Jeferson Miola: Dallagnol precisa desenhar o power point do juiz Moro
O juiz midiático e os não menos espalhafatosos procuradores da Lava Jato, sempre muito loquazes e garbosos frente às câmeras, os microfones e os púlpitos nos quais proferem suas rentáveis palestras, curiosamente parecem acometidos por uma síndrome de comedimento verbal.
Depois que Tacla Durán denunciou a proposta de suborno de Zucolotto Júnior – seriam US$ 5 milhões em troca de favorecimento em acordo de delação a ser firmado com a força-tarefa da Lava Jato – Moro e os procuradores se pronunciaram numa única ocasião, através de notas oficiais intencionalmente genéricas.
Assim mesmo, se manifestaram sem a ira e a indignação habitual com que reagem sempre e quando questionados. Além disso, espantosamente não anunciaram processos judiciais contra TaclaDurán, o que seria esperável caso se sentissem vítimas de crimes de calúnia, injúria e difamação.
Carlos Zucolotto sequer se pronunciou. Decerto ele se sentiu dispensado de prestar contas à sociedade, diante do gesto de solidariedade do juiz Moro, que estranhamente se incumbiu de defendê-lo. Em nota oficial, Moro declarou: "O advogado Carlos Zucolotto Jr. é advogado sério e competente, atua na área trabalhista e não atua na área criminal. ... O advogado Carlos Zucolotto Jr. é meu amigo pessoal e lamento que o seu nome seja utilizado por um acusado foragido e em uma matéria jornalística irresponsável para denegrir-me".
Rosângela é esposa de Moro, e Zucolotto o "amigo pessoal" e padrinho de casamento da Rosângela com o juiz Moro. Rosângela e Zucolotto tiveram sociedade no escritório de advocacia que representava o escritório de Tacla Durán no Paraná, e eles receberam honorários por isso, como comprova o levantamento da Receita Federal.
O escritório de Rodrigo Tacla Durán, sabia-se já em 2015, quando a Receita Federal levantou as informações sobre o trabalho prestado por Zucolotto e Rosângela Moro [coincidentemente, Rosângela se desligou do escritório de Zucolotto na época em que o mesmo entrou no radar de investigação da PF e Receita Federal], era dedicado às falcatruas de corrupção, associação criminosa e lavagem de dinheiro.
O mínimo que se esperaria de Moro e dos procuradores da Lava Jato seria o compromisso com o esclarecimento cabal dos fatos, para afastar quaisquer dúvidas sobre fatos que tem o potencial de escândalo da proporção de uma hecatombe.