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Ao vencedor, as batatas

"A frase famosa do filósofo aloprado (melhor que “maluco”) Quincas Borba, amigo de Brás Cubas e de Rubião, serve até hoje para ironizar alguma disputa meio inútil. Ao invés de medalhas, batatas: é nisto que a vida dos simples se resume. Mas a frase pode ter outros sentidos..."  Continua>>>

Papo de homem

Em breve, além de pobre você será plebeu
Vou contar uma história rápida sobre seu futuro. Ela se passa no século dezenove.
Rastinac é um francês interiorano que se apaixona por uma mulher da alta sociedade parisiense, em tudo superior a ele, em tudo inacessível. Quando o desespero surge, Rastinac conhece um “mecânico” chamado Vautrin.
Vautrin é um malandro, e logo explica a Rastinac como as coisas funcionam naquela sociedade.

Papo de homem

E se a gente direcionasse a nossa atenção para conteúdos realmente importantes?...

Já deu de euforia por saber que estamos a seis graus de separação de qualquer pessoa e disseminar inspiração e risadas e ideias e uaus e indignações e boatos e selfies apenas por disseminar.
Deu de “curtir” histericamente, de bater no peito com orgulho por ser da zoeira, desse papo sacal de você é o que você compartilha.

Nacionalismo e patriotismo não fazem mais sentido?

Pergunta: "Pinheiro em seu artigo A inútil luta contra os galhos: o governo como boneco de judas, você diz:
“Ainda vivemos sob a ilusão, fomentada por eventos esportivos e pela imprensa, de que países e governos sejam relevantes.”
Tal frase me dá a entender que noções como nacionalismo e patriotismo, além de países e governos, são (ou se tornaram) irrelevantes. Poderia explicar em mais detalhes por que nacionalismo, países e governos não fazem mais sentido em sua visão?”
– Guilherme
Essas coisas são hoje tão irrelevantes que estou evitando responder essa pergunta há seis meses. Também não a queria responder porque parece haver um evento esportivo barulhento ocorrendo nas minhas vizinhanças, e odeio falar sobre questões “atuais” – sou um cara metido com – ou que tem pretensões, nos dois sentidos, a – atemporalidade.
Mas a reflexão vem da ideia de que atualmente noções tais como país, nacionalidade, e vários elementos culturais que promovem pertencimento, são basicamente manipulados por corporações (os efetivos agentes políticos de nossa era).
Por exemplo, o soldado estadunidense que foi (e vai) lutar no Iraque, pensa que está defendendo o ideal de liberdade dos patriarcas constitucionais, mas todos que tem um mínimo de tino sabem que eles estão indo para lá defender a indústria do petróleo, e de quebra ajudando a indústria bélica.
Nacionalismo e patriotismo não fazem mais sentido
O sentimento relativamente puro de patriotismo desses fantoches pobres coitados é basicamente o buraco por onde entra a mão que os manipula.
Sociologicamente, nós atribuímos o rótulo “feudal” a um processo semi-orgânico de organização social que surgiu, e se sustentou por algum tempo, durante certo período da Europa medieval. Em outras palavras, identificou-se como as relações pessoais (e de classe) se davam, e a partir disso desenvolveu-se um modelo para descrever o que acontecia.
Por que digo “semi-orgânico”? Porque esse processo era mais inconsciente ou “natural” do que dirigido por uma inteligência, ainda que claro, já houvesse quem refletisse sobre o que acontecia, e promovesse esse ou aquele aspecto da coisa toda.
Com o tempo essa diferença entre o processo ser deliberado ou natural se confundiu ainda mais, e desde a revolução francesa, a organicidade e a inteligência, “nature or nurture”, nos processos sociais, nas questões “nacionais” em particular, se confundem cada vez mais. Nunca, em qualquer caso, se pode dizer que uma coisa exista sem a outra – nesses fenômenos sociais, e nos fenômenos humanos em geral.
Então reconhecemos que o estado, o país e a nacionalidade, que se formaram a partir do modelo europeu de feudalismo (há tentativas de identificar o feudalismo em outros lugares e tempos, mas sempre há pequenas variações no “esquema” das coisas acontecendo), são frutos de camadas sobrepostas de processos sociais bastante complexos. E jamais são “fatos” com qualquer solidez – fenômenos dançantes de formas de pertencimento e de exploração desse pertencimento.
Sinceramente, me sinto um pouco bobo, e também daí minha relutância em escrever sobre isso, dedizer que países são invenções. Qualquer pessoa que pense entende isso. Nem entremos nos 500 anos de “Brasil”, um nome dado pelos exploradores a uma vasta gleba de tamanho incerto, que foi aos poucos se reificando e cujos ideais de pertencimento são hoje explorads pela FIFA e suas corporações afiliadas.
Fortuitamente, alguns de nós nascemos aqui, recebemos esse título, e eventualmente somos levados a refletir sobre o que isso significa – ou apenas sair por aí com uma bandeirinha no carro, achando que isso espelha algum tipo de virtude interior. Mas nada disso dura muito tempo, ninguém se pensa “brasileiro” antes de sua profissão ou orientação sexual, ou de gostar de Game of Thrones e não de Lady Gaga.
Falemos, do contrário, sobre porque o Críquete ainda é o esporte nacional da invenção britânica que é a Índia (nem abrange tudo que seria a cultura hindu, nem é suficientemente homogênea para garantir uma unidade que não fosse artificial), e porque a invenção, também britânica, que é o oriente médio e sua absolutamente arbitrária divisão política, nos dá tantas dores de cabeça.
Ou até sigamos aos Celtas e Carolíngios e tentemos identificar o que fez o país “França”, ou como Lutero unificou (criou) a língua alemã.
E, se alguém quiser me pegar como exemplo aleatório, também vai ser divertido. Nasci, por acaso, em São Paulo, filho de gaúchos e de sua miscigenação europeia particular. Meu avô me fazia, enquanto criança, recitar com sotaque carregado que “nasci em São Paulo, mas sou gaúcho de coração”. Fui algumas vezes chamado de “alemão-batata”, embora a miscigenação seja tão grande que nao deva ter 10% germânico no meu sangue – mas o que faz sentido, porque batatas são uma cultura andina apropriada pelos europeus.
As bombachas foram sobra de uma guerra noutro lugar
As bombachas foram sobra de uma guerra noutro lugar
Volta e meia me deparo em uma mesa de jantar em que filhos de colonos alemães no Brasil tentam me cooptar, pela brancura da minha pele e bochechas baváricas, suponho, para alguma forma de supremacia da cultura alemã – que eles mesmos parecem só conhecer por estereótipos bastante deturpados. Uma bisavó minha era “bugre”, me contaram, mas esse é um termo racista para os guaranis, também me contaram – fora que andavam (e alguns andam) meio pelados, e algumas palavras e nomes de rua, deles não sei nada.
Aliás, quem me contou foi uma professora de sociologia que por acaso era “nativa”, e que também me ensinou que o gaúcho é uma invenção do Paixão Cortes – coisa que eu tentei explicar pro meu avô, que brincava de ser judeu e negro, mas era mistura de português com italiano. Enquanto isso, eu pratico budismo tibetano e sonho (e penso) mais em inglês que português. A cultura “brasileira” para mim, é algo como a cultura dinamarquesa – por acidente eu tenho mais contato com a primeira.
Mas, é óbvio, esse fenômeno da formação de uma nacionalidade existe, e com o tempo, e com as pessoas acreditando nele, ele produz efeitos sobre o mundo. Só que hoje, com a aldeia global, com tudo basicamente ordenado em torno dos mesmos “patrocinadores”, com aeroportos e shopping centers iguais aqui e em Bombaim (Mumbai? Até o nome da cidade é uma dor de cabeça de disputa entre colonizadores e colonizados!), a ideia de união de um povo é só mais um recurso a ser explorado. Sempre foi, mas parecia haver algum valor nela – hoje todo o valor é apenas parte da propaganda em uma caixa de pizza congelada.
Quem cai nessa é quem não reflete sobre a realidade. Se o nacionalismo já foi explorado pelo nazismo, e para lutar contra o nazismo, e para todo um espectro de motivação de uma classe de poderosos (de plutocracias escancaradas de linhagens aristocratas até governos mais ou menos democráticos), ele é hoje explorado para vender lixo processado como comida (fast food) e cerveja. E o que chamamos de governo é só um departamento pequeno das corporações.
Ora, essa choldra sabe que é massa de manobra. Mas da mesma forma que entende que o McDonalds destroi sua saúde, mas não para de comer, segue manobrada. Talvez a única “novidade” em responder essa pergunta, seja uma que já mastiguei em outros textos: governo não tem mais importância, quem manda no governo são esses algoritmos contratuais, essas “pessoas” juridicas que chamamos de “corporações” – estatutos sobre os quais nem CEOs e “pessoas importantes” tem qualquer poder.
Istanbul? Rio? Dallas?
Istambul? Rio? Dallas?
O resto a gente sabe. Tá cansado de saber. Só porque come McDonalds, e assiste jogo da Copa, não quer dizer que não esteja cansado de saber que está errado em fazer isso. Essa gente está apenas promovendo e dando poder aos maiores vilões do mundo, isto é, aos maiores causadores de sofrimento do mundo.
Na vida do João da Silva, o Brasil surge como uma ideia importante, às vezes, se as empresas assim acharem interessante. Mas fora como massa de manobra, ninguém mais sequer se sente nacionalista, e quanto mais jovem for, menos ainda, e os governos só tem a aparência de relevância e poder que seja de interesse para as corporações.
Bom, melhor a Copa que Vietnam, Iraque, Afeganistão.
* * *
Nota do editor: o formato de resposta a uma pergunta é também possível na coluna, cujo nome está ligado ao sentido do espanto que dá origem à filosofia, à ciência, às tradições de sabedoria. E WTF no sentido do impacto que isso talvez nos cause, quebrando cegueiras, ilusões.
Além de seguir o papo abaixo nos comentários, você pode enviar suas mais profundas perguntas para wtf@papodehomem.com.br .
Eduardo Pinheiro

Diletante extraordinário, ganha a vida como tradutor e professor de inglês. É, quando possível, músico, programador e praticante budista. Amante do debate, se interessa especialmente por linguística, filosofia da mente, teoria do humor, economia da atenção, linguagem indireta, ficção científica e cripto-anarquia.


Outros artigos escritos por 

O único dedo que aponto é para mim mesmo. Sempre.

Quando escrevo denunciando um tipo de comportamento, quando escrevo sobre ser prisioneiro do padrão de beleza da mídia, sobre narcisismo e autocentramento, sobre patriotismo e preconceito, não estou nunca escrevendo de cima para baixo, como um guru intocável que conseguiu atingir um comportamento ilibado falando para as pobres coitadas lá embaixo que ainda não chegaram ao seu nível de iluminação. Pelo contrário, estou falando a partir dos subterrâneos, do meio da multidão, como mais uma rota entre tantas esfarrapadas; estou falando justamente da batalha diária que travo comigo mesmo, todo dia, o tempo todo, para ser uma pessoa menos escrota, menos conformista, menos egoísta, menos superficial, menos vaidosa. O único dedo que aponto é para mim mesmo. Sempre. Se a carapuça que escrevi para mim também servir em vocês, melhor ainda. Quem sabe não conseguimos juntos virar pessoas humanas menos desagradáveis? Não sou guru, não sou perfeito, não sou generoso. Sou profundamente egoísta, patologicamente vaidoso, intrinsecamente autocentrado, fundamentalmente preguiçoso. Mas, e essa é minha esperança, talvez não para sempre. by Alex Castro Leia Também: A vida tem um sentido coletivo

Sobre a Daspu, o Putas Dei e o respeito que merecemos

Eu estava procurando alumas garotas de programa pra comentar como ficaria o mercado delas durante a Copa. Dezenas de garotas desligaram o telefone na minha cara. Há um medo grande em se assumir puta, em colocar um nome qualquer e em falar como puta, porque puta não tem voz. Tem corpo, mas não tem voz.
Ao contrário de quase todas as outras, a Naty Harper, quis se fazer ouvir e me convidou para o desfile da Daspu. O assunto da Copa ficou pra trás. Sexta feira, 13, era a comemoração do dia das Prostitutas, o Puta Dei. E o desfile não era apenas uma passarela montada pra mostrar novas tendência de roupas curtas e provocantes. O desfile é uma forma de se mostrar prostituta sem vergonha de ser puta.
Quando a apresentadora anuncia o desfile, não se vê aquela fila de mulheres andando em linha reta. Entram todos juntos, mulheres, homens, putas, artistas… A ordem é quebrar a ordem. Quem quis, tirou a roupa. Quem quis, dançou o funk. Quem quis, se divertiu. Eu tive vontade de deixar minha câmera com alguém e ir lá em cima dançar e reforçar o orgulho de liberdade que se via brilhando nas calcinhas, camisetas e seios nus.
Quem fundou a Daspu foi Gabriela Leite, filha, mãe, avó e puta. Uma mulher que não teve medo de dar as caras, que lutou até o último dia da sua vida pelo reconhecimento da profissão. Quem conheceu Gabriela, me falou dela com um brilho no olho. Betânia Melo, puta feliz, conta que sua vida nunca mais foi a mesma depois de Gabriela, que foi com ela que aprendeu a ter orgulho da profissão, parou de se esconder e entrou na briga pelo reconhecimento.
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A falta de respeito e a falta de direitos das putas cruzou comigo na rua, a caminho do desfile. Eu estava ali na Luz, perto da estação Julio Prestes, uma velha área de prostituição. Parei num posto policial pra pedir informação e vi uma senhora de seus 50 anos reclamando pro policial. Ela contava que tinha combinado o programa com o cliente, fez conforme o combinado e logo em seguida ele saiu sem pagar. A mulher ainda ficou com a dívida do motel.
O policial concordava como quem não quer contrariar um louco. Mas não havia o que fazer. Ela não era uma mulher de bem que fora assaltada, ela era um puta. Essas mulheres não tem direitos, é como se ao colocar-se na esquina à procura de clientes, elas abrissem mão de tudo que lhe cabe: a dignidade, a integridade física, e o reconhecimento pelo trabalho feito.
Naquela noite, com as meninas das Daspu, eu aprendi muitas coisas, uma delas é que a puta não vende o corpo. Ela presta serviços sexuais. Essa mudança de vocabulário representa muito porque assegura à mulher que é profissional do sexo, o poder sobre o próprio corpo.
Mesmo que o cara pague, ela ainda é dona do seu corpo e tem poder sobre ele. Ela é uma profissional como qualquer outra e tem direitos. Afinal, trabalhadores não sexuais, como eu, também submetem o corpo a um tipo de serviço, seja ele intelectual ou braçal, para receber o ordenado no final do mês.
O Puta Dei mostra que puta é tão mulher como todas as outras, tão trabalhadora como todas as outras. Betânia fala pra mim, com o queixo pra cima e um sorriso no rosto, que a única diferença é que “nós [prostitutas] temos o ganho que nós mesmas fazemos, nós negociamos o nosso salário. Se você está em um escritório ou em um outro espaço, você não tem toda a liberdade que você tem na prostituição”.
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Quando o time da Daspu sobe no palco pra mostrar sua cara, elas querem reconhecimento, respeito. Naquele momento o verde e amarelo que elas vestiam era o simbolo da briga pelo direito de ser parte do Brasil na Copa.
No Rio, principalmente, o governo tirou garotas de programas do seu local de trabalho e prendeu algumas mulheres, como se o trabalho delas fosse um crime. Não é. Tráfico de pessoas é crime, abuso de menores é crime. Prostituição, não. Quando a mídia e as pessoas criticam o turismo sexual, elas colocam a prostituição no mesmo pacote do abuso sexual. As meninas brigam pelo reconhecimento da profissão, justamente para que elas possam sair dessa margem, desse espaço sempre ligado a crimes, tráfico e abusos.
Enquanto se maquiavam e penteavam os cabelos umas das outras, elas e eles proclamavam seu direito de se prostituir sem  recriminação. “Somos maiores de idade, donas do nosso corpo, e não estamos prejudicando ninguém ao nos prostituir. Temos direito de lucrar como qualquer outro prestador de serviço. Nos deixem trabalhar”. Esse é o resumo de muitas falas.
“Por que a gente é sempre vista como a coitada ou como a pessoa que esta ali pra destruir a sociedade, pra incomodar?” Betânia fala com a ânsia de quem não aguenta mais ficar na sarjeta imaginária das pessoas. As prostitutas foram as primeiras mulheres no mundo a conquistar a independência feminina financeira, a pagar suas próprias contas. Enchendo a boca, a Betânia fala da sua revolta quando ouve as pessoas falarem das prostitutas como coitadas, ou como mulheres prostituídas, que não tiveram outra escolha. “Quem fala isso não é Puta. Meu bem, se você não tá dentro da profissão, então não conta”.
Naquela noite, eu conheci mulheres que tiveram opção. Uma das que estavam lá era Lola Benvenutti, estudante de letras na Universidade Estadual de São Carlos, optou pela prostituição por livre e espontânea vontade e hoje é um dos grandes nomes do mercado.
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Conversando com a Naty, aquela que me chamou pro desfile, ela me conta que se formou em jornalismo, trabalhava com noticias automobilísticas. Naty me apresentou pro seu namorado, “hoje ele veio”. E ainda me falou da sua filha de 14 anos, que sabe da sua profissão e que não tem problemas com isso. “Se for bom pra mim, ta bom pra ela… Tem dia que fica cheio de amiga dela lá em casa me perguntando sobre as coisas.”
“É tudo mulher igual, é tudo mãe, é tudo filha. Tem que parar com isso de achar que é diferente.”Karina Buhr estava no camarim conversando com a gente e, para ela, essa é a mensagem que tem que ficar.
Gabriela já dizia “a prostituta não é uma vagabunda ou então o resultado do capitalismo selvagem, mas sim a linha direta de uma sociedade que morre de medo de mostrar sua sexualidade e consequentemente se sente profundamente ameaçada quanto uma prostituta mostra seu rosto. Como um dia eu mostrei o meu rosto de prostituta, todos ficaram chocados pois perceberam que não era diferente do de outras mulheres.”
Eu confesso que não li o livro de Gabriela Leite Filha, mãe, avó e puta. Mas agora a vontade é inevitável, depois de tantas pessoas falando de Gabriela com o peito erguido, com o orgulho de se saberem privilegiado por terem conhecido essa mulher que lutou tanto pra que a profissão finalmente seja reconhecida no papel e nas ruas.
Ah… Gabriela também não foi puta por falta de opção, ela cursava sociologia na USP e trabalhava em escritório quando largou tudo para viver do próprio corpo.
Mas infelizmente, estando lá, naquele evento incrível, eu senti o que me disse a Naty – que ninguém enxergava o problema delas. Lá, com toda a estrutura, não tinha ninguém de nenhum veículo de mídia. Só eu.
No dia seguinte, muitos veículos soltaram a notícia do acontecimento do desfile, com fotos de arquivo que nem sequer eram do lugar ou do dia do evento. Para o resto das revistas, sites e jornais, o assunto não tinha importância. Pra mim tinha. Talvez  por eu ser uma Gabriela, assim como a Gabriela Leite, assim como a Gabriela Natalia (nome verdadeiro da Lola), veja importância nisso que elas tem pra dizer.
Se eu precisasse resumir em uma frase tudo isso, eu diria apenas que é preciso parar de usar “puta” para ofender, porque essa palavra é um dos melhores adjetivos. “Ela é uma puta mulher, e merece um puta respeito”.
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Gabriella Feola

Estudante de jornalismo da USP, apaixonada por músicas latinas, acredita que 'sexo' deveria ser uma editoria, assim como esporte.


Outros artigos escritos por 

Espera! Pare! Não olhe!

Esta não é uma boa matéria!
Se for muito delicado (a) não leia este texto.
Feitos os devidos avisos, retiradas as crianças da sala, podemos ir direto ao assunto.
Bom, se você é homem, se é heterossexual, então você tem um certo problema com as mulheres — e deve ficar feliz por isso.
A natureza do seu problema é franca e cruamente apresentada por Robert Crumb em sua narrativa confessional Meus Problemas com as Mulheres. E, acredite, Robert Crumb é um especialista nesse assunto.
E qual é esse problema?
O seu problema com mulheres é que você gosta muito, demais, de mulheres.
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Mais exatamente, você é obcecado por uma determinada e bem definida dimensão da complexa natureza feminina: seus corpos, pura e simplesmente.