por Zé Dirceu

O que aconteceu com a intervenção na Líbia?

Enquanto o barril de pólvora em que se converteu o Oriente Médio explode em sucessivos países - há um mês a bola da vez é a Síria, conforme nota abaixo - continua o imobilismo do Ocidente em relação ao problema. Em relação a Líbia, a Síria, e a toda a Península Arábica.
A pergunta mais pertinente a se fazer, e que não cala é: o que aconteceu com a intervenção na Líbia, onde havia e há uma guerra civil?

Chegaram a constituir um Conselho Nacional Líbio, da oposição, composto inclusive por ex-ministros do governo Muamar Kaddhafi. Dele participavam o ex-ministro da Justiça, Mustafá Abdell Jalil, e outros, como o ministro do Comércio Exterior, Ali Al-Issawi, além de personagens como  Mohomoud Jabril, que voltou do exílio para presidir o Conselho de Desenvolvimento Econômico, a convite de Said, filho de Kaddhafi. Fracassaram todos. 

Na Líbia não há rebelião, é guerra civil
Como vemos, na Líbia não se trata de uma rebelião ou de manifestações reprimidas, mas de uma guerra civil, com o governo de direito constituído e do outro lado um governo provisório, com bandeira, um exército, inclusive com a participação de Ahmed Zubeir Sherif, único descendente do Rei Idris I, deposto por Kaddhafi.

Sherif luta ao lado de Omar Hariri, ministro da Defesa dos rebeldes, ex-companheiro de Kaddhafi no golpe de 1969 e depois preso numa tentativa de depor o coronel-presidente que até hoje governa a Líbia.

Outras perguntas que se fazem hoje: como ficaram o Iêmen e Bahrein? Onde estão a União Européia (UE) e a Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN)? Qual foi o resultado dessa aventura? Por que as Nações Unidas se calam sobre esses países e agora buscam, ao lado da União Africana e da UE, negociar com o governo Kaddhafi?

Como ficaram o Iêmen e o Bahrein?

E negociar sem ter apoio dos chamados rebeldes, hoje totalmente dependentes da OTAN e de países como a França, sem o que já estariam derrotados. A quem interessa esconder os objetivos e programa dos rebeldes, monarquistas, em sua maioria simpáticos ao Ocidente, ao livre mercado e ao secularismo e cuja bandeira tremula em suas manifestações e entrevistas?

Não podemos esquecer que o presidente Muamar Kaddhafi, depois de 10 anos de bloqueio, com pesadas sanções econômicas, foi salvo do isolamento internacional antes por Nelson Mandela e depois pelos próprios Estados Unidos quando, então, lhes era conveniente.


Logo que saiu dos 27 anos de prisão, Mandela visitou a Líbia para agradecer o apoio que Kaddhafi deu à luta contra o racismo e o regime sul-africano.

Nenhum comentário:

Postar um comentário