Outra carta da Dorinha, por Luis Fernando Veríssimo
Recebo outra carta da ravissante Dora Avante. Dorinha, como se sabe, não confessa a idade mas diz ser absolutamente falso que o número do seu primeiro telefone era 2, porque o 1 era do Alexander Graham Bell.
Ela desistiu de desfilar como madrinha de bateria neste carnaval depois do lamentável incidente, ainda não devidamente esclarecido, do ano passado, quando seu tapa-sexo engatou num agogô. Dorinha ainda não sabe o que vai fazer no carnaval, só sabe que quer manter uma distância segura de qualquer desfile, inclusive porque ainda não recuperou o tapa-sexo.
Ela está até pensando em...
Mas deixemos que a própria Dorinha nos conte. Sua carta veio, como sempre, escrita com tinta lilás em papel azul, cheirando a “Oui! Oui!”, um perfume banido em vários países.
“Caríssimo! Beijos estalados, você escolhe onde. Estou num impasse. Na verdade estou numa sauna mista, o que explica a tinta corrida, mas indecisa. Ainda não decidi como fugir do carnaval. Todos sabem que já tive meus momentos de gloria na avenida, incluindo a vez em que eu e o Clóvis Bornay fomos destaques juntos e ficamos presos na fiação durante meia hora, aproveitando para pôr as fofocas em dia.
Outra vez desfilei com os seios nus, com grande sucesso, mas,