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por Brizola Neto

Multi investe US$ 1 bi no aço que Agnelli achava “fria”

Agência Reuters divulga agora à  noite que a ArcelorMittal Brasil pretende  instalar um laminador de 1 bilhão de dólares em sua usina siderúrgica de Tubarão (ES), para transformar as placas de aço excedentes da exportação e lâminas de aço destinados ao mercado interno brasileiro.

Bem, os dirigentes da multi devem ser loucos,se a gente considerar a avaliação do “gênio”  Roger Agnelli, que dizia  não fazer”tanto sentido investir em aço.”
E a reportagem da reuters ainda vai além:
“Além de voltar Tubarão para o mercado interno, a ArcelorMittal Brasil está ampliando a capacidade da usina em São Francisco do Sul (SC) de olho no aquecido mercado automotivo(…) a companhia conclui até o final deste ano contratos para a construção de uma terceira linha de galvanização que ampliará a capacidade de aços planos da usina de 1,35 milhão para 2 milhões de toneladas por ano, em investimento de 300 milhões de dólares. A nova capacidade deve começar a operar entre o final de 2013 e início de 2014″.
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Vale

[...] sem saudades do Agnelli

Devagar, devagarinho, o novo presidente da Vale vai mostrando que é possível – e positivo -  uma visão estratégica (e não simplesmente ficar de olho grande no varejo do mercado de minério bruto) essa grande empresa.
Ontem, Murilo Ferreira disse que a prioridade da empresa é a energia renovável. Ele afirmou, durante o primeiro dia do seminário Rio Investors Day, que a empresa vai dar prioridade à biomassa para produzir combustíveis para suas locomotivas e que poderá investir em energia eólica.
- Vou tentar desplugar a ideia de que a Vale está ligada às hidrelétricas – disse ele, acrescentando que, com a participação de 9% no consórcio de Belo Monte, a necessidade de energia da mineradora está resolvida até 2015. Ele descartou que a empresa venha a adquirir uma participação maior na hidrelétrica, que sofre fuga de empresas pequenas do consórcio vencedor. Continua>>>

Sem saudades do Agnelli

Devagar, devagarinho, o novo presidente da Vale vai mostrando que é possível – e positivo -  uma visão estratégica (e não simplesmente ficar de olho grande no varejo do mercado de minério bruto) essa grande empresa.
Ontem, Murilo Ferreira disse que a prioridade da empresa é a energia renovável. Ele afirmou, durante o primeiro dia do seminário Rio Investors Day, que a empresa vai dar prioridade à biomassa para produzir combustíveis para suas locomotivas e que poderá investir em energia eólica.
- Vou tentar desplugar a ideia de que a Vale está ligada às hidrelétricas – disse ele, acrescentando que, com a participação de 9% no consórcio de Belo Monte, a necessidade de energia da mineradora está resolvida até 2015. Ele descartou que a empresa venha a adquirir uma participação maior na hidrelétrica, que sofre fuga de empresas pequenas do consórcio vencedor.
A Vale, pelo seu tamanho e necessidades, tem tudo para ser um pólo indutor de desenvolvimento, como é a Petrobras.  Investir na diversificação de fontes de insumos – eletricidade é uma de suas grandes matérias primas – e na estrutura logística  e também nas suas atividades, reduzindo sua dependência do mercado importador de minério bruto.
Ontem, em reportagem do Financial Timesde Londres, o Ministro Aloízio Mercadante, da Ciência e Tecnologia, disse que a empresa estuda entrar na área de mineração de terras raras, como parte do esforço do Brasil para competir com a China como fornecedor desses elementos, vitais para produção de equipamentos sofisticados, como turbinas de geração eólica, carros elétricos e telas de computador.  O tálio,de que eu falei ontem aqui, é um destes minérios. A Vale confirmou os estudos
Uma visão muito mais lúcida do que a dos empresários que ficam apenas de olho na féria do dia e não conseguem ver nem o que até o Seu Manoel da Padaria enxerga.

Administração

[...] no varejo


Desde que foi privatizada, a Companhia Vale do Rio Doce, hoje simplesmente Vale, é uma empresa privada. Com participação acionária do governo, por meio dos braços estatais deste.

Nas semanas recentes, um acordo entre os acionistas deu na troca do executivo-chefe da Vale. Para chegar ao acordo, cada acionista desembainhou as armas disponíveis. No fim o banco privado achou por bem atender ao desejo do sócio poderoso.

Deu prioridade à convivência frutífera, em vez de se agarrar ao poder absoluto na Vale. Havia outros -e tão significativos quanto- interesses em jogo.

Não sou acionista da Vale, e portanto prefiro não opinar se o presidente deveria ter permanecido ou se a troca foi boa. Afinal, a empresa é privada e, portanto, a administração é assunto dos acionistas.

Consumado o desfecho interno, o debate talvez devesse buscar outro ponto. O que é melhor para o Brasil? A Vale buscar principalmente lucratividade? Ou ajudar a melhorar o valor do produto, a agregar valor, inclusive às exportações?

É um debate complexo. Agora mesmo a Petrobras está às voltas com uma função de duas variáveis. Como atingir as metas de aumento da produção e combinar isso com a desejada participação nacional nos meios produtivos da cadeia do petróleo.

É bom que a Vale exporte minério? É ótimo, ajuda a balança comercial, rende impostos, cria empregos. É bom que a empresa agregue valor ao produto? É excelente, o Brasil precisa disso para ficar menos vulnerável às flutuações das commodities. E o Brasil precisa de mais indústria, não menos.

Onde está então o problema? Ele aparece quando as ideias e declarações de intenções precisam ser concretizadas em atos. A palavra está desgastada, mas o desafio está na gestão.

O que os acionistas querem da Vale? Esse sim é um assunto de dimensão nacional.

Sobre gestão, aliás, os últimos dias na economia transmitem a impressão de um gerenciamento caso a caso, uma administração no varejo. 

O ministério da Fazenda corre atrás do câmbio, sem grande sucesso. O Banco Central trava o cabo de guerra com o mercado financeiro em torno das expectativas para a inflação, com resultados ainda em aberto, na melhor das hipóteses.

Agora é o etanol, e o governo acena com a taxação das exportações de açúcar. Para não faltar o álcool, que até ontem era a salvação da pátria.

por Laguardia


É hilária esta esquerda brasileira. Aqui mesmo neste blog por diversas vezes a "privatizaçlão" da Vale foi criticada. Eu sempre afirmei que era uma privatização para inglês ver, que o que havia ocorrido era a profissionalização da administração da empresa.

O que o Brizola Neto está dizendo foi o que eu sempre disse e sempre fui contestado pelo Briguilino. Agora a cantiga é outra. O chefe mandou faremos todos. 

Agora como prova que eu tinha 100% de razão, Dilma Rousseff intervem na empresa e troca uma diretoria profissional que transformou a Vale na segunda maior mineradora do mundo, que criou 68.000 novos empregos, que recolheu milhões de reais a mais de impostos, que favoreceu grandemente a balança comercial brasileira e que cresceu mais do que a Petrobrás, por um presidente amigo, que quase quebrou a Vale Canadá (Inco) com uma grave de mais de um ano e meio, e que saiu da Vale por incompetência.

Brizola Neto, no seu tijolaço, matreiramente não diz que sempre houve, durante os dez anos passados, oito dos quais na administração Lula da Silva, um acordo de acionistas pelo qual o governo nomeava o presidente do conselho de administração da empresa e o Bradesco, acionista minortitário, nomeava o presidente executivo. 

Se houve usurpação na Vale foi com o conhecimento e a conivência de Lula da Silva. Portanto não me vanham agora com este argumento de má fé de que houve usurpação.

O problema é que a administração profissional nomeada pelo Bradesco conforme acordo firmado com a Valepar do Banco do Brasil durante o governo do chefão mafioso Lula foi mais eficiente do que os incompetentes nomeados para a Petrobrás, e isto a esquerda impatriótica do Brasil não pode aceitar.

Sempre tive ou não razão Briguilino? 

Como [quase] sempre caro amigo  Laguardia, você esta errado [é minha opinião]. Mas, o que fazer? ...É um direito que lhe assiste.

Vale

Dilma dribla mídia e começa a devolver a Vale ao Brasil




A rainha Marta é capaz de ter ensinado esse drible à Presidenta
A imprensa conservadora está sem ter o que dizer.
Em três meses apenas, Dilma Rousseff fez o que Lula passou anos querendo fazer.
Retomar – não a propriedade, que Fernando Henrique entregou na bacia das almas – mas o papel da Vale como indutora do desenvolvimento brasileiro.
E, para isso, era preciso acabar com o reinado de Roger Agnelli, o homem que queria vender cada vez mais rápido maiores quantidades de minério, não pensava em investir no seu beneficiamento e transformação em aço e, ainda por cima, não tinha uma política de compras interna, como demonstrou na compra de 12 navios gigantes – cada um deles maior que o  morro Pão de Açúcar -  na China, sem um parafuso feito aqui.
O esquadrão midiático de Agnelli foi solenemente driblado.
Primeiro, quis fritar o Ministro Guido Mantega por ter conversado com Lázaro Brandão, presidente do Bradesco e acionista de verdade da Valepar, controladora da Vale. Mesmo com sua bufunfa de R$ 1,3 milhão por mês, Agnelli não tem ações para escolher sequer o  chefe do setor de zeladores do prédio da Vale.
Depois, quis apresentar a mudança como um “aparelhamento da Vale” e os únicos sinais concretos de promiscuidade política da Vale vieram do próprio Agnelli, que armou uma operação com o DEM para atacar o Governo, e o fato de se ter lá dentro uma todo-poderosa senhora que entrou pela janela tucana na empresa e, como braço de ferro de Agnelli, “enquadra” na vontade de funcionários a diretores da empresa.
Perdido Agnelli, tentaram enfiar na Vale o nome de sua preferência. Quietinha, a mineira Dilma deixou que dessem por escolhido o substituto. Na hora H, emplacou uma solução técnica, vinda de dentro da própria empresa ,o ex-funcionário da Vale e membro de sua diretoria, Murilo Ferreira, um excutivo com quem a Presidenta já teve muito contato quando Ministra das Minas e Energia.
Claro que se trata de um profissional de mercado, experiente e capaz. Mas dirigir uma empresa como a Vale requer mais que simples competência técnica. Exige visão estratégica da empresa e do país. E capacidade política de perseguir estes objetivos.
Os jornalistas de mercado adoram falar nas virtudes da sinergia, isto é, na capacidade de duas instituições multiplicarem seus resultados agindo em sintonia.
E curioso que não falassem nunca em quanto a empresa e o país perdiam com a ação de Agnelli em desalinho com as macropolíticas econômicas brasileiras.
A direita midiática levou um competente drible e caiu sentada no chão.

Vale

Os desafios do novo comandante da Vale
Não são poucos os desafios que terá pela frente o sucessor de Roger Agnelli, que deixará a empresa até maio. À parte os exuberantes resultados obtidos pela Vale no ano passado, receberá como herança várias questões a serem destrinchadas - elas vão do Brasil à Nova Caledônia, passando por Austrália, Guiné e Moçambique. Vão exigir do novo CEO muito jogo de cintura e muita habilidade, principalmente na postura de relacionamento da companhia, considerada hoje um ponto frágil.
No Brasil, uma tarefa intrincada será conciliar os interesses que permeiam a companhia e reivindicações do governo federal, dos Estados e municípios onde a empresa atua. Há uma cobrança por mais agregação de valor aos minerais e metais que a Vale extrai e beneficia. Nesse caso, estão incluídos projetos de siderúrgicas.
Estados como Pará e Minas têm o sonho de ver não só a matéria-prima bruta ser embarcada: querem fábricas instaladas em seus municípios para atraírem outras atividades, como industria automotiva, de linha branca, de máquinas e autopeças, formando polos industriais. Um exemplo é o da Alpa, siderúrgica pedida para Marabá, cidade próxima de Carajás. Com apenas a terraplenagem feita, tem sido postergada a cada trimestre sem data para sair do papel. No programa de investimentos deste ano só estão previstos US$ 100 milhões.
O caso da cobrança de royalties na mineração é outro tema. Já levou a empresa a um confronto com o Ministério das Minas e Energia, com DNPM, órgão de regulação da atividade mineral, e com prefeitos de municípios mineradores, os quais cobram uma dívida de R$ 4 bilhões. Anderson Costa Cabido, prefeito de Congonhas e da AMIB (dos municípios mineradores) espera da nova direção da Vale "mais sensibilidade para negociação de um acordo". 
A direção da Vale, dizem pessoas que acompanham a empresa, nas suas relações atropela tudo e a todos - de comunidades indígenas a órgãos de governo - em prol da estratégia de crescimento da companhia. Por isso, tem enfrentado muitos processos na Justiça e uma estratégia que adota é agir na base do Congresso Nacional para segurar a aprovação de projetos que vê como prejudiciais à empresa. Esse comportamento terá de ser mudado, diz uma fonte.
No segmento de logística, a Vale vai enfrentar um ambiente de maior competição nas ferrovias. A ANTT, agência reguladora do setor, vai aprovar em maio três resoluções que tendem a criar mais concorrência nas malhas operadas sob concessão. As resoluções a serem aprovadas tratam sobre direito de passagem, direito do usuário e fixam metas por trecho para as concessões, questões que têm liderado as reclamações de usuários das ferrovias no país.
A influência dos 60,5% dos fundos de pensão e do BNDES na Valepar, holding que controla a Vale, é forte. E a presidente Dilma Roussef tem viés desenvolvimentista, na mesma linha do ex-presidente Lula em relação a Vale. O que o governo defende é mais investimentos fixos no país. A questão do valor agregado foi uma das primeiras pelejas do governo petista com Agnelli, fato que ele contornou ao longo de alguns anos de lua de mel com Lula. Aos poucos foi vendendo participações em várias usinas de aço onde era sócia: na CST, para a Arcelor, na Usiminas, e na argentina Siderar.
Após as críticas de Lula, com quem tinha relação direta e mesmo pessoal, ele cedeu os anéis para não perder os dedos. Adotou uma estratégia de entrar no negócio do aço por meio de participações minoritárias, associando-se a grupos estrangeiros clientes da Vale no minério de ferro. Com ThyssenKrupp montou a CSA no Rio, projeto que quase quebrou e teve de ser socorrido pela Vale durante a crise com US$ 2,5 bilhões para ser concluído. Sua participação passou de 9% para 27% e a CSA ainda enfrenta problemas de operação e com órgãos ambientais.
O programa de investimento de US$ 24 bilhões para este ano contempla apenas US$ 677 milhões a projetos siderúrgicos. O novo presidente vai receber de Agnelli 18 grandes projetos previstos para entrar em operação até 2012.
No comando da Vale há quase 10 anos, Agnelli ficou mais conhecido pela sua capacidade de aumentar os ganhos da companhia e pela sua internacionalização. Avalia-se que teve mais acertos que erros e um dos seus grandes méritos foi, em 2005, impor um reajuste de 70% nos preços do minério de ferro, dobrando a resistência das siderúrgicas, principalmente das chinesas. Soube aproveitar bem a demanda, em especial da China. "Ele estabeleceu um novo paradigma de valor para a matéria-prima do aço".
O novo negócio de fertilizantes da Vale também vai testar o novo CEO. A estratégia de Agnelli foi de montar uma operação de classe mundial e ficar entre as lideres até meados desta década. Envolve ativos no Brasil, Peru, Argentina e Canadá. No ano passado, investiu US$ 5 bilhões na aquisição de participações de empresas de fertilizantes no país, quebrando o monopólio estrangeiro no setor. Uma dos maiores negócios do ano no país, foi considerado como espécie de agrado ao governo, com quem entrou em rota de colisão em 2008 ao demitir 1.300 empregados no auge da crise.
A internacionalização da companhia ganhou impulso após a aquisição por U$ 18 bilhões da mineradora de níquel canadense Inco em 2006. Nos últimos cinco anos, a Vale ganhou o mundo, fincando bases na África, Austrália e diversos outros países, como Argentina e Peru. Mas nessa expansão, a empresa enfrentou uma greve ferrenha nas suas operações do Canadá que durou mais de um ano.
Na Nova Caledônia - colônia francesa na Oceania, com 270 mil habitantes a meio caminho entre Austrália e Nova Zelândia - onde herdou da Inco a mina de níquel de Goro tem o projeto que custou o dobro do previsto. Já tinham sido investidos US$ 2 bilhões, a Vale estimou mais US$ 1 bilhão e, ao fim, vai aproximar de US$ 6 bilhões. Mas a Vale informa que o custo é de US$ 4,4 bilhões. A informação é que seu custo de operação é elevado por adotar uma rota tecnológica complicada. Tem a vantagem de ter uma das maiores reservas de níquel do mundo.
Na Guiné, o CEO terá de definir com o novo governo os rumos do megaprojeto da mina de ferro de Simandou. Trata-se de um investimento estimado em US$ 11 bilhões para construir mina, uma ferrovia cortando o país e a vizinha Libéria e um terminal portuário no Atlântico. O novo governo quer aumentar de 15% para 33% seu direito de participação na receita do projeto para aprovar a obra, o que deve reduzir bastante sua rentabilidade.
A Vale já pagou US$ 2,5 bilhões para adquirir 51% dessa mina a um investidor estrangeiro, antigo dono, e terá de arcar com a implementação. Para tentar afastar o risco do projeto, Agnelli prometeu ao governo reconstruir a estrada de ferro Conakry-Kantan, as Trans-Guinea, com custo de US$ 1 bilhão, para transporte de passageiro e de carga geral.
As operações de carvão na Austrália, adquiridas alguns anos atrás, são vistas como ativos de segunda classe. Foram compradas na ânsia de se criar uma área de negócio que a Vale não tinha ainda, igualando-se a BHP Billiton, Rio Tinto, Anglo American e Xstrata. Já em Moçambique, o ativo é considerado um dos melhores do mundo. A empresa começa a produzir em julho, porém até agora ainda não resolveu o problema de escoamento ferroviário do produto até um porto no Oceano Índico.
O novo presidente da Vale, afirmam, terá de ser mais discreto, afeito à baixa exposição e menos personalista e deverá estar aberto a um pacto para pôr fim a pendências da empresa, como a dos royalties.
Hoje haverá reunião prévia de acionistas para homologação e contratação da empresa de seleção de executivos para escolher três nomes no mercado. Na quinta-feira, os acionistas indicam o futuro diretor-presidente, com base na lista tríplice preparada pela consultoria. 
Vera Saavedra Durão e Ivo Ribeiro
Colaborou Francisco Góes, do Rio 

Roger Agnelli

o jenniu empresarial

Hoje a Folha publica uma matéria informando que Tito Martins, que ingressou como funcionário de carreira da Vale em 1985, será o novo presidente da empresa. Não conheço seu pensamento e, portanto, não posso comentar. Mas chamo atenção para o gráfico que o jornal publica – e eu reproduzo abaixo – sobre o crescimento dos lucros da empresa no período Agnelli, os longos 10 anos desde 2001, quando passaram de R$ 3 bi para R$ 30 bi. Uma evolução enorme, de fato. Só que, pra variar, os nossos competentes jornalistas de economia esquecem de mencionar a evolução dos preços da mercadoria que a empresa de Agnelli vende; minério de ferro.

Eu, como não sou jornalista, gastei três minutos no Google para obter a informação. E coloco junto o gráfico de preços, desde 2001, do minério de ferro vendido a partir do Porto da Madeira, terminal da vale no porto de Itaqui, no Maranhão, por onde se escoa a produção de Carajás.

Coloco o gráfico dos preços, no mesmo período, debaixo do gráfico dos lucros. E aí fica claro que, com o preço subindo de 27 para 190 dólares (caiu 10% de fevereiro para março), de onde vem a tão festejada “competência” gerencial milagrosa de Roger Agnelli.

Ninguém nega, aliás, que ele seja bom administrador, do ponto de vista empresarial. Aliás, com um salário de mais de R$ 1 milhão por mês, não se esperaria o desempenho de um gerente de botequim, com todo respeito a estes trabalhadores. Mas a pergunta que não quer calar é: porque se esconde da população que o tal sucesso estrondoso da Vale vem do fato de que o minério de ferro, que constitucionalmente é propriedade do povo brasileiro, ter se tornado uma “commodity” muito mais valiosa nesta década. Será que é porque isso lhes evidencia a cumplicidade com o crime de lesa-pátria que Fernando Henrique e José Serra cometeram ao vendê-la por uma ninharia, na bacia das almas?

por Alon Feurwerker

Muito barulho pela substituição no comando da Vale. Mas se a maioria do capital votante quer trocar o presidente, que troque.


O governo acha que a Vale se preocupa demais com a lucratividade e de menos com agregar valor ao produto. Está mais voltada para os acionistas do que para as vontades do governo.

Mas se o governo e agregados têm poder de fogo para trocar o presidente da companhia têm também para definir os rumos dela. Quem pode o mais pode o menos.

O que falta no debate é o governo esclarecer o que deseja mudar na condução da empresa.