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Siemens prova que tucanos paulistas são corruptos

A multinacional alemã Siemens apresentou às autoridades brasileiras documentos nos quais prova que os governos tucanos de São Paulo deram aval à formação de um cartel para licitações de obras do metrô no Estado.

A negociação com representantes do Estado, segundo a Siemens, está registrada em "diários" apresentados pela empresa ao Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica).

No mês passado, a gigante da engenharia delatou ao órgão a existência de um cartel --do qual fazia parte-- para compra de equipamento ferroviário, além de construção e manutenção de linhas de trens e metrô em São Paulo e no Distrito Federal.

Em troca, a empresa assinou um acordo de leniência que pode lhe garantir imunidade caso o cartel seja confirmado e punido.

A formação do cartel para a linha 5 do metrô de São Paulo, de acordo com a Siemens, se deu no ano de 2000, quando o Estado era governado pelo tucano Mário Covas, morto no ano seguinte.

Segundo o Cade, o conluio se estendeu ao governo de seu sucessor, Geraldo Alckmin (2001-2006), e ao primeiro ano de José Serra, em 2007.

Secretário de transportes no governo Covas, entre 1995 e 2001, Cláudio de Senna Frederico afirmou que não teve conhecimento da formação de cartel, mas não o descartou. "Não me lembro de ter acontecido uma licitação, de fato, competitiva", disse.

O governo Alckmin diz que, se confirmado o cartel, pedirá a punição dos envolvidos. Serra não foi localizado.

Documento entregue pela Siemens aponta o suposto aval do governo em favor de um acerto entre empresas para a partilha da linha-5, em trecho hoje já em operação.

Chamado de "grande solução", o acerto era, segundo os papéis, o desfecho preferida pela "secretaria" (de transportes) por oferecer "tranquilidade na concorrência".

Consistia em formar um consórcio único para ganhar a licitação e depois subcontratar empresas perdedoras, o que, de fato, ocorreu.

No texto, de fevereiro de 2000, executivos da Siemens descrevem reuniões para a costura do cartel. Um documento interno aponta que "o fornecimento dos carros [trens] é organizado em um consórcio político'. Então, o preço foi muito alto".

"Consórcio combinado, então, é muito bom para todos os participantes", relata um executivo da Siemens.

A Siemens diz que um acordo permitiu ampliar em 30% o preço pago em outra licitação para manutenção de trens da CPTM.

O que se passa com o PSDB de São Paulo?

[...] Digo de outra forma: Que falta faz Mario Covas!

O confuso PSDB paulista
por Marcos Coimbra

Criado em 1988, o PSDB nasceu em São Paulo. Foi lá que um grupo de políticos da “ala do bem” do PMDB resolveu que havia limites para tudo: o começo da administração de Orestes Quércia, no ano anterior, mostrava que o partido era pequeno demais para eles e o governador.
Não querendo compactuar com o que imaginavam seria o restante de seu governo, preferiram sair. Estavam certos. Quércia foi tudo que temiam.
(Isso não impediu que, anos depois, um candidato tucano a presidente fosse cortejá-lo, obsequiosamente pedindo seu aval para outra aventura mal sucedida. Antes de falecer, em 2010, Quércia ainda teve tempo de se revelar um sincero e prestimoso aliado de José Serra).
Em São Paulo, o PSDB foi um sucesso. Mário Covas, seu candidato a presidente em 1989 - apenas um ano após a criação do partido -, ficou em quarto lugar e ganhou o respeito do país, pela campanha que fez e pela coerência de apoiar Lula no segundo turno.
(Isso não desencorajou alguns quadros tucanos paulistas a se dispor, alegremente, a integrar o ministério do adversário de Lula. Se não fosse o veto de Covas, o governo Collor teria tido, no mínimo, um tucano de alta plumagem no primeiro escalão. Convidado, havia dito sim).
Com pouco mais de cinco anos de existência, o PSDB paulista tinha feito o presidente da República, o núcleo de seu staff, vário ministros, e estava instalado no governo do maior estado da Federação. Uma trajetória espetacular.
Desde 1994, o PSDB administra São Paulo e bate todos os recordes de permanência de um partido à frente de um governo estadual – sem contar a República Velha.
Ao término do atual mandato, Alckmin completará duas décadas ininterruptas de ocupação tucana do Palácio dos Bandeirantes, coisa que nenhuma oligarquia contemporânea conseguiu em outro lugar do Brasil. Sarney e o finado Antonio Carlos Magalhães teriam muito que aprender com eles.
É verdade que, nesses 20 anos, o PSDB só governou a capital por 15 meses, na fase em que Serra fez uma rápida baldeação à frente da prefeitura - depois de perder a eleição presidencial de 2002, ganhar a municipal de 2004 e antes de renunciar para concorrer ao governo estadual em 2006.
Mas continuou representado na administração municipal, quando Kassab assumiu o lugar deixado por Serra e se reelegeu em 2008. São, portanto, oito anos de presença tucana na prefeitura.
Como entender que o PSDB paulista seja tão incapaz de definir o que vai fazer este ano na sucessão de Kassab? Justo na capital de seu reduto?
Consta que procuraram Serra para ser candidato. Ele disse que não queria – o que pode ser considerado normal em seu caso, pois nunca tem certeza de uma candidatura. Deram-lhe tempo e ele foi peremptório: não o seria em hipótese alguma.
Quatro nomes se ofereceram, todos qualificados. Era a situação clássica para uma prévia entre os filiados. Estão às voltas com ela - a primeira na história do partido -desde o ano passado e a data combinada para fazê-la se avizinha.
E agora? Ficou o dito pelo não dito. Serra fez saber que talvez queira. Os pré-candidatos estão sem saber o que fazer. E se Serra voltar a desistir – o que seria totalmente normal para ele? Aí aconteceriam as prévias? Entre quatro candidatos desmoralizados?
Uma forma de entender porque os tucanos paulistas batem cabeça é imaginar o que estaria acontecendo se Mário Covas estivesse vivo.
É difícil dizer com segurança, pois ele era imprevisível. Mas de uma coisa podemos estar certos: vexame, o PSDB paulista não estaria passando.
No estado, o partido tem hoje líderes demais e liderança de menos. Entre os solipsismos e as obsessões de seus principais quadros, o PSDB paulista não consegue dizer o que quer.



PSDB - vida breve, morte prematura

O PSDB nasceu de um grupo de políticos do PMDB basicamente de São Paulo que, derrotados e isolados pelo quercismo, resolveram sair do partido e fundar uma outra agremiação. Era integrado basicamente por cardeais paulistas – Montoro, Covas, FHC -, mais alguns de outras regiões – como José Richa, do Paraná, Tasso Jereissatti, do Ceará.
Na hora de dar um nome ao partido, vieram os impasses, até que surgiu a idéia de encampar a social democracia, sigla vaga no Brasil, apesar de que alguns – entre eles especialmente o Montoro – se definiam como democrata cristãos. Escolheu-se o tucano como símbolo, para tentar dar-lhe uma raiz brasileira.
Era o ano de 1988, a social democracia já estava passando por transformações que mudariam sua natureza. De partido geneticamente vinculado ao Estado de bem estar social, começava a aderir à onda neoliberal, primeiro com Mitterrand, na França, em seguida com Felipe Gonzalez na Espanha. Quando os tucanos aderiram à social democracia, era quando esta já havia aderido à moda neoliberal.
Na própria América Latina Ação Democrática da Venezuela, os socialistas chilenos, o peronismo, o PRI mexicano – que pertenciam à corrente social democrata – já tinham aderido ao neoliberalismo. Foi a essa versão da social democracia que aderiu os PSDB.
Não foi essa a única diferença dos tucanos em relação ao que tinham sido historicamente os partidos social democratas. A social democracia tinha sido uma vertente da esquerda, junto aos comunistas, ambos com profundas raízes sociais, em particular no movimento operário e no movimento sindical. Há ainda uma rede internacional de centrais sindicais ligadas à social democracia.
Nada mais alheio aos tucanos. Nem o PMDB tinha presença sindical, menos ainda eles, que eram um grupo de políticos parlamentares que tinha em Mario Covas sua principal expressão. No entanto, já na eleição presidencial de 1989 aderiram a um “choque de capitalismo” que o Brasil precisaria, como prenuncio de caminhos ideológicos que os tucanos trilhariam no futuro próximo.
A morte de Covas deixou o espaço aberto para outros lideres tucanos, FHC e Serra disputavam a preferência, diante da incompetência de outros lideres regionais, como Tasso Jereissatti, para se projetar nacionalmente. Os tucanos terminaram sendo um partido eminentemente paulista.
Quando FHC assumiu o projeto neoliberal, com o Plano Real, olhava para a França e a Espanha, suas referencias ideológicas, para acreditar que esse seria o caminho da “modernização” no Brasil. FHC se deslumbrou com a globalização – “o novo Renascimento da humanidade” – e a vitoria eleitoral de 1994 lhe confirmou que a via era abandonar o Estado desenvolvimentista pelo da estabilidade monetária e do ajuste fiscal.
Foi o auge do PSDB e o começo do seu fim. Sem lugar para políticas sociais, acreditando que o simples controle inflacionário levaria à distribuição de renda, teve um efêmero sucesso no primeiro governo FHC, mas saiu derrotado nas eleições de 2002, de 2006 e agora de 2010.
Foi uma vida breve, uma glória efêmera e uma morte prematura, para quem nasceu supostamente como social democrata, assumiu o projeto neoliberal no Brasil e foi repudiado pelo voto popular. Nasceu do anti-quercismo e termina indo ao fundo, abraçado com Quercia. Triste fim de um partido das elites do centro-sul, repudiado pelo governo mais popular que o Brasil já teve.

por Emir Sader, no seu blog
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FORÇA ESTRANHA


A matéria pertence a cientistas políticos e a sociólogos, mas é bom meter a colher na panela: que força estranha será essa impulsionando candidatos sem a menor chance de vitória a concorrer às eleições presidenciais?


Não se fala dos picaretas e dos vigaristas ávidos de quinze segundos  de  exposição nas telinhas, megalômanos sem a menor importância. Importa indagar por que, por exemplo, Marina Silva, pelo PV,  e Plínio de Arruda Sampaio, pelo Psol, insistem em apresentar-se sabendo que nem por milagre seriam eleitos?


O leque contém opções diversas: a defesa de uma idéia ou de um programa, a possibilidade de participarem de debates com os demais concorrentes, com chance de superá-los na retórica e no conteúdo, a fidelidade a princípios tradicionais, a vontade de mesmo inutilmente  demonstrar ao eleitorado o erro em que irá incorrer.


Tem sido assim no passado, continuará ser assim no futuro.   São profundas  as raízes dessa força estranha que expôs líderes como Ulysses Guimarães, Mário Covas, Aureliano Chaves, Ciro Gomes, o próprio Leonel Brizola,  a correrem para a  derrota inevitável.  O problema é que Marina Silva fará falta, no Senado, e Plínio de Arruda Sampaio, na Câmara.