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Papo de homem

Jovens, lindos, sortudos e fodidos
Bem aventurados são os jovens e suas tardes. Depois do episódio que aconteceu comigo e com o amigo Fred Fagundes, meus olhos nunca mais foram os mesmos para esse período do dia da molecada.

Juntos, estávamos indo ver um apartamento que ele — ainda residente em São Paulo — queria ver para alugar. O cara que ia mostrar o imóvel se demorou e então ficamos esperando na portaria do edifício. Do outro lado da rua, um prédio bonito, cheio dos vidros e dos luxos, porteiro na porta, sacadas enormes, pastilhas brancas e limpas. Lindo, assim, asséptico.

Lá, em uma das varandas, um casal de idade universitária apareceu. Era mais um menos duas da tarde, pouco mais que isso quando eles despontaram em um dos balcões rindo e conversando. Sentaram-se em umas cadeiras de madeira e trocavam ideias. Lá embaixo, debaixo de sol, com trabalho atrasado e esperando o cara que iria mostrar o apartamento pro amigo Fred Fagundes, estávamos nós só a observar.

Aquele pedaço de área construída sobressalente à estrutura da construção era que nem um oásis que nunca alcançaríamos. Dava para escutar uma música tocando lá dentro, o casal batendo papo despretensiosamente lá fora, a garota entrou e voltou com dois copos na mão, sentados em cadeiras e completamente despreocupados. Um gole de bebida aqui, uma risadinha acolá e eles se aproximaram. E quem poderia impedir?

Um beijo, mais um aconchego, outras bitocas, bebericadas nos copos e acenderam um cigarrinho de artista.




BUM! Estouraram. O cheiro tardava, mas chegava até nossas narinas. O bálsamo da vagabundice. Era uma delícia de ver, assistíamos com olhos prósperos. As risadas aumentavam, os toques também e os beijos idem. Duas e meia da tarde. Já em pé, entraram. Foi só depois de alguns segundos de certeza de que não haveria retorno e muito menos um bis, eu olhei pro Fred e ele olhou pra mim. Conjecturamos:

– Bah — esse era o Fred falando, por supuesto — olha isso. Agora eles entraram, vão ver Quero ser Grande na Sessão da Tarde, dar umazinha, comer um lanche que a mãe dela vai fazer enquanto assistem Malhação. E daí ele ou ela vai embora e tudo mais.

uma-tarde-qualquer

Criamos, nesse dia, um padrão.

De lá para cá — isso já faz uns três anos — pessoas relataram-me ter visto a mesma cena em outras circunstâncias, o mesmo paradigma envolvendo outros lugares, pessoas diferentes, contextos apartados. Mas, no final das contas, o script se repetia: jovens, situações gostosas em horários em que muita gente está voltando do almoço e entrando em alguma reunião de arrancar cabelos e a inveja latente.

Ai, como a inveja bate.

Minha invídia pela meninada livre para voar me intriga até os dias de hoje. Como eles podem ir e vir, sentar no quintal e estourar um baseado sem pressa alguma, ter como meta se manter acordado até o final do dia, receber a namoradinha com a casa vazia e a despensa cheia.

Dia desses, o Eduardo Amuri veio ter comigo. Queria uma conversa mais intimista, me chamou num canto:

– Cara, ontem eu estava trabalhando em um Starbucks, cheio de coisas para resolver, queria um lugar que não me atrapalhassem, e-mails caindo pelas tabelas com caráter de urgência distintos, uma loucura. Na mesa ao lado da minha, tinha um casal — desses de cursinho — fazendo exercícios juntos.

O Amuri é um cara muito concentrado e lúcido.

– Eles ficavam ali, rabiscavam metade de um exercício e se pegavam. “Não, não, a gente tem que fazer esse exercício”, ela dizia e rabiscavam mais um pouco. Riam e se atracavam. Aquele barulho de beijo, aquela coisa apetitosa e ridícula.

Eu sei bem qual é a ambientação da cena. E você também.

– E, sabe, eu tava lá e esses dois estavam lá. Cara, eu fiquei com uma inveja danada.

Claro que ficou. Todos ficamos.

Bem aventuradas as cabeças presentes juvenis. Não há real preocupação como as que temos, não há planos complexos como os que costuramos com o nosso cotidiano atribulado. Eles não são, só estão. E, por essa mazela da língua portuguesa, eles apenas aproveitam o estar com amassos e maconha e as tramas rocambolescas da Malhação.

Eu tenho uma inveja genuína de vocês, jovens despreocupados. Aproveitem bem por vocês e por mim, antes que venha a próxima página. A vida despreocupada do jovem começa a acabar quando chega em casa a primeira conta de celular em seu nome. Ora, em algum instante, por alguma cagada, o pai dessa galera vai mandar tudo às favas e trocar o nomezinho que vem na conta do plano de celular. Com isso, o jovem vai ter de começar a se virar e rebolar para bancar os minutos que perdura convidando a menininha pra fumar unzinho ou pra ver qual bróder tá afim de fazer aquele rolê no começo da noite.

Celular, a gasolina do carro, o primeiro emprego, pegar busão para chegar de terno mal cortado no estágio, tomar esporro do chefe, molhar os sapatos na chuva, não conseguir bancar a viagem com os amigos no feriado, a namoradinha vai com a molecada pra praia e, lá, pega outro cara, aluguel do apartamento, a diarista pra limpar a lambança que os amigos escrotos fazem quando vão lá encher a cara e jogar videogame, planejamento financeiro, brochar diversas vezes, comprar os presentes de dia das mães e de dia dos pais, pagar a fiança do amigo bêbado cagado, chorar sozinho em casa que é, de fato, lugar quente.

Cacete, se essa molecada conseguisse imaginar o quão fodidas elas estarão em breve, a quantidade de sofrimento que elas enfrentarão e que moldarão seus próximos atos, a descida vertiginosa de suas expectativas…

Aproveitem a liberdade. Aproveitem a mamata.

JADER PIRES
É escritor e editor do Papo de Homem. Lançou, nesse ano, seu primeiro livro de contos, o Ela Prefere as Uvas Verdes e outras histórias de perdas e encontros.



Jovem muda o mundo?

Há algum tempo eu decidi que gostaria de voltar para universidade e me dedicar ao estudo da Física. Mas não pela grana. É algo que quero fazer pelo conhecimento, pela chance de retribuir ao mundo um pouco do que ele me provê.
Muito mudou desde que tomei esta decisão, mas o objetivo continua traçado.
Um dia, enquanto estudava álgebra, acabei me deparando com a história de Évariste Galois. Fiquei bem impressionado quando descobri que ele morreu aos 20 anos como um ativista rebelde. Mesmo tão novo, seus estudos no campo da matemática seguem com imensa importância até os dias de hoje.
Sendo bem honesto, na hora em que li isso um calor subiu pelo meu estômago e um inevitável sentimento de “o que estive fazendo com minha vida até aqui? Qual foi minha contribuição para o mundo?” começou a ferver dentro de mim.
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Taylor Wilson completa 20 anos em maio. Na primeira vez que o vi falar, foi difícil não esconder meu espanto, ele começou sua fala no TED dizendo:
“Meu nome é Taylor Wilson, Tenho 17 anos e sou um Físico Nuclear.”
Taylor Wilson começou a construir seu próprio reator de fusão nuclear quando tinha apenas 12 anos. Ele também construiu detectores de radiação para o departamento de segurança interna dos Estados Unidos. A invenção do jovem é milhares de dólares mais barata do que os detectores Cherenkov utilizados anteriormente.
Todos nós ouvimos em algum momento de nossas vidas que crianças em regiões pobres África andam quilômetros para conseguir água. Vimos noticiários com fotos de crianças subnutridas, com as costelas aparecendo. Ryan Hreljac também viu, e resolveu fazer alguma coisa.
Aos 6 anos, Ryan decidiu que precisava fazer poços nesses países pobres para facilitar pelo menos o acesso à água. Aos 7 anos de idade, seu primeiro poço foi construído em Uganda. De lá pra cá a Ryan’s Well Foundation concluiu mais de 667 projetos em 16 Países. Aproximadamente 714 mil pessoas agora tem acesso à água potável.
Em maio desse ano Ryan completa 22 anos.
O que mais admiro no arquétipo do jovem é a capacidade de ignorar o senso comum. O conhecimento engessado que os mais velhos se orgulham em adquirir é praticamente ignorado pelos que estão chegando agora. Um bom exemplo disso é a crença de que não podemos prever o futuro.
Com uma ideia bastante engenhosa, Kira Radinsky conseguiu fazer algo praticamente impossível: foi capaz de prever eventos antecipadamente. Kira, que aos 15 entrou na faculdade de ciências da computação e com 26 conquistou seu Ph.D, desenvolveu um algoritmo que coleta dados do arquivo do New York Times, Twitter e algumas entradas da Wikipedia para conseguir determinar eventos futuros. O código desenvolvido pela jovem foi capaz de prever, por exemplo, a recente onda de protestos no Sudão.
O algoritmo ainda não é perfeito, tem suas falhas. A previsão, por exemplo, era de que o governo do Sudão cairia durante os protestos, o que não aconteceu. Outro problema que enfrentaram é que na primeira versão o algoritmo inevitavelmente previa que algo/alguém iria morrer. Já que tantos títulos de matérias são feitos falando de morte. “Infelizmente, a morte gera títulos interessantes”, diz a inventora.
Mesmo ocupada com sua Startup, que utiliza este algoritmo para prever o sucesso de negócios, Kira ainda colabora com um projeto de pesquisas humanitárias. Recentemente, seu algoritmo conseguiu prever uma mortal epidemia de Cólera no Zimbabwe.
Existe muito mais valor na mente dos jovens que a maioria das pessoas consegue ver. Apontamos para estes sonhos que parecem ser impossíveis e rimos. Quantas vezes não ouvimos comentários como “o mundo não funciona assim”“quando você crescer vai ver que as coisas são bem mais difíceis”?
Quanto mais velhos ficamos, mais importância passamos a dar para o que as pessoas pensam. Perdemos a vontade de correr atrás dos nossos sonhos e começamos a procurar nosso lugar nas caixinhas pré-definidas que já existem por aí. Não quero dizer que velhos não podem mudar o mundo, mas que precisam pensar como os jovens para tal.
Este conselho vem de um outro adolescente. O Matemático de 15 anos Jacob Barnett. Em sua fala no TEDx Teen, o jovem autista diz que para começar a fazer coisas de uma forma diferente, precisamos esquecer aquilo que já sabemos e pensar de modo único, usando nossa própria intuição criativa.
Esqueça tudo o que você sabe:
Lembro de um dos meus primeiros dias de trabalho numa antiga empresa, onde um dos funcionários mais respeitados e mais antigos virou pra mim e disse: “Esqueça, não se pode mudar o mundo”. Por um tempo até acho que acreditei nisso, mas estou decidido a tentar.
E você? O que tem feito para mudar o mundo em que vive? Como pretende colaborar com as pessoas, com a economia, o mercado, saúde, e educação? Não precisamos todos cavar poços na África. Cada pessoa tem um potencial diferente, no que está investindo o seu?
Alberto Brandão

Conta sua jornada, falando sobre empreendeorismo e startup no QG Secreto. Treina Taekwondo, Jiu-jitsu, Parkour e MMA. Escreve sobre treinamento físico em seu blog. Recentemente largou tudo para buscar um caminho mais feliz.

Outros artigos escritos por 

Papa Francisco: dirigentes devem servir aos pobres

Na véspera da chegada ao Brasil, o papa Francisco deu ontem o tom de sua mensagem ao País ao dizer que, para que sejam bons cristãos, dirigentes, cidadãos e mesmo religiosos têm a obrigação de se aproximar e “servir aos pobres” tanto na oração como em ações concretas. Falando a milhares de pessoas sob o sol do meio-dia em Roma, durante o Ângelus, Francisco ainda pediu aos fiéis na Praça São Pedro que “orem” por ele, informa o enviado especial Jamil Chade. 

“Peço que me acompanhem espiritualmente com a oração em minha primeira viagem apostólica que começa amanhã”, disse, arrancando aplausos dos brasileiros. 

Francisco deixou Roma às 8h35 de hoje e desembarca às 16 horas no Galeão, no Rio.

BLOG DO ANDRÉ VARGAS



O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva comentou, nesta terça-feira (16), por meio de artigo distribuído pelo jornal The New York Times, as manifestações que tomaram o Brasil nas últimas semanas. Em texto intitulado 'A mensagem da juventude brasileira' (leia tradução para o portugês abaixo), Lula diz que "as manifestações são em grande parte o resultado de sucessos sociais, econômicas e políticas" e cobra "profunda renovação" do PT.
"Na última década, o Brasil dobrou o número de estudantes universitários, muitos de famílias pobres. Nós reduzimos drasticamente a pobreza e a desigualdade. Estas são conquistas importantes, mas é completamente natural que os jovens, especialmente aqueles que estão obtendo coisas que seus pais nunca tiveram, desejem mais", analisa Lula, que cita o governador de Pernambuco, Eduardo Campos, ao dizer que "tem-se dito, e com razão, que enquanto a sociedade entrou na era digital, a política permaneceu analógica".
Para o ex-presidente, "a boa notícia é que os jovens não estão conformistas, apáticos ou indiferentes à vida pública". "Mesmo aqueles que pensam que odeiam a política estão começando a participar", diz. "A outra boa notícia é que a presidente Dilma Rousseff propôs um plebiscito para realizar as reformas políticas que são tão necessárias. Ela também propôs um compromisso nacional para a educação, saúde e transporte público, em que o governo federal iria fornecer apoio técnico e financeiro substancial para estados e municípios", destaca o ex-presidente.
Leia o texto traduzido:
A mensagem da juventude brasileira
Os jovens, dedos rápidos em seus celulares, tomaram as ruas ao redor do mundo.
Parece mais fácil explicar esses protestos quando ocorrem em países não democráticos, como no Egito e na Tunísia, em 2011, ou em países onde a crise econômica aumentou o número de jovens desempregados para marcas assustadoras, como na Espanha e na Grécia, do que quando eles surgem em países com governos democráticos populares - como o Brasil, onde atualmente gozamos das menores taxas de desemprego da nossa história e de uma expansão sem precedentes dos direitos econômicos e sociais.
Muitos analistas atribuem os recentes protestos a uma rejeição da política. Eu acho que é precisamente o oposto: Eles refletem um esforço para aumentar o alcance da democracia, para incentivar as pessoas a participar mais plenamente.
Eu só posso falar com autoridade sobre o meu país, o Brasil, onde acho que as manifestações são em grande parte o resultado de sucessos sociais, econômicas e políticas. Na última década, o Brasil dobrou o número de estudantes universitários, muitos de famílias pobres. Nós reduzimos drasticamente a pobreza e a desigualdade. Estas são conquistas importantes, mas é completamente natural que os jovens, especialmente aqueles que estão obtendo coisas que seus pais nunca tiveram, desejem mais.
Esses jovens não viveram a repressão da ditadura militar nas décadas de 1960 e 1970. Eles não convivem com a inflação dos anos 1980, quando a primeira coisa que fazíamos quando recebíamos nossos salários era correr para o supermercado e comprar tudo o possível antes de os preços subirem novamente no dia seguinte. Lembram-se muito pouco da década de 1990, quando a estagnação e o desemprego deprimiu nosso país. Eles querem mais.
É compreensível que assim seja. Eles querem que a qualidade dos serviços públicos melhore. Milhões de brasileiros, incluindo os da classe média emergente, compraram seus primeiros carros e começaram a viajar de avião. Agora, o transporte público deve ser eficiente, tornando a vida nas grandes cidades menos difícil.
As preocupações dos jovens não são apenas materiais. Eles querem maior acesso ao lazer e a atividades culturais. Mas, acima de tudo, eles exigem instituições políticas que mais limpas e mais transparentes, sem as distorções do sistema político e eleitoral anacrônico do Brasil, que recentemente se mostraram incapazes de gerir a reforma. A legitimidade dessas demandas não pode ser negada, mesmo que seja impossível atendê-las rapidamente. É preciso primeiro encontrar recursos, estabelecer metas e definir prazos.
A democracia não é um compromisso de silêncio. Uma sociedade democrática é sempre em fluxo, debater e definir as suas prioridades e desafios, em constante desejo por novas conquistas. Apenas em uma democracia um índio pode ser eleito presidente da Bolívia, e um afro-americano pode ser eleito presidente dos Estados Unidos. Apenas em uma democracia poderia, primeiro, um metalúrgico e umam depois, um mulher serem eleitos presidentes do Brasil.
A história mostra que, quando os partidos políticos são silenciados e as soluções são procuradas pela força, os resultados são desastrosos: guerras, ditaduras e perseguição das minorias. Sem partidos políticos não pode haver uma verdadeira democracia. Mas as pessoas simplesmente não querem votar a cada quatro anos. Eles querem interação diária com os governos locais e nacionais, e querem participar da definição de políticas públicas, oferecendo opiniões sobre as decisões que os afetam a cada dia.
Em suma, eles querem ser ouvidos. Isso cria um enorme desafio para os líderes políticos. Exige as melhores formas de engajamento, através da mídia social, nos espaços de trabalho e nos campi, reforçando a interação com grupos de trabalhadores e líderes da comunidade, mas também com os chamados setores desorganizados, cujos desejos e necessidades não devem ser menos respeitado por falta de organização.
Tem-se dito, e com razão, que enquanto a sociedade entrou na era digital, a política permaneceu analógica. Se as instituições democráticas utilizassem as novas tecnologias de comunicação como instrumentos de diálogo, e não para mera propaganda, eles iriam respirar ar fresco em suas operações. E seria mais eficaz trazê-los em sintonia com todas as partes da sociedade.
Mesmo o Partido dos Trabalhadores, que ajudei a fundar e que tem contribuído muito para modernizar e democratizar a política no Brasil, precisa de profunda renovação. É preciso recuperar suas ligações diárias com os movimentos sociais e oferecer novas soluções para novos problemas, e fazer as duas coisas sem tratar os jovens de forma paternalista.
A boa notícia é que os jovens não estão conformistas, apáticos ou indiferentes à vida pública. Mesmo aqueles que pensam que odeiam a política estão começando a participar. Quando eu tinha a idade deles, nunca imaginei que me tornaria um militante político. No entanto, acabamos criando um partido político quando descobrimos que o Congresso Nacional praticamente não tinha representantes da classe trabalhadora. Através da política conseguimos restaurar a democracia, consolidar a estabilidade econômica e criar milhões de empregos.
É evidente que ainda há muito a fazer. É uma boa notícia que os nossos jovens querem lutar para garantir que a mudança social continue em um ritmo mais intenso.
A outra boa notícia é que a presidente Dilma Rousseff propôs um plebiscito para realizar as reformas políticas que são tão necessárias. Ela também propôs um compromisso nacional para a educação, saúde e transporte público, em que o governo federal iria fornecer apoio técnico e financeiro substancial para estados e municípios.
Ao conversar com jovens líderes no Brasil e em outros lugares, eu gostaria de dizer-lhes o seguinte: Mesmo quando você está desanimado com tudo e com todos, não desista da política. Participe! Se você não encontrar em outros o político que você procura, você pode achá-la em si mesmo.
Luiz Inácio Lula da Silva é ex-presidente do Brasil, que agora trabalha em iniciativas globais com o Instituto Lula.

Carta aos Jovens

Os avanços do Brasil foram construídos pelas diversas juventudes que tomaram as ruas em momentos fundamentais da nossa história. Vocês agora estão escrevendo mais um capítulo dessa narrativa.
Quero parabenizá-los pelas vitórias. Vocês conquistaram não apenas a redução das tarifas de transporte público em várias cidades. Vocês reconquistaram as praças, ruas, avenidas e sonhos.
Vocês nos ensinaram muito. A principal lição é a de que nós – os partidos políticos, sobretudo de esquerda – não podemos nos acomodar ao que já foi feito. Avançamos muito nos últimos dez anos, com os governos Lula e Dilma. Vencemos a fome, reduzimos desigualdades sociais e regionais históricas. Distribuímos renda, crescemos com inclusão social. Geramos 20 milhões de empregos com carteira assinada, conquistamos uma das menores taxas de desemprego do mundo. Democratizamos o acesso ao ensino técnico e à universidade.
Hoje, os filhos de trabalhadores humildes, antes condenados ao destino de seus pais e avós, estão chegando à universidade por meio da expansão da rede pública de ensino superior, das bolsas do ProUni, das cotas sociais e raciais.

Jovens perdidos

Perdoem-me a boa-fé, mas essa geração de púberes e imaturos não merece outro adjetivo. Nunca foram tão livres para fazer suas opções. Nunca tiveram acesso ao conhecimento como atualmente. Nunca se interessaram pela política do país. Nunca foram tão alertados sobre o perigo que é andar pela entrada das Diambas. Nunca foram tão escutados como agora. Nunca tiveram tanta alternativa de lazer e entretenimento como nos dias atuais. Nunca se interessaram em ler bons livros, o único interesse é consumir tranqueiras, bandalheiras e porcarias vindas de fora. Juventude quase perdida no mundo ilusório e perigoso nos becos sem saída da vida. 

E O QUE ELES EMPREENDEM COM TUDO ISSO?...

Nada!
enviado por Marco Leite

Suicídio: um assunto tabu


Uma série de estudos publicada no periódico "Lancet" chama a atenção para um assunto tabu: o suicídio.
Segundo um dos artigos, essa é a primeira causa de morte entre meninas de 15 a 19 anos. Entre os homens, o suicídio ocupa o terceiro lugar, depois de acidentes de trânsito e da violência.
No Brasil, o suicídio é a terceira causa de morte entre jovens, ficando atrás de acidentes e homicídios.
"As taxas sempre foram maiores na terceira idade. Hoje a gente observa que, entre os jovens, elas sobem assustadoramente", afirma Alexandrina Meleiro, psiquiatra do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da USP.
Entre os jovens, a taxa multiplicou-se por dez de 1980 a 2000: de 0,4 para 4 a cada 100 mil pessoas.
Segundo o estudo, os adolescentes evitam procurar ajuda por temerem o estigma e que rumores sobre seus pensamentos suicidas se espalhem pela escola.
Há outra mudança no perfil dos que cometem suicídio. O risco, que sempre foi maior entre homens, tem aumentado entre as meninas.
Segundo Meleiro, isso se deve a gestações precoces e não desejadas, prostituição e abuso de drogas.
SILÊNCIO
O problema, porém, é negligenciado, como mostram dados da OMS (Organização Mundial da Saúde). A entidade afirma que os casos de suicídio aumentaram 60% nos últimos 45 anos e que 1 milhão de pessoas no mundo morrem dessa forma por ano.
No Brasil, estima-se que ocorram 24 suicídios por dia. O número de tentativas é até 20 vezes maior que o de mortes.
"O suicídio é uma epidemia silenciosa. E o preconceito em torno das doenças mentais faz com que as pessoas não procurem ajuda", diz Meleiro. Cerca de 90% dos suicídios estão ligados a transtornos mentais.
 Editoria de arte/folhapress 
Segundo a OMS, pouco tem sido feito em termos de prevenção. Os pesquisadores, da Universidade de Oxford e da Universidade Stirling, na Escócia, dizem que mais pesquisas são necessárias para compreender os fatores de risco e melhorar a prevenção.
Uma estratégia é limitar o acesso a meios que facilitem o suicídio, como armas.
Meleiro diz ainda que as pessoas costumam dar sinais antes de uma tentativa. "Acredita-se que perguntar se a pessoa tem pensamentos suicidas vai estimulá-la, mas isso pode levá-la a procurar ajuda."
A psiquiatra da infância e da adolescência Jackeline Giusti, do Hospital das Clínicas da USP, afirma que é importante prestar atenção a sinais de automutilação nos adolescentes, porque a prática aumenta o risco de suicídio.
"Professores, clínicos e pediatras têm que ficar atentos a essa possibilidade e investigar. É um sinal de que algo não está legal e merece cuidados. Em geral os adolecescentes que se mutilam são deprimidos, têm ansiedade e têm uma dificuldade enorme pra dizer o que estão sentindo ou para pedir ajuda."
Mariana Versolato

Nós cremos nos jovens

Eu os vejo invadindo as ruas, sonhando mudar meu país; conquistando as praças, tocando o futuro com mãos de ternura; sorrindo nos bailes, contando histórias alucinantes; correndo em tribos, fugindo da solidão urbana; com roupas exóticas, vestindo seus planos mais secretos. Eu os vejo tão perto, mas algumas vezes tão distantes.

Eu os vejo assim, porque também sou um deles. Anseio que um dia nossos olhos se encontrem, nossos sonhos se toquem. E sem temer a força do medo, nem o dissabor das suas palavras, enfrentando a fúria do vento, com voz de menino, dizendo: Nós cremos na vida, no sorriso mais puro e sincero, no encanto da noite e no brilho do dia.

A culpa do envelhecer

Os jovens podem tudo... Ou pelo menos pensam assim. São atrevidos, ousados, abusados, irreverentes, prepotentes, deseducados. Faz parte. Cada um de nós foi jovem e agiu exatamente assim, ou pior. Coisa de jovem! Jovens podem tudo e estão cheios de razão, ou pelo menos pensam assim. Faz parte. Numa boa! Maior barato! Jovens são inocentes, mesmo quando se prova o contrário. Jovens morrem, estupidamente, irresponsavelmente, mas morrem, e não estão nem aí para os pais, alguns já velhos, coitados, culpados, esses sim, por envelhecer. Ficar velho é uma enorme culpa. Devia dar cadeia. 

A velhice é uma embalagem em que os jovens escrevem, sem a menor cerimônia: "produto descartado". Basta visitar abrigos para idosos ou nem isso, basta ver os aposentos onde são relegados à mais cruel forma de ostracismo. Já assumi todas as minhas culpas: envelheci! 

Embora não ache tão ruim assim, provo de uma certa vergonha pelas rugas que não pedi, pelas placas acintosas que me reservam direitos, como o de entrar pela porta da frente sem pagar. 

Envelhecer é uma culpa tão grande que não cabe defesa nem apelação. 

Uma hora, embora um idoso ainda seja produtivo, cheio de vigor, capacidade e competência, passa a ser olhado através das lentes jovens dos que se arvoram em acusar com todos os dedos apontados: está na hora de fazer o caminho dos elefantes, como o livro de Dalton Trevisan (Cemitério de Elefantes). 

Envelhecer é quase uma obrigação imposta pelos jovens, de procurar o caminho da despedida e sumir da face da terra.


Jovens pensam assim, mas eles podem pensar assim. Fingem que se importam, mas não ligam coisa nenhuma. Jovens não podem perder tempo com a velhice alheia, embora os velhos tenham perdido muitas oportunidades nessa vida toda, repleta de anos vividos, cuidando deles, desde as primeiras luzes, os primeiros leites e toda uma infância carente de cuidados, uma adolescência cheia de problemas e essa idade agora, cheia de juventude, aqui e ali transviada, sem respeitar regras. Mas eles, os jovens, estão cheios de razão, são jovens e jovens podem tudo. E não me digam que não podem. O mundo do jovem é hoje, é aqui, é agora...



E amanhã? Que amanhã que nada. Amanhã não existe, custa muito. Jovens têm pressa, mesmo que seja para chegar a lugar algum, como nos pegas, quando a morte às vezes chega, sem pedir licença e ele vai embora, sem pedir licença, mas jovens podem sair assim, sem nem ao menos dizer adeus. Quem ousa envelhecer fica assim, se lamentando ou apenas escrevendo, enchendo-se de razões ou lições de vida que um jovem nunca escuta, mas os jovens não precisam escutar. Eles já sabem tudo, não dão valor a nada porque ainda não sabem o que é suar para ganhar dinheiro. Jovem já tem tudo pronto, recebem na hora, os velhos estão ali mesmo para supri-los, para fazê-los feliz. Velhos servem para isso, mais nada. Envelhecer é uma culpa terrível. Ficar assim, vez por outra, olhando a juventude tão sábia, tão sarada, com seus carrões abusados, som alto, mostrando as razões de seus gostos duvidosos, desfilando "pelaí", é o maior barato, irado, numa boa, só! 

Envelhecer é uma chatice. Todos nós, idosos, com certos direitos, como as prioridades humilhantes nos atendimentos, nas filas, somos uns chatos, insistentes em continuar vivendo um resto de vida que até parece estarmos roubando deles, jovens, sem tempo para nós. Melhor se fazer de forte, de saudável, de independente e nunca deixar que eles nos vejam chorar, cheios de saudades que eles não compreendem, arvorados de uma esperança que eles nem sabem do quê. Deveríamos, isso sim, fugir para um outro mundo, só de velhos, e olhar de lá para eles, torcendo, com muito amor e muito carinho, para que um dia possam viajar para o mundo de todas as certezas, principalmente as que nos asseguram de que chegamos até aqui. Seria um mundo de iguais, onde expiaríamos as nossas culpas por envelhecer, esse fardo terrível de carregar até um dia, em que retornaremos ao pó das estrelas de que somos feitos e voltaremos a fazer parte do ciclo da vida, por toda a eternidade universo afora.



A. Capibaribe Neto

Juventude mobilizada pró Dilma

"Será amanhã o Dia Nacional de Mobilização da Juventude", avisam-me através de e-mails e comentários, as jovens lideranças e militantes dos partidos que apoiam a candidatura de Dilma Rousseff (governo-PT-partidos aliados) ao Planalto. 

Em nome deles, repasso o convite para que todos participem neste sábado (07.08) desta "onda vermelha" que acontecerá em várias cidades brasileiras e terá seu ato central no Rio, na Cidade de Deus. Neste ato, teremos o lançamento do programa de governo das juventudes partidárias que compõem a coligação de Dilma "Para o Brasil seguir mudando".

Em sua agenda no Rio neste sábado, a candidata participará a partir das 13h, da caminhada na Cidade de Deus, seguida pelo tradicional "Encontro com Presidenciáveis", organizado pela Central Única das Favelas (CUFA). Após esse compromisso, Dilma e a juventude seguirão para o ato político às 15h, no campo de futebol próximo à sede da CUFA, que será transmitido online para 200 cidades brasileiras. 

Conforme explica Severine Macedo, secretária nacional da Juventude do PT, "esta Onda Vermelha é fruto de uma grande articulação das juntas partidárias e das bases políticas em todas as regiões do país. E todos podem participar organizando atividades políticas em suas cidades".

Como vocês podem ver, uma mobilização nacional que mostra a força e o engajamento dos nosso jovens nesta campanha eleitoral. Vale destacar que a mais recente pesquisa CNT/Sensus aponta que mais da metade (50,5%) dos jovens que votarão pela primeira vez em um presidente pretende eleger Dilma Rousseff. 
Acompanhem a programação através do site Galera da Dilma e participem.

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