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do Sujíssimo blogueiro Rodrigo Vianna

A FORÇA SIMBÓLICA NO ATO COM DILMA E LULA NA PUC DE SÃO PAULO

Desde a campanha de 89 que não se via um ato político com tamanha carga de emoção em São Paulo. Os paulistas que votam no PT (e também aqueles que, apesar de não gostarem tanto do PT, resolveram reagir à onda de ódio e conservadorismo que tomou conta das ruas) foram nesta segunda-feira/20 de outubro para o TUCA – histórico teatro da PUC-SP, no bairro de Perdizes. Continua>>>

A maior do mundo é High-Tech

A PUC Minas ganhou o título de maior universidade católica do mundo. 
O reconhecimento veio do Vaticano. 
Fundada há 52 anos, a instituição tem 63,5 mil alunos e 4 mil empregados, distribuídos em cinco câmpus pelo estado e outras cinco unidades menores. 
Investimentos em pesquisa ajudaram a consolidar essa trajetória. 
Desde 2003, os recursos destinados a laboratórios e projetos de inovação saltaram de R$ 500 mil para R$ 30 milhões. Parte disso foi para o simulador solar do Grupo de Estudos em Energia, no câmpus da PUC Minas no Bairro Coração Eucarístico, região Noroeste de Belo Horizonte.

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A goiabada da Vovó



Ilustríssimos Colegas da Mesa, Senhor Presidente, meus queridos alunos, Senhoras e Senhores. 



Para mim é um privilégio ter sido escolhido paraninfo desta turma. Esta é como se fôra a última aula do curso. O último encontro, que já deixa saudades. Um momento festivo, mas também de reflexão.



Se  eu fosse escolhido paraninfo  de uma turma de  direito, talvez eu falasse  a importância do advogado  que defende a justiça  e não apenas o  réu. Se eu fosse  escolhido paraninfo de  uma turma de medicina,  talvez eu falasse da  importância do médico  que coloca o amor  ao próximo acima dos  seus lucros profissionais. Mas,  como sou paraninfo de  uma turma de engenheiros,  vou falar da importância  do engenheiro para o  desenvolvimento do Brasil. 



Para  começar, vamos falar  de bananas e do  doce de banana, que  eu vou chamar de  bananada especial, inventada  (ou projetada) pela  nossa vovozinha lá  em casa, depois que  várias receitas prontas  não deram certo. 
É isso mesmo. Para entendermos a importância do engenheiro vamos falar de bananas, bananadas e vovó.


A  banana é um recurso  natural, que não sofreu  nenhuma transformação. 

A  bananada é = 
a  banana + 
outros  ingredientes + 
a  energia térmica  fornecida  pelo fogão + 
o  trabalho da vovó... 
e  + 
o  conhecimento, ou tecnologia  da vovó.


Bem,  a vovó é a dona  do conhecimento, uma  espécie de engenheira  da culinária. 

E  a vovó? 
A  bananada é um produto  pronto, que eu vou chamar de riqueza.


Agora,  vamos supor que a  banana e a bananada  sejam vendidas.

Um quilo de banana custa um real. 

Já um quilo da bananada custa cinco reais.

Por que essa diferença  de preços?



Agora,  quando a vovó, ou  a indústria, faz a  bananada, ela cria empregos  na indústria  do açúcar, da cana-de-açúcar, do gás de cozinha, na indústria de fogões, de panelas, de colheres  e até na de embalagens, porque tudo isto é  necessário para se  fabricar a bananada. 

Porque quando nós colhemos um cacho de bananas na bananeira, criamos penas um emprego: o de colhedor de bananas. 
Resumindo: 1kg de bananada é  mais caro do que 1kg de banana porque a bananada é igual banana mais tecnologia agregada, e a sua fabricação criou mais empregos do que simplesmente colher o cacho de bananas da bananeira. 
Agora vamos falar de outro exemplo que acontece  no dia-a-dia no comércio mundial de mercadorias. 
Em  média: 1kg de soja custa US$ 0,10 1kg de automóvel custa US$ 10, isto é,  100 vezes mais, 1kg  de aparelho eletrônico custa US$ 100, 1kg  de avião custa US$1.000 (10mil quilos de soja) e 1kg de satélite  custa US$ 50.000. 
Vejam, quanto mais tecnologia  agregada tem um produto,  maior é o seu  preço, mais empregos  foram gerados na sua  fabricação.


Os  países ricos sabem disso muito bem. Eles investem na pesquisa  científica e tecnológica. 

Por exemplo: eles nos vendem uma placa de computador que pesa  100g por US$ 250. 

Para  pagarmos esta plaquinha  eletrônica, o Brasil  precisa exportar 20  toneladas de minério  de ferro. 
  A fabricação de placas de computador criou milhares de bons empregos lá no estrangeiro, enquanto que a extração do minério de ferro, cria pouquíssimos e péssimos empregos aqui no Brasil. 
O Japão é pobre em  recursos naturais, mas é um país rico.
O Brasil é rico em energia e recursos naturais, mas é um país pobre.

Os países ricos, são ricos materialmente porque eles produzem riquezas.

Riqueza vem de rico. Pobreza vem de pobre.

País pobre é aquele que não consegue produzir riquezas para o seu povo.

Se conseguisse, não  seria pobre, seria país  rico. 



Gostaria  de deixar bem claro três coisas:

1º)  quando me refiro à  palavra riqueza, não  estou me referindo a  jóias nem a supérfluos.  Estou me referindo àqueles  bens necessários para  que o ser humano  viva com um mínimo  de dignidade e conforto;

2º) não estou defendendo o consumismo materialista como uma forma de vida, muito pelo contrário;

3º)  e acho abominável aqueles  que colocam os valores  das riquezas materiais  acima dos valores da  riqueza interior do  ser humano.  

Existem  nações que são ricas, mas que agem de forma extremamente pobre e desumana em relação a outros povos.


Creio que agora posso falar do ponto principal.  

Para que o nosso Brasil torne-se um País rico, com o seu povo vivendo com dignidade,  temos que produzir mais  riquezas. 
  Para tal, precisamos de conhecimento, ou tecnologia já que temos abundância de recursos naturais e energia.  
E  quem desenvolve tecnologias  são os cientistas e  os engenheiros, como  estes jovens que estão  se formando hoje. 
  Infelizmente, o Brasil é muito dependente da tecnologia externa.
Quando fabricamos bens com alta tecnologia, fazemos apenas a parte final da produção.


Por  exemplo: o Brasil produz  5 milhões de televisores  por ano e nenhum  brasileiro projeta televisor. O miolo da TV, do telefone celular  e de todos os aparelhos  eletrônicos, é todo importado.   



Somos meros montadores de kits eletrônicos. 

  Casos semelhantes também acontecem na indústria mecânica, de remédios e, incrível, até na de alimentos.
O Brasil entra com a mão-de-obra barata e os recursos naturais. Os projetos, a tecnologia, o chamado pulo do gato, ficam no estrangeiro, com os verdadeiros donos do negócio.

Resta ao Brasil lidar  com as chamadas caixas  pretas. 



É importante compreendermos que os donos dos projetos tecnológicos são os donos das decisões econômicas, são os donos do dinheiro, são os donos das riquezas do mundo.


Assim como as águas dos rios correm para o mar, as riquezas do mundo correm  em  direção aos países detentores das tecnologias avançadas.

A dependência científica e tecnológica acarretou para nós brasileiros a dependência econômica, política e cultural.

Não podemos admitir a continuação da situação esdrúxula, onde 70% do PIB brasileiro é controlado por não residentes.

Ninguém pode progredir entregando o seu talão de cheques e a chave de sua casa para o vizinho fazer o que bem entender.



Eu tenho a convicção que desenvolvimento científico e tecnológico aqui no Brasil garantirá  aos brasileiros a soberania  das decisões econômicas,  políticas e culturais. 

Garantirá  trocas mais justas no  comércio exterior.
Garantirá a criação de mais e melhores empregos.



E, se toda a produção de riquezas for bem distribuída, teremos a erradicação dos graves  problemas sociais. 

O curso de engenharia da PUC, com todas  as suas possíveis deficiências, visa a formar engenheiros capazes de desenvolver tecnologias.
É o chamado engenheiro de concepção, ou engenheiro de projetos.



Infelizmente, o mercado nacionalizado nem sempre aproveita todo este potencial  científico dos nossos engenheiros.

Nós, professores, não podemos nos curvar às  deformações do mercado.

Temos que continuar formando engenheiros com conhecimentos iguais aos melhores do mundo.



Eu posso garantir a todos os presentes, principalmente aos pais, que qualquer um destes formandos é tão ou mais inteligente do que qualquer engenheiro americano, japonês  ou alemão.  

Os meus quase trinta anos de magistério, lecionando  desde o antigo ginásio até a universidade, dá-me autoridade para  afirmar que o brasileiro  não é inferior a  ninguém, pelo contrário, dizem até que somos  muito mais criativos do que os habitantes do chamado primeiro mundo.


O que me revolta, como professor cidadão, é  ver que as decisões  políticas tomadas por  pessoas despreparadas ou corruptas, são responsáveis  pela queima e destruição  de inteligências brasileiras  que poderiam, com o conhecimento apropriado, transformar o nosso Brasil num país florescente, próspero e socialmente  justo.  

Acredito que o mundo ideal  seja aquele totalmente  globalizado, mas uma  globalização que inclua a democratização das decisões e a distribuição justa do trabalho e das riquezas.
Infelizmente, isto ainda está longe de acontecer, até por limitações físicas da própria natureza.

Assim, quem pensa que a solução para os nossos problemas virá lá de fora, está muito enganado.



O dia que um presidente da República, em vez de ficar passeando como um dândi pelos palácios do primeiro mundo, resolver liderar um autêntico projeto de desenvolvimento  nacional, certamente o Brasil vai precisar, em todas as áreas, de pessoas bem preparadas.


Só  assim seremos capazes de caminhar com autonomia e tomar decisões que beneficiem verdadeiramente a sociedade brasileira. 

Será a construção de um Brasil realmente moderno, mais justo, inserido de forma soberana na economia mundial e não como um reles fornecedor de recursos naturais e  mão-de-obra aviltada.



Quando isto ocorrer, e eu espero que seja em breve, o nosso País poderá aproveitar de  forma muito mais eficaz a inteligência e o preparo intelectual dos brasileiros e, em particular, de todos vocês, meus  queridos alunos, porque vocês já foram testados  e aprovados.


Finalmente, gostaria de parabenizar a todos os pais pela contribuição positiva que deram à nossa sociedade possibilitando a formação dos seus filhos no curso de engenharia da PUC.

A alegria dos senhores, também é a nossa  alegria.

Muito Obrigado."


Prof.  Jorge Ferreira da Silva

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