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Por que para tantas mulheres é tão difícil atingir o orgasmo?

De acordo com pesquisa global, 78% das mulheres brasileiras não chegam ao orgasmo em todas as relações sexuais. A solução para este problema passa pelo autoconhecimento

Giovanna Tavares

Em vez de sentir prazer após o sexo, a maior parte das mulheres sente frustração. É o que apontam os resultados da pesquisa Durex Global Sex Survey, que analisou o comportamento sexual de homens e mulheres em 37 países.

De acordo com a pesquisa, 78% das mulheres brasileiras não chegam ao orgasmo em todas as relações sexuais. Na outra ponta da estatística, 3% delas nunca chegaram ao clímax, contra 0% dos homens. O resultado: 56% das mulheres não estão satisfeitas com a vida sexual.

Embora a dificuldade para atingir o orgasmo seja muito comum, ela não está ligada a algum problema de saúde, na maior parte dos casos. Está, sim, ligada a causas diversas, que vão desde a falta de conhecimento do próprio corpo até uma postura egoísta do companheiro.

Para "chegar lá" é fundamental conhecer o próprio corpo e não ter problemas em explicar para o parceiro o que dá prazer

“Dizemos que o orgasmo precisa de fantasia e fricção, porque a mulher tem de estar com o pensamento erotizado, concentrada no momento e também dependendo do estímulo correto. Para isso ela precisa se conhecer, não ter medo da masturbação, que é um ótimo exercício de autoconhecimento. Se ela não se conhece, não tem como guiar o parceiro”, explica Carolina Ambrogini, ginecologista e coordenadora do Projeto Afrodite, da Universidade Federal de São Paulo.

Segundo a especialista, além da falta de conhecimento, as mulheres tendem a ficar muito mais tensas que os homens durante a relação, pensando se estão tendo o desempenho e comportamento corretos ou se estão agradando o outro lado.

Essa preocupação em satisfazer exclusivamente o parceiro, durante a relação, é uma situação muito comum entre as mulheres, que acabam deixando de lado o próprio prazer. Durante muito tempo, a jornalista Camila Carvalho, de Porto Alegre, se sentiu mais responsável pelo orgasmo do parceiro do que qualquer outra coisa.

Veja 10 posições sexuais que estimulam o clitóris
“A primeira vez que tive um orgasmo foi sozinha, porque a prioridade nas relações sempre era o meu ex-namorado. Então, ele gozava e acabava me interrompendo. Eu ficava frustrada comigo mesma caso ele não conseguisse chegar lá, não pensava no meu prazer”, conta ela, que também sentia um pouco de egoísmo da parte do parceiro, já que as preliminares pendiam só para um dos lados: o dele.

Nesse momento, intimidade, parceria e companheirismo entre o casal são fundamentais para resolver questão de um lado estar “aproveitando” mais do que o outro. “Precisa existir a cumplicidade entre os dois, para que a mulher se sinta à vontade para dizer sim e também para dizer não. Mas existe tanta cobrança acerca da vida sexual das mulheres, como se elas fossem responsáveis por segurar seus homens com o sexo, que a sinceridade acaba ficando de lado”, explica a sexóloga e educadora Cida Lopes.

Autoconhecimento e diálogo
Ao contrário dos homens, as mulheres têm pouca intimidade com o próprio órgão sexual, o que explica o fato de muitas não saberem onde fica o clitóris ou como é o formato da vulva, por exemplo. Como a masturbação feminina sempre foi encarada como algo proibido, poucas mulheres cultivaram o hábito de conhecer o próprio o corpo, o que acabou se transformando em outra dificuldade para atingir o orgasmo.

“Se acontecer de o homem gozar antes, a mulher ainda pode se satisfazer de outras maneiras, pela masturbação ou pelo sexo oral. Mas ela precisa saber do que gosta para conseguir guiar o parceiro”, afirma Cida Lopes.

Para a barista Fernanda Reis, de São Paulo, ter autonomia sobre o próprio corpo sempre foi fundamental para sentir prazer. “Nunca consegui gozar por penetração, mas aprendi que posso chegar lá por outras formas, me conhecendo e me tocando”, conta ela. Durante algum tempo, Fernanda se sentiu frustrada por não conseguir ter orgasmo com a penetração. “Achava que eu era incompleta, estranha, mas isso passou. Se eu consigo sentir prazer de outras maneiras, é o que importa”, completa a barista.

Mesmo estando muito bem resolvida com o próprio corpo e prazer, Fernanda já teve de encarar parceiros que não aceitaram muito bem o fato de ela se acariciar durante o sexo para conseguir chegar ao orgasmo. “Tem homem que simplesmente não aceita, e quando é assim, eu desencano, porque sexo tem que ser bom para os dois lados”, acredita ela.

“Ainda existe um machismo grande nas relações em geral, ou seja, a ideia de que o homem é que tem que proporcionar o prazer da mulher. Mas para não ofendê-lo, ela pode tentar mostrar com gestos como prefere ser acariciada, em vez de falar abertamente, de maneira sutil”, aconselha Carolina Ambrogini.

Justamente pelo fato de o sexo ser uma relação construída e aproveitada por duas pessoas, não vale que apenas um dos lados saia satisfeito. Marina P.*, designer de São Paulo, também enfrentou essa mesma dificuldade que outras mulheres enfrentam, mas por uma causa que nada tinha a ver com ela e, sim, com o egoísmo do parceiro.

“A gente se divertia juntos, mas no sexo eu sempre ficava passando vontade, porque ele gozava muito rápido e então dormia, dizendo que estava cansado. Fui relevando, até que precisei chamá-lo para uma conversa e explicar que eu tinha necessidades e ele tinha dedos, língua e criatividade”, relembra Marina.

O parceiro dela chegou a esboçar uma mudança, mas não deu muito certo. “Ele não tinha a menor noção do que era sexo oral, me fazia sentir mais dor do que qualquer outra coisa com os dedos e não aceitava quando eu tentava ensinar. Aí, eu fingia que gozava só pra acabar logo com aquilo”, explica a designer.

Mais orgasmo, por favor!
A resposta fisiológica do corpo ao orgasmo traz uma série de benefícios para as mulheres, com efeitos terapêuticos em longo prazo. Ele ajuda a evitar doenças como depressão e ansiedade, por isso é fundamental que as mulheres reconheçam a sua importância e não o deixem de lado durante as relações. “O orgasmo é uma conquista individual”, ressalta Cida Lopes.

Vale também ter em mente que fingir o orgasmo nunca é uma boa saída. “Existem mulheres que mentem por anos, mas a insatisfação chega a um ponto que ela busca ajuda profissional. Mas aí fica mais complicado explicar para o parceiro o motivo da mentira, prejudicando a relação”, ressalta Carolina Ambrogini.

Hoje, a jornalista Camila Carvalho compreende que o sexo pode ser tudo, menos uma obrigação. “Fico mais relaxada porque agora entendo que não preciso ser supersexual ou desejada na hora da relação, para priorizar o orgasmo do meu parceiro. O que importa é a conexão que vou ter com aquela pessoa, fazer daquele momento algo especial para ambos”, conclui ela.

*O sobrenome foi omitido a pedido da entrevistada

Por que para tantas mulheres é tão difícil atingir o orgasmo?

De acordo com pesquisa global, 78% das mulheres brasileiras não chegam ao orgasmo em todas as relações sexuais. A solução para este problema passa pelo autoconhecimento

Giovanna Tavares

Em vez de sentir prazer após o sexo, a maior parte das mulheres sente frustração. É o que apontam os resultados da pesquisa Durex Global Sex Survey, que analisou o comportamento sexual de homens e mulheres em 37 países.

De acordo com a pesquisa, 78% das mulheres brasileiras não chegam ao orgasmo em todas as relações sexuais. Na outra ponta da estatística, 3% delas nunca chegaram ao clímax, contra 0% dos homens. O resultado: 56% das mulheres não estão satisfeitas com a vida sexual.

Embora a dificuldade para atingir o orgasmo seja muito comum, ela não está ligada a algum problema de saúde, na maior parte dos casos. Está, sim, ligada a causas diversas, que vão desde a falta de conhecimento do próprio corpo até uma postura egoísta do companheiro.

Para "chegar lá" é fundamental conhecer o próprio corpo e não ter problemas em explicar para o parceiro o que dá prazer

“Dizemos que o orgasmo precisa de fantasia e fricção, porque a mulher tem de estar com o pensamento erotizado, concentrada no momento e também dependendo do estímulo correto. Para isso ela precisa se conhecer, não ter medo da masturbação, que é um ótimo exercício de autoconhecimento. Se ela não se conhece, não tem como guiar o parceiro”, explica Carolina Ambrogini, ginecologista e coordenadora do Projeto Afrodite, da Universidade Federal de São Paulo.

Segundo a especialista, além da falta de conhecimento, as mulheres tendem a ficar muito mais tensas que os homens durante a relação, pensando se estão tendo o desempenho e comportamento corretos ou se estão agradando o outro lado.

Essa preocupação em satisfazer exclusivamente o parceiro, durante a relação, é uma situação muito comum entre as mulheres, que acabam deixando de lado o próprio prazer. Durante muito tempo, a jornalista Camila Carvalho, de Porto Alegre, se sentiu mais responsável pelo orgasmo do parceiro do que qualquer outra coisa.

Veja 10 posições sexuais que estimulam o clitóris
“A primeira vez que tive um orgasmo foi sozinha, porque a prioridade nas relações sempre era o meu ex-namorado. Então, ele gozava e acabava me interrompendo. Eu ficava frustrada comigo mesma caso ele não conseguisse chegar lá, não pensava no meu prazer”, conta ela, que também sentia um pouco de egoísmo da parte do parceiro, já que as preliminares pendiam só para um dos lados: o dele.

Nesse momento, intimidade, parceria e companheirismo entre o casal são fundamentais para resolver questão de um lado estar “aproveitando” mais do que o outro. “Precisa existir a cumplicidade entre os dois, para que a mulher se sinta à vontade para dizer sim e também para dizer não. Mas existe tanta cobrança acerca da vida sexual das mulheres, como se elas fossem responsáveis por segurar seus homens com o sexo, que a sinceridade acaba ficando de lado”, explica a sexóloga e educadora Cida Lopes.

Autoconhecimento e diálogo
Ao contrário dos homens, as mulheres têm pouca intimidade com o próprio órgão sexual, o que explica o fato de muitas não saberem onde fica o clitóris ou como é o formato da vulva, por exemplo. Como a masturbação feminina sempre foi encarada como algo proibido, poucas mulheres cultivaram o hábito de conhecer o próprio o corpo, o que acabou se transformando em outra dificuldade para atingir o orgasmo.

“Se acontecer de o homem gozar antes, a mulher ainda pode se satisfazer de outras maneiras, pela masturbação ou pelo sexo oral. Mas ela precisa saber do que gosta para conseguir guiar o parceiro”, afirma Cida Lopes.

Para a barista Fernanda Reis, de São Paulo, ter autonomia sobre o próprio corpo sempre foi fundamental para sentir prazer. “Nunca consegui gozar por penetração, mas aprendi que posso chegar lá por outras formas, me conhecendo e me tocando”, conta ela. Durante algum tempo, Fernanda se sentiu frustrada por não conseguir ter orgasmo com a penetração. “Achava que eu era incompleta, estranha, mas isso passou. Se eu consigo sentir prazer de outras maneiras, é o que importa”, completa a barista.

Mesmo estando muito bem resolvida com o próprio corpo e prazer, Fernanda já teve de encarar parceiros que não aceitaram muito bem o fato de ela se acariciar durante o sexo para conseguir chegar ao orgasmo. “Tem homem que simplesmente não aceita, e quando é assim, eu desencano, porque sexo tem que ser bom para os dois lados”, acredita ela.

“Ainda existe um machismo grande nas relações em geral, ou seja, a ideia de que o homem é que tem que proporcionar o prazer da mulher. Mas para não ofendê-lo, ela pode tentar mostrar com gestos como prefere ser acariciada, em vez de falar abertamente, de maneira sutil”, aconselha Carolina Ambrogini.

Justamente pelo fato de o sexo ser uma relação construída e aproveitada por duas pessoas, não vale que apenas um dos lados saia satisfeito. Marina P.*, designer de São Paulo, também enfrentou essa mesma dificuldade que outras mulheres enfrentam, mas por uma causa que nada tinha a ver com ela e, sim, com o egoísmo do parceiro.

“A gente se divertia juntos, mas no sexo eu sempre ficava passando vontade, porque ele gozava muito rápido e então dormia, dizendo que estava cansado. Fui relevando, até que precisei chamá-lo para uma conversa e explicar que eu tinha necessidades e ele tinha dedos, língua e criatividade”, relembra Marina.

O parceiro dela chegou a esboçar uma mudança, mas não deu muito certo. “Ele não tinha a menor noção do que era sexo oral, me fazia sentir mais dor do que qualquer outra coisa com os dedos e não aceitava quando eu tentava ensinar. Aí, eu fingia que gozava só pra acabar logo com aquilo”, explica a designer.

Mais orgasmo, por favor!
A resposta fisiológica do corpo ao orgasmo traz uma série de benefícios para as mulheres, com efeitos terapêuticos em longo prazo. Ele ajuda a evitar doenças como depressão e ansiedade, por isso é fundamental que as mulheres reconheçam a sua importância e não o deixem de lado durante as relações. “O orgasmo é uma conquista individual”, ressalta Cida Lopes.

Vale também ter em mente que fingir o orgasmo nunca é uma boa saída. “Existem mulheres que mentem por anos, mas a insatisfação chega a um ponto que ela busca ajuda profissional. Mas aí fica mais complicado explicar para o parceiro o motivo da mentira, prejudicando a relação”, ressalta Carolina Ambrogini.

Hoje, a jornalista Camila Carvalho compreende que o sexo pode ser tudo, menos uma obrigação. “Fico mais relaxada porque agora entendo que não preciso ser supersexual ou desejada na hora da relação, para priorizar o orgasmo do meu parceiro. O que importa é a conexão que vou ter com aquela pessoa, fazer daquele momento algo especial para ambos”, conclui ela.

*O sobrenome foi omitido a pedido da entrevistada

Michelangelo hoje

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Nosso monstro

O PSDB não dá para ser levado a sério

Perdeu completamente qualquer compostura e racionalidade na hora de criticar o governo Dilma.
Só não é exposto ao ridículo porque a mídia brasileira também é ridícula e simplesmente repete o que as “notas oficiais”aecistas publicam no site do partido.

Depois do “mico aéreo” e do “mico da conta do restaurante”, agora o PSDB parte para o “mico cubano”, publicando – com farta reprodução nos jornais - um comunicado em que critica os empréstimos do BNDES às obras do porto de Mariel, em cuba e diz que  os “recursos que vão para a ilha da ditadura castrista – e também para a Venezuela chavista e para outros países, notadamente os ideologicamente alinhados – são os mesmos que faltam para obras estruturantes no Brasil, em especial as de mobilidade urbana nas nossas metrópoles.”

Ontem eu tratei a sério disso, aqui, mostrando que o dinheiro é emprestado – tem sido pago em dia – para aquisições de mercadorias e serviços no Brasil.
Mas tem limite a cara de pau.

Qualquer dia eu vou começar a imprimir e guardar as notícias das coisas que o governo tucano fazia e a posição “indignada” do PSDB sobre as mesmas coisas no governo petista. E esta é uma delas.
Fernando Henrique diretamente e o BNDES, sob seu comando fizeram empréstimos a Cuba, aliás muito corretamente.

Aqui está o memorando de entendimento entre Brasil e Cuba para financiar a compra de alimentos com recursos orçamentários – reparem, orçamentários, diretamente da União – através do Proex (leia-se Banco do Brasil) em US$ 15 milhões,  firmado em 1998.

Mas foi comida, aí era humantário? E o que dizem do financiamento a ônibus de turismo para a ilha de Fidel, como está consignado no relatório de atividades do BNDES do ano de 2000?

“(…)o apoio do BNDES a exportações de ônibus de turismo e urbanos para Cuba somou cerca de US$ 28 milhões. Cabe destacar o financiamento concedido para a aquisição de 125 ônibus Busscar com mecânica Volvo, utilizados na dinamização da atividade turística desse país, no valor total de US$ 15 milhões”

Mas teve também para a “Venezuela chavista” de que fala a nota do PSDB:
“Projeto da Linha IV do Metrô de Caracas (Construtora Norberto Odebrecht S.A.) – Construção do primeiro trecho, com extensão de 5,5 km. O investimento total do projeto soma US$ 183 milhões, sendo o financiamento do BNDES de US$ 107,5 milhões, correspondentes a 100% das exportações brasileiras de bens e serviços e ao seguro de crédito às exportações.”
Uai, igualzinho ao Porto de Mariel? E com a mesma empreiteira, a Odebrecht?

É verdade que os tucanos fazem uma ressalva: “Fosse o Brasil um país que esbanjasse dinheiro e com questões de infraestrutura e logística resolvidas, poderia até ser compreensível.”
Fico imaginando a cara de Aécio Neves diante de algum repórter que lhe perguntasse se no governo FHC podia-se emprestar dinheiro à Cuba e à Venezuela porque não existiam problemas de logística e infra-estrutura no Brasil dos tucanos.

O pig e a nudez dá oposição

por Fernando Nogueira da Costa, em seu blog, sugerido pelo Julio Cesar Macedo Amorim

Um farsante (tipo “direitopata” ou “esquerdofóbico), fazendo-se passar por um alfaiate de terras distantes (assumido “defensor da democracia liberal”), diz a um determinado rei (a mídia oposicionista) que poderia fazer uma roupa muito bonita e cara, mas que apenas as pessoas mais inteligentes e astutas poderiam vê-la. O rei, muito vaidoso, gostou da proposta e pediu ao “salvador da pátria” que fizesse uma roupa dessas para ele.

O farsante recebeu vários baús cheios de riquezas, rolos de linha de ouro, seda e outros materiais raros e exóticos, exigidos por ele para a confecção das roupas (consultoria). Ele guardou todos os tesouros e ficou em seu tear, fingindo tecer fios invisíveis, que todas as pessoas alegavam ver, para não parecerem estúpidas.

Até que um dia, o rei (verbi gratia, a imprensa) se cansou de esperar, e ele e seus ministros quiseram ver o progresso do suposto alfaiate. Quando o falso tecelão mostrou a mesa de trabalho vazia, o rei exclamou: “Que lindas vestes! Você fez um trabalho magnífico!”, embora não visse nada além de uma simples mesa, pois dizer que nada via seria admitir na frente de seus súditos que não tinha a capacidade necessária para ser rei.

Os nobres (empresários em busca de privilégios) ao redor soltaram falsos suspiros de admiração pelo trabalho do tapeador, nenhum deles querendo que achassem que era incompetente ou incapaz. O rei resolveu marcar uma grande parada na cidade para que ele exibisse as vestes especiais. A única pessoa a desmascarar a farsa foi uma criança, exclamando: “O rei está nu!”. O grito é absorvido por todos, de maneira constrangedora, o rei se encolhe, suspeitando que a denúncia infantil é verdadeira, mas dá continuidade à procissão…

A entrevista do Valor (16/01/13) com Francisco Lopes (ex-presidente do Banco Central do Brasil no Governo FHC) e a de Luiza Trajano (presidente da rede de comércio varejista Magazine Luiza) ao programa de televisão direitista Manhattan Connection mexeu com os brios da imprensa brasileira. Os jornalistas estão reagindo que nem os cidadãos quando a criança denunciou: “O rei está nu!”. O discurso alarmista da oposição foi desmascarado por esses insuspeitos entrevistados. Os repórteres que o divulgaram, acriticamente, estão caindo em si diante da farsa estar vindo à luz.

Dona Luíza, empresária de Franca que começou com uma lojinha e hoje é a 3a. maior rede do varejo brasileiro, contrapôs contra-argumentos factuais e lógicos a cada um dos odiados Manhattaner, com elegância, classe e extrema simplicidade. Chico Lopes, depois das entrevistadores terem tentado o pautar para responder só de acordo com aquele discurso típico alarmista, ele se esquiva, denunciando a artificialidade deste “pessimismo”.

Chico Lopes diz que a coisa que mais lhe incomoda, atualmente, é o pessimismo. “As análises estão muito contaminadas pela disputa eleitoral, isso atrapalha um pouco”. Afirma que há uma falsa interpretação de economistas oposicionistas segundo a qual poderíamos voltar a crescer 4%, se a política econômica for ‘correta’ com menos intervenção. Fazem apenas uma análise conjuntural pessimista. Não praticam uma abordagem estruturalista com visão de longo prazo.

Lopes acha que há um equívoco por trás do pensamento dos economistas, segundo o qual o crescimento normal possível é 4%. Há dois fatores que atuaram de forma importante em 2012 e 2013 e acredita que não vão atuar em 2014. Primeiro, a taxa de câmbio. “Na verdade, nos últimos dois anos, o Brasil fez uma desvalorização em termos reais de quase 20%, que é uma mudança muito grande”. Em 2012 e 2013, “o maior problema foi o crescimento baixo da indústria de transformação, medíocre e muito abaixo da média histórica. (…) Ao mesmo tempo, nos últimos dois anos, o quantum de importações cresceu mais de 20% nesses dois segmentos: bens de consumo não duráveis, como alimento, e bens intermediários de modo geral. Olhando a economia, vejo que a demanda está crescendo no normal e a produção não está crescendo porque a capacidade bateu no teto, falta trabalhador, e porque fizemos uma política cambial errada”.

Lopes diz que é necessário a imprensa entender a política econômica do governo. “A ideia de que não está havendo investimento no Brasil me parece equivocada. Vejo um mundo de construção civil sendo feito, como metrô, estradas, portos. A formação bruta está crescendo 8% ao ano nos últimos anos. E vemos a indústria automobilística fazendo fábricas”. Se perguntar aos empresários se vão parar de investir, “eles dizem que não, por razões estratégicas, porque estão a plena capacidade e têm que fazer uma fábrica nova”. Ele alerta: “tem um jogo político, do lobby, e o governo, muitas vezes, é ingênuo e cede a esse tipo de pressão. Esse é um dos erros de política econômica”.

Lopes não condena e nem acha que foi um equívoco a política de redução de juros, porque ela teve uma consequência da maior importância, gerou a correção da taxa de câmbio. “Isso teve um custo inflacionário, mas foi feito dentro de certos parâmetros. Na hora em que a inflação passou a incomodar, o BC reverteu a política”. A taxa de juro real de 5% a 6% se justifica, transitoriamente, como estratégia de controle da inflação. “Mas, como posição permanente, transforma o Brasil em uma economia de rentistas”.

“A tese de que o Brasil tem déficit público muito grande não é verdade. Em comparação com outros países, a posição fiscal brasileira é muito favorável”, afirma Lopes. “Do ponto de vista de formulação econômica, o que interessa é a dívida líquida. Os mercados gostam de olhar o conceito de dívida bruta, porque os governos frequentemente usam os mecanismos da dívida líquida para esconder coisas. Quando se analisa a dívida bruta, de 60% do PIB, tem que considerar que quase 20% tem a contrapartida de reservas. (…) Acho a posição fiscal do Brasil confortável e todo mundo reconhece isso. A dívida bruta de outros países é de 90%, 100% do PIB”.

O governo deveria deixar claro que tem uma meta, que é a de estabilizar a dívida líquida como percentual do PIB, assumindo que vai usar a folga fiscal que tiver para fazer gastos sociais. Ideologicamente, “se pode discordar dessa posição, achando que o Brasil deveria levar a dívida líquida para 20% do PIB, que é mais importante do que fazer gastos sociais”.

O que mais se salienta na entrevista de Lopes é que ele explicita o debate ideológico colocado em seus termos. É um neoliberal que reconhece méritos do Governo de ideologia oposta, o que é incomum em Terrae Brasilis… Na verdade, a ideologia do Governo Dilma é social-desenvolvimentista, mas ele a classifica como socialista, demonstrando falta de precisão política, o que é comum entre economistas com formação ortodoxa. Sua virtude é não cair no “contrarismo”, isto é, o dogma de ser sempre contra o “governo do PT”. Divulgar falsas ideias, contra factuais, automática e impensadamente, apenas por que se trata de criticar o governo, é tão equivocado como seguir o “comportamento de manada”, tipo “Maria-vai-com-as-outras”.

O pig e a nudez dá oposição

por Fernando Nogueira da Costa, em seu blog, sugerido pelo Julio Cesar Macedo Amorim

Um farsante (tipo “direitopata” ou “esquerdofóbico), fazendo-se passar por um alfaiate de terras distantes (assumido “defensor da democracia liberal”), diz a um determinado rei (a mídia oposicionista) que poderia fazer uma roupa muito bonita e cara, mas que apenas as pessoas mais inteligentes e astutas poderiam vê-la. O rei, muito vaidoso, gostou da proposta e pediu ao “salvador da pátria” que fizesse uma roupa dessas para ele.

O farsante recebeu vários baús cheios de riquezas, rolos de linha de ouro, seda e outros materiais raros e exóticos, exigidos por ele para a confecção das roupas (consultoria). Ele guardou todos os tesouros e ficou em seu tear, fingindo tecer fios invisíveis, que todas as pessoas alegavam ver, para não parecerem estúpidas.

Até que um dia, o rei (verbi gratia, a imprensa) se cansou de esperar, e ele e seus ministros quiseram ver o progresso do suposto alfaiate. Quando o falso tecelão mostrou a mesa de trabalho vazia, o rei exclamou: “Que lindas vestes! Você fez um trabalho magnífico!”, embora não visse nada além de uma simples mesa, pois dizer que nada via seria admitir na frente de seus súditos que não tinha a capacidade necessária para ser rei.

Os nobres (empresários em busca de privilégios) ao redor soltaram falsos suspiros de admiração pelo trabalho do tapeador, nenhum deles querendo que achassem que era incompetente ou incapaz. O rei resolveu marcar uma grande parada na cidade para que ele exibisse as vestes especiais. A única pessoa a desmascarar a farsa foi uma criança, exclamando: “O rei está nu!”. O grito é absorvido por todos, de maneira constrangedora, o rei se encolhe, suspeitando que a denúncia infantil é verdadeira, mas dá continuidade à procissão…

A entrevista do Valor (16/01/13) com Francisco Lopes (ex-presidente do Banco Central do Brasil no Governo FHC) e a de Luiza Trajano (presidente da rede de comércio varejista Magazine Luiza) ao programa de televisão direitista Manhattan Connection mexeu com os brios da imprensa brasileira. Os jornalistas estão reagindo que nem os cidadãos quando a criança denunciou: “O rei está nu!”. O discurso alarmista da oposição foi desmascarado por esses insuspeitos entrevistados. Os repórteres que o divulgaram, acriticamente, estão caindo em si diante da farsa estar vindo à luz.

Dona Luíza, empresária de Franca que começou com uma lojinha e hoje é a 3a. maior rede do varejo brasileiro, contrapôs contra-argumentos factuais e lógicos a cada um dos odiados Manhattaner, com elegância, classe e extrema simplicidade. Chico Lopes, depois das entrevistadores terem tentado o pautar para responder só de acordo com aquele discurso típico alarmista, ele se esquiva, denunciando a artificialidade deste “pessimismo”.

Chico Lopes diz que a coisa que mais lhe incomoda, atualmente, é o pessimismo. “As análises estão muito contaminadas pela disputa eleitoral, isso atrapalha um pouco”. Afirma que há uma falsa interpretação de economistas oposicionistas segundo a qual poderíamos voltar a crescer 4%, se a política econômica for ‘correta’ com menos intervenção. Fazem apenas uma análise conjuntural pessimista. Não praticam uma abordagem estruturalista com visão de longo prazo.

Lopes acha que há um equívoco por trás do pensamento dos economistas, segundo o qual o crescimento normal possível é 4%. Há dois fatores que atuaram de forma importante em 2012 e 2013 e acredita que não vão atuar em 2014. Primeiro, a taxa de câmbio. “Na verdade, nos últimos dois anos, o Brasil fez uma desvalorização em termos reais de quase 20%, que é uma mudança muito grande”. Em 2012 e 2013, “o maior problema foi o crescimento baixo da indústria de transformação, medíocre e muito abaixo da média histórica. (…) Ao mesmo tempo, nos últimos dois anos, o quantum de importações cresceu mais de 20% nesses dois segmentos: bens de consumo não duráveis, como alimento, e bens intermediários de modo geral. Olhando a economia, vejo que a demanda está crescendo no normal e a produção não está crescendo porque a capacidade bateu no teto, falta trabalhador, e porque fizemos uma política cambial errada”.

Lopes diz que é necessário a imprensa entender a política econômica do governo. “A ideia de que não está havendo investimento no Brasil me parece equivocada. Vejo um mundo de construção civil sendo feito, como metrô, estradas, portos. A formação bruta está crescendo 8% ao ano nos últimos anos. E vemos a indústria automobilística fazendo fábricas”. Se perguntar aos empresários se vão parar de investir, “eles dizem que não, por razões estratégicas, porque estão a plena capacidade e têm que fazer uma fábrica nova”. Ele alerta: “tem um jogo político, do lobby, e o governo, muitas vezes, é ingênuo e cede a esse tipo de pressão. Esse é um dos erros de política econômica”.

Lopes não condena e nem acha que foi um equívoco a política de redução de juros, porque ela teve uma consequência da maior importância, gerou a correção da taxa de câmbio. “Isso teve um custo inflacionário, mas foi feito dentro de certos parâmetros. Na hora em que a inflação passou a incomodar, o BC reverteu a política”. A taxa de juro real de 5% a 6% se justifica, transitoriamente, como estratégia de controle da inflação. “Mas, como posição permanente, transforma o Brasil em uma economia de rentistas”.

“A tese de que o Brasil tem déficit público muito grande não é verdade. Em comparação com outros países, a posição fiscal brasileira é muito favorável”, afirma Lopes. “Do ponto de vista de formulação econômica, o que interessa é a dívida líquida. Os mercados gostam de olhar o conceito de dívida bruta, porque os governos frequentemente usam os mecanismos da dívida líquida para esconder coisas. Quando se analisa a dívida bruta, de 60% do PIB, tem que considerar que quase 20% tem a contrapartida de reservas. (…) Acho a posição fiscal do Brasil confortável e todo mundo reconhece isso. A dívida bruta de outros países é de 90%, 100% do PIB”.

O governo deveria deixar claro que tem uma meta, que é a de estabilizar a dívida líquida como percentual do PIB, assumindo que vai usar a folga fiscal que tiver para fazer gastos sociais. Ideologicamente, “se pode discordar dessa posição, achando que o Brasil deveria levar a dívida líquida para 20% do PIB, que é mais importante do que fazer gastos sociais”.

O que mais se salienta na entrevista de Lopes é que ele explicita o debate ideológico colocado em seus termos. É um neoliberal que reconhece méritos do Governo de ideologia oposta, o que é incomum em Terrae Brasilis… Na verdade, a ideologia do Governo Dilma é social-desenvolvimentista, mas ele a classifica como socialista, demonstrando falta de precisão política, o que é comum entre economistas com formação ortodoxa. Sua virtude é não cair no “contrarismo”, isto é, o dogma de ser sempre contra o “governo do PT”. Divulgar falsas ideias, contra factuais, automática e impensadamente, apenas por que se trata de criticar o governo, é tão equivocado como seguir o “comportamento de manada”, tipo “Maria-vai-com-as-outras”.

Uma oposição infantil e uma imprensa infantil ficam sujeitas a isso

A levar, como levaram, um “fora” monumental da Presidenta da República”.

- Eu pago a minha conta e como onde quiser.
Deviam, como diria minha finada avó, “ficar com cara-de-tacho”.

Mas é inacreditável, como eu disse outro dia aqui, a miséria moral da oposição e da mídia brasileira.

“Dilma passa o final de semana em Lisboa”, diz O Globo, na mesma edição em que noticia que a Presidente chegou no final da tarde de sábado  a Lisboa e que partiria no dia seguinte. às 10 horas da manhã, para Havana. 18 horas de permanência, de aeroporto a aeroporto: um final de semana, portanto.

“Presidente aproveita escalas para passear desde 2011″, acrescenta a Folha, mesmo depois do “sabão” presidencial.

O PSDB, ridículo, vai ao Ministério Público e à Comissão de Ética Pública saber o porque da parada do avião presidencial.

Será que a imprensa e a oposição brasileira são tão idiotas quem nem sequer foram checar as condições meteorológicas, com este modestíssimo blog fez, mostrando que o Atlântico Norte estava, da Inglaterra aos Estados Unidos, carregado de tempestades vindas do pólo?

Eu ajudo, de novo, sem esperanças de que fiquem vexados.

No dia do vôo presidencial, sábado, 25, a matéria ao lado, do inglês Daily News, mostra o que acontecia no sul da Inglaterra.


Na noite de domingo,  O Globo publicou até uma galeria de fotos sobre o que chamou de “tempestade da década” no Sul da Inglaterra, entre elas a foto de um placar de aeroporto, com todos os vôos cancelados.

Será que Aécio e os nossos editores de jornal sabem onde fica o sul da Inglaterra? Será que conseguem comprar um mapinha na papelaria e fazer um deverzinho de casa – eles não gostam tanto da expressão? – de desenhar a rota de Zurique? Para ajudar os meninos e meninas, já informo que a distância, em linha reta, de Londres a Paris é de cerca de 340 km, a mesma do Rio a São Paulo.

Ah, mas a Aeronáutica está dizendo que havia problemas meteorológicos na costa Leste dos Estados Unidos, onde se poderia fazer uma eventual parada técnica, se necessário.

Havia?


A resposta está aí acima, na reprodução de um jornal português, de domingo, 26, data da chegada de Dilma a Havana mesmo sem a parada em Lisboa. Aliás, nele, há ampla cobertura para que quiser ler, da situação dos transportes aéreos na costa Leste americana.

É preciso ser um idiota ou um sórdido para fazer este tipo de mistificação barata e  desclassificada.

Está-se lidando com estelionatários políticos que sabem ser falsas as suspeitas que levantam porque existem fatos públicos e publicados a desmenti-los.

Ou então com imbecis.

O que não é o mesmo, reconheço, mas é igualmente vergonhoso.

Infelizmente, tirando a própria Dilma Rousseff, ninguém em seu governo os enfrenta.

A Secretária de Comunicação prefere sugerir soltar pombinhas brancas nos jogos da Copa.

Triste país.

Saiba como denunciar crimes digitais

É batata: pelo menos uma vez por dia nos deparamos pela internet com conteúdos que fazem apologia ao racismo, xenofobia, à incitação de práticas cruéis contra animais, homofobia, ao neonazismo, pornografia infantil, tráfico de pessoas e armas, crimes de ódio, porte de drogas, crimes cometidos por policiais…. Ufa.
Provavelmente, você dirá que já sabe há tempos como proceder diante dessas páginas que contrariam inúmeros dispositivos de Lei.
Ocorre que, às vezes por falta de orientação, muitas pessoas deixam de fazer denúncias da forma correta. O que mais vemos por aí são massivos compartilhamentos de imagens e dizeres que pipocam nas redes sociais como forma de protesto.
O problema é que essas campanhas, na maior parte das vezes, trazem consigo imagens nas quais se expõe a violência que se quer denunciar – o que, infelizmente, pode surtir efeito contrário, estimulando ainda mais a intolerância. O Comitê Nacional de Enfrentamento da Violência Sexual Contra Crianças e Adolescentes, por exemplo, proíbe qualquer empreitada de mobilização que utilize imagem de crianças.

Polícia Federal

Pensando em facilitar nossa vida, a Polícia Federal mantêm um domínio onde é possível a denúncia anônima de crimes cibernéticos.
É rápido e simples.

SaferNet Brasil

A ONG SaferNet Brasil, que possui um acordo de cooperação com o Ministério Público Federal, além do apoio de entidades como o Comitê Gestor da Internet no Brasil e a Justiça Federal,elaborou um site que presta esse serviço.

Cuida-se do HelpLine Brasil

Essa entidade dispõe também de um serviço gratuito e online para orientar crianças e adolescentes que se encontrem em situação de risco na web, o Cuida-se do HelpLine Brasil.
O objetivo das denúncias é centralizar e canalizar as informações para o setor apropriado. Depois de feita a perícia, os laudos serão encaminhados às delegacias competentes.
Caso fran i
Caso Fran, um exemplo dos danos que um crime digital pode causar

Saiba como denunciar crimes digitais

É batata: pelo menos uma vez por dia nos deparamos pela internet com conteúdos que fazem apologia ao racismo, xenofobia, à incitação de práticas cruéis contra animais, homofobia, ao neonazismo, pornografia infantil, tráfico de pessoas e armas, crimes de ódio, porte de drogas, crimes cometidos por policiais…. Ufa.
Provavelmente, você dirá que já sabe há tempos como proceder diante dessas páginas que contrariam inúmeros dispositivos de Lei.
Ocorre que, às vezes por falta de orientação, muitas pessoas deixam de fazer denúncias da forma correta. O que mais vemos por aí são massivos compartilhamentos de imagens e dizeres que pipocam nas redes sociais como forma de protesto.
O problema é que essas campanhas, na maior parte das vezes, trazem consigo imagens nas quais se expõe a violência que se quer denunciar – o que, infelizmente, pode surtir efeito contrário, estimulando ainda mais a intolerância. O Comitê Nacional de Enfrentamento da Violência Sexual Contra Crianças e Adolescentes, por exemplo, proíbe qualquer empreitada de mobilização que utilize imagem de crianças.

Polícia Federal

Pensando em facilitar nossa vida, a Polícia Federal mantêm um domínio onde é possível a denúncia anônima de crimes cibernéticos.
É rápido e simples.

SaferNet Brasil

A ONG SaferNet Brasil, que possui um acordo de cooperação com o Ministério Público Federal, além do apoio de entidades como o Comitê Gestor da Internet no Brasil e a Justiça Federal,elaborou um site que presta esse serviço.

Cuida-se do HelpLine Brasil

Essa entidade dispõe também de um serviço gratuito e online para orientar crianças e adolescentes que se encontrem em situação de risco na web, o Cuida-se do HelpLine Brasil.
O objetivo das denúncias é centralizar e canalizar as informações para o setor apropriado. Depois de feita a perícia, os laudos serão encaminhados às delegacias competentes.
Caso fran i
Caso Fran, um exemplo dos danos que um crime digital pode causar

Como diz o ditado “a verdade tarda, mas não falha”

A denúncia feita pelo Jornal Folha de São Paulo, que José Dirceu havia usado o telefone celular dentro do Presídio da Papuda, foi considerada improcedente.
Agora a pergunta que não quer se calar: a justiça vai conceder o direito dele trabalhar?
Convidamos todos a lerem abaixo na íntegra a matéria publicada agora pouco no Brasil 247.
247 - "Improcedente". É assim que o documento produzido pela coordenadoria de sindicância do Presídio da Papuda definiu a denúncia feita pelo jornal Folha de S. Paulo de que o ex-ministro José Dirceu, condenado na Ação Penal 470, um dos internos da penitenciária, teria utilizado um celular nas dependências da unidade, o que não é permitido pela lei. Caso desencadeou a suspensão do pedido de trabalho do petista. Com a conclusão de que informação não procede, Justiça irá permitir que ele trabalhe? Dos condenados na AP 470 a regime semiaberto, apenas Dirceu continua sem poder trabalhar. 
Até esta sexta-feira (31), o ministro Ricardo Lewandowski deverá dar parecer favorável ao prosseguimento do pedido de trabalho de Dirceu no escritório de advocacia de José Gerardo Grossi, com salário de R$ 2,1 mil por mês. A defesa do ex-ministro recorreu ao Supremo Tribunal Federal (STF) na segunda-feira (27), por causa da decisão da Vara de Execuções Penais (sob o comando do juiz Bruno Ribeiro) do Distrito Federal, que suspendeu, por 30 dias, a análise do pedido de Dirceu para trabalhar fora da prisão, até que terminasse a investigação interna sobre denúncias de uso do celular dentro do Presídio da Papuda.
Segundo reportagem publicada pelo jornal Folha de S.Paulo, no dia 17 de janeiro, Dirceu conversou por celular com o secretário da Indústria, Comércio e Mineração da Bahia, James Correia. De acordo com o texto, a conversa foi possível com a ajuda de uma pessoa que visitou Dirceu. Na ocasião, a defesa do ex-ministro negou que a conversa tenha ocorrido e a Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal abriu processo administrativo para investigar o caso.
Segundo a sindicância do presídio, todos que visitam Dirceu "são separados por um vidro". São encontros "sem contato físico", anota o documento, que ressalta que o ex-ministro passa por revistas "com inspeção corporal, antes e depois" de cada visita. Assim como sua cela, onde do mesmo modo não foi encontrado qualquer celular. Denúncia será arquivada.
Dos condenados na AP 470 a regime semiaberto, todos que fizeram pedido já estão trabalhando. É o caso, por exemplo, do ex-deputado Bispo Rodrigues, que teve seu pedido de trabalho autorizado ontem. Antes dele, o ex-tesoureiro do PT, Delúbio Soares, também já havia começado a trabalhar durante o dia na Central Única dos Trabalhadores (CUT) em Brasília. O ex-tesoureiro do PL (atual PR) Jacinto Lamas e os ex-deputados Pedro Henry (PP-MT) e Romeu Queiroz (PTB-MG) também já estão trabalhando.

Contratação do Delúbio Soares é ato político contra julgamento de exceção

Em entrevista ao site Carta Maior, Vagner Freitas, presidente da maior central sindical brasileira, afirmou que a contratação do ex-presidente do PT, Delúbio Soares, condenado pela Ação Penal 470 a XX anos de prisão em regime semiaberto, é um reconhecimento da expertise dele em relação à pauta política e sindical, é um ato de solidariedade ao companheiro que foi um dos fundadores da CUT, mas também é um ato político contra um julgamento de exceção, que a central teme que possa abrir precedentes jurídicos que prejudiquem a luta dos trabalhadores.


Na entrevista, Freitas também explicou porque as centrais sindicais se contrapuseram ao projeto de regulação do trabalho de curta duração, apresentado pelo governo para regulamentar as relações trabalhistas durante a Copa do Mundo.

“Da forma como o dispositivo está colocado, ao invés de regulamentar o trabalho de curta duração em benefício dos trabalhadores, ele irá permitir que empresários inescrupulosos possam legalizar as irregularidades que já praticam hoje”, justifica.

O presidente da CUT ainda falou da pauta sindical do período e das expectativas do mundo sindical para o último ano do primeiro mandato da presidenta Dilma Rousseff, cuja principal bandeira é o fim do que ele chama de “herança maldita do governo FHC”: o fator previdenciário. “Nós defendemos que o governo Dilma tem que ser lembrado como aquele que permitiu aos trabalhadores reaver seu direito de se aposentar com salário digno”, disse.
Confira a íntegra da entrevista:

Frase do dia


"Eu escolho o restaurante que for porque eu pago a minha conta. Não há a menor condição de eu usar o cartão corporativo e misturar o que é consumo privado e público"
Dilma Roussef

O capitão-do-mato e a imprensa bandida

O magistrado e a imprensa bandida

Os três principais diários brasileiros de circulação nacional registraram com zelo a mais recente manifestação do presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro Joaquim Barbosa, que viaja pela Europa em férias oficiais, com direito a diárias e cobertura regular da imprensa. Desta vez, o ministro se queixa da Folha de S. Paulo, que publicou entrevista com o deputado João Paulo Cunha (PT-SP), que foi condenado na Ação Penal 470 mas não pode começar a cumprir sua pena porque o presidente do STF não deixou o mandado assinado. De quebra, atira para todo lado, ao se referir a uma tal “imprensa bandida”.

O noticiário em torno do magistrado ganha contornos de chanchada, aqueles velhos filmes feitos na “Boca do Lixo”, em São Paulo, tal o conjunto de falsos improvisos e dramas capazes de fazer rir.

Observe-se, por exemplo, como o ministro aparece sempre em situações de aparente casualidade, fazendo compras numa loja de departamentos típica da classe média, sentado na poltrona da classe econômica de um avião e caminhando pelas ruas como um cidadão comum. É preciso muita comunicação entre assessor de imprensa e repórteres para criar esse clima de improviso.
Registre-se que os correspondentes e enviados especiais dos jornais estão sempre um passo à frente, esperando-o nos embarques e desembarques, estão informados de que ele chegará em tal lugar a tal hora, e podem contar que ele terá uma frase de efeito para assegurar um lugar de destaque na edição seguinte.

Detalhe: embora tenha recebido regularmente suas diárias como se estivesse a serviço, por conta de palestras que proferiu na França, o presidente do STF encontra-se oficialmente em gozo de férias, mas a cobertura é de chefe de Estado.

Também há muita comicidade nos diálogos, ou melhor, nas falas do ministro, sempre recheadas de expressões fortes e pontuadas por um mau humor digno do Seu Madruga, o irritadiço personagem da série televisiva “Chaves”. Se o observador isolar a severidade que as carrancas do magistrado tentam induzir em suas manifestações, o conjunto apresentado pela imprensa ganha ares de comédia popular.

Mas jornalistas não deveriam aceitar a imputação geral de “imprensa bandida”.

Roteiro de chanchada

Universidade de Coimbra homenageia Lewandovski



O vice-presidente do STF Ricardo Lewandowski ganhou uma medalha de ouro num rolezinho que deu em Portugal durante as suas férias neste mês de janeiro.
A medalha de ouro de Lewandowski, assim como às dos atletas olímpicos, na verdade, não é de ouro. Ela vale, porém, muito mais pela conquista realizada do que o que qualquer metal, por mais valioso que seja,  pode sintetizar  numa simples esfera achatada e palpável.
Nela, na medalha que Lewandowisk ganhou da Universidade de Coimbra, está escrito em latim:
Traduzindo para o português o escrito dita o seguinte:
"Viver honestamente para não lesar os outros e dar a cada um o seu próprio"
A Universidade de Coimbra homenageou Lewandowski com tal medalha no último dia 17.  Muita gente já deve ter ganho uma medalha igualzinha, mas nenhuma vale tanto quanto a de Lewandowisk.
A notícia consta no site do STF, sem, no entanto, com essa relevância.
Também consta no site do STF as despesas que o Tribunal realiza diariamente, basta preencher o período desejado no seguinte link:
Neste ano, as duas primeiras ordens bancárias do STF foram emitidas em favor de Joaquim Barbosa no dia 03. Pagavam as diárias do ministro de forma extremamente antecipada, por conta de uma viagem que Barbosa iria realizar mais de duas semanas depois, mais precisamente, do dia 20 ao dia 30 deste mês de janeiro.
Também no site do STF consta a notícia de que Joaquim Barbosa interromperá suas férias para atender convites que lhe foram formulados há vários meses
Segundo a legislação que rege tais questões no serviço público, férias só podem ser interrompidas por conta de um fato novo. Não tem o mínimo cabimento o servidor - os imortais detestam serem denominados como servidores - marcar as suas férias para depois interrompê-las por conta de um fato que não é novo, já que decorrente de "  convites que lhe foram formulados há vários meses pela Universidade de Paris-Sorbonne, pelo presidente do Conselho Constitucional da França e pelo King’s College, de Londres."
Pior ainda, só interrompê-las bem depois de já ter recebido as diárias da viagem e, talvez, porque um reporter do Estadão, Felipe Recondo, a quem ele - Barbosa -  mandou "ir chafurdar no lixo" , foi, como bem lembrou, neste aspécto, Fernando Brito, do Tijolaço.
Estas informações estão abaixo transcritas e constam do link:
Do STF
O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Joaquim Barbosa, que estaria oficialmente em gozo de férias até o fim de janeiro, interromperá o período de descanso para atender a convites que lhe foram formulados há vários meses pela Universidade de Paris-Sorbonne, pelo presidente do Conselho Constitucional da França e pelo King’s College, de Londres.
O ministro Joaquim Barbosa representará o Tribunal em colóquios e conferências nas duas instituições mencionadas – de indiscutível prestígio acadêmico. Além desses compromissos, entre 20 e 30 de janeiro de 2014 o presidente também visitará e retribuirá visitas a autoridades dos dois países.
Em todos os encontros o presidente abordará temas ligados ao funcionamento das instituições brasileiras, especialmente o Supremo Tribunal Federal. As passagens aéreas serão pagas pelas universidades que formularam os convites.
O convite para a palestra em Paris foi feito pelo professor Dominique Rousseau, da Sorbonne. Já o King’s Collegefez o convite quando tomou conhecimento da ida do presidente à Europa. O agendamento desses dois compromissos gerou, ainda, outros convites para reuniões e encontros. Segue abaixo a agenda oficial da viagem."
(...)
Como nenhum servidor público, nem mesmo o imortais, pode receber diárias por período em que estará em gozo de férias, quem procurar alguma ordem bancária no site do STFem favor de Ricardo Lewandowski simplesmente não encontrará.
Ricardo Lewandowski ganhou a melhor medalha de ouro porque simplesmente não estava competindo com alguém, como nos jogos os olímpicos. Ele apenas fez a coisa certa.  
A notícia da homenagem a Lewandowski segue abaixo transcrita e está no seguinte link :
Do STF
O vice-presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro Ricardo Lewandowski, foi homenageado pela Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa, após proferir a palestra de abertura no encontro “Meio Ambiente, Energia e Desenvolvimento Social”. O ministro recebeu uma medalha entregue pelo diretor da Faculdade, Professor Eduardo Vera-Cruz Pinto, com a inscrição em latim:Honeste vivere, alterum non laedere, suum cuique tribuere (Viver honestamente para não lesar os outros e dar a cada um o seu próprio).
O convite foi feito pela organização do evento, que foi realizado na capital portuguesa, no último dia 17.
Em sua palestra, o ministro Lewandowski referiu-se ao conceito dedesenvolvimento sustentável, que surgiu pela primeira vez, em 1987, no relatório da Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento da denominada Comissão Brundtland. Lembrou que, para a Comissão, o uso sustentável dos recursos naturaisdeveria "suprir as necessidades da geração presente sem afetar a possibilidade das gerações futuras de suprir as suas".
Recordou, ainda, que conceito começou a ser delineado noencontro da ONU sobre o Meio Ambiente Humano, realizado em Estocolmo, em 1972, depois aprofundado na  ECO-92 - Conferência sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, de 1992, no Rio de Janeiro. O tema foi retomado em 2012, na Conferência Internacional Rio+20, ocorrida no Brasil, que reuniu representantes de 190 governos.
O ministro assinalou que o texto final do evento definiu a erradicação da pobreza como o maior desafio global do planeta, recomendando que os organismos internacionais e os países desenvolvidos facilitem a transferência de tecnologia para as nações em desenvolvimento.
Por fim, enfatizou que, no Brasil, a participação das fontes renováveis de energia é de 47%, proveniente basicamente das hidroelétricas e dos biocombustíveis, enquanto no mundo esse percentual é de 13% e, nos países desenvolvidos, de apenas 6%.
Destacou, ainda, a diminuição do desmatamento no País, em razão do aumento de produtividade das distintas culturas e da redução das dimensões dos reservatórios d’água nas novas usinas hidroelétricas, sobretudo da Região Norte. Acrescentou que isso se deve também ao aumento da fiscalização por parte das autoridades públicas e ao aperfeiçoamento da legislação ambiental.
O encontro contou a participação de autoridades, acadêmicos e especialistas brasileiros e portugueses, sendo presidido pelo jurisconsulto português Marcelo Rebelo de Sousa. Temas como a regulação da energia na Europa, crescimento econômico e sustentabilidade ambiental e até mesmo a intervenção judicial na defesa do meio ambiente foram destaques nos debates que se estenderam pelos cinco dias do seminário (17, 21, 22, 23 e 24/01).
O ministro Ricardo Lewandowski é professor titular da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP), tendo sido, inclusive, coordenador do curso de mestrado em Direitos Humanos da USP.
Por Geraldo Reco

Transfobia e crianças

Outro dia, como um favor, fui cuidar do filho da minha melhor amiga.
* * *
Menino não usa maquiagem
Em um dado momento, ele se aproximou de mim com a mão cheia de objetos e disse:
“Presentes pra você!”.
E começou a me dar tudo: uma banana, uma bola, um batom vermelho.
Para não fazer desfeita, decidi usar os presentes: comi a banana, quiquei a bola, passei o batom vermelho nos lábios.
Enquanto eu fazia isso, ele se aproximou, ficou na ponta dos pés e fez bico pra mim – como certamente vira sua mãe fazer diante do espelho dezenas de vezes.
Entendi o que ele queria e fiz menção de passar o batom nele, mas quando o batom se aproximou de seus lábios, ele subitamente pirou. Saiu correndo e gritando:
“Sou menino! Sou menino! Não pode! Não pode!”
Quando se acalmou, expliquei:
“Pode sim. Meninos podem usar maquiagem se quiserem. Aliás, muitos usam. Meninas não precisam usar maquiagem se não quiserem. Aliás, muitas não usam.”
Ele não pareceu muito convencido.
Quando perguntei se queria passar o batom, como parecia querer, ele hesitou mas acabou dizendo:
“Não! Sou menino! Menino não pode!”
Então, tá.
* * *

Mulher não tem pelo

Daqui a pouco, ele apontou pras minhas pernas e disse, como se fosse uma grande descoberta:
“Você tem pelo na perna!”
“Sim”, respondi.
“Mamãe não tem pelo na perna!”, exclamou ele, em tom de grande mérito.
E eu tive que corrigir:
“Não. Mamãe tem pelo na perna sim. Todos os mamíferos adultos têm pelos em várias partes do corpo. E sua mãe é tão mamífera quanto eu e você. (Mamífero quer dizer que somos o tipo de bicho que mama nos peitos das mamães. Assim como você mama no peito da mamãe hoje, ela também mamou no peito da vovó antes disso. Por isso é que elas são mamíferas. E todos os mamíferos são peludos. Aliás, os mamíferos são os únicos bichos que são peludos. Aliás, sim, somos só mais um tipo de bicho entre todos os outros tipos de bichos.)”
E voltei ao tema original:
“Enfim, mamãe tem pelos sim. Ela só ESCOLHE tirar os pelos.”
E lá veio, inevitavelmente:
“Por quê?”
Pensei em dizer:
“Porque a sua mamãe, apesar de linda e incrível e minha melhor amiga, caiu no engodo da sociedade de consumo, que disse pra ela que ela não será bonita, não será desejável, não será feminina, nunca vai arrumar um novo padrasto pra você, etc etc, se não sofrer dor e perder tempo e gastar dinheiro para retirar forçosamente uma das partes do seu corpo que mais nos define enquanto espécie para ficar eternamente parecendo uma versão infantil e impúbere de si mesma.”
Mas preferi dizer apenas:
“Porque ela gosta assim. Cada pessoa gosta do seu corpo de um jeito.”
“E você gosta das suas pernas com pelo?”
“Minhas pernas têm pelo. Pra mim, é simples assim.”
E ele ficou lá, matutando, até que perguntou:
“Eu vou ser bem peludo quando crescer?”
E dei a melhor resposta que pude:
“Se você quiser, vai.”
E ele se empolgou:
“Eba! Os meninos são peludos, né?”
Então, tá.
* * *

Menina não tem pinto

Mais tarde, eu estava urinando e ele irrompeu banheiro adentro. Como eu sabia que minha amiga também andava nua pela casa e usava o banheiro de porta aberta, não me importei… muito.
Mas ele logo apontou pra mim e tascou:
“Você não tem pinto!”
“É”, respondi.
“É por que você é menina?”
“Não, é porque eu não tenho pinto. Tem meninas com pinto e meninas sem pinto. Tem meninos com pinto e meninos sem pinto. Cada pessoa é do seu jeito.”
“Eu tenho pinto!”, ele disse, em tom heroico, e eu respondi, tentando não deixar transparecer a ironia:
“Puxa, parabéns. Agora, vaza.”
Enquanto eu me compunha, finalmente em privacidade, pensei que era chegada a hora de uma conversinha.
* * *

O que são meninos e meninas

Ele me olhou meio confuso e perguntou:
“Eu sou menino, né?”
“O que você acha?”
Subitamente, ele passou de confuso pra ofendido e retrucou:
“Acho que sou menino, oras!”
“Então você é.”
“Só isso?”
“Só isso.”
“Não é por que eu tenho pinto?”
“Tem muito menino por aí que não tem pinto e eles são tão meninos quanto você. Tem muita menina por aí que tem um pinto parecido com o seu.. e são tão meninas quanto você é menino.”
“E você?”
“O que eu sou não faz nenhuma diferença.”
Ele parou e refletiu um pouco e disse:
“Eu sempre pensei que menino fosse quem tinha pinto e menina, quem não tinha.”
“Ih, essa sua regra é muito complicada. Como é que você vai saber quem tem pinto e quem não tem? Isso é muito pessoal!”
Ele refletiu mais um pouco:
“Então, como é que faz?”
“É bem simples. Se um menino se apresenta como menino, então, ele é menino e você trata ele como menino. Se uma menina se apresenta como menina, então, ela é menina e você trata ela como menina.”
“Mas e o pinto?”
Jesus amado, homens e seus pintos, que obsessão!
“Pra você, não faz diferença quem tem pinto e quem não tem, porque quase nunca você vai saber quem tem pinto e quem não tem.”
Aliás, pensei, por que cargas d’água você quer tanto saber dos pintos dos outros?!
“Talvez alguns meninos que você conhece não tenham pinto. Talvez algumas meninas tenham. E daí? Não quer dizer que sejam menos meninas e menos meninos por causa disso. Entendeu?”
Ele entendeu. Quando minha amiga chegou do cinema, ele foi correndo pros braços dela:
“Mãe, eu sou menino, mas posso decidir não ser! E você sabia que tem menina que tem pinto?”
Hoje, imagino que devem estar bem. Minha amiga cortou contato e nunca mais falou comigo.
Dia nacional da visibilidade trans
* * *

Para prosseguir essa conversa

Hoje é o dia nacional da visibilidade trans*, uma das minorias mais invisíveis e silenciadas da nossa sociedade. Para saber mais, dê uma passeada pelos links abaixo:

* * *
Esse texto é uma obra de ficção.
Alex Castro

alex castro é. por enquanto. em breve, nem isso. // todos os meus textos são rigorosamente ficcionais. // se gostou, mande um email, me siga no facebook, compre meus livros, faça uma doação ou venha às minhaspalestras. e eu te agradeço.


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