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Síndrome de pânico


Um medo sem nome...chamado pânico
Depois de uma noite agitada, mal dormida, acordei angustiada, com o coração "na boca" e uma sensação de medo, que não conseguia explicar. Sentei no sofá da sala, respiração à "meio mastro". E percebi um velho conhecido tomando conta de mim: o pânico! Permaneci estática no sofá, com a boca dormente, olhos embaçados, sem conseguir esboçar uma reação sequer. Até que, passada uma "eternidade", desatei a chorar, em soluços, corpo trepidando, lágrimas que nem pensei que ainda tinha, molhando meu rosto. Não sei quanto tempo a crise durou, mas o choro, com todo o meu corpo, foi aliviando a pressão. De todo o episódio, restou uma tristeza tão grande, que mandei "andar", porque não cabia no peito.
Levantei, ainda "à reboque", um passo após o outro, e fui até à cozinha. Com a mão ainda trêmula, formigando, peguei um copo de água e tomei dois ansiolíticos de uma vez. Fui até o jardim, respirei fundo, várias vezes, sentindo o ar circular do pulmão ao meu cérebro, impulsionado por um compressor. Ar seco, rarefeito, da cidade que morava na época, que eu chamava de Terra do Meu Desterro. O sol começava a furar o bloqueio das nuvens cinzentas. Alguns raios tocaram-me a face e eu percebi que estava gelada, feito um cadáver. De repente um pensamento louco passou pela minha mente: será que eu estava morta e tudo aquilo não passara de uma "despedida" desta vida louca? O sol, desta vez mais visível, me "disse", não!
Se eu tivesse realmente morrido, ia "pagar a língua", pois adorava dizer que não tinha medo da morte. Tenho, sim, admito! E ela não é uma velha vestida de preto com uma foice, como a imagino. Que fica à espreita, só esperando um momento de distração, bobeira, para me levar para o inferno. Pois, com o meu "currículo", para o céu, não vou. No mínimo, uma estadia no purgatório. Ah, as aulas de religião da irmã Dirce no Colégio. Eram de meter medo. Tudo era pecado, até enfiar o dedo no nariz para tirar meleca. Eca! Eu não acredito em pecado, mas, naquele tempo, estava vivendo um momento ímpar, doloroso, desgastante, que nem todas as rezas, orações, bálsamos e raízes de benzedeira, davam jeito. Estava doente, com o pé na cova. Como não entrar em pânico?
Voltei à casa, entrei no banheiro, e dei de cara com o espelho, onde escrevi "tudo passa", para me convencer de que eu voltaria a ser mulher de antes: saudável, equilibrada, linda, leve.... Apaguei com tanta raiva aquela frase que quase quebro o espelho. Imagina, mais sete anos de azar? "Que bobagem", Silvia" - pensei. "Quer mais azar do que a vida que vem levando? Sete anos? Que otimismo!" Quando apaguei a frase, me vi inteira, de cara lavada, olhos inchados, boca ressecada. Me lembrei de uma bruxa que vi em um filme idiota, que nem do nome lembro. O que lembrei, e me deixou com uma raiva dos diabos, foi de, todo santo dia, ouvir as pessoas me dizendo "seja forte", "tenha fé", "mantenha a esperança". Se alguém souber onde se compra tudo isso, me avise. Pois a "bruxa" aqui, que não se considera mais vítima da doença, cansou de esperar por um milagre - e por um abraço real! Mas sobreviveu, em todos os aspectos. Palmas para mim!
Beijos de mim!
Silvia Mendonça - reeditado

Vida que segue

Síndrome de pânico

Desliguei o despertador e o celular.
Só me acorde quando 2019 acabar.

Vida que segue...
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A síndrome do pânico

É mais comum do que imaginamos. Mas, com tratamento correto, é possível recuperar a qualidade de vida.

 Caracterizada por crises repentinas de ansiedade excessiva, acompanhadas de sintomas físicos e emocionais, a Síndrome do Pânico atinge de 2% a 4% da população mundial, de acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS). Os primeiros episódios costumam se manifestar entre os 20 e 30 anos, afetando mais as mulheres do que os homens. “Infelizmente, ainda não sabemos os motivos da doença, nem por que ela atinge determinadas pessoas. Mas acredita-se que seja causada por fatores biológicos, aliados à condição de vida estressante”, conta Luiz Alberto Hetem, vice-presidente da ABP (Associação Brasileira de Psiquiatria).
E para que as pessoas não confundam a sensação de ansiedade com a doença, o médico explica: “A ansiedade é o sentimento de querer antecipar o futuro para evitar perigos ou tentar controlar danos. Ela é uma sensação normal e natural do ser humano. O problema ocorre quando essa ansiedade fica extremamente intensa, causando sofrimento para a pessoa e prejudicando sua qualidade de vida. Para se ter uma ideia, durante a crise de pânico, a sensação de mal-estar e pavor é mais intensa do que o susto que sentimos quando um carro quase nos atropela”.
Sintomas da doença
Ao contrário da ansiedade normal, a crise de pânico surge de repente, sem causa aparente ou explicação. Entre os sintomas, estão: aceleração do batimento cardíaco, suor - localizado principalmente nas mãos ou nos pés -, tremores pelo corpo, sensações de sufocamento, dificuldade de respirar e desmaio iminente, tontura, náusea e dor ou desconforto no peito − o que leva muitas pessoas a acharem que estão tendo um ataque cardíaco.
Surgem, ainda, sinais psicológicos, como medo de dirigir, de morrer ou de ficar sozinho. Por isso, muitas vezes, quem tem Síndrome do Pânico acaba por sofrer, também, com a depressão. “Caso você apresente algum desses sintomas, consulte um médico”, alerta Luiz Alberto.
O papel da família
A conscientização e o apoio da família são essenciais. Grupos de autoajuda, livros sobre o assunto ou mesmo a internet podem ser úteis para que os familiares entendam a natureza da doença. No entanto, o excesso de compreensão pode favorecer a esquiva fóbica, e a pessoa não sai mais de casa nem para ir à padaria. É aí que entra o amparo da família, que deve incentivar o portador do transtorno a fazer suas atividades. “Eu sei que você não se sente bem, mas é importante continuar indo à escola” ou “Se você não pedisse demissão seria melhor para sua autoestima” são estímulos importantes para os pacientes com Síndrome do Pânico. Mas é fundamental ressaltar: isso não exclui a necessidade de ajuda médica.
A boa notícia
Com tratamento adequado, é possível controlar todos os sintomas e levar uma vida absolutamente normal. “Além de medicamentos, a terapia e a prática de exercícios físicos ajudam, e muito. É importante buscar auxílio profissional, pois a doença pode ser praticamente curada”, finaliza Luiz Alberto.
fisgado do Portal Vital