforme o refletido no livro “Apuntes Críticos a la economía política”, publicado em 2006.”
por Brizola Neto

José Dirceu critica divisão na Câmara Federal



“Posso falar porque não sou mais deputado. A bem da verdade, a nossa bancada não é nenhum exemplo de união”

Raphael Di Cunto | VALOR

O ex-presidente nacional do PT José Dirceu criticou ontem os desentendimentos entre os parlamentares petistas na Câmara dos Deputados, que podem, segundo ele, levar a mais derrotas no Congresso. 
“Posso falar porque não sou mais deputado. A bem da verdade, a nossa bancada não é nenhum exemplo de união”, afirmou o ex-chefe da Casa Civil, em debate no Sindicato dos Químicos de São Paulo.
Antes mesmo do ex-ministro das Relações Institucionais Luiz Sérgio perder o cargo e ir para o Ministério da Pesca, os grupos do presidente da Câmara, Marco Maia (PT-RS), e do líder do governo na Câmara, Cândido Vaccarezza (PT-SP), já disputavam o posto, que ficou com a ex-senadora Ideli Salvatti (PT).
A divisão da bancada, de acordo com Dirceu, ameaça projetos importantes para o partido. É o caso da reforma política, que, na avaliação do ex-presidente do partido, tem pontos defendidos pelo PT que correm risco de ser derrotados. 
“Entramos falando grosso, exigindo voto em lista. Agora, já estamos preocupados em manter o voto proporcional [para o Legislativo], o financiamento público [de campanha] e a fidelidade partidária”, disse o ex-deputado no debate. Ele não quis falar com a imprensa.
Outro ex-presidente da legenda, o deputado federal Ricardo Berzoini (SP) defendeu o diálogo com a oposição para aprovar projetos de interesse do partido.
 “Se não houver nenhuma negociação política, a reforma pode acabar novamente perdendo a oportunidade de vir a acontecer”, afirmou.
Berzoini também apoiou a posição do PT durante a crise envolvendo o ex-ministro da Casa Civil Antonio Palocci, que pediu demissão após reportagem da “Folha de S. Paulo” mostrar que seu patrimônio cresceu mais de 20 vezes em quatro anos, na época em que ele era deputado federal e que trabalhou na campanha da presidente Dilma Rousseff (PT).
Segundo Berzoini, o partido prestou toda ajuda possível para ele por conta de sua história na sigla: 
“O partido foi politicamente solidário a Palocci, mas obviamente não vamos ser solidários a questões que não conhecemos.” 
Palocci deu explicações sobre a evolução de seu patrimônio, mas negou-se a divulgar a lista de empresas para as quais teria prestado consultoria, com o argumento de que havia cláusula de confidencialidade.
Já o deputado federal Carlos Zarattini (PT-SP), que assistia o debate, argumentou que o partido ficou do lado do ex-ministro por ele ser parte importante da administração da presidente Dilma Rousseff (PT):
 “Nós acompanhamos o governo, não acompanhamos o Palocci.”