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Impossível

- Onde encontro livros sobre "capitalismo humano e sustentável"?
- Na última prateleira. Lá é a seção de ficção científica.

Artigo do dia, por

O texto é de Milly Lacombe, colunista do UOL, publicado em 28/11/2022. !
"A IMPRENSA PRECISA PARAR DE REFORÇAR A IDEIA DE QUE NEYMAR É VÍTIMA DE ÓDIO

Somos bons em inverter narrativas. Fazemos isso há 500 anos. Gostamos de dizer, por exemplo, que o Brasil foi descoberto. O Brasil não foi descoberto; foi invadido e ocupado. A inversão se dá no momento em que arrancamos a terra de quem estava aqui e hoje falamos que são os excluídos que tentam tirar a terra de seus verdadeiros donos.

A todo o instante criamos narrativas que escondem delicadamente a história verdadeira. No limite, essas narrativas se chamam fake news. No momento, a narrativa que tentam construir é a de que Neymar é vítima do ódio. Colegas da imprensa fazem isso, Ronaldo fez isso

Doer, Rachel de Queiroz


Doer? 
Doí sempre
Porque a vida toda
É amor e dor.

E eu sou uma dessas pessoas
Que se doí inteira
Porque vivi nas profundezas das coisas
Não na superfície delas.

Rachel de Queiros - foi escritora, jornalista, colunista, dramaturga, tradutora, primeira mulher a ingressas na Academia Brasileira de Letras e também a primeira mulher a receber o Prêmio Camões. Cearense que orgulha o estado.
Lula presidente>>>

Aventuras de Fernando Horta

Na juventude tive uma amiga que dizia fazer sexo 5 vezes ao dia. A turma fazia hora dessa mentira dela. Passado um tempo namoramos por mais ou menos um mês. Perdi uns 13 quilos, quase não conseguia se manter em pé. Meus amigos viram minha situação e me resgataram da casa dela. Por sorte escapei, mas com uma banda morta rsss.

Outra vez, eu ainda solteiro, meus amigos resolveram de dar um "presente" e me arranjaram um "date" com uma fitness. Foram os sessenta (60) minutos mais desesperadores e doloridos da minha vida. Por duas semanas tive dores nos ilíacos somente suportáveis com  analgésicos e anti-inflamatórios. 

Agora leio na linha do tempo de uma pessoa que é normal fazer sexo sete (7) vezes ao dia. Isso não é nem civilizado. Isso é coisa de bárbaros da libertinagem, selvagens da devassidão... essa gente (?) não é de Deus...
Fernando Horta - @FernandoHortaOf 
 
Lula Presidente! Para fazer + e melhor

Anne Frank e a verdade

*"Nunca mais recuarei diante da verdade, pois quanto mais demoramos a dize-la, mais difícil fica dos outros ouvi-la"
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Mais imagens
Annelies Marie Frank - adolescente alemã vítima do Holocausto por ser judia. 
Tornou-se uma das figuras mais conhecida do século XX depois da divulgação do seu diário.
Nasceu em 12 de junho de 1929 e faleceu em fevereiro ou março de 1945.

Liberdade

Do livro eu não me livro
Faço questão de não me livrar
Se do livro eu me livrasse 
Como livre eu poderia ficar?

Recebi por email 
 Autor Desconhecido 

Crônica do dia, por Orlando Souza

DOR E CURA 
 
Aqui não é o inferno, eu sei.
Nem me interessa saber onde é.
Eu não faço a menor ideia de onde fica tal lugar até porque não tenho nem um “tico assim” de vontade de ir pra lá.
 
Mas uma coisa eu sei: nós precisamos acreditar que existe cura na dor.
E descobrir que a cura vai sarar o lado de dentro da gente, porque é ali que se encontra o amor.
 
Isso aqui não passa de uma monumental passagem. Viver é uma transcendência que nos conectará ao Paraíso. Enquanto isso, nos cabe insistir no desejo, na questão da essencialidade da vida. É preciso dar grande valor aos valores pequenos. A pureza, a vitalidade das crianças, a atitude dos animais, as vozes e o silêncio da natureza.
É imperativo a vontade de viver e é intransferível o desejo pela defesa da vida.
 
Eu quero a cura com o querer de Eros.  Eu desejo a cura com o desejo de Eros.
 
É certo que eu deseje o bem porque assim este também desejará a mim.
Ainda que seja uma expiação, a vida terrena não precisava ser o “inferno” que tem sido.
Morrer é das coisas absolutamente indispensáveis.
Para quem almeja desde agora as delícias do céu lá pela frente.
Porém, não propaga nem uma invenção quem afirmar nada existir que nos proíba fazer as preliminares aqui dos seus gozos.
 
Ocorre que o mundo fez a sua opção pelas sombras.
E sombra é o tipo de lugar onde as bandeiras não tremulam, nem os galhos balançam, nem as flores tomam forma e cor.
 
Vive na sombra ou à sombra quem se permitiu ausentar-se da esperança, equidistante do brilho dos faróis.
É das sobras que se projetam os ódios, a violência, o autoritarismo e os medos.
É nas sombra que mora a dor. 

Uma lúgubre e pavorosa sombra se pôs sobre os povos.
As nações foram acometidas de uma dor gigantesca e desalentadora.
 
No entanto, é chegada a hora – e esta é agora – de nos sobrepormos à “pandemia da estupidez” e do obscurantismo.
A cura só veio graças ao desejo da maioria das pessoas de que ela viesse e não pela vontade aterradora de quem despreza e minimiza a ciência e a medicina.
 
Eros tem prevalecido!
 
O desejo pela cura e pela vida está projetando raios de sol nas sombras do mundo.
 
Somos das raças a mais privilegiada, apesar de tudo, apesar de tanto.
É alentador descobrir tanto saber em tão curto espaço de tempo e ver desfraldada a bandeira da vida.

O fechamento da Crônica da Semana se dá com o poema da norte-americana Catherine O’Meara.
 
 
“E as pessoas ficaram em casa
E leram livros e ouviram música
E descansaram e fizeram exercícios
E fizeram arte e jogaram
E aprenderam novas maneiras de ser
E pararam
E ouviram mais fundo
Alguém meditou
Alguém rezava
Alguém dançava
Alguém conheceu a sua própria sombra
E as pessoas começaram a pensar de forma diferente.
E as pessoas curaram.
E na ausência de gente que vivia
De maneiras ignorantes
Perigosos, perigosos.
Sem sentido e sem coração,
Até a terra começou a curar
E quando o perigo acabou
E as pessoas se encontraram
Eles ficaram tristes pelos mortos.
E fizeram novas escolhas
E sonharam com novas visões
E criaram novas maneiras de viver
E curaram completamente a terra
Assim como eles estavam curados”.
 
Não há definição para a felicidade que esta certeza nos faz sentir:
 
“Para todo mal, a cura”.

Orlando de Souza

Crônica do dia

QUANDO A CASA DOS AVÓS SE FECHA

Acho que um dos momentos mais tristes da nossa vida é quando a porta da casa dos avós se fecha para sempre, ou seja, quando essa porta se fecha, encerramos os encontros com todos os membros da família, que em ocasiões especiais quando se reúnem, exaltam os sobrenomes, como se fosse uma família real, e, sempre carregados pelo amor dos avós, como uma bandeira, eles (os avós) são culpados e cúmplices de tudo.

Quando fechamos a casa dos avós, também terminamos as tardes felizes com tios, primos, netos, sobrinhos, pais, irmãos e até recém-casados que se apaixonam pelo ambiente que ali se respira.

Não precisa nem sair de casa, estar na casa dos avós é o que toda família precisa para ser feliz.

As reuniões de Natal, regadas com o cheiro a tinta fresca, que cada ano que chegam, pensamos “...e se essa for a última vez”? É difícil aceitar que isso tenha um prazo, que um dia tudo ficará coberto de poeira e o riso será uma lembrança longínqua de tempos talvez melhores.

O ano passa enquanto você espera por esses momentos, e sem perceber, passamos de crianças abrindo presentes, a sentarmos ao lado dos adultos na mesma mesa, brincando do almoço, e do aperitivo para o jantar, porque o tempo da família não passa e o aperitivo é sagrado.

A casa dos avós está sempre cheia de cadeiras, nunca se sabe se um primo vai trazer namorada, porque aqui todos são bem-vindos.

Sempre haverá uma garrafa térmica com café, ou alguém disposto a fazê-lo.
Você cumprimenta as pessoas que passam pela porta, mesmo que sejam estranhas, porque as pessoas na rua dos seus avós são o seu povo, eles são a sua cidade.

Fechar a casa dos avós é dizer adeus às canções com a avó e aos conselhos do avô, ao dinheiro que te dão secretamente dos teus pais como se fosse uma ilegalidade, chorar de rir por qualquer bobagem, ou chorar a dor daqueles que partiram cedo demais. É dizer adeus à emoção de chegar à cozinha e descobrir as panelas, e saborear a “comida da nona”.

Portanto, se você tiver a oportunidade de bater na porta dessa casa e alguém abrir para você por dentro, aproveite sempre que puder, porque ver seus avós ou seus velhos, ficar sentado esperando para lhe dar um beijo é a maior sensação, maravilhosa, que você pode sentir na vida.

Descobrimos que agora nós temos que ser os avós, e nossos pais se foram, nunca vamos perder a oportunidade de abrir as portas para nossos filhos e netos e celebrar com eles o dom da família, porque só na família é onde os filhos e os netos encontrarão o espaço oportuno para viver o mistério do amor por quem está mais próximo e por quem está ao seu redor.

Aproveite e aproveite a casa dos avós, pois chegará um tempo em que na solidão de suas paredes e recantos, se fechar os olhos e se concentrar, poderá ouvir talvez o eco de um sorriso ou de um grito, preso no tempo. De resto, posso dizer que ao abri-los, a saudade vai pegar você, e você vai se perguntar: por que tudo foi tão rápido? E vai ser doloroso descobrir que ele não foi embora ... nós o deixamos ir ...😢🙏
Recebido por e-mail 

Sobre "A sutil arte de ligar o F*da-se"


"Uma estratégia inusitada para uma vida melhor"
Não tem nada de "inusitado". É apenas mais um livro de auto-ajuda disfarçado.

"Chega de tentar buscar um sucesso que só existe na sua cabeça"
Se a pessoa não buscar o sucesso que existe na cabeça dela, vai buscar na de quem?
Quem vai pela cabeça dos outros é piolho.

"Chega de se torturar para pensar positivo enquanto sua vida vai ladeira abaixo"
Temos mesmo é de continuar pensando positivo mesmo enquanto tivermos indo ladeira abaixo

"Nosso cachorro nos odeia"
Cachorro não odeia. 

Cada um de nós é especial?
"Isso é narcisismo puro e simples"
Sim! Cada um de nós é especial. Basta saber que cada ser humano é único.

Estes comentários é apenas sobre o que li na capa e no início do livro.


Crônica do dia


Às vezes sim, às vezes não

Alguns dias são alegres, outros tristes. Mas os piores, por aqui ou por acolá, são os dias vazios, inodoros, incolores.

Ninguém me ensinou o que fazer com os dias vazios. Tenho medo e logo tento me ocupar, como se houvesse esquecido para que os dias vazios são e servem.

Pego o celular e logo saltitam mensagens sobre como eu deveria me sentir plena comigo mesma, satisfeita com meu corpo e seu formato peculiar, sagrada em relação ao mundo, pequena em relação à existência e organizada em cinco ou seis passos para acabar com aquela eterna vida de pendências. E se encontrar algum problema no meio desse caminho, é claro, posso contar com o cuidado de um life coach que seja, que isso é das coisas mais fáceis de fazer, arrumar a vida do outro.

Que coisa, né? Arruma a vida. Sob os critérios de quem?

Semana passada peguei uma carona pra voltar pra casa. Saímos de São Paulo quatro mulheres e um homem no carro. Papo vai papo vem, me percebo calórica ao defender a ideia de “deixar as antas que sejam antas, quem sou eu pra querer que alguém mude apenas pra caber no meu gabarito? Só não quero conviver, tampouco argumentar de forma a orientar qualquer mudança… mudança vem de dentro, de escolha individual”. Sei que preciso caminhar com mais afinco sobre a estrada do não julgamento, mas é que tem sido tão novo esse separar vidas e olhar os cultivos pra onde direciono energia de forma singular… sei também que em uma viagem de quase quatro horas é improvável que faça sentido alguém que fala em humildade com a voz tão alta, mas basicamente é isso: sob que critérios a gente vem se abrindo ou se fechando para experiências de desgaste? Somos obrigados a nos envolver com toda e qualquer pessoa que passa pelo nosso caminho sob o risco de sermos considerados arrogantes caso não? Não vale apenas um “boa tarde, boa sorte” educado e cada um segue seu baile ali, como bem deseja dançar? Não seria este um cenário muito mais verdadeiro e possível de caminhar do que eu me esforçando pra caber onde você acha melhor pra mim e vice-versa?

Acho mesmo que estamos atolados pelos tempos do online. Leituras curtas. Qual foi o último livro que você leu? Postagens fantasiosas. Qual delas você é, essencialmente? Fôrmas de pessoas que são parecidas demais, equalizadas em sons que não sei se emitem, tamanha uniformidade do que desenharam pra gente ser. Presta atenção, só um pouquinho: não é possível que todo mundo precise ser amigo de todo mundo. É muita gente! Educação, por sua vez, é primordial – vale desenvolver e parece que as regras são mais simples do que pular amarelinha: você usa bom dia/boa tarde/boa noite e diz por favor e obrigada, além de me desculpe quando se equivocar (variáveis aceitas, todas elas, as que passeiam entre a gratidão e o obséquio).

Atolados em falta de tempo pra gente mesmo, que dirá pro outro e, nessa correria moderna imputada pelo acesso ao tudo ao todo a qualquer momento (via smartphone, bem smart mesmo, hein?!), pode ser da gente ficar assim, sem saber o que fazer com os dias vazios e, de repente, de repente mesmo, se pegar pensando em voz alta e compartilhando com um monte de outra gente que sim, tudo bem não saber o que fazer e então pra não ficar ranzinza ou maluquinha da cabeça, escrever, escrever e escrever.

Pensar em dar conta de mim antes e ao mesmo tempo em que me entrego para relações mais verdadeiras entre eu e o outro não me torna egoísta ou arrogante. Me torna autêntica e responsável – mas só com mais tempo do que o rolar da tela é possível refletir sobre isso. Você tem esse tempo?

Eu tento. Me relaciono com o tempo, com o Tempo, como posso. Se eu consigo? Depois de checar e-mail, telefonar perguntando onde está meu parzinho, lavar a louça do café solitário dessa manhã e abrir incontáveis abas do navegador pra eliminar o que me procrastina e xeretar o que bem me faz sorrir, entendo: às vezes sim, às vezes não.

Mariana Nassif

"As vezes caio, mas me levanto e sigo em frente, nunca desisto, porque a mão que me ampara não é a do cão, é a de Cristo"

Casandra vai a Roma

Severina xique-xique era fustigada pelo psicótico Sol, que derramava seu ódio declarado à humanidade, no dia de sua morte. Dia da morte de Severina, não do Sol, que não pode morrer.
Severina tivera filhos. Vários deles. Cada qual, um rumo na vida. Um virou doutor. Outro andarilho. E ainda outro natimorto. O restante, mergulhado em cores cinzas e opacas, cálida sina de seres inanimados, jamais deu notícias.
Agora, a viúva Severina (viúva do último, mas abandonada pelo primeiro) rasteja suas pernas finas cambaleantes pelo árido sertão piauiense.
Antes que ela conseguisse chegar ao próximo vilarejo, Severina caiu morta – um baque elegante de um corpo esquelético, escanzelado, no chão poeirento e inóspito.
Porém, antes do impreciso último suspiro, Severina teve um último pensamento inquietante: “Por que raios o nome desta crônica é Cassandra Vai À Roma”?
Juliano Martinz - escritor, romancista, cronista, redator publicitário, biógrafo etc ... quem quiser entrar em contato com ele visite o Corrosiva 

"As vezes caio, mas me levanto e sigo em frente, nunca desisto, porque a mão que me ampara não é a do cão, é a de Cristo" Vida que segue...

Caiu na rede: o Rei na masmorra e o palhaço no castelo


Ponha um Rei na masmorra e ele continua sendo Rei. Ponha um palhaço no castelo e ele continua sendo palhaço.
O Rei se consola no cativeiro, com o carinho do povo que está longe dele. Enquanto o palhaço se enfurece no castelo com o desprezo do povo que está tão perto.
E assim a cela do Rei se torna do tamanho de uma nação, enquanto o castelo do palhaço se reduz ao tamanho de um túmulo.
Se existe algo tão triste quanto um Rei que teve sua coroa roubada, é um palhaço sem graça, cuja coroa que roubou não lhe assenta na cabeça.
Mesmo que um Rei morra no cativeiro, ele sempre será lembrado pelo povo como Rei. Já o palhaço sem graça, mesmo em vida estará condenado à vala comum do esquecimento...
Sabe por quê prender um Rei é tão perigoso? Porque a única maneira de arrebatar a coroa de um Rei é derrota-lo num duelo de vida ou morte. Na política esse duelo se chama eleição.
Deveriam tê-lo derrotado nas urnas, assim o povo aceitaria o novo Rei. Agora eles não sabem o que fazer com o Rei que está preso, e também não sabem o que fazer com o reino, que se encontra irremediavelmente dividido."
Oscar Filho
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Vida que segue

Crônica dominical

A revolução das baratas

No dia em que a barata Gene viu sua mãe ser brutalmente assassinada por um chinelo, decidiu que era hora da revolução começar

Havia décadas que as baratas pensavam em realizar um grande levante. Estavam cansadas do ódio peculiar que os seres humanos sentiam por elas, figurando como o inseto mais repulsivo do planeta Terra. Injustiçadas, odiadas, temidas. Mal podiam surgir em um ambiente, e o pânico se instalava por completo. Fêmeas e machos subindo aos gritos em cadeiras. Mas sempre havia 2 ou 3 algozes, psicopatas, empunhando chinelos e listas telefônicas, olhos vermelhos injetados, a boca espumando, ansiosos pela carnificina. E se as baratas não fossem rápidas o suficiente, jazeriam mortas, as patas para cima. Seu poderoso casco de quitina não seria forte o bastante para lhes salvar a vida.
E Gene era a líder da revolução baratística. Tinha uma inteligência incrível, uma memória invejável e uma estratégica mente militar. O assassinato da mãe diante dos seus olhos, alguns meses antes, fizera despertar o que lhe faltava para liderar a revolução: o ódio. O plano estava parcialmente definido, mas era preciso esperar o momento certo. Sua melhor amiga, Salete, sempre se postava como a temerosa:
– Mas estamos realmente prontas?
– Nunca antes estivemos tão prontas. – A voz de Gene trepidava com sua raiva incontida. – Em breve, teremos nossa vingança. Os humanos pagarão cada gota de hemolinfa derramada.
– Não sei, não. Tem coisa errada, Gene. Os números não batem.
– Como assim? Salete mostrou um esboço.
– Em nosso último censo militar, ficou constatado que somos 85 baratas para cada humano. Agora, pense comigo: a maioria dos humanos não tem mais do que dois ou três filhotes. E muitas das fêmeas deles nem se reproduzem. Mas nossas fêmeas, em apenas 150 dias, chegam botar 320 ovos. A proporção não bate, Gene. Deveríamos ser milhares ou milhões de baratas para cada humano. Onde estão as outras?
– Você não sabe onde elas estão?
– Não.
– Estão mortas, Salete – arrematou, séria. – A diferença na sua estatística é o número de irmãs assassinadas injustamente. Sentenciadas à morte por chineladas e sufocamento venenoso, enquanto os algozes gritam “nojenta”, “maldita”, “desgraçada”. Houve um silêncio entre as duas amigas. A verdade calou qualquer argumento.
Revolução das baratasNaquele mesmo dia, uma notícia se espalhou entre as baratas. Ninguém sabe como, mas as baratas tomaram conhecimento de que, no próximo mês, os humanos em todo o planeta dormiriam durante uma hora, simultaneamente. Era a oportunidade que Gene tanto esperava. Salete desconfiou:
– Como assim?
– É a nossa chance, Salete.
– Por que os humanos vão dormir todos ao mesmo tempo?
– Você deveria estar me perguntando sobre nossa estratégia de ataque.
– É só que me parece estranho.
– Faremos um ataque simultâneo, em todo o mundo. Atacaremos os humanos enquanto estiverem dormindo.
– Vamos comê-los?
– Não, minha querida. Pelo menos, não enquanto estiverem vivos. Isso os acordaria.
– Então, o que vamos fazer?
– Vamos sufocá-los.
– Como?
– Vamos entrar em suas bocas, e invadir suas vias respiratórias.
– Mas…
– Um ataque em massa. Dezenas de baratas saltando sobre a boca de cada humano. Eles não terão chance de qualquer reação.
– Isso significa que…?
– Sim. Algumas terão de se sacrificar. Mas seus nomes ficarão registrados na história. Figurarão na literatura como as baratas que conquistaram a liberdade para suas filhas e irmãs.
O plano estava traçado. Gene enviou baratas mensageiras para que avisassem cada um dos exércitos alocados em despensas, esgotos, sótãos, porões, e até nas matas. As baratas em todo o planeta precisavam saber. Todas elas deveriam sair dos seus esconderijos e lutar pela liberdade. A história propagada pelos humanos de que, para cada barata avistada existem mil escondidas, mudaria. Naquela noite, os humanos veriam todas elas, mas desta vez, seriam elas a ter os olhos injetados, e a boca espumando de ódio. E exatamente um mês depois, a guerra teve início.
Gene saiu pelo ralo do banheiro seguida por seu posto avançado de 249 baratas. Era meia-noite. Encaminharam-se lentamente para os quartos dos humanos, ansiosas pelo ataque final. Em questão de menos de uma hora, a raça humana estaria extinta da face da Terra. Chinelos e inseticidas nunca mais seriam produzidos.
Gene ainda salivava de ódio, quando ouviu um estranho zumbido. Ergueu lentamente a cabeça. Logo acima, parcialmente camuflada pela escuridão, viu uma figura familiar: o general Tod, uma vespa-joia. Ele estava a frente do que pareciam 3 ou 4 centenas de vespas e marimbondos.
O coração de Gene saltou-lhe à boca. Seu cérebro começou a juntar as peças e tudo se encaixou. Salete tinha razão. O sono coletivo dos humanos não podia ser verdade. O boato havia sido um embuste criado pelas vespas, as maiores inimigas das baratas, depois dos humanos. Em um relance, Gene já podia ver seus corpos sendo arrastados para buracos e servindo de alimento para larvas de vespas.
Gene virou-se para seu exército e, quase sem voz, gritou:
– É uma cilada… Fujaaaaam!
Mas era tarde demais. Ao grito de comando do General Tod e dos outros milhares de generais vespas de emboscada em todo o mundo, o ataque histórico das vespas contras as baratas começou. Vários anos depois, os jornais ainda noticiariam o misterioso desaparecimento de todas as baratas do planeta terra. A culpa, para todos os efeitos, recairia sobre o aquecimento global.
de Juliano Martins
Vida que segue

O alienista

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Resumo e análise completa da obra de Machado de Assis
O Alienista é uma obra prima do escritor brasileiro Machado de Assis. Publicado originalmente em 1882 e dividido em 13 capítulos, o clássico debate a tênue fronteira entre a racionalidade e a loucura. 

Resumo

A história se passa na vila de Itaguaí e tem como protagonista o grande médico Dr.Simão Bacamarte. O narrador descreve o doutor como o maior médico do Brasil, de Portugal e das Espanhas. Formado em Coimbra, o Dr.Bacamarte retorna ao Brasil aos trinta e quatro anos de idade.
Seis anos mais tarde casa-se com a viúva Evarista da Costa e Mascarenhas. Não se percebe inicialmente o porque da escolha do médico, uma vez que a senhora Mascarenhas não era bonita nem simpática. Dr.Bacamarte, rigoroso na sua ciência, justifica a decisão:
D. Evarista reunia condições fisiológicas e anatômicas de primeira ordem, digeria com facilidade, dormia regularmente, tinha bom pulso, e excelente vista; estava assim apta para dar-lhe filhos robustos, sãos e inteligentes. Se além dessas prendas,—únicas dignas da preocupação de um sábio, D. Evarista era mal composta de feições, longe de lastimá-lo, agradecia-o a Deus, porquanto não corria o risco de preterir os interesses da ciência na contemplação exclusiva, miúda e vulgar da consorte.
O casal, no entanto, não teve filhos. O médico passou a dedicar todo o seu tempo ao estudo da medicina, mais especificamente da mente humana. 
Logo o Dr.Bacamarte pede autorização à Câmara para construir uma espécie de hospício porque os loucos de até então ficavam trancados em suas próprias casas.
O projeto é aprovado e se inicia a construção da casa, localizada na Rua Nova. Com cinquenta janelas de cada lado, um pátio e cubículos para os doentes, o estabelecimento é batizado de Casa Verde em homenagem a cor das janelas.
Foram sete dias de festa pública na ocasião da inauguração. A casa começou a receber doentes mentais e o médico a estudar os casos de loucura - os graus, as particularidades, os tratamentos.
Como a Casa Verde começou a receber mais pacientes que vinham das cidades vizinhas, Dr.Bacamarte mandou construir novos espaços. O hospício abrigava todo tipo de doentes mentais: monomaníacos, doentes de amor, esquizofrênicos.
o alienista procedeu a uma vasta classificação dos seus enfermos. Dividiu-os primeiramente em duas classes principais: os furiosos e os mansos; daí passou às subclasses, monomanias, delírios, alucinações diversas. Isto feito, começou um estudo aturado e contínuo; analisava os hábitos de cada louco, as horas de acesso, as aversões, as simpatias, as palavras, os gestos, as tendências; inquiria da vida dos enfermos, profissão, costumes, circunstâncias da revelação mórbida, acidentes da infância e da mocidade, doenças de outra espécie, antecedentes na família, uma devassa, enfim, como a não faria o mais atilado corregedor. E cada dia notava uma observação nova, uma descoberta interessante, um fenômeno extraordinário. Ao mesmo tempo estudava o melhor regímen, as substâncias medicamentosas, os meios curativos e os meios paliativos, não só os que vinham nos seus amados árabes, como os que ele mesmo descobria, à força de sagacidade e paciência. 
Com o passar do tempo, Dr.Simão Bacamarte foi ficando cada vez mais absorvido pelo seu projeto de vida: passava mais tempo com os seus doentes, exercitava mais anotações nas pesquisas, já quase não dormia e comia.
O primeiro doente a ser internado que surpreendeu a população de Itaguaí foi Costa, um herdeiro de renome. Depois foi a prima do Costa, o Mateus albardeiro, o Martim Brito, o José Borges do Couto Leve, o Chico das Cambraias, o escrivão Fabrício... Um a um, os habitantes foram sendo diagnosticados como insandecidos e condenados ao exílio na Casa Verde.
Houve então uma rebelião, com cerca de trinta pessoas, liderada pelo barbeiro. Os rebeldes se dirigiram à Câmara. Apesar do protesto não ter sido acolhido, o movimento crescia cada vez mais, tendo alcançado trezentas pessoas.
Alguns dos participantes do movimento foram metidos na Casa Verde. Gradualmente, a Casa ganhou novos moradores, inclusive o próprio presidente da Câmara. Até D.Evarista, esposa do médico, fora trancada na Casa Verde sob acusação de "mania sumptuaria".
A grande reviravolta acontece, por fim, quando todos os habitantes da Casa Verde são colocados na rua. A ordem voltou a reinar em Itaguaí, com os seus moradores de volta nos antigos lares. Simão Bacamarte, por sua vez, decide se internar voluntariamente na Casa.

Personagens principais

Simão Bacamarte

Célebre médico formado por Coimbra, com carreira no exterior, estudioso de novas terapêuticas.

Evarista da Costa e Mascarenhas

Mulher do Dr.Simão Bacamarte. Aos vinte e cinco anos, já viúva, casou-se com o médico, que na altura tinha quarenta anos.

Crispim Soares

O boticário da vila de Itaguaí, amigo do médico Simão Bacamarte.

Padre Lopes

Vigário da vila de Itaguaí.

Significado da palavra alienista

Pouca gente sabe, mas o termo alienista é um sinônimo de psiquiatra. Os alienistas são aqueles que se especializaram no estudo do diagnóstico e tratamento de doenças mentais. 

por Rebeka Fukc - Doutora em Estudos da Cultura

Todo mundo quer ser bom, mas da lua só vemos um pedaço 
Vida que segue...