O presidente Aécio Neves afirmou no Peru que o ciclo do PT chegou ao fim. Prova disso é a vitória dele em 2014.
@palmeriodoria
O presidente Aécio Neves afirmou no Peru que o ciclo do PT chegou ao fim. Prova disso é a vitória dele em 2014.
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O ex-governador tem sido poupado pelos liderados, embora seja grande a expectativa quanto ao seu futuro
Recluso, com dedicação exclusiva à família, leituras e, por certo, estudando o projeto de futuro, sem qualquer discussão externa sobre política, nem mesmo com os seus mais próximos aliados, ficou Cid Gomes (PROS), ex-ministro da Educação e ex-governador do Ceará, em Fortaleza, desde quando entregou o cargo de ministro, após a sessão da sua tumultuada convocação para prestar esclarecimentos à Câmara dos Deputados, no último dia 18, em razão de sua afirmação da existência de uns "400, 300 achacadores", naquela Casa do Congresso Nacional.
Até agora, os amigos mais próximos estão respeitando o seu retiro, necessário não só para o descanso que ele reclamava antes de ser ministro, mas, importante para arquitetar os projetos de futuro, diante do enquadramento sofrido, no cenário nacional, por conta da saída do Ministério e do fim das facilidades de criação de novos partidos, uma das pretensões do ex-governador com o objetivo de fortalecer a base de apoio da presidente Dilma, enfraquecendo o PMDB, além de ter segurança partidária para suas futuras disputas locais ou nacional.
Contemplados
É incomum a posição do ex-ministro Cid no Governo Federal. Ele saiu do ministério, em que não deveria ter entrado, por questões alheias à sua gestão na Pasta da Educação, portanto, não incompatibilizado com a presidente, mas com o PMDB, parte do ajuntamento político da coalização; porém, embora continuando aliado de Dilma do seu mandato deverá ficar distante, para o bem de ambos, pelo menos durante um certo tempo, frustrando a muito dos companheiros de jornada política, que esperavam ser contemplados, como os correligionários dos outros grupos governistas, com posições na administração Central.
E o que fazer diante dessa realidade? Ele próprio talvez ainda não tenha decidido. As próximas eleições a disputar serão em 2018, e o Senado é o primeiro projeto, em dobradinha com o governador Camilo Santana, continuando a situação até mesmo como está hoje. Porém, para chegar até lá os espaços precisam ser ocupados, agora também dividido com a vida privada. Há quem defenda uma investida sua no cenário nacional, aproveitando o discurso forte proferido na Câmara dos Deputados, motivador da sua exoneração do Ministério da Educação.
Não está descartada, também, uma temporada fora do Brasil. Agora, não mais para trabalhar no Banco Mundial, pois isso dependeria do Governo Federal e, por razões óbvias, descartam de imediato, mas para estudos, até acalmar o clima de ebulição da política nacional, onde pretende se inserir mais fortemente. Para a política do Ceará, a perspectiva é de que ele dedique mais tempo apenas na metade do próximo ano, para ajudar o seu grupo na disputa por prefeituras, a partir da de Fortaleza, com a postulação do prefeito Roberto Cláudio à sucessão.
Livres
Hoje, mais do que antes, integrantes do grupo do ex-governador sentem a falta de uma segurança partidária. O PROS, quando Cid administrando o Ceará e até ministro da Educação, chegou a causar algumas dificuldades aos interesses políticos dos seus acompanhantes cearenses, sugerindo a se admitir mais turbulências e preocupação com a posição dos dirigentes nacionais da sigla no momento de definição de confirmação de legendas para os candidatos do próximo pleito, e mais ainda do seguinte, nas eleições nacionais e estaduais, de interesse maior do ex-governador.
Cid e Ciro, sem mandatos, estão livres para ingressarem em qualquer dos atuais partidos, menos o PMDB, lógico. Os detentores de mandatos não executivos já não têm a mesma liberdade. Estimular uma fusão de partidos como pretendia, ou criar uma nova legenda, também nos planos, a partir de agora está bem mais difícil pelas novas regras criadas, diretamente para atingir os cearenses e o projeto do ministro das Cidades Gilberto Kassab, idealizador da ressuscitação do PL, talvez salvo pelo pedido de registro dos seus estatutos no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), um dia antes da sanção da lei.
By Edison Silva
Editor de política
"Tudo aquilo que chamamos de sabedoria surge quando estamos olhando de forma mais ampla"—Lama Padma Samten (durante o Retiro de Verão 2015)
"Quando você vê uma pessoa, é muito difícil não olhar de dentro de uma bolha" —Lama Padma Samten (durante o Retiro de Verão 2015)
Segundo jornal, Bradesco, Santander, BR Foods, Camargo Corrêa, Petrobras e a RBS, afiliada da Globo no RS, estariam ligados ao esquema de corrupção
por Redação
A operação realizada na quinta-feira 26 por diversos órgãos federais contra um esquema que causava o sumiço de débitos tributários, uma forma de desfalcar os cofres públicos, identificou várias grandes empresas e bancos entre os suspeitos de pagar propina para se livrarem de dívidas. Entre estas empresas está a RBS, maior afiliada da Rede Globo. Os investigadores, segundo o jornal o Estado de S. Paulo, desconfiam que a RBS pagou 15 milhões de reais para que desaparecesse um débito de 150 milhões de reais. Estariam envolvidas também Ford, Mitsubishi, BR Foods, Camargo Corrêa, Light, Petrobras e os bancos Bradesco, Santander, Safra, BankBoston e Pactual.
O esquema desbaratado pela Operação Zelotes subtraiu do Erário pelos menos 5,7 bilhões de reais, de acordo com as investigações de uma força-tarefa formada por Receita Federal, Polícia Federal, Ministério Público Federal e a Corregedoria do Ministério da Fazenda.
O esquema atuava no Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf), órgão da Fazenda onde contribuintes podem contestar administrativamente – ou seja, sem passar pela Justiça – certas tributações aplicadas pela Receita.
A força-tarefa descobriu a existência de empresas de consultoria a vender serviços de redução ou desaparecimento de débitos fiscais no Carf. Tais consultorias tinham como sócios conselheiros ou ex-conselheiros do Carf. Elas conseguiam controlar o resultado dos julgamentos via pagamento de propinas. Entre seus clientes, estão as grandes empresas citadas pelo Estadão.
As investigações começaram no fim de 2013. Já foram examinados 70 processos em andamento ou já encerrados no Carf. No total, eles somam 19 bilhões de reais em tributos. Deste montante, os investigadores estão convencidos de que 5,7 bilhões foram ilegalmente "desaparecidos" nos processos já encerrados. Entre os crimes apurados na Zelotes, estão advocacia administrativa, tráfico de influência, corrupção, associação criminosa e lavagem de dinheiro.
Na operação, houve busca e apreensão em Brasília, Ceará e São Paulo. Na capital federal, foram apreendidos 16 carros – entre veículos de luxo, nacionais e importados –, três motos, joias, cerca de 1,8 milhão de reais, 9 mil dólares e 1,5 mil euros. Em São Paulo, foram apreendidos dez veículos e 240 mil, em reais e moeda estrangeira. No Ceará, dois veículos também foram apreendidos.
O Ministério da Fazenda informou que já abriu processos administrativos contras as empresas envolvidas, tendo como base a Lei Anticorrupção, a mesma que dá suporte a processos da Controladoria Geral da União contra empreiteiras metidas na Lava Jato.
Todas as empresas citadas pelo Estadão disseram ao jornal desconhecer as denúncias ou se negaram a comentar o caso.
Abaixo, a lista de débitos investigados de algumas das empresas, segundo o Estadão:
Santander – R$ 3,3 bilhões
Bradesco – R$ 2,7 bilhões
Gerdau – R$ 1,2 bilhão
Safra – R$ 767 milhões
RBS – R$ 672 milhões
Camargo Corrêa – R$ 668 milhões
Bank Boston – R$ 106 milhões
Petrobras – R$ 53 milhões
"On a raison de se révolter", dizia o filósofo francês Jean-Paul Sartre no fim da vida, quando, depois de maio de 1968, se cansou de esperar que o Partido Comunista se consertasse e fez causa comum com os maoistas. Não é fácil traduzir a frase de Sartre. Seria algo como "tem razão quem se revolta".
Mas qual razão, quanta razão? Eu diria que é a razão do sintoma: sente-se a dor, procura-se a infecção, mas queixar-se não é diagnosticar a doença, menos ainda curá-la. O último dia 15 de março foi isso. A queixa é correta, o tecido social está sofrendo, mas diagnóstico e prognóstico ficaram pela metade.
A queixa: não se aguenta mais a corrupção. O caso da Petrobras mostra uma crise grave em uma de nossas maiores empresas. Pior, uma empresa que pertence a todos nós. Muito resta a explicar, da falta de controle à pura indecência. Como o PT foi entre tolerante e partícipe do processo, ele se torna a bola da vez.
A dor: como fizeram isso com nosso país? E o erro: fizeram, quem? Isso, o quê? Nosso, de nós, quem? Aqui está o problema.
Quem "fizeram" é só o PT ou, mais que ele, o PP ou, ainda mais, um sistema político que se acostumou a ser eficiente pela via da desonestidade? Porque há um subtexto em nossa sociedade que diz: resolva o problema, "não quero saber como".
Não queremos saber como funcionam as coisas, desde que elas funcionem. Vejam o que chamamos de "segurança pública". Ela depende muito da violência policial contra inocentes. Não queremos saber a que custo reina alguma paz em nossos bairros. O preço dessa paz é a violência contra três Ps: pobres, pretos e putas.
Ainda que insuficiente, a eficiência que o Estado consegue deve-se, em vários casos, ao "não quero nem saber". Só que agora está emergindo o iceberg inteiro. Nós nos acostumamos ao "por fora bela viola, por dentro pão bolorento"; fingíamos que não havia bolor, mas ele está aparecendo. Tanto no Metrô de São Paulo como na Petrobras.
O avanço da democracia desnuda esse preço, esse bolor. Há uma reação tola: não quero saber do preço. Um dos modos dessa reação é carimbar um culpado bem afastado de nós. O PT cumpre hoje esse papel de demônio, que já foi de Getúlio Vargas. Assim se afasta de nós esse cale-se. Somos poupados.
As manifestações do dia 15 de março, legítimas na medida em que "tem razão quem se revolta" (mas alguma razão, não toda), caíram no engodo de construir um Outro demoníaco, aquele que acabou com o que era doce. O passado fica como uma idade, senão de ouro, pelo menos de prata.
Um teste simples: se alguém contesta os males atuais em nome de um passado que teria sido melhor, essa pessoa está pelo menos mal informada. Nossa história tem podres que mal começamos a enxergar.
O presente pode parecer horrível, mas só porque expôs a chaga purulenta. O bom que era doce se assentava em mentiras. Aumentaram as mentiras? Ou, na sociedade da informação, é mais fácil descobri-las do que antes? O mensalão do DEM teria sido exposto, não fosse uma microcâmera escondida? Delações premiadas funcionariam se os cúmplices mantivessem a lealdade dos mafiosos, que morrem, mas não falam?
Sem uma força-tarefa como a da Operação Lava Jato, teriam sido pegos? Quem deve teme. Por que tantos querem que a investigação foque só o PT? A apuração não deve ser ampla, geral e irrestrita?
Tratar o sintoma não é a solução. Meias medidas são meros paliativos. É preciso chegar às causas. Venceremos a corrupção quando ela parar de servir de pretexto político de um lado contra o outro e for mesmo repudiada pela maior parte da população. Não é o caso –ainda.
PS. Se não bastassem as qualificações acadêmicas de Janine, ele tem uma enorme virtude. A ignorância o odeia, como você pode ver pelo número de posts em que Reinaldo Azevedo o atacava, mesmo fora do Govern0.