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A Direita elitista tem aversão a democracia


Vejo uma continuidade clara nos 3, até aqui, governos do PT. Uma característica fundamental, tanto na economia quando no enfrentamento político, é o trabalho paciente na construção do longo prazo. Evita-se arroubos, como muitas vezes gostaríamos de ver reações contra as empresas jornalísticas e o aparato estatal nos três poderes, mas busca-se coerência de continuidade e ganhos incrementais. Define-se que o importante é fazer a mensagem chegar à maioria da população, mesmo que para isto tenha-se que enfrentar o linchamento político dos interesses empresariais e ligações partidárias dos detentores dos meios. Usa-se de pragmatismo para ter acesso a esses mesmos meios, afinal são os que chegam a todo canto ou são sempre comentados pelos órgãos jornalísticos honestos, como o precioso blog do Nassif.
É isto que faz parecer que o governo Dilma é melhor que os de Lula, parte-se de um patamar mais elevado e com problemas antigos finalmente resolvidos. 
O primeiro período Lula garantiu a recuperação da soberania econômica externa, ao liquidar o constrangimento cambial e ampliar mercados. 
O segundo tratou de eleger a economia popular como a prioridade. 
Só seremos economia evoluída quando este povão em sua maioria tiver evoluído junto, novos consumidores incorporados e novos empreendedores brotados e crescidos em cima do estrume da velha estrutura, que depende de injeção de capital público para ter coragem de arriscar. Enquanto isto, a dívida líquida do setor público foi caindo consistentemente a cada ano, até ficar abaixo dos 40% mágicos, que era o alvo para se obter o "investment grade".
Aí começa uma nova conjuntura de finanças públicas controladas e país solvente. Tendo isto, tem que normalizar o custo da dívida e liberar recursos para investimento e, por que não?, para mais gastos sociais. Já passa da hora de contabilizarmos os gastos sociais como investimento público na formação de um amplo mercado consumidor e de uma sociedade democrática. Já imaginaram quanto dinheiro precisaria um empresário se, além do capital fixo e de giro, ainda precisa investir na criação de mercado para seus produtos antes de poder vender para alguém? A redução do custo de transferência de renda para os detentores de poupança financeira permite ampliar o investimento na formação de uma imensa classe média, juntamente com redução da carga tributária e simplificação dos impostos com sistema tributário mais justo.
Já na metade do segundo mandato do PT, em 2008, pudemos nos dar ao luxo de adotar política econômica contracíclica. Este, a meu ver, é o maior legado. Na velha dinâmica do capitalismo, a crise é momento de baixar os salários, aumentar o exército de desempregados, purgar ou salvar os empresários menos eficientes. Recusamos esta escrita e decidimos que os trabalhadores continuarão a ganhar vantagens comparativas mesmo nos períodos de crise internacional. É este crescimento contínuo, mesmo que modesto mas sem retrocesso, que poderá nos tornar em país rico. Não tem como enriquecer sem que a renda média lidere. E a média entre o pé na geladeira e a cabeça no forno não nos engana mais. Isto só pode levar à morte. Precisamos de média com a maioria.
O corolário é uma democracia autêntica. Tenho plena confiança de que é isto o que se busca. Construído em camadas tão sólidas e cada vez mais sedimentado na memória do povão, o projeto nunca será vitimado por golpes elitistas de qualquer espécie.
É fundamental que tenhamos clareza deste processo e que participemos do projeto. Direita, elite, imprensa, etc., sempre serão contra pois tem aversão a democracia. Um projeto deste naipe é intolerável para aristocratas e autocráticos. Mesmo não nos descuidando das críticas e sugestões necessárias, temos que ter cuidado para não ajudá-los na contestação do projeto. Eles saberão aproveitá-la mesmo que vinda dos democráticos seus inimigos, nós.
por Wilson Ramos