O encarceramento de Lula e a perspectiva de permanecer preso por tempo prolongado colocam o PT numa terrível encruzilhada de três estradas: seguir adiante com Lula como candidato até o fim; buscar um auto-resgate com um novo candidato; participar de uma frente de centro-esquerda apoiando um candidato de outro partido. Os três caminhos envolvem altos riscos e margens escassas de êxito.
Se o PT não marchar com Lula até o fim, não só abandonará o seu maior líder, mas será visto como traidor. O Lula encarcerado se constitui num paradoxo destinado a cobrar um alto preço ao PT ou às elites: se o PT não o mantiver como candidato, será ele a pagar este preço e será abandonado por muitos eleitores, simpatizantes e militantes. Se Lula permanecer candidato, serão as elites que terão que pagar o alto preço de impedi-lo ou, eventualmente, impedir sua posse em caso de vitória. Mas, se o PT o mantiver como candidato terá que ter a sabedoria e a competência de reinventar-se num processo de mobilização e de defesa da liberdade de Lula. O problema é saber se as atuais lideranças do PT têm as virtudes e as capacidades necessárias para reinventar o partido, mobilizando o povo.