Aprendi a frase e o sentimento com Leonel Brizola, um homem a quem injustamente atribuem parcas emoções e minúscula gratidão. Mas concedo, sim, que é pouco crível que dúzias de vezes ele tenha repetido nas conversas privadas:
“Declaração de amor, Brito, nunca é demais”,
Sim, é sempre menor que o amor, mas é necessária. E é ato de humildade ainda mais necessário porque ser amado é mais fácil que amar.
Porque ser amado é fácil e vão, mas amar exige esforço, trabalho, cuidado, renúncia. Exige sair de sua autoconcedida grandeza e ser pequeno ao ponto de saber que toda ela é nada sem quem te oferece o tempo e os ouvidos ao que você diz e sente, o ombro às suas lutas, a tolerância com seus erros e asneiras, porque erros cometemos e porque asneiras volta e meia dizemos, ainda mais quando falamos e escrevemos muito.
Não é o acerto permanente que une as pessoas, nem as palavras bem escolhidas, nem a sabedoria luzidia, nem a proa erguida dos pretensiosos. O que une as pessoas é a confiança e a sensação de que desejamos o mesmo, que sentimos o mesmo – cada um na forma que isso toma em si – e a liberdade com que se dá nosso convívio.