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Trechos do Editoria do Le Monde

Obrigado, Senhor Madoff

Um novo escândalo assola as finanças. 

Os franceses BNP Paribas e Natixis, o espanhol Santander, o japonês Nomura, o suíço Union Bancaire Privée... Em todos os continentes, os banqueiros mais reputados deixaram-se durante anos, talvez décadas, serem levados no conto do vigário por quem desde já parece ser um dos grandes escroques de Wall Street: Bernard Madoff, gerente de um fundo de investimentos, que admitiu ter feito perder a seus clientes a bagatela de US$50 bilhões

Que um empresário abuse da confiança que inspira não é novidade. 

Que os maiores nomes das finanças mundiais se deixem enganar como simples leigos, vítimas nessas últimas semanas de cenário comparável, é nitidamente mais preocupante. 

Isso comprova que eles aplicam dinheiro de seus clientes sem se preocupar com a maneira de como serão realizados os ganhos.

Nenhum destes "reputados banqueiros" foram enganados. Todos são cúmplices, isto sim! 

E coragem para isso?

As pesquisas CNT e Ibope confirmam a alta popularidade de Luiz Inácio Lula da Silva. 

Mas como vão ficar os índices de aprovação do presidente quando os sinais da crise estiverem mais evidentes por aqui? Quando a criação de empregos desacelerar

Vamos especular. Assim mesmo, no chutômetro. Pois eu acho que, mantida a atual disposição de forças políticas, Lula tem chances de atravessar a crise sem graves danos na imagem ou na popularidade. 

Quando as pessoas votam num presidente da República, elas escolhem um líder. Um líder para as horas boas e as horas más. Para enfraquecer o líder, é preciso que a oposição ofereça alternativas mais vantajosas de liderança. Mais vantajosas para os liderados, não para os candidatos a líder. 
A oposição brasileira não consegue apresentar uma única idéia substancialmente diferente de como enfrentar o tsunami econômico mundial, para que o Brasil saísse dele melhor do que sairá com Lula. E o cidadão comum que hoje apóia o governo, e está potencialmente disposto a votar para que as coisas continuem como estão, fica sem grandes motivos para mudar de lado. 

A questão dos juros já foi tratada aqui ad nauseam

Outra coisa reveladora são as "medidas de exceção" propostas pelo presidente da Companhia Vale do Rio Doce. Retirar "temporariamente" direitos trabalhistas para, em troca, supostamente reduzir demissões. O governo flerta com a idéia. Aliás, Lula flerta com essa plataforma "neoliberal" de vez em quando (leia A reforma trabalhista de Lula e o Livro Vermelho de Mao Tsetung). Só para fazer uma média com os empresários. 

Se Lula estivesse na oposição e alguém propusesse mexer em direitos trabalhistas, o mundo desabaria. Lula aproveitaria para tirar o máximo proveito possível desse ensaio de insensatez do governante. Porque o certo agora não é flexibilizar direitos dos trabalhadores, mas fazer o contrário: reforçá-los. Demitir um empregado, por exemplo, deveria ficar mais caro. Isso desestimularia as demissões e ajudaria a evitar mais desemprego.

Crédito em bancos estatais só deveria estar disponível para quem não demitisse. E o governo deveria dar crédito muito barato para empresas que contratassem agora, no meio da crise, um certo percentual adicional de sua massa de trabalhadores. 

Quer demitir? Então vai pegar capital de giro nos bancos privados, pagando os juros da livre iniciativa.

Capitalismo nos olhos dos outros é refresco. 

O resumo da ópera: Lula governa gerando benefícios para os pobres e segurança para os ricos. 

Daí a sua popularidade. 

Lá atrás, a oposição tentou minar a primeira perna (lembram do "bolsa-esmola"?). O resultado foi ruim. 

Agora, a oposição teria que mirar na segunda. E coragem para isso?