Mercadante e o governo Lula Parte II
A terceira e última parte da entrevista irá ao ar na segunda-feira 17.
A Celso Marcondes
CartaCapital: E aquela polêmica a respeito dos números que Dilma usou sobre as operações da Polícia Federal?
AM: Eu terminei um livro com um balanço do governo Lula. 1012 é (o número de operações da PF) que está no livro, eu terminei o livro com um balanço até 2009. Quando a Dilma me ligou, eu disse que era mais, imediatamente nós repassamos e eram 1060. No meu livro está assim: 20 operações de 2000 a 2002 do Fernando Henrique Cardoso. Eram 183 operações nos primeiros três anos do governo Lula, agora são 1060. Isso está disponibilizado no site da Polícia Federal inclusive, uma parte anterior do governo do Fernando Henrique Cardoso, se você olhar relatórios encontra lá as operações que foram feitas. É inquestionável. Nós aumentamos em 47% a verba da Receita Federal, aumentamos o efetivo, demos liberdade para adequação, investimos na inteligência policial, na polícia científica e os resultados apareceram também no combate à corrupção hoje muito mais eficiente. Uma transparência muito maior no País.
Objetivamente, o comportamento histórico deles e das principais lideranças não é compatível com esse discurso. Agora, se esse discurso é verdadeiramente uma inflexão, e eles pensam isso, se até quem sempre criticou o Lula, agora elogia o Lula, então vamos votar em quem o Lula elogia, vamos votar na Dilma.
E se esse governo é tão bom como eles dizem, então ele tem que continuar, deixar a Dilma trabalhar.
CC: Mas o senhor acha que a identificação da Dilma com o Lula já está clara para a maioria da população?
AM: A minha visão, é que essas coisas só vão ficar claras a partir de agosto, quando a televisão for para o ar. A Dilma vai ter quase metade do tempo de televisão da campanha, nunca tivemos isso. Em 2002 nós tínhamos 21% e o Serra tinha 47% do tempo de televisão, agora vai inverter, ele vai ter em torno de 26%, 27% e a Dilma deve ter em torno de 50% do tempo de televisão. Nós vamos poder mostrar uma coisa que o Brasil sente. 75% dos brasileiros apoia o governo Lula, porque o País cresce, tem estabilidade, foi precavido em relação à crise; nós somos hoje o segundo maior produtor e exportador de alimentos do mundo, a safra agrícola é recorde este ano, com149 milhões de toneladas, o pré-sal aponta uma perspectiva fantástica para a economia brasileira.
Nós criamos um mercado interno de massa, que é o que faz o Brasil crescer hoje, porque a Europa está mal, o Japão e os EUA continuam com dificuldades e o Brasil retomou um crescimento de mais de 7% nesse primeiro trimestre.
Então, meu livro vai contar isso detalhadamente, é um balanço do governo, o prefácio é do Lula. Chama-se “O Brasil, a Construção Retomada”. Acho que vai ser um bom momento para o debate político.
Eu usei a “construção retomada” dialogando com “o Brasil construção interrompida”, do Celso Furtado. Eu publico uma carta em que ele me mandou em 2002, aonde ele dizia a angústia que sentia em relação ao período neoliberal, as dificuldades do país, ele achava que ia ser muito difícil dar um salto histórico, mas achava que era possível, que as nossas propostas caminhavam nesta direção. Ele não viveu para ver, mas a gente retomou a construção da nação.
CC: E dá para adiantar para nós a questão central que aborda no livro?
AM: Eu acho que vai dar uma bela discussão, falo sobre como foi colocar o social como eixo estruturante do econômico e criar um mercado de consumo de massa, que era nosso projeto desde a origem. Porque nós fizemos a “Carta ao Povo Brasileiro” para fazer uma transição, na medida em que nossa margem de manobra era muito pequena quando nós chegamos.
A crise cambial, a taxa de juros estava em torno de 27,5%, a inflação estava em 17%, então se precisava de uma política de transição, para criar condições, acúmulo de forças, governabilidade, para implantar um modelo onde o social fosse o eixo estruturante do econômico, porque esse que é o novo desenvolvimentismo que o Lula trouxe: o protagonismo internacional do Brasil, a liderança dos países em desenvolvimento, a integração regional da América do Sul. Foi um trabalho que me deu muito orgulho de ter participado como líder do governo.
Esse balanço do governo Lula é muito importante para a disputa em São Paulo. Eles estão aqui no governo há 27 anos, 16 anos com o PSDB, o Alckmin foi governador por 12 anos, seis anos governador, seis anos vice-governador, e mais um ano e quatro meses como secretário de governo. Então, eu não posso comparar um governo que eu não fiz com um governo em que eles estão tanto tempo se alternando. Eu posso comparar o governo que nós fizemos no Brasil, com o governo que eles fizeram no Brasil e posso destacar o que do governo Lula nós fizemos em São Paulo.
CC: No debate do Sérgio Guerra com o José Eduardo Dutra (presidentes do PSDB e do PT) Guerra insistiu que o governo Lula era uma continuação da política econômica e dos programas sociais do governo Fernando Henrique, que Lula não fez outra coisa senão adaptar tanto a política econômica quanto os programas sociais.
AM: Evidente que, primeiro, a política externa é outra. O Serra disse que acha o Mercosul um desastre e nós investimos muito na integração. Nossas exportações para o Mercosul cresceram duas vezes mais, que as nossas exportações para o resto da economia mundial. Investimos na integração regional, isso ajudou no protagonismo internacional do país. Investimos em sair da ALCA, por uma política de articular os países em desenvolvimento e recolocá-los em uma agenda global. Não nos acomodamos com o papel subalterno, secundário em relação ao G-20, nós implodimos o G-8 e criamos o G- 20.
Nessa crise o Brasil presidiu o G-20 no momento da sua constituição, nós tivemos uma liderança inquestionável em Copenhague na agenda ambiental. E o presidente Lula é o presidente que mais vezes viajou à África, à Ásia, que mais viajou para a América Latina. Nós construímos realmente uma grande liderança internacional, que o mundo hoje aplaude e reconhece. Diferente da agenda de uma inserção subalterna que era o projeto deles.
O Cavallo (Domingo Cavallo, ex-ministro da Economia da Argentina nos governos Menem e Fernando de la Rúa) também dizia que o Mercosul era um projeto que tinha que ter uma relação carnal com os EUA e nós fizemos uma outra construção histórica cujo resultado, na balança comercial e nas contas externas do país, foi exuberante.
CC: E quais as diferenças sobre o papel do Estado, tema que deve também ocupar um espaço importante na campanha?
AM: Nós retomamos o estado planejador, o estado protagonista, nós fortalecemos as empresas estatais. Eles venderam quase todo o patrimônio. Se você pegar a revista Exame em 2006, eles diziam temos que vender a Petrobras e o Banco do Brasil. Na crise o que nós fizemos? O Banco do Brasil empresta mais hoje do que todos os bancos públicos emprestavam em 2002. O BNDES hoje é maior que o Banco Mundial. Na Caixa Econômica Federal só de crédito imobiliário são 47 bilhões de reais, tem 410 mil casas sendo construídas na faixa de 0 a 3 salários mínimos e esse programa foi lançado no auge da crise. Uma política que nunca foi feita no passado.
O que eles fizeram na crise? O Serra, vendeu a Nossa Caixa. No auge da crise, quanto estávamos usando os bancos públicos para fazer uma política de crédito em um grave cenário de crise de liquidez, eles estavam vendendo a Nossa Caixa. Aumentaram os impostos na capital, o IPTU, fizeram um programa de distribuição tributária em São Paulo que aumentou a carga tributária do estado, enquanto nós estávamos desonerando o setor estratégico, dando liquidez e colocando nos bancos públicos.
CC: Mas o Brasil tem ainda sérios entraves nas áreas de energia e infraestrutura, não é?
AM: Vamos começar pela Petrobras: eles venderam um terço por 5 bilhões de dólares. A Petrobras hoje vale 208 bilhões de dólares e é a 18ª maior empresa do mundo na bolsa, segunda maior empresa de petróleo do mundo. Isso e a descoberta do pré-sal mostram a força da Petrobras ao substituir importações na cadeia produtiva de petróleo. O Lula acabou de inaugurar o primeiro navio construído em Pernambuco, no estaleiro, que é uma coisa que foi construída nesse governo. A Ferrovia Norte-Sul está com 7 mil pessoas trabalhando, com uma velocidade fantástica, estava parada há 20 anos.
E o que eles fizeram em ferrovias? Em 16 anos que eles governaram o estado de São Paulo? Venderam a FEPASA e privatizaram todo o setor ferroviário nacional, abandonaram qualquer planejamento de projeto estruturante sobre trilho. O modelo de estado era outro, a política externa era outra, a política econômica foi outra. Nós fizemos uma política econômica de um perfil keynesiano, inclusive na crise, anti cíclico, para retomar a capacidade de investimento e formulação de políticas públicas. O PAC é a reconstrução da capacidade de planejamento estratégico de projetos estruturantes de investimentos do estado, em parceria com a iniciativa privada, que o Brasil tinha perdido a ideia de planejamento, projeto estruturante, papel protagonista do estado no impulso de seu desenvolvimento. Nós somos, na realidade, o que um novo desenvolvimentismo e a marca fundamental desse novo desenvolvimentismo é o social como eixo estruturante do econômico.
A ideia força desse governo foi criar um mercado de consumo de massa, eles diziam que se o salário mínimo crescesse a inflação voltava. Teve um crescimento de 74% do salário mínimo, eles jamais pensaram em um programa como o Prouni. Nunca existiu um Prouni antes, ele colocou 726 mil alunos na universidade com bolsa de estudos.
(LEIA A PARTE FINAL DA ENTREVISTA NA SEGUNDA-FEIRA 17)
Dilma - tucanos não prepararam São Paulo para o futuro
Lustrosas
A prefeita Luizianne Lins assumiu o comando do PT, reafirmando a solidariedade do partido à reeleição do governador Cid Gomes...
Globo perde audiência e poder político
Comentava agora há pouco, com uma colega aqui na redação: definitivamente, a grande mídia perdeu força. Da próxima vez, o Mercadante deveria se manter mais calminho antes de renunciar...
Vejam: há duas semanas, a "Globo" bateu 3 ou 4 dias na "Record". Com apoio da "Folha", "Estadão" e outros... A Record respondeu, e a questão ganhou a internet. O Portal Terra fez uma enquete perguntando "qual das emissoras tem razão?". A Record ganhou, disparado. Não me emociono nem um pouco com isso pelo fato de trabalhar na Record. Não é isso. O que me chama atenção é como o canhão da "Globo" perde força, a cada burrada de Ali Kamel (aquele diretor de jornalismo da "Globo" que tem como "cover" um ator pornô).
Agora, de novo. Duas semanas (pra não dizer 7 anos) de pancada no PT. A mídia serrista anuncia que o partido vai acabar.Aí o UOL faz uma enquete , perguntando "qual é o partido mais sério do país". Vejam o resultado das 21h41 de segunda-feira (24 de agosto):
1) PT - 42,40%;
2) PSDB - 19,83%;
3) PMDB - 10,94%
(seguem os demais)
O público do UOL é petista? O PT lançou uma campanha para que os filiados votassem na enquete? Entrei no site do PT e não achei nada.
O canhão da grande mídia é que vai perdendo força.
O Portal Vermelho (ligado ao PCdoB) traz números impressionantes , a mostrar o que se passa na TV brasileira.
Depois de ler, eu conclui: o Ali Kamel, como estrategista de TV, daria um belo ator pornô.
Confiram...
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GLOBO PERDE AUDIÊNCIA, PODER ECONÔMICO E POLÍTICO - http://www.vermelho.org.br/index.php
A TV Globo, ao declarar guerra à TV Record, acabou dando um tiro no pé, conseguindo chamar atenção para a concorrente, e perdeu audiência. Durante o domingo, a Record conseguiu a liderança de audiência em diversos horários. As informações e a análise são do blog "Os amigos do presidente Lula".
Segundo os índices prévios da Grande São Paulo, o "Domingo Espetacular" chegou a vencer o Fantástico por 22 a 16 pontos. O reality show "A Fazenda" superou a meta que a Record havia estabelecido: passou dos 30 pontos, chegando a 32 pontos contra 9 da Globo, a maior diferença na história da Record sobre a concorrente.
O filme "A Era do Gelo" também ocupou a liderança isolada com 14,5 pontos.
Durante todo o domingo, na média SP, a Record conseguiu audiência muito próxima à da Globo:
Globo: 15,9
Record: 12,5
Sbt: 8,1
Band: 2,6
RedeTv: 2,2
Cultura: 1,1
Nesta segunda, na programação matinal a Globo caiu para o terceiro lugar às 10hs. A Record atingiu o dobro da audiência da Globo no Rio de Janeiro, e quase o dobro em SP.
9:59 SP
Record: 8,4
Sbt: 6,6
Globo: 4,8
Rio 10:01
Record 12,0
Sbt 9,4
Globo 6,1
O que o povo ganha com a briga dos Marinho com Macedo? Ou o que programas de entretenimento como reality show, Gugu, Faustão afeta a política nacional?
A Globo perde poder econômico, político, e capacidade de manipular eleições.
Ao dividir a audiência, dividirá também as verbas do mercado publicitário (tanto público como privado), e perderá poder econômico.
Ao ter telejornais competindo de igual para igual, perde o monopólio da "formação da opinião pública", e a capacidade de exercer lobby e manipulação política.
Fica mais complicado esconder notícias, que o concorrente levará ao ar, pois acabará perdendo mais audiência do que perdeu, quando o telespectador se dá conta que está sendo mal informado. Fica mais complicado não dar direito de resposta, pois a resposta será conseguida no concorrente.
A Globo sempre atuou em simbiose com o poder. Trocava apoio político na linha editorial por acesso privilegiado aos cofres públicos. A Globo sempre ajudou a eleger "amigos" e depois recebia seu quinhão em troca do apoio ao governo, seja através de anúncios superdimensionados (como a propaganda da SABESP em rede nacional), seja através de empréstimos generosos, concessões indevidas, facilidades nos ministérios para si, e imposição de dificuldades para a concorrência.
O esquema da Globo de simbiose com o poder federal desandou com a eleição de Lula. Ela tenta recuperar com a eleição de Serra.
Com menos audiência, e com a Record nos calcanhares, a Globo vai continuar manipulando até 2010 para tentar eleger Serra, mas terá mais dificuldade em convencer, terá que ser mais sutil, uma vez que haverá um noticiário de contraponto, com audiência de peso.
Por outro lado, por mais que a Record cresça, nunca conseguirá ter o poder que teve a Globo no passado, e por isso não corremos o risco de trocar um monopólio privado por outro.
Hoje existe a internet como fonte de informação, e a cada mes mais brasileiros ingressam na rede, e a usam com fonte de informação, reduzindo a influência da TV. A TV digital, também criará, a médio prazo, um ambiente de diversidade de canais gratuítos semelhante às TV's por assinatura, incluindo os canais públicos e comunitários. Os movimentos socais pela democratização dos meios de comunicação, também se mobilizam e conquistam apoios oficiais no governo federal. É certo que haverá conquistas, em maior ou menor escala, dependendo da pressão popular.
Porta voz da mídia
Se é assim, eu também não vou, de minha parte, encerrar o assunto e deixar de comentar a seu respeito. Ou sobre a atitude da mídia em relação ao mesmo.
Ocorre que a crise do Senado, do Renan e do Sarney não colou. Também não colou a crise do Mercadante e a do PT.
Sarneygate - considerações finais
Freiras, sonsos e oportunistas
Dirceu também critica Mercadante
Além da repreensão ao companheiro de partido, o blog de Dirceu têm nos últimos dias alfinetado aqueles que criticam a permanência de Sarney na presidência do Senado. Em um dos textos publicados, o ex-ministro chama o senador peemedebista Pedro Simon (PMDB-RS) de "Catão da República", ironizando a fama de austero do parlamentar. No blog, Dirceu critica também a posição "pouco atuante" de Simon contra os escândalos que envolvem a governadora do Rio Grande do Sul, a tucana Yeda Crusius.
Entrevista com Mercadante
Conversa Afiada – Senador, o governo conseguiu montar uma direção da CPI da Petrobrás que aparentemente mantém o controle da CPI. O que o senhor acredita que a oposição poderá fazer agora?
Aloizio Mercadante – Nós temos uma maioria ampla, de 8 a 3. É evidente que, dependendo do assunto, pode ter alguma alteração, mas acho o governo vai ter todo o controle da CPI e é importante que tenha. Primeiro, porque não é verdade o que a oposição tem dito, que é uma tradição no Senado que a oposição tem a presidência ou relatoria e a base do governo tem a presidência ou a relatoria. No governo Fernando Henrique Cardoso, quando eles eram maioria, nunca tivemos qualquer relatoria ou qualquer presidência de CPI. Mesmo onde o PSDB é maioria, como é o caso do governo Yeda Crusius, no Rio Grande do Sul, Beto Richa, em Curitiba, que têm denúncias graves hoje, gravadas, de reconhecimento público. Talvez em São Paulo, o caso Alstom, que tem um suspeito, que hoje está no Tribunal de Contas, com uma conta bloqueada na Suíça, não tem sequer CPI.
Então, CPI é um instrumento da minoria quando ela tem condição de constituir uma CPI, que é o caso que eles têm hoje aqui, condições de instituir uma CPI sobre a Petrobrás. Por que o governo quer ter o controle desse processo? Porque a Petrobrás é uma empresa muito importante para o Brasil. É a maior empresa brasileira e a segunda maior empresa de petróleo do mundo. Nós estamos vivendo uma crise internacional em que as grandes empresas do mundo estão precisando ser salvas pelos seus governos. A GM recebeu US$ 50 bilhões do governo americano para salvar a empresa. A Chrysler, os grandes bancos americanos. Isso está se repetindo na União Européia, no Japão.
No Brasil não há necessidade de colocar dinheiro público para salvar empresa, e muito menos as grandes empresas. O Brasil está bem economicamente e vai sair mais rápido dessa crise. Agora, a Petrobrás é a maior empresa. Ela investe mais do que a União. Ela gera 1 milhão de empregos para a cadeia produtiva direta. Ela tem 54 mil funcionários. Ela produz petróleo, está presente em 28 países do planeta. É a segunda empresa de petróleo mais valorizada pelo mercado no mundo. E essa empresa, o que ela é, é só comparar com o governo Fernando Henrique Cardoso. De lá para cá a Petrobrás aumentou 600% o faturamento no governo Lula. E 800% os investimentos no governo Lula. Fez a maior descoberta de petróleo dos últimos 30 anos da economia mundial, com essa diretoria, com essa empresa que aí está. A mais importante descoberta, que é o pré-sal. A reserva provada mais do que dobrou as reservas que o Brasil tinha. Nós tínhamos 14 bilhões de barris. Só o pré-sal que já está provado: Tupi, Iara, e alguns poços, já mais do que dobra as reservas do Brasil. Ela é muito importante.
Nós não podemos transformar a Petrobrás num palanque de disputa eleitoral antecipada. Nós queremos que haja responsabilidade, que haja equilíbrio. Que se apurem os fatos determinados, que é um direito da minoria. Mas nós vamos exercer nossa maioria para defender uma empresa que é estratégica para o Brasil, para a economia brasileira, especialmente neste grave momento de crise da economia internacional.
CAF – Hoje a imprensa fala que o governo já decidiu que o sistema exploração do pré-sal vai ser um sistema de partilha, com a criação de uma segunda empresa estatal, que vai administrar um fundo… Por que essa opção pela partilha e por que isso foi anunciado exatamente no dia em que se instalou a CPI da Petrobrás?
AM – Isso foi anunciado ontem porque houve uma reunião ministerial para poder apresentar e coesionar o governo, porque todo mundo sabe que é fundamental para o Brasil. Paulo Henrique Amorim, só o que nós temos ali descoberto em petróleo vai de 8 a 14 bilhões de barris, em Iara, só em dois poços… Pode ser um pouco mais, chegar a 18 bilhões de barris. Se nós fizermos aí um cálculo simplório, vamos botar aí US$ 70 o barril, nós estamos falando aí… Vamos supor… Ser for 7 bilhões de barris, seria meio trilhão de dólares; se for 15 bilhões de barris, seriam dois trilhões de dólares. Então, nós estamos falando de no mínimo um trilhão e meio de dólares, que é o que já foi descoberto em reservas. Quanto as empresas pagaram no regime anterior de concessão, nos consórcios todos que foram formados, inclusive a Petrobrás, para poder ter essas reservas? Quando a empresa descobre a reserva, pelo regime atual (anterior), a reserva é da empresa, não é mais do país. Ela pode explorar durante 23 anos e passa para o balanço da empresa. É exatamente por isso que o balanço da Pertrobrás explodiu, o balanço da Petrobras no mercado, porque descobriu e está em processo de descobrir novas reservas.
Bom, quanto essas empresas pagaram por todos os blocos do pré-sal? R$ 320 milhões, numa coisa que hoje já vale US$ 1,5 trilhão e que pode chegar a US$ 5 trilhões. Então não pode continuar esse sistema. O que as empresas queriam? As grandes empresas mundiais de petróleo têm tecnologia, têm dinheiro, têm refino, têm distribuição, mas não têm reservas. Então, estão buscando reservas onde elas existem. O que foi a guerra do Iraque senão disputa por reservas estratégicas de petróleo? A guerra do Iraque não foi [motivada para combater] armas de destruição de massa. Está comprovado que não tinha. Nem era o problema de ditadura. Tem várias ditaduras no mundo e nem por isso os Estados Unidos as atacaram. A disputa estratégica ali é que metade das reservas… estão no Iraque. E as reservas usadas pelo governo de Saddam Hussein, que era uma ditadura… estavam vendendo derivados para a China.
Há uma grande disputa estratégica por reservas de petróelo. O Brasil fez a mais importante descoberta de reservas de petróleo. Então, nós temos preservar que essas reservas para que fiquem sob controle. Não é deste governo, é do estado brasileiro, das futuras gerações. Que o Brasil administre isso a longo prazo. Não é como outros países que descobriram grandes reservas e erraram. É só olhar o que aconteceu com a Venezuela, com o Iraque, com o Irã, Arábia Saudita. O Brasil não pode repetir isso.
Ao atacar a Petrobrás, na realidade você está pensando em fazer um jogo que favorece a privatização dessas reservas, favorece manter o modelo anterior. Na medida em que o governo falou: vamos mudar as regras, começou o ataque à Petrobrás. Você pode olhar aí: no momento em que falou “vou mudar regras para manter o controle para manter o controle do estado brasileiro, da nação brasileira, das futuras gerações, sobre as reservas de petróleo”, começou o ataque à Petrobrás. Por quê? Porque ao fragilizar a Petrobrás, você abre um discurso que é melhor privatizar as reservas. Ao fortalecer a Petrobrás como empresa púbica, que é a segunda maior empresa do mundo hoje, é uma empresa que descobriu essas reservas, com essa diretoria que está aí. Foi assim que foram descobertas essas reservas. Eles foram até 7 mil metros de profundidade no pré-sal e descobriram.
Ao você vulnerabilizar a Petrobrás, você tenta manter o modelo anterior. Ao fortalecer a Petrobrás, que substitui importações, porque trouxe sondas, porque trouxe plataformas, porque gera empregos, porque a empresa se valorizou, você fortalece a mudança do modelo. Essa é a disputa da CPI. Essa é a disputa do Congresso.
Nós queremos um novo marco regulatório. Um escritório para administrar as reservas no regime de partilha. Por que o regime de partilha? No regime de partilha, o consórcio que for produzido… a Petrobrás vai ter uma liderança natural, pois ela já conhece aquela região e vai ter mais equipamentos… No regime de partilha , [o consórcio] vai pagar ao governo uma parte da produção. Então, o preço do petróleo pode mudar, mas o governo vai estar sempre ganhando. A sociedade estará sempre ganhando. Nós queremos que uma parte desses recursos constitua um fundo social para fazer uma revolução na educação e para melhorar a saúde pública no Brasil. Mudar os critérios de aplicação dos royalties dos recursos do petróleo, mantendo o que tinha como está e essas receitas novas para fazer educação e saúde para todos.