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Sérgio Moro não é David Frost, por Fábio de Oliveira Ribeiro

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O encontro entre Lula, Moro, Dallagnol e cia ontem (13/09) foi gravado e já está disponível na web.

Ao comentar a audiência, o defensor de Lula disse o seguinte no Twitter:
Zanin está rigorosamente correto.
Lula não foi inquirido sobre os fatos referidos na denuncia (contratos da Petrobras). Logo, o ex-presidente petista não prestou um "depoimento", ato pelo qual o réu fornece ao juiz informações relevantes sobre fatos relacionados ao crime que lhe foi imputado pelo órgão acusatório.
Em decorrência do que foi gravado, Sérgio Moro não pode ser considerado um juiz federal. De fato ele agiu como se fosse um jornalista. Ele entrevistou o réu sobre diversos assuntos sem qualquer relação com a acusação que foi formalmente feita.
A conclusão inevitável é que, a exemplo do caso do Triplex, este processo também deixou de ser processo judicial regido pelo Código Penal. No máximo é um espetáculo regido pelas regras do jornalismo.
Durante toda entrevista Lula se apresentou seguro, firme e tranquilo. Ele chegou a desafiar o entrevistador em algumas oportunidades. Sérgio Moro foi repetitivo e enfadonho, não soube como envolver o entrevistado de maneira a obter dele a revelação de um segredo que o deixaria exposto diante do respeitável público.
Moro foi menos hábil do que David Frost. Lula é bem mais articulado do que Richard Nixon.
A imprensa erra ao criticar a atuação de Moro como se ele fosse juiz. Neste caso, a única coisa que os jornalistas podem fazer é avaliar e julgar o entrevistador de acordo com os padrões jornalísticos de atuação profissional. 
O fato do "foca lavajateiro" não ter um diploma de jornalismo o deixou vulnerável na frente de um entrevistado experiente como Lula? Esta, meu caro, é a verdadeira pergunta.
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Um golpe a deriva, por Fábio de Oliveira Ribeiro


Resultado de imagem para barco a deriva

(...) A divisão política das elites na atualidade é evidente. Elas concordam com as reformas, mas não conseguem encontrar um único líder para comandá-las. Geraldo Alckmin comanda o Estado mais rico da federação e tem ambições presidenciais, mas está sendo obrigado a enfrentar o sorridente prefeito de São Paulo que rapidamente conquista a preferência da mídia. Bolsonaro é o candidato da direita retro e certamente retirará alguns milhões de votos de qualquer concorrente ao cargo no campo da direita. José Serra e Aécio Neves ainda não disseram se pretendem ou não disputar a presidência. Marina Silva continuará sendo a eterna candidata do Banco Itaú.
Dória Jr. é cortejado pela imprensa e já se apresentou como opção do mercado, mas é desconhecido fora de São Paulo e será sabotado por Alckmin. Ciro Gomes sonha ser o candidato do centro, mas é mais conhecido no nordeste e não tem musculatura partidária para alcançar seu objetivo. Tudo bem pesado, Doria Jr. é um Ciro Gomes com discurso pró-mercado e Ciro Gomes é um Doria Jr. com propostas desenvolvimentistas.
Lula não apoiou o golpe e continua sendo o candidato presidencial preferido dos brasileiros. Se for excluído das eleições o trauma político será terrível e comprometerá o governo do candidato vitorioso, seja ele de centro ou de direita. Se ganhar a eleição e demolir as reformas pró-mercado de Michel Temer, o petista enfrentará dura resistência dos setores políticos, empresariais, financeiros e midiáticos que arquitetaram e ajudam a consolidar o golpe de 2016.
O cenário político pós-golpe de 2016 não propicia a construção de coesão social mediante o uso da força e sob o comando de militares (como ocorreu após 1964). Os próprios militares tentam se desvencilhar de qualquer compromisso com o aprofundamento do golpe.
Impedidas de cancelar as eleições presidenciais, as forças que lideram o golpe sugerem a adoção do Parlamentarismo. O problema é que a mudança de regime esbarra na preferência popular pelo Presidencialismo. Além disso, os regimes parlamentares são frágeis e raramente conseguem se sustentar durante períodos de depressão econômica e instabilidade política. A República de Weimar desmoronou abrindo espaço para o III Reich nazista. A adoção do regime parlamentar neste momento poderia provocar um resultado semelhante, pois a violência do movimento liderado por Bolsonaro só poderá ser minimizado e/ou derrotado através de um regime forte.
Um novo presidencialismo: é disso que o Brasil precisa. O problema é que os ideólogos e líderes do golpe 2016 não tem interesse em fortalecer o Estado. Muito pelo contrário, eles fragilizam o Estado acreditando que assim ocorrerá um florescimento natural do mercado (muito embora o mercado esteja encolhendo a olhos vistos). Além disto, os golpistas nem mesmo tem um único candidato capaz de levar adiante as reformas pró-mercado.
O contexto político e econômico gerado pelo golpe de 1964 favorecia a preservação do regime infame que foi criado. O contexto criado pelo golpe de 2016 só propicia uma coisa: sua superação. Todavia, o Brasil ainda pode sair totalmente dos trilhos com a adoção do parlamentarismo, sob o comando de um cretino como Doria Jr.* ou nas mãos de um maníaco genocida como Bolsonaro. Gostem ou não, os golpistas dentro e fora do Poder Judiciário serão obrigados a fazer um cálculo racional: o Brasil ficará ruim com Lula ou pior sem ele. Melhor para o povo, pois caso seja eleito Lula ao menos conseguirá restaurar a fé dos brasileiros nas urnas. 



Recentemente o prefeito de São Paulo proibiu as crianças de repetirem a merenda. Criticado ele disse que estava preocupado com a obesidade infantil, mas a verdade é que Doria Jr. conseguiu plagiar o personagem de Charles Dickens que impede Oliver Twist de repetir a refeição no orfanato. 
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Temer e Lula são homens muito diferentes

Entre Lula e Temer um abismo de 25 séculos, por Fábio de Oliveira Ribeiro

Michel Temer e Lula são homens muito diferentes. As diferenças entre ambos ficam ainda mais claras quando examinamos as ações de ambos diante da Justiça.
Antevendo que poderia ser devorado pela Lava Jato, Michel Temer se aproximou da Embaixada dos EUA, se apropriou do programa de governo de Aécio Neves apoiado pela imprensa e ajudou Eduardo Cunha a se tornar presidente da Câmara dos Deputados. Quando se sentiu seguro e percebeu a fragilidade de Dilma Rousseff ele colou o golpe na rua subscrevendo e vazando a cartinha lamuriosa em que se dizia alijado do poder.
Desde que chegou a presidência, Michel Temer tem se esforçado bastante para ficar impune. Quando não está distribuindo dinheiro para imprensa ou nomeando alguém para evitar uma delação indesejada, o usurpador costura nos bastidores a aprovação da Lei de Anistia aos crimes que cometeu. 
Temer não é apenas um criminoso. Se fosse, ele aceitaria as consequências de seus atos. Pois no fundo, todo criminoso quer ser pego (como demonstrou com brilhantismo Fiódor Dostoiévski em seu romance Crime e Castigo). O usurpador age como se fosse um psicopata frio e calculista que acredita ser uma fonte privilegiada de legalidade. Vem daí sua rejeição absoluta à qualquer punição aos atos criminosos que praticou.
Ao escolher o novo Ministro do STF, Michel Temer não pensou nas necessidades do Brasil. Ele pensou apenas no seu próprio desejo de ficar impune. Isto explica porque o usurpador nomeou um advogado ligado à tudo que há de pior na política brasileira.
A única vez em que Michel Temer vacilou (em decorrência do que poderíamos chamar vagamente de consciência atormentada pela culpa) foi quando ele retornou ao Palácio do Jaburu. Como Raskólnikov, o usurpador também voltou ao lugar onde executou seu maior crime (o golpe de estado que garantiria sua impunidade). Michel Temer se afastou do Palácio do Planalto, como se não quisesse estar ligado à sede da presidência, cargo que ele obteve de maneira criminosa. O personagem de Crime e Castigo escondeu os objetos de valor que roubou para não fornecer prova da autoria do crime à polícia.
No outro extremo do espectro político, vemos Lula confrontando a Justiça não com artimanhas e sim mediante a invocação da Lei que os juízes já demonstraram que não irão aplicar no caso dele. Por decisão judicial, Lula foi impedido de ser Ministro de Dilma Rousseff. Em situação muito pior, Moreira Franco foi autorizado a ser Ministro de Temer pelo mesmo Tribunal.
Lula tem um patrimônio modesto e, apesar das evidencias, continua sendo ferozmente perseguido por causa das convicções de Dellagnol e Moro. A prova documental contra Michel Temer (o cheque nominal de um milhão de reais que ele recebeu de propina) sequer resultou em processo criminal. Perseguido pela Justiça, Lula recorreu ao Tribunal de Direitos Humanos da ONU, provocando intensa animosidade da imprensa e dos juízes brasileiros. Inocentado pelos seus “amigos” no MPF e no Judiciário (Gilmar Mendes entre os tais), Michel Temer segue em frente impondo reformas criminosas para prejudicar os eleitores que rejeitaram o programa de governo que ele coloca em prática para beneficiar os banqueiros.
O ex-presidente petista já se apresentou como candidato em 2018. Antes das eleições ele será condenado e preso. Foi isto que antecipou a esposa de Sérgio Moro à imprensa. O ilegal pré-julgamento de Lula é um fato jornalístico consumado, mas não produzirá o efeito jurídico necessário. O juiz Sérgio Moro não será afastado do caso. A nulidade que ele cometer não será judicialmente reconhecida. O próprio TRT-4 já disse em duas oportunidades que a Lava Jato é um processo excepcional não sujeito à aplicação da Lei.
Raskólnikov se vangloria de ser capaz de cometer um crime perfeito sem deixar vestígios, mas acaba sendo derrotado pela consciência da culpa. “Xenofonte afirma que Sócrates queria ser condenado, e fez o que pode no sentido de hostilizar o júri.” (O julgamento de Sócrates, I.F. Stone, Companhia de Bolso, São Paulo, 2005,  p.  217).
Michel Temer é um criminoso que conseguiu domesticar a Justiça ao dar aos juízes o que eles queriam (o aumento salarial vetado por Dilma Rousseff), mas não suportou ficar na posse do Palácio que roubou da presidenta eleita pelos brasileiros. Sempre que vem a público, Lula usa a Lei para chicotear seus inimigos de toga. Nos últimos meses o líder petista tem agido como se quisesse ser condenado. Temer é raskólnikoviano, Lula é socrático.
Quando condenou Sócrates, a democracia ateniense conseguiu apenas condenar a si mesma. No Brasil, a Justiça se rebaixou à vil condição de coiteira de Michel Temer instrumentalizando o golpe de estado liderado por um criminoso que age como se fosse um psicopata. Ao condenar Lula para impedi-lo de disputar as eleições de 2018, a Justiça brasileira fornecerá uma prova contra o Brasil no Tribunal de Direitos Humanos da ONU. A democracia ateniense não sobreviveu por muito tempo. A república brasileira será condenada e inevitavelmente destruída.