Mostrando postagens com marcador Participação popular. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Participação popular. Mostrar todas as postagens

A presidente Dilma deve garantir Participação Popular

Fracassei em tudo que tentei fazer na vida:

  • Tentei alfabetizar as crianças brasileiras, não consegui
  • Tentei salvar os índios, não consegui
  • Tentei fazer uma universidade séria e fracassei
  • Tentei fazer o Brasil desenvolver-se autonomamente e fracassei
Mas meus fracassos, são minhas vitórias!
Eu detestaria estar no lugar de quem me "venceu"!

Com ou sem decreto, Dilma deve assegurar Participação Popular
por Helena Sthephanowitz, na RBA


Política

Quem tem medo da participação popular?


A proposta do governo da formação de Comitês de Participação Popular foi seguida por editoriais furibundos da mídia, como se se estivesse atentando contra os fundamentos essenciais da democracia brasileira. Os mesmos editoriais e colunistas que passam todos os dias desqualificando os políticos e a política, o Congresso e os governos, reagem dessa forma quando se busca novas formas de participação da cidadania.

O que está em jogo, para eles, é o formalismo da democracia liberal, aquela que reserva para o povo apenas o direito de escolher, a cada dois ou quatro, quem vai governá-los. É uma forma de representação constituída como cheques em branco pelo voto, sem que os votantes tenham nenhum poder de controle sobre os eleitos,  no máximo puni-los nas eleições seguintes. Um fosso enorme se constitui entre governantes e governados, que desgasta aceleradamente os órgãos de representação política. Cada vez menos a sociedade se vê representada nos parlamentos que ela mesma escolheu, com seu voto.

Acontece que as formas atuais de representação política colocam, entre os indivíduos, a sociedade realmente existente, e seus representantes, o poder do dinheiro, mediante os financiamentos privados de campanha. Grande parte dos políticos são eleitos já com a missão de representar os interesses dos que financiaram suas campanhas.

Criou-se assim um círculo vicioso: processos viciados de eleição de políticos já nascem desmoralizados. A direita adora porque é fácil desgastá-los. E política, governos, Estados fracos, significa mercados fortes, onde reina diretamente o poder do dinheiro.

Os Conselhos de Participação Popular são formas de resgatar e fortalecer a democracia e não de enfraquecê-la. Toda forma de consulta popular fortalece a democracia, dá mais consistência às decisões dos governos, permite ao povo se pronunciar não somente através do processo eleitoral, mas mediante seus pronunciamentos sobre medidas concretas dos governos.

Quem tem medo da participação popular é quem consegue neutralizar o poder da democracia mediante sua perversão pelo poder do dinheiro, do monopólio privado e manipulador da mídia. Tem medo os que se apropriam dos partidos como máquinas eleitorais e de chantagem política para obtenção de cargos, de favores e de benefícios.

O povo não tem nada a temer. Tem que se preocupar que esses Conselhos sejam eleitos da forma mais democrática e pluralista possível. Que consigam a participação daqueles que não encontram formas de se pronunciar pelos métodos tradicionais e desgastados da velha política. Especialmente daquela massa emergente, dos milhões beneficiados pelas políticas sociais do governo, mas que não encontram formas de defendê-las, de lutar por seus interesses, de resistir aos que tentam retorno a um passado de miséria e de frustração.

Só tem medo da participação popular quem tem medo do povo, da democracia, das transformações econômicas, sociais e políticas que o Brasil iniciou e que requerem grande mobilizacoes organizadas do povo para poder enfrentar os interesses dos que se veem despojados do seu poder de mandar no Brasil e bloquear a construção da democracia política que necessitamos.

por Emir Sader na Carta Maior

Fazendo política sem ser político

Tenho tido a incrível oportunidade de entrevistar jovens interessados em política. E assim, dia após dia, estou descobrindo que política é bem mais do que sempre achei que fosse.
Alguns trabalham diretamente na política, outros agem de forma independente, outros estão somente agora se dando conta de que o que fazem em seus projetos tem um papel político. Ouvi um jovem de 23 anos pensando em se candidatar a deputado federal e querendo fazer uma campanha colaborativa.
Jovens que criaram uma “assembleia horizontal” embaixo de um viaduto que reúne centenas de pessoas em Belo Horizonte. Advogados que descobriram um papel ativista durante as manifestações. Garotos de coletivos da periferia usando a música como arma política. Saio dessas conversas inspirada e com vontade de passar adiante essa sensação.
Acredito que para a maioria das pessoas, falar sobre política significa discutir partidos, candidatos e eleições. Mas vai muito além disso. Pensar em política dessa forma limita uma discussão que poderia ser muito mais profunda e que poderia envolver mais pessoas da sociedade.
Com um olhar investigativo, descubro a cada dia que a política é, e sempre foi, parte da minha vida. E certamente é da sua também – a forma como ela faz parte da gente não tem só a ver com em quem votamos.
Entrou de presente na minha vida esse projeto: uma pesquisa sobre como o jovem pensa e atua politicamente, que estamos chamando de “Sonho Brasileiro da Política”. Uma proposta talvez inusitada de pensar sobre a equação “jovens, política e sonhos”. Somado a isso, impossível negar que estamos vivendo, como sociedade, um momento muito especial no Brasil.
Ainda está no ar um clima diferente, uma sensação inexplicável de se ter ido para as ruas e não saber muito bem o que fazer com tal experiência de participação. Foi a primeira vez que a atual geração jovem viveu essa forma de expressão pública coletiva. Para uns ela teve cárater de protesto veemente, para outros serviu para levantar bandeiras e causas e para muitos foi puramente uma manifestação de “eu existo, estou aqui”.
Foi assim que nasceu essa pesquisa. Do sentimento de que nossos jovens estão vivendo algo único no Brasil e inclusive no mundo. Podemos pensar que isso já aconteceu antes, que “jovens se manifestando” não é algo tão novo.
Historicamente outras manifestações já foram levantadas por gerações jovens, mas a reflexão que o mundo inteiro tem feito é de como essa movimentação global é diferente no contexto de uma era líquida, de poderes diluídos e da informação em rede. Se pensarmos em Brasil, além de tudo disso, ainda estamos vivendo um “bônus demográfico” onde a maioria da população é economicamente ativa, o que inclui em boa parte pessoas de 18 a 32 anos – público da nossa pesquisa. Em outras palavras, os jovens nunca foram tão importantes como atores sociais, no nosso país, quanto hoje.