Mostrando postagens com marcador Muamar Kadafi. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Muamar Kadafi. Mostrar todas as postagens

Ladrão que rouba ladrão tem 100 anos de perdão?

A velhinha Briguilina quer saber quem vai ficar com os bilhões que [ dizem ] Muamar Kadafi roubou.

Os dinheiro depositado nos bancos suiços ficaram com os honestíssimos banqueiros suiços?...

Idem, com o $ depositado nos bancos americanos?...

E, será que ele depositou algum nos paraísos fiscais?...

Mas, se por acaso algum destes banqueiros ficar com o dinheiro roubado pelo ditador ladrão, também não é roubo?...

Sei não, mas tenho a impressão que estas perguntas apenas o mister mago Laguardia sabe responder.

Aguardo.

por Luis Fernando Verissimo

Foi pessoal

Em 1986, fomos atacados pelo Muamar Kadafi. Já conto.
1986, todos se lembram, foi o ano do desastre nuclear em Chernobyl. A radioatividade expelida pela explosão da usina russa se alastrou pela Europa e chegou à Itália e a Roma, onde passávamos uma temporada com os filhos. Para controlar a contaminação foi proibido o comércio de certos alimentos, que desapareceram do mercado. Fora isso, não fomos atingidos pela radiação — pelo menos que notássemos.
Aquele também foi o ano do metanol que os italianos estavam usando para adulterar o vinho, o que deu em mortes, protestos e processos. Também escapamos dos seus efeitos, talvez por sorte, pois bebíamos bastante vinho nacional. E 1986 foi o ano da morte por envenenamento, na prisão, de uma importante figura política cujo nome não recordo, um daqueles escândalos "al succo" que os italianos saboreiam de tempos em tempos e parecem sempre prestes a derrubar a república.
Não tínhamos nada a ver com a política local, aquilo não nos dizia respeito. Mas que estava sendo um ano estranho, estava.
Lembro da manchete de um jornal de Roma que dizia "Itália de todos os venenos". E, para culminar, em retaliação por alguma que a Itália tinha lhe feito, o Kadafi mandou um foguete contra a ilha de Lampedusa. Ninguém morreu, mas o território italiano foi atingido — e nós, na qualidade de hóspedes, também. Fiquei ressentido com aquele foguete contra a minha família. Quer dizer, tenho razões pessoais para celebrar a queda do Kadafi.
(Para responder ao ataque do Kadafi, um cômico italiano sugeriu que, aproveitando os efeitos de Chernobyl, lançassem alguns repolhos radioativos em Trípoli.)
OUTRO
Quinze anos depois, estava eu em Nova York cuidando da minha vida quando fui, de novo, sorrateiramente agredido. E o World Trade Center estava bem mais perto de mim do que a ilha de Lampedusa em 86. Entre todos os outros estragos que fizeram os aviões que derrubaram as torres gêmeas, interromperam minha viagem e agravaram minha paranoia, já aguçada pelo foguete do Kadafi.
Estes ataques contra mim estão virando rotina, gente. Não vou tolerá-los por muito mais tempo.

por Neno Cavalcante

Assassinatos covardes e cruéis


O que a OTAN fez ajudada pelas tropas do farsante Belusconni em Trípoli merece o repúdio de todo o mundo civilizado, pois ficou caracterizado um ataque militar contra civis, vitimando o filho caçula e três netos do presidente líbio Muammar Kadafi, que um dia antes havia anunciado intenção de fazer um acordo de cessar- fogo. Repete-se o que aconteceu no Iraque, uma covardia inominável.

Os pais do massacre

A OTAN, a Itália, os Estados Unidos e outros países belicistas deverão ser responsabilizados por qualquer desdobramento que advier dessa barbárie.

por Brizola Neto

Jornalistas visitam casa onde morreram filho e netos da Khadaffi; uma bomba não detonada aparece entre os escombros
A nota da OTAN lamentando a morte do filho mais novo e de três netos de Mummar Khadaffi é de um cinismo poucas vezes visto. Não é crível que Khadaffi deixasse seu filho e seus netos numa instalação militar, ainda mais depois de um mês de pesados bombardeios à capital, Trípoli. Foi, sim, um ataque a uma casa, num bairro residencial, com o deliberado intuito de atingir o líder líbio.
Goste-se dele ou não, não é esse o mandato da ONU para a Líbia. Ao contrário, a autorização de uso de força militar é para proteger civis, não para assassinar Khadaffi e muito menos seus filhos e netos.

Mais cruel ainda é que o ataque se deu poucas horas depois de ele ter anunciado publicamente, na televisão, que estava disposto a negociar com a OTAN em troca de um cessar-fogo.

Fica claro que a ação militar não tem como objetivo criar uma saída humanitária para a crise daquele país. Pretende sim a deposição de um regime e o aniquilamento de pessoas que o lideram, pela via do assassinato – porque não é possível considerar que matar com bombas seja menos que um assassinato a bala, sem defesa.
Aliás, é pior, porque para tentar atingir a TV onde estaria Khadaffi  a Sociedade Líbia da Síndrome de Down também foi bombardeada nos ataques da Otan na madrugada de ontem.
Não é para isso a ONU. Os Brics – Brasil entre eles – devem usar o poder que adquiriram na comunidade internacional para exigir um cessar-fogo imediato e o envio de observadores internacionais para zelar por seu cumprimento. A comunidade das nações não pode, mesmo indiretamente, patrocinar ataques de “execução pessoal”. Não deveriam patrocinar ataque algum, mas estes, de deliberada e dirigida ação homicida são intoleráveis.

Líbia

Em audiência na Comissão de Relações Exteriores do Senado, o chanceler Antônio Patriota colocou a discussão da intervenção militar norte-americana e dos aliados na Líbia num outro patamar. Patriota, muito apropriadamente, questionou os reais interesses desta interferência das potências mundiais na região.

Seu questionamento merece todo aplauso. É uma posição absolutamente pertinente que se apoia na realidade dos fatos: a questão do petróleo, da prevalência dos interesses e negócios dos EUA e potências aliadas é o que está efetivamente em jogo. Daí a política de dois pesos e duas medidas, o disfarce da defesa dos direitos humanos, enfim, o que todos sabem, mas ninguém diz, muito menos a imprensa.

Patriota lembrou que Benghazi, a região líbia que concentra o maior foco de resistência ao presidente Muamar Kaddhafi, recebe apoio direto das potências internacionais, sobretudo EUA, Grã-Bretanha e França. Também contou que os rebeldes são recebidos como representantes oficiais - quando não têm o mais leve vestígio de serem - da Líbia por governos como os da Itália e da França.

Dividir para reinar

"Isso pode representar uma ameaça à integridade territorial da Líbia. Perguntamo-nos se isso é deliberado, se é motivado por interesses puramente pacíficos e de cooperação, ou se também não é uma maneira de dividir para imperar, tendo em vista as riquezas petrolíferas da Líbia, assim como se fez no passado", afirmou o chanceler no Senado.

Uma questão mais do que pertinente se pensarmos que as medidas planejadas e postas em prática pelos países que interferem militarmente na Líbia não passam nem perto do Conselho de Segurança da ONU. Dentre estas ações estão o repasse de armamento para os rebeldes e de fundos congelados da família Kaddhafi. "Acredito que são questões que deveriam passar pelo Conselho. Como se pode fazer a entrega de armas aos rebeldes, por exemplo, se há um embargo contra a Líbia?"

O Brasil, informou também Patriota, vem mantendo diálogo com os países membros da Liga Árabe e da União Africana. Eles tentam encontrar uma solução intermediária para o conflito na Líbia, no sentido de obter um cessar-fogo e o acerto de um período de transição no país.
Zé Dirceu

O exemplo de Bush

Barack Obama viu que, se não fizesse guerra, como seu antecessor, perderia a eleição. Está bombardeando até o palácio de despachos do presidente da Líbia, por não ser submisso às ordens de Washington.

Impunidade
Então, Kadafi deve ser fuzilado como Saddam Hussein, não o ex-presidente do Egito, porque apenas empobreceu seu povo e foi subserviente aos Estados Unidos?

Vidas
Engraçado é que antes de declarar guerra à Líbia, Barack Obama, de olho na reeleição, justificou sua intervenção pelo interesse de preservar vidas árabes. E as que estão sendo fuziladas por reis, xeques e prepostos árabes de Washington? Não devem ser preservadas? E as dezenas de milhões de iraquianos assassinados pela máquina militar americana, sob o pretexto mentiroso de que o presidente do país detinha armas de destruição em massa?

Divisão
Isto quando ora se sabe que no ano anterior à declaração da guerra, a Inglaterra já tinha assegurado pelo governo dos Estados Unidos sua participação no petróleo do país que seria invadido e quase totalmente destruído?

por Cesar Maia

MUDANÇAS NO PROCESSO ELEITORAL JÁ SERIAM UMA REFORMA!
                                          
1. Segue o debate, e o impasse, sobre a reforma eleitoral. Seria melhor deter-se sobre o processo eleitoral em si, fazendo uma análise comparada com os demais países.  Três questões se destacam. A primeira questão é sobre o debate na televisão. Em nenhum país, e em especial nas democracias maduras, o debate pode ser feito na semana da eleição -menos ainda na antevéspera. Nos EUA e na Europa, o último debate ocorre duas semanas antes. Vários estudos nos EUA mostram que o impacto da coreografia dos debates na TV se dilui em até quatro dias.  O debate deve aprofundar as questões políticas, e não se propor a pegadinhas, a gracinhas e a agressões, ou a dar vantagens aos televisivos. Com um prazo maior, efeitos desse tipo se diluem e o eleitor volta a decidir sobre as questões da campanha.
          
2. A segunda é sobre as pesquisas. Alguns países exigem currículo dos institutos, evitando que criações pré-eleitorais divulguem seus resultados. A grande imprensa faz sua seleção, mas não é geral. E publicidade paga não se nega. Outro aspecto é o prazo limite de publicação de pesquisas. Alguns países exageram estabelecendo limites amplos. Mas -por outro lado- a divulgação na véspera e no dia da eleição, é um exagero, sempre reforçado pelas manchetes.
          
3. A terceira questão é a mais grave de todas. A compra de votos, a cada ano, se torna mais escandalosa no Brasil. É feita por meio de um eufemismo: "cabos eleitorais".  Milhares são contratados por 90 dias, depois por mais 60 dias, por mais 30 dias e finalmente exponenciados nos últimos três dias. A legislação, ingenuamente, proíbe a boca de urna, mas permite as bandeiras e outras alegorias até no domingo.  Em 2010, levantamentos em diversos locais do Rio confirmaram que os pagamentos são feitos de forma ascendente, desde três meses antes, até os últimos três dias, quando valem 20% do salário mínimo ou mais. E que 90% dos "cabos eleitorais" vão votar no candidato que os contrata.
          
4. Um candidato a deputado bem patrocinado, põe nos últimos três dias 40 mil "cabos eleitorais" pelo Estado. Estima-se que o gasto oculto com "cabos eleitorais" seja maior que todos os gastos de campanha declarados, dos majoritários e dos proporcionais.
Em vários países, aplica-se a lei do silencio a partir da sexta-feira anterior à eleição, no domingo. Isso vale para todo tipo de manifestação, sejam panfletos, colinhas, bandeiras ou carros de som.  Esses três dias são chamados de dias de reflexão, para que o eleitor, depois de ter recebido todas as informações e impulsos na campanha, possa tomar a sua decisão sem pressões e sem dinheiro. Corrigir essas três questões vale uma reforma eleitoral. E é questão apenas de vontade.

                                                    * * *
        
2005, SEIS ANOS ATRÁS, O "ANDAHUAYLAZO": TENTATIVA DE GOLPE DOS IRMÃOS OLLANTA E ANTAURO HUMALA!
        
1. Três vídeos curtos de 2 a 5 minutos. Assista. 12 e 3.
          
2. Manchetes de domingo no Peru. La RazonPeru 21.

                                                    * * *

A HISTÓRIA DA HUNGRIA AJUDA A EXPLICAR!
          
1. Este Ex-Blog, na semana passada, informou que o parlamento da Hungria aprovou uma nova Constituição com claro direcionamento de extrema-direita. Em seguida, tanto na União Europeia como na Alemanha autoridades reagiram, dizendo que aqueles termos divergem dos valores democráticos adotados pela União Europeia. Mas vale a pena lembrar as raízes políticas da Hungria, que, ao que parece, não foram superadas, como o foram na Alemanha, por exemplo.
          
2. (RV) A Hungria, como sabemos, na segunda guerra, combateu ao lado do nazismo e foi um adversário duro de roer. Somente na tomada de Budapeste, o Exército Vermelho perdeu cerca de duzentos mil homens. Nos últimos dias da guerra e frente à destruição total, o fascista Almirante Horthy rendeu-se aos soviéticos.
          
3. Em 1956, após a retirada do Exército Vermelho, os fascistas assumem a  hegemonia da contrarrevolução (apenas onze anos após o final da guerra -ou  seja, como se fosse, para nós, o ano 2000, portanto, literalmente ontem-).  Zhukov, cuja influência decisiva retornou com a ascensão de Krutschev, exigiu o retorno do Exército Vermelho, contra a vontade do  próprio Krutschev e até de Andropov, residente da KGB em Budapeste na época (e mais tarde Secretário-geral do PCUS, primeiro ministro e presidente da  URSS). A ordem do Exército Vermelho foi a de "destruir o fascismo", sem mais delongas.
          
4. As raízes..., ou as marcas..., parecem ter ficado.

                                                    * * *

DÉFICIT COMERCIAL EXTERNO COM DERIVADOS DE PETRÓLEO CRESCE US$ 15 BILHÕES EM DEZ ANOS!
      
(Estado de SP, 24) A situação vai provocar um déficit de US$ 18 bilhões na balança de derivados de petróleo este ano, conforme projeção da RC Consultores. Em 2010, as importações de derivados ultrapassaram as exportações em US$ 13 bilhões, segundo o Ministério do Desenvolvimento. Em 2000, o rombo era de US$ 3,2 bilhões.  A falta de combustível é sanada com importações. "A população pode não perceber, mas vivemos um estrangulamento do setor de combustíveis, um apagão", disse Adriano Pires, diretor executivo do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE).  O problema é que a situação aumenta a vulnerabilidade externa do País. O déficit em conta corrente (resultado das transações externas do País, incluindo remessas de lucros e viagens internacionais) deve atingir US$ 61,5 bilhões este ano.

                                                    * * *
        
KADAFI E SEU MODELO: O IMPERADOR ROMANO (LÍBIO), SEPTÍMIO SEVERO!

(Mayte Carrasco-La Nacion, 22) 1. As ruínas de Leptis Magna são vistas a distância, atrás do magnífico arco da vitória e sob um céu claro, salpicado de nuvens baixas.  No fundo, se ouve o som dos caças da OTAN, sobrevoando Misurata, a 90 quilômetros daqui. O azul do Mar Mediterrâneo banha a chamada Roma da África, de incalculável valor histórico, só comparável a Éfeso, agora deserta de turistas desde que a guerra começou há dois meses. É a cidade natal do Kadafi romano, Lúcio Septímio Severo (145-211dc), o único imperador de origem líbia e norte-africana, conhecido por sua natureza ditatorial, conhecido por sua túnica, semelhante à usada pelo coronel Kadafi em suas excêntricas aparições.

2. As semelhanças entre os dois líderes líbios são surpreendentes. O imperador executou dezenas de senadores com acusações de corrupção e conspiração; criou um círculo de pessoas fiéis e sua própria guarda pessoal. Chegou ao poder depois de participar de uma rebelião e fundou uma dinastia perpetuada por seus filhos. É o objetivo de Coronel Kadafi, que quer assegurar sua sucessão através do seu filho Saif al-Islam. Curiosamente, o descendente mais novo de Septímio Severo, foi assassinado por seu irmão, extremo a que não chegaram os Kadafi, embora as relações entre Saif e Mutawasil sejam muito ruins. Sua rivalidade pelo trono do pai está na boca de toda a população de Trípoli.

                                                    * * *
            
VENEZUELA ABANDONA O PACTO ANDINO! RAZÕES CONTRADITAM ESTAR NO MERCOSUL!
          
1. (AP/Estado SP, 22) A Venezuela deixou formalmente a Comunidade Andina das Nações (CAN) na sexta-feira, 22, sem uma definição sobre como serão regidas as relações comerciais com alguns dos países vizinhos. A situação é considerada por muitos um "golpe mortal" ao bloco econômico dos Andes.  O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, anunciou em abril de 2006 que o país sairia do bloco. Na ocasião, dois dos países-membros, Peru e Colômbia, aprovaram acordos de livre-comércio com os Estados Unidos, provocando a decisão de Chávez.  A Venezuela estava obrigada a um aviso prévio de cinco anos, que termina amanhã, assim como os direitos e obrigações que o país tem com seus quatro sócios - Bolívia, Colômbia, Equador e Peru - por 38 anos.
      
2. No caso da Bolívia e do Equador, o governo venezuelano subscreveu um "protocolo de acordo" para regulamentar o comércio com os dois países, cujos termos não são conhecidos. O comércio entre a Venezuela e os outros quatro países do bloco, que em 2006 foi de US$ 6,1 bilhões, passou para US$ 12,4 bilhões em 2008. Mas, por causa da crise financeira mundial, caiu para US$ 4,5 bilhões em 2010.
      
3. A saída da Venezuela do bloco, formado em 1969, é natural, se vista "de um ponto de vista ideológico", uma vez que interessa muito mais a Chávez reforçar a Aliança Bolivariana para os Povos da Nossa América (ALBA). A organização, criada pelo presidente venezuelano na década passada, é composta hoje por Venezuela, Cuba, Nicarágua, Dominica, Antígua e Barbuda, São Vicente e Granadinas.
      
4. (Ex-Blog, 22) E por que Chávez insiste tanto em entrar para o Mercosul? Que o Senado do Paraguai continue resistindo em nome da democracia continental e da integridade das regras do Mercosul.

por Zé Dirceu

O que aconteceu com a intervenção na Líbia?

Enquanto o barril de pólvora em que se converteu o Oriente Médio explode em sucessivos países - há um mês a bola da vez é a Síria, conforme nota abaixo - continua o imobilismo do Ocidente em relação ao problema. Em relação a Líbia, a Síria, e a toda a Península Arábica.
A pergunta mais pertinente a se fazer, e que não cala é: o que aconteceu com a intervenção na Líbia, onde havia e há uma guerra civil?

Chegaram a constituir um Conselho Nacional Líbio, da oposição, composto inclusive por ex-ministros do governo Muamar Kaddhafi. Dele participavam o ex-ministro da Justiça, Mustafá Abdell Jalil, e outros, como o ministro do Comércio Exterior, Ali Al-Issawi, além de personagens como  Mohomoud Jabril, que voltou do exílio para presidir o Conselho de Desenvolvimento Econômico, a convite de Said, filho de Kaddhafi. Fracassaram todos. 

Na Líbia não há rebelião, é guerra civil
Como vemos, na Líbia não se trata de uma rebelião ou de manifestações reprimidas, mas de uma guerra civil, com o governo de direito constituído e do outro lado um governo provisório, com bandeira, um exército, inclusive com a participação de Ahmed Zubeir Sherif, único descendente do Rei Idris I, deposto por Kaddhafi.

Sherif luta ao lado de Omar Hariri, ministro da Defesa dos rebeldes, ex-companheiro de Kaddhafi no golpe de 1969 e depois preso numa tentativa de depor o coronel-presidente que até hoje governa a Líbia.

Outras perguntas que se fazem hoje: como ficaram o Iêmen e Bahrein? Onde estão a União Européia (UE) e a Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN)? Qual foi o resultado dessa aventura? Por que as Nações Unidas se calam sobre esses países e agora buscam, ao lado da União Africana e da UE, negociar com o governo Kaddhafi?

Como ficaram o Iêmen e o Bahrein?

E negociar sem ter apoio dos chamados rebeldes, hoje totalmente dependentes da OTAN e de países como a França, sem o que já estariam derrotados. A quem interessa esconder os objetivos e programa dos rebeldes, monarquistas, em sua maioria simpáticos ao Ocidente, ao livre mercado e ao secularismo e cuja bandeira tremula em suas manifestações e entrevistas?

Não podemos esquecer que o presidente Muamar Kaddhafi, depois de 10 anos de bloqueio, com pesadas sanções econômicas, foi salvo do isolamento internacional antes por Nelson Mandela e depois pelos próprios Estados Unidos quando, então, lhes era conveniente.


Logo que saiu dos 27 anos de prisão, Mandela visitou a Líbia para agradecer o apoio que Kaddhafi deu à luta contra o racismo e o regime sul-africano.

Líbia

...Não está fácil

Rebeldes estão perdendo a guerra na Líbia. Só derrubam o ditador com o escancarado apoio das forças dos Estados Unidos, em mais uma guerra contra os árabes. Estados Unidos já estão mandando armas, embora um de seus comandantes militares ache que os rebeldes são dominados pelas facções radicais de muçulmanos. A guerra contra Kadafi não está sendo fácil de vencer, apesar do apoio do governo dos Estados Unidos.

Sem ressonância

Sinal de que o ditador está bem armado e a oposição não tem a ressonância que os americanos achavam entre a população. Isto lembra aqueles cinco gatos pingados com cara de ocidentais pulando, diante de cinegrafistas ianques, numa praça de Bagdá quando Saddam Hussein caiu. O povo iraquiano recebeu os americanos com bombas e mais resistiria, se não tivesse sido esmagado pela superpotência militar.
Lustosa da Costa

Com a CIA por trás dos "rebeldes líbios", cai mais uma máscara da cobiça ao petróleo alheio


OTAN esconde as armas porque não sabe com quem está se metendo

"Países muçulmanos, incluindo a Arábia Saudita, Iraque, Irão, Kuwait, Emirados Árabes Unidos, Qatar, Iêmen, Líbia, Egito, Nigéria, Argélia, Cazaquistão, Azerbaijão, Malásia, Indonésia, Brunei, possuem de 66,2 a 75,9 por cento do total das reservas de petróleo, conforme a fonte e a metodologia da estimativa"
Michel Chossudovsky, The "Demonization" of Muslims and the Battle for Oil, Global Research, 04/01/2007
Agora, que toda mentira foi desnudada, que Barack Obama, tutelado por Hillary Clinton, porta-estandarte da elite de olhos azuis, deixou cair na lama o charme charlatão, agora que ele jogou no ventilador o capcioso prêmio Nobel da paz, assumindo o personagem do mau caráter que despachou agentes para incendiar a Líbia, gostaria de saber o que fará a diplomacia brasileira para consertar a própria trapalhada no Conselho de Segurança da ONU, naquele infausto 17 de março  em que alguns países deram uma carta suja para uma agressão estrangeira a um país que não está em guerra com outro e que apenas tenta manter a unidade nacional e o controle sobre suas riquezas.
Sim, porque agora a própria resolução fatídica é lixo só: não tem uma única cláusula de valia, não tem serventia para mais nada. A qualquer melodramático diplomata abstêmio fica difícil explicar à distinta platéia como países vividos comeram mosca numa manobra tão reles com o papelucho que foi usado para sacramentar a cobiça ensandecida dos céus, terras e mares de toda a África do Norte e adjacências, do Oriente Médio e de todos os países muçulmanos.
Agora, o próprio presidente dos Estados Unidos da América confessa na maior cara de pau que seu sonho de consumo é derrubar o governo constituído da Líbia. Daí ter  introduzido na área, por baixo dos panos, agentes e mercenários da CIA, juntamente com farto arsenal de armas e munições, já que nem os bombardeios mortíferos, nem a guerra midiática encomendada meteram medo em Kadhafi e no seu povo que, como demonstram os fatos reais, parecem decididos a resistir, não importa o sacrifício e as perdas de inocentes atingidos pelos mísseis made in USA de última geração, conforme denúncia endossada pelo insuspeito bispo católico de Trípoli, Giovanni Innocenzo Martinelli.

CIA contrata empresas militares
Agora, a mídia se vê obrigada a revelar, como o NEW YORK TIMES e a Reuters, que desde muitos dias atrás, antes, portanto, da chancela da ONU, os agentes da CIA abarrotados de dólares já estavam infiltrados em Benghazi, em manobras cavilosas para incensar rivalidades tribais e manipular a justa ansiedade de jovens desempregados, com o objetivo de dar um bote que garanta no epílogo das escaramuças o terreno livre para a conquista mansa e inercial das jazidas petrolíferas que somam mais do dobro de todo o estoque do pomposo império decadente, de olho no vasto manancial dos países muçulmanos - mais de dois terços das reservas mundiais conhecidas.

Agora, não tem mais ONU, não tem mais desculpas, não tem mais cortinas de fumaça, não tem mais conversa pra boi dormir. Os Estados Unidos e seus sócios - especialmente França e Inglaterra - estão bancando a contratação das modernas legiões estrangeiras, os mercenários (contractors) das private military company (PMC), montadas pela Halliburton e pela Blackwater, que já terceirizam a matança no Iraque e no Afeganistão. E já submeteram os "rebeldes" ao comando de Khalifah Hifle, agente da CIA, conforme revelou Pepe Escobar do Asia Timesem matéria publicada no site da "redecastorphoto" - http://re decastorphoto.blogspot.com/2011/03/tripoli-nova-troia.html

Já o comando da OTAN desistiu de enviar mais armas aos adversários de Kadhafi, além das que estão entrando pela fronteira do Egito, com ajuda financeira da CIA, França e do Katar. Com informações privilegiadas, teme que esse armamento caia nas mãos das tropas leais ao líder líbio. Na reconquista de posições no Leste, já acercando-se de novo de Benghazi, o Exército e as milícias populares usaram menos a artilharia e surpreenderam com a ajuda da população das cidades reconquistadas.
 
Na guerra do petróleo, querem excluir a China
O ditador invisível que manipula os cordéis de Barack Obama não gostou de saber que a Chevron e a Occidental Petroleum (Oxy) decidiram em outubro passado fazer as malas da Líbia, abrindo espaço para a China National Petroleum Corp (CNPC), que já participa da exploração em vários países da África do Norte e compra 11% do petróleo líbio, com possibilidade de triplicar a encomenda tão logo haja disponibilidade. Até o levante de fevereiro, 30 mil chineses trabalhavam na Líbia a serviço da CNPC.

Isto porque importar petróleo que ajuda a extrair da Líbia é o melhor negócio da China. Com o preço do barril a mais de US$ 100, o custo da extração não passa de US$ 1,00 por barril. Desse óleo de altíssimo rendimento, 80% vêm do Golfo de Sirte, no leste do país, onde ficam Benghazi e Lanuf Ras, e alguns chefes tribais que sonham com a boa vida monárquica de paxás.

Trocando em miúdos, os alcunhados rebeldes líbios, mesmo já subordinados aos agentes da CIA, vão começar a ser substituídos por contratados dessas empresas militares, que são a última moda em guerra de agressão, com mestrado em Abu Ghraib e Guantánamo, e serão enviados para algum campo de treinamento de país "amigo" para voltarem em outra fasedo conflito, que os senhores das armas desejam demorado.

O orfanato do Itamarati conhece muito bem o Relatório 200 do Project of the New American Century (PNAC) intitulado "Rebuilding Americas Defenses", que cristaliza a teoria das "guerras simultâneas de conquista" e serve de base para a política externa que Obama assinou embaixo. Uma política externa ao gosto do complexo industrial-militar-financeiro e de outros interesses escusos, maliciosamente manipulados pelo sionismo e pelo "Opus Dei".
 
Ou o Brasil se mexe ou fica mal na fita
A ironia do destino pôs para dar o cavalo de pau na nossa política externa um cara chamado Antônio Patriota, que tem no seu prontuário dois anos como embaixador do Brasil em Washington (2007 a 2009), de onde saltou para a Secretaria Geral do Itamarati já com a encomenda de desmontar o trabalho do embaixador Samuel Guimarães, o grande formulador da doutrina soberana. Daí para virar titular foi mole: o que não faltou foi "QI".
O governo brasileiro tem a obrigação de reverter esse mico que pagou ao abster-se diante de uma resolução que desrespeita a própria Carta da ONU, forjada exclusivamente para embasar um projeto de pirataria de desdobramentos imprevisíveis, até porque os países associados também não se entendem e Obama está em maus lençóis: pesquisa da Associated Press-GfK mostrou que os norte-americanos não apóiam a aventura, enquanto congressistas temem que milhões de dólares saiam pelo ralo e não tenham retorno.

Se quiser fazer alguma coisa de útil, além de declarações lançadas ao vento, a Chancelaria brasileira dispõe de grandes espaços de articulação. A maioria dos países árabes viu que amarrou seu camelo no tronco errado e agora está sem saber o que dizer em casa. Dos 24 integrantes da Liga Árabe, só 6 foram à reunião de Londres, convocada nessa quarta-feira para discutir a hipotética Líbia pós-Kadhafi: Iraque, Jordânia, Emirados Árabes Unidos, Tunísia e Líbano. Nem a Arábia Saudita deu as caras por lá.

O questionamento da intervenção estrangeira com o objetivo agora mais explícito de implantar um governo títere para tomar conta do petróleo alheio é responsabilidade também dos nossos deputados e senadores, das entidades da sociedade civil e dos defensores da soberania brasileira. Com essa crise indisfarçável nas "potências" ocidentais ninguém pode se sentir seguro no domínio de suas riquezas. Pode parecer exagero, mas não me surpreenderia se esses países já não listaram o Brasil em seus projetos coloniais. 
 
Comente nos blogues

Bussines

não há como o guerra-bussines

Mentiras, hipocrisias e agendas ocultas. Eis os temas dos quais o presidente Barack Obama não tratou, ao explicar aos EUA e ao mundo a sua doutrina para a Líbia. A mente se perde, vacila, ante tais e tantos buracos negros que cercam essa esplêndida guerrinha que não é guerra (é “ação militar com escopo limitado por prazo limitado”, nos termos da Casa Branca) – complicados pela inabilidade do pensamento progressista, que não consegue condenar, ao mesmo tempo, tanto a crueldade do governo de Muammar Gaddafi quanto o “bombardeio humanitário” dos exércitos de EUA-anglo-franceses.
A Resolução n. 1.973 do Conselho de Segurança da ONU operou como cavalo de Tróia: permitiu que o consórcio EUA-anglo-francês – e a Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) – se convertesse em força aérea da ONU usada para apoiar um levante armado. Aparte nada ter a ver com proteger civis, esse arranjo é absoluta e completamente ilegal em termos da legislação internacional. O objetivo final aí ocultado, que até as crianças subnutridas da África já viram, mas que ninguém assume ou confessa, é mudar o governo na Líbia.
O tenente-general Charles Bouchard do Canadá, comandante da OTAN para a Líbia, que insista o quanto quiser, repetindo que a missão visa exclusivamente a proteger civis. Pois os “civis inocentes” lá estão, dirigindo tanques e disparando Kalashnikovs, brigada de farrapos que, de fato, são soldados em guerra civil. O problema é que, agora, a OTAN foi convertida em força aérea daquele exército, seguindo as pegadas do consórcio EUA-franco-inglês.
Ninguém diz que a “coalizão de vontades” que hoje combate o governo líbio é coalizão de apenas 12 vontades (das 28 vontades representadas na OTAN), mais o Qatar. Isso absolutamente nada tem a ver com a “comunidade internacional”.
O veredicto sobre a zona aérea de exclusão ordenada pela ONU só será conhecido depois que houver governo “rebelde” na Líbia e terminar a guerra civil (se terminar rapidamente). Só então se poderá saber se, algum dia, os Tomahawks e bombas-em-geral foram algum dia justificados; o porquê de os civis de Cyrenaica terem sido “protegidos”, ao mesmo tempo em que os civis em Trípoli foram Tomahawk-eados; quem, afinal eram os ditos “rebeldes” ditos “salvos”; se a coisa toda, desde o início, em algum momento deixou de ser ilegal; como aconteceu de uma resolução do Conselho de Segurança da ONU ser usada para acobertar golpe de Estado (digo, “mudança de regime”); como o caso de amor entre “revolucionários” líbios e o Ocidente pode acabar em divórcio sangrento (lembrem o Afeganistão!); e quais os atores ‘ocidentais’ que lucrarão mais, imensamente, com a exploração de uma nova Líbia – seja unificada seja balkanizada.
Pelo menos por hora, é muito fácil identificar os que já estão lucrando.
O Pentágono
Roberto “O Supremo do Pentágono” Gates disse no fim-de-semana, na maior cara dura, que só há três regimes repressivos em todo o Oriente Médio: Irã, Síria e Líbia. O Pentágono se encarrega agora do elo mais fraco – a Líbia. Os outros dois sempre foram figuras chaves da lista dos neoconservadores, de governos a serem derrubados. Arábia Saudita, Iêmen, Bahrain etc. são exemplos de democracia.
Como nessa guerra de prestidigitação “agora se vê, agora não se vê”, o Pentágono obra para lutar não uma, mas duas guerras. Começou pelo AFRICOM – Comando dos EUA na África –, criado no governo George W Bush, reforçado no governo Obama, e rejeitado por legiões de governos, intelectuais, organizações de direitos humanos e especialistas africanos. Agora, a guerra está em transição, passando para as mãos da OTAN, que é o mesmo que a mão pesada do Pentágono sobre seus asseclas europeus.
É a primeira guerra africana do AFRICOM, comandada agora pelo general Carter Ham diretamente de seu quartel-general nada-africano em Stuttgart. O AFRICOM é fraude, como diz Horace Campbell, professor de estudos afro-norte-americanos e ciência política na Syracuse University: fundamentalmente, é uma frente de operação comercial, para que empresas contratadas pelos militares nos EUA – Dyncorp, MPRI e KBR possam fazer negócios na África. Os estrategistas dos EUA que muito se beneficiaram na porta giratória que se criou entre as privatizações e as guerras estão adorando a intervenção na Líbia, como magnífica oportunidade para dar credibilidade político-militar ao AFRICOM-business.”
Os Tomahawks do AFRICOM-EUA atingiram também – metaforicamente – a União Africana (UA) a qual, diferente da Liga Árabe, não se deixa facilmente comprar pelo ocidente. As petro-monarquias do Golfo, todas, festejaram o bombardeio; Egito e Tunísia, não.
Só cinco países africanos não são subordinados ao AFRICOM-EUA: Líbia, Sudão, Costa do Marfim, Eritreia e Zimbabwe.
A OTAN
O plano master da OTAN é dominar o Mediterrâneo, como lago da OTAN. Sob essa “ótica” (no jargão do Pentágono), o Mediterrâneo é infinitamente mais importante hoje, como teatro de guerra, que o “AfPak”.
Apenas três, das 20 nações do ou no Mediterrâneo não são da OTAN ou aliadas de seus programas “de parceria”: a Líbia, o Líbano e a Síria. O Líbano já está sob bloqueio da OTAN desde 2006. Atualmente, já há bloqueio também contra a Líbia. Os EUA – via OTAN – já praticamente conseguiram fazer do círculo, o quadrado. Que ninguém se engane: a Síria é o próximo alvo.
A Arábia Saudita

 Excelente negócio! O rei Abdullah vê-se livre de Gaddafi, seu arqui-inimigo. A Casa de Saud – do modo abjeto que é sua marca registrada – rende-se ao atraso, para beneficiar o ocidente. A atenção da opinião pública ganha objeto alternativo, para distrair-se: os sauditas invadem o Bahrain, para esmagar movimento popular legítimo, pacífico, pró-democracia.
A Casa de Saud vendeu a ficção segundo a qual “a Liga Árabe” teria votado unanimemente a favor da zona aérea de exclusão. É mentira.
Dos 22 membros da Liga Árabe, só 11 estiveram presentes à sessão que aprovou a “no-fly zone”; seis desses são membros do Conselho de Cooperação do Golfo, gangue da qual a Arábia Saudita é o cão-chefe.
A Casa de Saud teve de aplicar uma chave-de-braço em três. A Síria e a Argélia estavam contra a no-fly zone contra a Líbia. Tradução: só nove, dentre 22 países árabes, votaram a favor de implantar-se a zona aérea de exclusão na Líbia.
Agora, a Arábia Saudita já pode até mandar que o presidente do Conselho de Cooperação do Golfo Abdulrahman al-Attiyah declare sem piscar que “o sistema líbio perdeu a legitimidade”. Sobre a Casa de Saud e os al-Khalifas do Bahrain… não faltará quem os indique para o Hall da Fama da Assistência Humanitária.
O Qatar
O país que hospedará a Copa do Mundo de Futebol de 2022 sabe, sim, amarrar negócios. Seus Mirages já ajudavam a bombardear a Líbia, enquanto Doha preparava-se para vender aos mercados ocidentais o petróleo da Líbia. O Qatar foi o primeiro país a reconhecer o governo dos “rebeldes” líbios como único governo legítimo; fê-lo um dia depois de ter fechado o negócio do varejão do petróleo líbio no ocidente.
Os “rebeldes”
Sem desrespeitar as importantes aspirações democráticas do movimento da juventude líbia, fato é que o grupo mais bem organizado da oposição a Gaddafi é a Frente Nacional de Salvação da Líbia – há anos financiada pela Casa de Saud, pela CIA e pela inteligência francesa. O “rebelde’ “Conselho Nacional do Governo de Transição” é praticamente a velha Frente Nacional, acrescida de alguns militares desertores. A “coalizão” “protege” essa “elite” de “civis inocentes”, hoje.
Nessa linha, o “Conselho Nacional do Governo de Transição” acaba de nomear novo ministro das finanças: Ali Tarhouni, economista formado nos EUA. Foi ele quem disse que vários países ocidentais há lhe haviam dado créditos, sob garantias do fundo soberano líbio; e que os britânicos lhe deram acesso a 1,1 bilhão de dólares do dinheiro de Gaddafi.
Significa que o consórcio EUA-anglo-francês – e agora a OTAN –, só terão de pagar a conta da compra das bombas. No que tenha a ver com histórias da imundície das guerras, essa é impagável: o ocidente está usando o dinheiro da Líbia para pagar um bando de líbios oportunistas interessados em derrubar o governo da Líbia. França e Inglaterra gozam, de tanto que amam as bombas. Nos EUA, os neoconservadores devem estar se estapeando, lá entre eles, de inveja: por que o vice-secretário de Defesa Paul Wolfowitz não teve a mesma ideia, para o Iraque, em 2003?
A França
Oh la la, a coisa bem poderia servir de substrato para romance proustiano. A coleção estrela da primavera francesa nas passarelas parisienses é o show de moda-fantasia de Nicolas Sarkozy: uma zona aérea de exclusão na Líbia, rebordada com ataques-acessórios pelos jatos Mirage/Rafale. Todo o show e pirotecnia foi concebido por Nouri Mesmari, chefe de protocolo de Gaddafi, que desertou e fugiu para a França em outubro de 2010. O serviço secreto italiano vazou para jornalistas e jornais selecionados os detalhes da deserção e da fuga. O papel do DGSE, serviço secreto francês, está mais ou menos explicado no e-jornal (só para assinantes) Maghreb Confidential.
A verdade é que o coq au vin da revolta de Benghazi já estava cozinhando em fogo baixo desde novembro de 2010. Os galos-estrelas foram Nouri Mesmari; Abdullah Gehani, coronel da Força Aérea da Líbia; e o serviço secreto francês. Mesmari era chamado “o WikiLeak líbio”, porque vazou quase todos os segredos militares de Gaddafi. Sarkozy adorou, furioso desde que Gaddafi cancelou gordos contratos para comprar aviões Rafales (para substituir os Mirages líbios que, hoje, estão sendo bombardeados por Mirages franceses) e usinas nucleares francesas.
Isso explica por que Sarkozy, que estava tão animadinho, posando de neoliberador de árabes, foi o primeiro líder europeu a reconhecer “os rebeldes” (para tristeza de muitos, na União Europeia) e o primeiro a bombardear as forças de Gaddafi.
Vê-se aí também exposto o papel do desavergonhado filósofo e autopropagandista Bernard Henri-Levy, que se esfalfou enchendo a mídia mundial com notícias de que ele telefonara a Sarkozy, de Benghazi, e assim despertou o filão humanitário no coração do presidente. Ou Levy é o otário da hora, ou é uma conveniente cereja “intelectual” acrescentada ao já assado bolo-bomba contra Gaddafi.
Ninguém detém Sarkozy, o Terminator. Já avisou todos os governos árabes que estão na mira para serem bombardeados ao estilo Líbia se espancarem manifestantes. Até já avisou que a Costa do Marfim seria “a próxima”. Bahrain e Iêmen, claro, não têm com o que se preocuparem. Quanto aos EUA, mais uma vez os EUA apoiam golpe militar (não deu certo com o Omar “Sheikh al-Tortura” Suleiman no Egito. Talvez funcione na Líbia).
Al-Qaeda
O coringa sempre conveniente renasce. O consórcio EUA-franco-inglês – e agora também a OTAN – outra vez combatem aliados à al-Qaeda, dessa vez representada pela al-Qaeda no Maghreb (AQM).
Abdel-Hakim al-Hasidi, líder dos “rebeldes” líbios – que combateu ao lado dos Talibã no Afeganistão – confirmou, com detalhes, para a mídia italiana, que recrutara pessoalmente “cerca de 25” jihadistas na região de Derna no leste da Líbia para combater os EUA no Iraque; e que agora “eles estão na linha de frente em Adjabiya”.
Isso, depois de o presidente do Chad Idriss Deby ter dito que a al-Qaeda no Maghreb assaltou arsenais militares na Cyrenaica e provavelmente já têm alguns mísseis terra-ar. No início de março, a al-Qaeda no Mahgreb apoiou publicamente os “rebeldes”. O fantasma de Osama bin Laden deve estar rindo como o gato Cheshire de Alice; mais uma vez, conseguiu por o Pentágono a trabalhar para ele.
Os privatizadores da água
Poucos no ocidente sabem que a Líbia – como o Egito – repousa sobre o Sistema Aquífero do Arenito Núbio [ing. Nubian Sandstone Aquifer]: é um oceano de extremamente valiosíssima água doce. Ah, sim, sim, essa guerra de prestidigitação “agora se vê, agora não se vê”, é crucial guerra pela crucial água.
O controle do aquífero é patrimônio sem preço: além da água para beber, o prestígio para dominar: a EUA-França-Inglaterra “resgatando” valiosos recursos naturais, das mãos dos árabes “selvagens”.
É um Aquedutostão – enterrado fundo no coração do deserto. São 4.000 quilômetros de dutos. É o Maior Projeto de Rio Criado pelo Homem [ing. Great Man-Made River Project (GMMRP)], que Gaddafi construiu por 25 bilhões de dólares sem tomar emprestado nem um centavo nem do FMI nem do Banco Mundial (mais um exemplo de barbárie de Gaddafi, que não se deve deixar vazar para o resto do mundo subdesenvolvido).
O sistema GMMRP fornece água para Trípoli, Benghazi e todo o litoral da Líbia. A quantidade de água disponível, estimada por especialistas, é o equivalente à toda a água que corre pelo Nilo por 200 anos. Comparem-se esses números os números das chamadas “Três Irmãs” – empresas Veolia (ex-Vivendi), Suez Ondeo (ex-Generale des Eaux) e Saur – as empresas francesas que controlam mais de 40% do mercado global de água.
Todos os olhos devem-se focar, atentos, para ver se algum dos aquedutos da GMMRP serão bombardeados. Cenário altamente possível, caso sejam bombardeados, é que imediatamente comecem a ser negociados os gordos contratos de “reconstrução” – que beneficiarão a França. Será o passo final para privatizar toda aquela – até o momento gratuita – água. Da doutrina do choque, chegamos à doutrina da água.
Essa lista dos que ganham com a guerra está longe de ser completa – ainda não se sabe quem ficará nem com o petróleo nem com o gás natural da Líbia. Enquanto isso, o show (das bombas) tem de continuar. Não há business como o guerra-business.
por Pepe Escobar, Asia Times Online
Traduzido pelo Coletivo da Vila Vudu

Petróleo

Esta guerra de Barack Obama não tem nem o pretexto falaz de George Bush de que se trata de aniquilar tirano que detinha armas de destruição em massa em seus arsenais, o que se verificou, depois, ser mentira. Ele, para atender aos fazedores de guerra que dela necessitam para acrescer a fortuna e ativar a economia, primeiro afirmou que movia guerra ao presidente da Líbia para defender sua população civil. Quando sua fortaleza de navios bombardeou Trípoli, a capital, a desculpa não podia ser aceita. Aí ele passou a dizer que era levado a pegar em armas para sustentação de valores democráticos dos Estados Unidos.

Por que só agora a ditadura de Kadafi, com 41 anos de tranquila existência, passou a perturbá-lo? Por que não defende tais valores na Arábia Saudita, entregue, há muito, a atrasados sheiques que não respeitam a democracia nem as mulheres? Por que ali o petróleo é barato e na quantidade necessária aos Estados Unidos para fazer andar seus automóveis de passeio que gastam combustível como transatlânticos. Como disse ontem, a diferença entre Obama e Bush é que o primeiro, antes de baixar o cacete sobre orientais, para lhes roubar petróleo, pede desculpas. O outro era na grossura. Quando jogava bombas de uma tonelada sobre residências de iraquianas, apenas dizia que queria derrubar o ditador e implantar a democracia. À base do porrete.

Petróleo

Yanques rasgam a fantasia em relação a Líbia

Numa entrevista coletiva na Casa Branca, ontem 3ª feira, o presidente Barack Obama não esperou nem os EUA e demais potências domesticarem a OTAN e, contradizendo a Organização, anunciou que pode - portanto, pretende - armar, sim, os rebeldes líbios para derrubar o presidente Muamar Kaddhafi do poder em Trípoli.

Já o resto do mundo continua esperando que ele faça o mesmo com os rebeldes que se mantém nas ruas e em manifestações cobram democracia e liberdade no Bahrein, Iêmen, Síria, Jordânia, e quem sabe, se vierem a ocorrer um dia...também, na Arábia Saudita. Mas, aí, para estes, nada, só silêncio dos EUA e cia. Para estes, só repressão via ditaduras e monarquias aliadas e sustentadas por Washington.

Ditador amigo, garantia de acesso a petróleo


Dos EUA não são nada boas as notícias em relação à Líbia, porque além do aviso de Obama ontem, tem-se quase diariamente as ameaças da Secretária de Estado, a belicista Hillary Clinton que, dia sim e outro também reitera: os aliados continuarão bombardeando o país até que o presidente líbio "cumpra a decisão da ONU".

A decisão, para a sra. Hillary, é a Resolução 1973 que criou aquela ficção de "zona de exclusão aérea" que Tio Sam e aliados diziam que estabeleceriam sobre a Líbia. Mas, que eles também não cumprem já que a Resolução não tratava nem da deposição de presidente nem de apoio a rebeldes líbios, mas sim de proteção à população civil líbia.

Proteção, eu repito, não de bombardeios aéreos e invasão do país por terra e mar para para, ao final e como eu escrevi ontem, se sobrar Líbia, colocar no poder um ditador amigo e ter acesso fácil ao seu petróleo.

por Alon Feurwerker

Não é bem politicamente correto escrever sobre diversão numa guerra. Mas que é divertido é, observar o contorcionismo dos premidos a tomar posição em cada um dos conflitos no mundo árabe e islâmico.

Alguns exultaram quando a coisa começou na Tunísia e propagou para o Egito. Eram, para esses alguns, as massas árabes despertando do sono, para pôr termo à dominação imperialista e à opressão de elites políticas, econômicas e militares aliadas aos Estados Unidos.

Eram os tempos de uma Praça Tahrir intocável. E a esperança desses alguns cresceu quando o tsunami chegou ao Bahrein, estrategicamente posto entre a sunita Arábia Saudita e o xiita Irã.

Ali coabitam uma grande base militar americana e um abacaxi político: a minoria sunita oprime a maioria xiita. Mais ou menos como era o Iraque antes da invasão americana.

Derrubado e enforcado Sadam Hussein, veio um sistema eleitoral que transferiu o governo à coligação majoritária curdo-xiita.

Para esses alguns tudo ia bem no tsunami árabe, inclusive com focos de perturbação na ultrapetrolífera Arábia Saudita, até que começou a ir mal. A convulsão propagou-se para a Líbia do aliado Muamar Gadafi e deu um salto de qualidade.

Virou guerra civil, facilitada pelo fato de a Líbia não ser propriamente um país. É (ou era) uma aglomeração de tribos mantida pela força da ditadura. Como o Iraque de Hussein antes do desembarque americano.

E vieram a reunião do Conselho de Segurança que autorizou a intervenção externa contra Gadafi, a intervenção em si e a propagação do tsunami para a Síria, coisa que nove entre dez analistas consideravam altamente improvável.

Na Síria, quem controla o poder ditatorial é uma minoria alauíta xiita, que oprime a maioria sunita. 

Depois da Líbia e da Síria, esses alguns não estão mais tão felizes assim com as revoltas no mundo árabe e islâmico.

No caso líbio, aliás, houve quem tentasse bloquear no CS a autorização para a guerra contra Gadafi, mas não acharam sócios. Ninguém quis ficar sócio do genocídio da oposição líbia.

Os candidatos a espertos, incluído o Brasil, lavaram as mãos e reservaram-se o direito de reclamar depois, para emitir as conhecidas declarações de princípio cujo efeito prático é nenhum.

O Brasil superou-se quando pediu um cessar-fogo “no mais breve prazo possível”. Cessar-fogo ou é imediato ou não faz sentido. Quem vai definir, a cada momento, se já é “possível”?

A fila andou e esses alguns perceberam que a onda revolucionária árabe, esperada para pôr fim à influência neocolonial, pode bem transformar-se num ativo do chamado Ocidente para derrubar regimes despóticos que estejam a incomodar o Ocidente.

No fim, quem vai poder mais chorará menos. Na Líbia, Gadafi, sua ditadura cleptocrático-familiar e seu Livro Verde já carimbaram o passaporte. A dúvida é como vai ser o desfecho.

A Síria entrou na alça de mira e outros já pegaram o papel na maquininha que distribui senhas. Não é mesmo fácil achar um jeito de torcer sem sustos nessa confusão levantina.

por Pedro Porfírio


Para além da fraude que encobriu a intervenção estrangeira na Líbia

O Brasil entrou de gaiato ao fazer da abstenção um "NADA A OPOR" à agressão 
"Kadhafi representa o controle dos recursos da Líbia por líbios e para líbios. Quando ele chegou ao poder dez por cento da população sabia ler e escrever. Hoje, é cerca de 90 por cento a taxa de alfabetização. As mulheres, hoje, têm direitos e podem ir à escola e conseguir um emprego. A qualidade de vida é de cerca de 100 vezes maior do que existia sob o domínio do rei Idris I".
Timothy Bancroft-Hinchey, em "Líbia, toda a verdade", publicado no Pravda, da Rússia. 
Só no primeiro dia, 110 mísseis Tomahawk (que custam US$ 1,5 milhão de  dólares cada) foram disparados por navios e submarinos americanos, matando 42 civis líbios 
 
Essas incursões mortíferas das grandes potências à Líbia compõem uma requintada farsa que cristaliza um perigoso procedimento de múltiplas facetas. O mais acintoso é a leitura de conveniência que fazem de uma resolução mal acabada do Conselho de Segurança da ONU, graças à qual bombardeios de aviões e mísseis, violando o prescrito, operam  uma verdadeira intervenção estrangeira, visando a derrubada do líder Muamar Kadhafi e usando os bandos sediciosos como suas colunas em terra.

É uma fraude calculada que só foi possível devido à colaboração, pela omissão, de países que sabiam claramente da falácia dessa impostura, chamada zona de exclusão aérea. Sabiam, disseram que ia dar no que deu, mas preferiram fugir da raia, chancelando a agressão.

A resolução da ONU é um primor de cinismo direcionado, ao abrir brechas para manipulações ao gosto dos agressores, o que, diga-se de passagem, pelo menos no que diz respeito à França, foi só um tapa-buraco burocrático. Seus aviões já estavam agindo mesmo antes da formalização da carta branca.

O resultado concreto desse conluio é a recomposição dos grupos revoltosos, que iam ser derrotados no sábado em que começaram as incursões estrangeiras. Não se pode dizer que essa ofensiva atípica esteja predestinada a uma vitória, nos termos sonhados pela chamada "coalizão". No entanto, haja o que houver, a Líbia sairá totalmente fragilizada desses episódios, tornando-se vulnerável à saciedade das potências coloniais.
 
Insegurança para todos

Essa fraude remete a muitas reflexões. Que país pode se sentir seguro diante de um quadro tão farsesco? Tudo o que se alegava era que uma força internacional seria necessária para proteger civis dos ataques do exército regular. A primeira mentira aí é que não há civis nas praças, como aconteceu no Egito. Há, sim, grupos fortemente armados no exercício de ataques com armas pesadas. Grupos que têm em suas fileiras muitos militares desertores, inclusive de artilharia.

Isso a mídia mercenária não pôde esconder. Ao contrário, toda hora exibe "rebeldes" dando tiros à toa como se tivessem munição de sobra.

Pior ainda é o próprio estatuto casuístico de que se serviu o Conselho de Segurança. O direito internacional terá de presumir sua interferência em conflitos entre países ou em missões de paz, desde que solicitadas por governos constituídos. Não é o caso da Líbia.

Nas matanças de Gaza, nada se fez

Foi, sim, o caso do morticínio promovido em Gaza pela aviação e por foguetes israelenses do dia 28 de dezembro de 2008 a 18 de janeiro de 2009, 21 dias de atrocidades, com um total de 1.412 palestinos mortos. Nesse longo período, o Conselho de Segurança babou e os EUA usaram seu poder de veto para impedir todo e qualquer ato que freasse a ação ensandecida promovida por Israel. A lixeira de Jerusalém, aliás, coleciona dezenas de resoluções da ONU em todos os níveis, e não aparece uma viva alma para chamar seu governo às falas. E a mídia não fala mais nisso.

A fraude que está ensejando matanças indiscriminadas na Líbia também assinala com ênfase a falência do instituto da soberania nacional. Você estará sendo levianamente irresponsável se considerar que o bombardeio em outro país, para favorecer insurretos, tem algum escopo moral.

No caso específico, autoridades mais lúcidas já vinham antevendo as intenções das potências ocidentais em embarcar na onda de descontentamentos em alguns países árabes para alvejar aquele que ia melhor das pernas na consecução de um projeto social de grande alcance: Kadhafi inverteu as taxas de analfabetismo - de 90 para 10%, registra o mais alto IDH da África, (0,755,em 53° lugar no mundo, comparável aos 0,699 do Brasil, em 73°) e está num processo de modernização que prevê grandes investimentos, incluindo a construção de 1 milhão de casas em dez anos para uma população total de 6,5 milhões.

A Líbia de Kadhafi administrava com equilíbrio as rivalidades tribais atávicas e ainda oferecia refúgio para 1 milhão e meio de egípcios e outros milhares de africanos. Com a sedição de Benghazi, reacenderam-se feridas a partir de algumas tribos da região da Cirenaica, uma das três províncias do país.
 
Obama despontou até seus correligionários

A fraude que deu na agressão à Líbia aconteceu quando Barack Obama visitava à América Latina, de olho no petróleo do pré-sal brasileiro e na transformação da China no principal comprador do Brasil, Chile e Argentina. Essa visita foi tão burlesca que, depois dela, o governo anunciou a importação de álcool dos Estados Unidos, algo jamais pensado, mas causado pela ganância dos usineiros brasileiros (isso ainda vou comentar).

O títere da ditadura invisível quer porque quer criar fatos sensacionais para recuperar a imagem desbotada, e está tomando atitudes tão desesperadas que conseguiu irritar até os aliados: em geral, decisões dessa natureza são previamente submetidas ao Congresso.

O deputado Dennis Kucinich, do seu partido, aventou a possibilidade de pedir o seu impeachment por conta de sua atitude irresponsável sob todos os aspectos. Com o apoio dos também democratas Barbara Lee, Mike Honda, Lynn Woolsey e Raúl Grijalva ele acusou Obama de "mergulhar outra vez os Estados Unidos numa guerra que não podemos financiar". O grupo foi mais além ao afirmar que o deslumbrado presidente entrou numa "guerra precipitadamente com um conhecimento limitado da situação no terreno e sem uma estratégia de saída".

Até mesmo na mídia norte-americano houve restrições a essa ordem de agressão. O analista político Michael Walzer questionou: "O objetivo é resgatar uma rebelião fracassada, que as tropas ocidentais façam o que os rebeldes não puderam fazer sozinhos: derrubar Kadafi? Ou é apenas mantê-los lutando pelo maior tempo possível, com a esperança de que a rebelião pegue fogo e os líbios dêem cabo em Kadafi por si mesmos? Ou é apenas chegar a um cessar-fogo? Parece que nem os envolvidos no ataque são capazes de responder a essas questões".

Apesar da boa vontade de alguns jornalistas, quem realmente ordenou a primeira carga pesada de mísseis foi Obama. Só que sua atitude foi tão indigna que ele tenta dar a entender que está tirando o corpo fora -  mais uma grosseira lorota que quem tem o mínino de tutano  não pode engolir.

Já Nicolas Sarkozi amarga uma sucessão de derrotas em eleições locais e dificilmente será reeleito, conforme as tendências registradas hoje. Ele apela e tenta reacender nos franceses de centro e da direita o velho gosto colonial compensatório, em meio aos escândalos de corrupção, favorecimentos e subtração de direitos sociais. Não é diferente a atitude do premier britânico, David Cameron, que neste sábado foi alvo de umas das maiores manifestações de rua em Londres, em protesto contra os cortes orçamentários, que afetarão a vida dos ingleses.

A vacilação que pode custar caro ao Brasil

Essa fraude também arranhou a política externa brasileira, que  nos últimos anos havia resgatado  o sonho iniciado com Jânio Quadros, João Goulart, Afonso Arinos e Santiago Dantas. Graças a uma ostensiva priorização dos nossos interesses, o Brasil vinha sendo uma referência obrigatória juntamente com seus parceiros do BRIC (Rússia, Índia e China).

Só se pode atribuir a vacilação no Conselho de Segurança à inexperiência da presidente Dilma Rousseff e a incompetência do seu chanceler Antônio Patriota, um diplomata medíocre, que parece saído do "orfanato" - como o ex-chanceler Azeredo da Silveira definia o Itamarati acuado no tempo da ditadura.

Junto com essa decisão, o Brasil também entrou na pilha das manobras contra o governo do Irã, embarcando na velha tática de brandir a questão dos "direitos humanos",como fenda para forjar a intervenção externa nesse país. O governo Dilma não pode cair numa esparrela: por que também não votam uma investigação sobre as bárbaras violações na prisão de Guantánamo, que o próprio Obama prometeu desativar e deixou o dito pelo não dito? E no Iraque? E O tratamento perverso dispensado aos palestinos e árabes em geral pela polícia política de Israel? Eles podem barbarizar? O Brasil nada faz contra tais perversidades, apesar do acúmulo de denúncias?

Visto para além dessas agressões moralmente insustentáveis contra a Líbia, o mundo que acredita na soberania dos povos está perigosamente vulnerável. Nós já vivemos ameaça semelhante, em 1964, só que não foi preciso o apoio da frota norte-americana estacionada de frente para o nosso litoral. Aqui, derrubaram o governo no grito.